terça-feira, 31 de maio de 2011

Sudão e Sudão do Sul anunciam zona desmilitarizada na fronteira

DA BBC BRASIL

Autoridades do Sudão e da região do Sudão do Sul, que se tornará um país independente em 9 de julho, concordaram nesta terça-feira com o estabelecimento de uma zona desmilitarizada ao longo da fronteira entre seus dois territórios, patrulhada com soldados de ambos os lados.
O acordo, mediado pela União Africana, foi alcançado dez dias após tropas do norte terem invadido a região fronteiriça de Abyei, disputada pelos dois lados.
Analistas temiam que a disputa por Abyei poderia levar ao reinício da guerra civil entre o norte e o sul.
O Conselho de Segurança da ONU condenou a ocupação de Abyei e pediu a retirada imediata das tropas de Cartum da região, rica em petróleo.
O acordo de paz de 2005 que encerrou a guerra civil de 22 anos previa que Abyei teria um estatuto especial. Em 2008, uma administração conjunta foi estabelecida até que o futuro da área fosse decidido em um referendo.
A votação deveria ter ocorrido em janeiro, junto com o referendo que aprovou a independência do Sudão do Sul, mas acabou sendo adiado indefinidamente.
FRONTEIRA
A zona desmilitarizada incluirá toda a fronteira entre o Sudão e o Sudão do Sul, de cerca de 2,1 mil quilômetros.
Mas o comunicado da União Africana sobre o acordo não especificou quando ela entrará em vigor nem como ela será aplicada na região de Abyei.
Segundo a agência de notícias Associated Press, a zona se estenderá por dez quilômetros, mas ainda não se sabe se será de dez quilômetros para cada lado da fronteira ou no total.
Segundo Peter Martell, correspondente da BBC em Juba, capital do Sudão do Sul, o significado do acordo está na realização de reuniões face a face entre representantes dos dois lados.
A União Africana afirmou, em seu comunicado, que o acordo vai pavimentar o caminho para mais negociações conjuntas sobre questões de segurança a partir da próxima semana.


REFUGIADOS
A agência da ONU para refugiados afirmou que a cidade de Abyei, capital da região em disputa, está "virtualmente vazia" e que as ruas estão tomadas por militantes armados.
Na semana passada, o ministro para Assuntos Humanitários do Sudão do Sul afirmou que até 150 mil pessoas em toda a região teriam fugido temendo possíveis ataques de forças do norte.
A maioria dos refugiados de Abyei seriam de um grupo étnico do sul chamado Dinka Ngok. Eles teriam sido expulsos por combatentes da etnia Misseriya, grupo de nômades do norte que também reivindica Abyei como base.
Durante a guerra civil, os Misseriya eram armados pelo governo sudanês para atacar o sul.
Cerca de 1,5 milhão de pessoas morreram durante a guerra civil no Sudão.
Cai índice de confiança dos consumidores americanos

DA FRANCE PRESSE
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O índice de confiança dos consumidores americanos caiu em maio para seu nível mais baixo desde novembro, informou nesta terça-feira o instituto de estudos de conjuntura Conference Board.
O índice de confiança das famílias recuou 5,2 pontos em maio em comparação com abril, situando-se a 60,8 pontos.
A queda surpreendeu os analistas, que previam uma média de 66,3 pontos.
IMÓVEIS
Outra notícia negativa para a economia americana foi a queda nos preços de imóveis residenciais, divulgado também nesta terça-feira. Os preços caíram ao menor nível desde que a bolha imobiliária estourou no país, puxada por execuções de hipotecas, pelo excesso de casas à venda e pela resistência dos possíveis compradores em fechar negócio com a expectativa de que os preços possam cair ainda mais.
Na média, os preços caíram 4,2% no primeiro trimestre deste ano sobre o quarto trimestre de 2010, um retrocesso ao nível de preços de meados de 2002. Em março, a queda de preços em comparação com fevereiro foi de 0,8%.
Este é o oitavo mês consecutivo que o índice de preços de casa cai nos Estados Unidos. Em 2009 e 2010, benefícios fiscais concedidos nos Estados Unidos para estimular o mercado imobiliário surtiram efeito sobre os preços residenciais.
O resultado mostra que o mercado americano ainda luta para se recuperar depois da crise iniciada em 2008, detonada pela crise das hipotecas no sistema financeiro.
CIDADES
Os preços dos imóveis caíram em 18 das 20 cidades pesquisadas pela Standard & Poor's/Case-Shiller em março em comparação com fevereiro. Em 12 dessas cidades, os preços bateram no fundo do poço desde o início da crise financeira detonada pelo mercado imobiliário.
Apenas em Seattle e Washington os preços de imóveis subiram entre as áreas metropolitanas pesquisadas em março em comparação com fevereiro, de 0,1% e 1,1%, respectivamente.
Na comparação anual, a maior queda de preços foi registrada em Minneapolis, com redução de 10% nas cotações. A segunda maior queda foi sentida em Phoenix, de 8,4 %, seguida de Chicago, de 7,6 %. Em Nova York, a queda de preços foi de 3,4%.
As 12 cidades onde os preços chegaram ao menor nível registrado desde a crise são Atlanta, Charlotte, Chicago, Cleveland, Detroit, Las Vegas, Miami, Minneapolis, Nova York, Phoenix, Portland e Tampa.
O índice de Case-Shiller mede as vendas de imóveis residenciais em comparação com a base de janeiro de 2000.
Em crise, Grécia pretende colocar à venda terras paradisíacas

