segunda-feira, 18 de julho de 2011

Pressionado por protestos, Piñera anuncia mudanças no governo

DE SÃO PAULO



O presidente do Chile, Sebastián Piñera, anunciou nesta segunda-feira que fará mudanças no governo para reforçar o caráter político de seu gabinete e encarar os "novos desafios" que o país enfrenta.

Esta não é a primeira reformulação do governo chileno desde que Piñera assumiu o poder, em março de 2010. O presidente afirmou que a população pode ficar orgulhosa porque o país foi capaz de superar um dos piores terremotos da história e recuperando sua importância econômica.

A reforma ministerial inclui a substituição do ministro da Educação, Joaquin Lavín, após quase dois meses de protestos dos estudantes do país.

Lavín passará a ocupar a pasta do Planejamento. O novo ministro da Educação será Felipe Bulnes, que era ministro da Justiça.

Entre trocas de pastas e demissões, Piñera substituiu oito ministros.

A reforma também incluiu a substituição da porta-voz do governo, ministra Ena Von Baer, pelo político Andrés Chadwick, além da transferência do ministro Laurencio Golborne -- que ficou famoso com o resgate dos 33 mineiros no Atacama em outubro de 2010 --, de Mineração e de Energia, para a pasta de Obras Públicas.

BAIXA POPULARIDADE

Pressionado pelos crescentes protestos estudantis, o líder chileno despencou nas pesquisas de opinião e se tornou o político mais impopular do país em 40 anos, sem conseguir o apoio de nem um terço da população.

Segundo pesquisa da consultoria Adimark, o presidente é aprovado por apenas 31% dos chilenos. Até o ditador Augusto Pinochet, que liderou o sangrento regime militar por 17 anos, deixou o poder em 1990 mais bem avaliado.

Piñera afirmou nesta segunda que "ainda há muitos chilenos que não percebem os benefícios" de seu governo. Segundo ele, a população chilena exige níveis mais elevados de participação e igualdade, como evidenciam os protestos dos últimos meses.

PROTESTOS

Neste ano, o governo chileno teve que enfrentar maciças manifestações de estudantes e ecologistas, ações em Punta Arenas e Calama, e uma greve de trabalhadores na empresa estatal Codelco.

Piñera defendeu que seu país está testemunhando o surgimento de demandas sociais novas e as mudanças têm como objetivo responder a esse processo.

No último dia 14, estudantes chilenos protestaram nas ruas da capital do país, na terceira grande marcha por reformas na educação pública. Confrontos com a polícia deixaram 32 feridos e 54 detidos.

Foi a terceira vez em menos de um mês que milhares de estudantes, professores, pais e alunos ocuparam várias quadras da avenida Alameda, uma das principais de Santiago. Eles reivindicam melhorias no sistema de educação pública do país.

Recentemente, Piñera anunciou, em rede nacional de televisão, um pacote de medidas para a educação, incluindo mais recursos para o setor.

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