DE SÃO PAULO
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Quem quer comprar um pedaço de uma ilha grega?

Segundo o jornal americano "Wall Street Journal", a Grécia pretende colocar terras públicas à venda como parte do programa de privatizações do país.

A chance de realizar o sonho de ser proprietário de uma parcela dessas terras paradisíacas pode, portanto, se tornar realidade. O "Wall Street Journal" publicou em seu site, nesta terça-feira, que o governo grego espera vender até 30 bilhões de euros em terras públicas.

O jornal cita que o processo de privatizações ainda está no começo, mas no futuro podem ser vendidas participações do governo no "Mont Parnes Casino resort" em Atenas e em hotéis. Também podem ser oferecidas concessões para a construção de resorts de luxo.

O "Wall Street Journal" diz, ainda, que o braço do governo que administra as propriedades públicas tem uma lista de 75 mil terras do governo. A empresa designou o Banco Nacional Grego para preparar a venda inicial de 20 a 30 propriedades. O primeiro pode ser colocado à venda já nos próximos meses.

AJUDA

A revisão do acordo de socorro financeiro com a Grécia deve sair nos próximos dois dias, abrindo caminho para o anúncio de um novo pacote de ajuda ao país.

O jornal "New York Times" citou nesta terça-feira que o pacote que está se desenhando pode chegar a 60 bilhões de euros (R$ 136,2 bilhões) para cobrir a necessidade de financiamento do país neste ano e no próximo.

As negociações em torno de um novo socorro se tornaram mais intensas depois que a Alemanha flexibilizou suas exigências, admitindo que o país não faça a reestruturação da dívida. Esse ponto era considerado o maior impasse nas discussões.

A nova posição da Alemanha não deve significar, no entanto, que os investidores privados estão livres de pagar a fatura da crise da dívida grega.

O "New York Times" disse que o novo pacote pode trazer um "entendimento informal" de que os investidores podem ser "persuadidos" a deixar rolar suas dívidas ou adquirir nova dívida quando seus títulos vencerem.

Na quarta-feira, ministros de finanças dos países europeus estarão reunidos em Viena para discutir a situação grega. O foco do encontro será como os europeus podem ajudar do ponto de vista "técnico" a Grécia a melhorar seus mecanismos de recolhimento de impostos e colocar em prática seu programa de privatizações.

Esse envolvimento internacional dos países europeus nas questões internas da Grécia vem sendo apontado como uma tentativa de intervenção que, se concretizada, será sem precedentes na zona do euro. Uma intervenção também enfrentaria grande oposição no país. Por isso, a União Europeia exige que as novas medidas de austeridade tenham apoio multipartidário.

O governo da Grécia sinalizou que concordou com a exigência da oposição de reduzir impostos, com o objetivo de conseguir apoio para as novas medidas de austeridade para conter a crise. Mas a oposição ainda não se mostrou satisfeita porque a demanda era para cortar taxas sobre a renda pessoal e de empresas, enquanto a oferta é de reduzir o imposto sobre valor agregado.
Novo pacote para a Grécia pode ser fechado em dois dias

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Uma revisão do pacote de ajuda da Grécia poderá ser concluído nas próximas 24 a 48 horas, informaram fontes europeias nesta terça-feira.
Na quarta-feira (1), líderes europeus se reunirão em Viena para discutir as condições financeiras do país e um segundo pacote de socorro.
O foco do encontro deve ser discutir potencial assistência especializada para a Grécia melhorar a qualidade do seu recolhimento de impostos e do programa de privatizações. Esse envolvimento internacional pode se tornar uma intervenção sem precedentes em um país da zona do euro.
É provável que essa ação dos vizinhos europeus enfrente grande oposição no país. Por isso, os credores vem exigindo um acordo multipartidário sobre as novas medidas de austeridade.
Analistas da UE (União Europeia), do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do BCE (Banco Central Europeu) -- a chamada "troika" -- avaliaram em Atenas as contas do governo e o nível de cumprimento das exigências feitas no ano passado na época do socorro financeiro de 110 bilhões de euros. O relatório final desta análise também deve apontar quanto dinheiro o país vai precisar para se financiar em 2012 e 2013.
Nos últimos meses, ficou claro que a Grécia vai precisar de um novo resgate financeiro para se sustentar nos próximos dois anos. Um ano depois do primeiro socorro, o país continua preso na recessão econômica. Taxas de juros cobradas pelos investidores para comprar títulos públicos do país ultrapassaram 16% em papéis de 10 anos, uma taxa considerada irreal.
IMPOSTOS
O governo da Grécia sinalizou que concordou com a exigência da oposição de reduzir impostos, com o objetivo de conseguir apoio para as novas medidas de austeridade para conter a crise. A informação veio de uma fonte do governo alemão.
Em Berlim, uma fonte do governo alemão disse à Reuters que a UE, o FMI e o BCE (Banco Central Europeu) firmou um acordo com o governo socialista da Grécia para redução de impostos sobre valor agregado (chamado de VAT).
"Eles concordaram com isso", disse a fonte, depois que jornais gregos publicaram que o trio concordava com a redução do VAT.
A oposição do país disse, nesta terça-feira, que o corte de impostos ainda não seria suficiente para que fechem apoio às medidas.
A UE e FMI exigem que as novas ações do governo para reduzir o deficit público tenham apoio multipartidário. Entre as medidas anunciadas na semana passada estão cortes de gastos e privatizações. O fim de benefícios fiscais também foi aventada, mas a oposição pediu redução de impostos para dar algum fôlego ao crescimento econômico.
A oposição, que sugeriu o corte de impostos, considera que a redução do VAT não é suficiente. A demanda do líder de oposição conservadora, Antonis Samaras, era de reduzir em 15% a taxa sobre empresas. O Partido Democrático também manifestou que queria mais cortes do que apenas no VAT.
"Os cortes em impostos sobre empresas e renda pessoal que sugerimos teriam mais impacto, menor custo e não afetaria de imediato o fluxo de caixa do governo", disse uma fonte da oposição.
O acordo para redução do VAT ainda não foi anunciado oficialmente e o período de redução também não está claro.
Religiosos defendem legalização do aborto na Argentina

DA ANSA, EM BUENOS AIRES

Representantes de diversas religiões pediram nesta terça-feira a descriminalização do aborto na Argentina e expressaram seu apoio à Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, Seguro e Gratuito.
Dezenas de organizações sociais e de gênero no país, que integram a Campanha Nacional, convocaram um festival para hoje em frente ao Congresso Nacional para incentivar a aprovação do Projeto de Lei de Interrupção Voluntária da Gravidez, que já foi assinado por 50 parlamentares.
Durante uma conferência conjunta no Legislativo, o pastor Lisandro Orlov, da Igreja Evangélica Luterana Unida, manifestou que "é necessário tirar o tema [do aborto] do Código Penal para colocá-lo na perspectiva dos Direitos Humanos, do Evangelho e dos direitos das pessoas".
Por sua vez, a pastora Mariel Pons, da Igreja Evangélica Metodista, declarou que "limitar a discussão à descriminalização do aborto a um leilão entre quem está a favor e contra a prática é banalizá-la: ninguém pode estar a favor da interrupção de uma vida".
No entanto, segundo ela, o problema "vai mais além desta falsa polarização: a mulher que busca o aborto o faz com angústia e tristeza. A comunidade tem que assumir esta realidade, não escondê-la, mas trazê-la à tona".
O rabino Daniel Goldman, da Comunidade Bet El, enfatizou que "o aborto se pratica goste ou não a vizinha, o professor, o juiz, o religioso ou o legislador". Sendo assim, questiona o rabino, "qual é o lugar do Estado, pensando que sua função é homogeneizar socialmente dando direitos e igualdade?".
A deputada federal Cecilia Merchán, uma das organizadoras do diálogo inter-religioso, ressaltou que "para nós era importante deixar de lado um debate falso, esse que dizem que por um lado estamos promovendo o aborto e do outro estão as igrejas. Mostramos que não é assim".
Merchán antecipou que dezenas de artistas e músicos, parlamentares, personalidades da cultura, intelectuais, jornalistas, dirigentes sindicais e políticos aderiram à campanha.
"O aborto legal é um tema central a respeito dos direitos humanos e à saudade das mulheres", disseram as organizações. "Sua criminalização e sua ilegalidade não impedem que sejam praticados cerca de 500 mil abortos por ano, e o fato de que não estejam garantidas condições sanitárias dignas, seguras e gratuitas aprofunda a desigualdade e faz que morram mulheres, em geral jovens e pobres", completaram
Emergentes terão participação cada vez mais expressiva no FMI, diz Meirelles


CIRILO JUNIOR
DO RIO
O ex-presidente do BC (Banco Central), Henrique Meirelles, disse que os países emergentes terão presença cada vez mais expressiva no FMI (Fundo Monetário Internacional).
Segundo Meirelles, o FMI ainda terá como principal dirigente um representante dos países em ascensão no contexto econômico.
"É uma evolução natural, os emergentes tenderão e sairão desse processo com presença muito mais expressiva", afirmou, durante enceramento do seminário Rio Investors Day.
Henrique Meirelles evitou comentar o cenário de pressão inflacionária no Brasil. Limitou-se a dizer que a inflação é uma "luta normal", e que, para isso, existe o BC.
"Se não existisse risco inflacionário, fechariam todos os bancos centrais do mundo, e seria até um pouco tedioso", brincou.
Câmara aprova tratado da Unasul


MARIA CLARA CABRAL
DE BRASÍLIA
A Câmara aprovou nesta terça-feira a criação da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), uma área de integração continental criado em 2008 pelos paises da América do Sul. O texto segue para o Senado.
Segundo o governo, a Unasul está em vigor desde março, pois nove paises já ratificaram a proposta. O seu objetivo é "construir de maneira participativa e consensual, um espaço de integração e união no âmbito cultural, social, econômico e político entre os seus povos".
O acordo prevê a formação de um parlamento sul-americano, com sede em Cochabamba, Bolívia. Os termos do novo parlamento devem ser definidos em um protocolo adicional, o que foi alvo de críticas da oposição.
"Achamos que criar um novo parlamento, com mais gastos é desnecessário", disse o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA). A oposição também criticou o fato de o financiamento da Unasul ser baseada em cotas diferenciadas por país, em função da capacidade econômica de cada um deles. Ou seja, O Brasil, por ser o maior, deverá arcar com a maior parte.
A presidência do bloco é pro tempore, exercida sucessivamente pelos membros por períodos anuais.
Brasil importa apenas pepino em conserva da Espanha

DE BRASÍLIA
O Brasil importa apenas pepino na modalidade em conserva da Espanha. A informação é do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e chega em meio à crise na Alemanha e Suécia, onde 16 pessoas já morreram vítimas da bactéria Escherichia coli (E.coli), presente em pepinos supostamente exportados por empresas espanholas.
Segundo o órgão brasileiro, entre janeiro e abril desse ano foram comprados mais de oito mil quilos do produto. No ano passado, o Brasil importou mais de 12 mil quilos de pepino em conserva.
Mais cedo, a ministra de Ambiente da Espanha, Rosa Aguilar, afirmou que o governo avalia pedir "algum tipo de indenização" pelas acusações da Alemanha de que exemplares do produto importados do país teriam causado o surto de uma variedade da bactéria. Ao menos 16 pessoas morreram, 15 delas na Alemanha e uma na Suécia.
Em resposta à crise, Cornelia Prüfer-Storks, responsável pela secretaria de Saúde de Hamburgo, disse nesta terça-feira que um laboratório comprovou que o tipo de bactéria encontrado em dois de três pepinos espanhóis comercializados em Hamburgo não coincide com o tipo encontrado nos pacientes --uma variedade especialmente agressiva e resistente a antibióticos.
Resta ainda avaliar os resultados em um pepino espanhol e um de origem desconhecida, também recolhidos no comércio de Hamburgo.
Prüfer-Storks foi a primeira a acusar o legume espanhol de ter causado o pior surto da bactéria já visto na Alemanha.
Em reunião na Hungria com ministros europeus, Aguilar chamou as acusações de "precipitadas e sem fundamento". Ela anunciou que vai pedir à UE ajudas ao setor hortifrutigranjeiro espanhol por causa da chamada "crise do pepino", cujos danos chegam a 200 milhões de euros, segundo cálculos dos produtores espanhóis.
O secretário de Estado para a União Europeia, Diego López Garrido, já havia dito na segunda-feira que existe a possibilidade de pedir à União Europeia algum tipo de indenização.
Garrido acrescentou, entretanto, que é necessário esperar pelos resultados das análises sobre a origem do surto infeccioso intestinal antes de adotar qualquer medida.
Ele detalhou que as empresas espanholas afetadas poderiam iniciar "procedimentos de responsabilidade civil", embora nesse caso caiba à própria companhia "tomar a iniciativa".
ORIGEM
O Instituto de Higiene de Hamburgo continua os testes em tomates, pepinos e alfaces em mercados, lojas de alimentação e restaurantes da cidade-Estado de Hamburgo, em busca da fonte da infecção.
Desde que foi detectado o primeiro caso na semana passada, ao menos 15 pessoas já morreram, em sua maioria mulheres idosas, e outras 1.400 foram contaminadas, das quais 570 vivem em Hamburgo. Uma 16ª vítima morreu na Suécia, após viagem à Alemanha.
Esta variedade da E. coli produz uma toxina específica que destrói hemácias (células vermelhas do sangue) e provoca insuficiência renal, a chamada Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU).
A E. coli se propaga principalmente pela comida, pela água contaminada ou pelo contado com animais doentes.
Os sintomas típicos da infecção pela bactéria são febre moderada e vômito. Em alguns casos, há diarreia com sangue nas fezes.
A maioria dos pacientes se recupera em cerca de sete dias, mas uma parcela deles pode desenvolver a Síndrome Hemolítico-Urêmica. Nos casos mais severos, a síndrome provoca convulsões e problemas graves no sistema nervoso.
O Centro Europeu para a Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), com sede na Suécia, disse que o surto de SHU é "um dos maiores que já foram registrados no mundo e o maior já registrado na Alemanha".
Primeiro-ministro neozelandês aparece em fotografia de planking

DA EFE, EM SYDNEY

O primeiro-ministro neozelandês, John Key, apareceu no fundo de uma fotografia na qual seu filho Max pratica planking, um excêntrico fenômeno muito popular nas redes sociais, informou a imprensa local nesta terça-feira.
O planking, que consiste em tirar fotografias deitado de barriga para baixo em lugares públicos incomuns e muitas vezes perigosos, já causou a morte de pelo menos uma pessoa na Austrália.
O governante neozelandês aparece parado no fundo da fotografia intitulada "PM Plank", publicada na página do Facebook Planking New Zealand, na qual seu filho Max, de 15 anos, é visto em primeiro plano.
Um porta-voz do Key disse que "não há nada o que comentar" sobre a fotografia, segundo o diário "New Zealand Herald".
A página Planking New Zealand congrega mais de 12.500 pessoas, enquanto a Planking Australia já conta com 100 mil seguidores.
Em maio, um jovem morreu ao tentar praticar planking no parapeito de um edifício de sete andares no nordeste da Austrália.
Lei antitabaco entra em vigor na Venezuela com multas de R$ 69 mil

DA EFE, EM CARACAS

A Venezuela colocou em vigor nesta terça-feira, no Dia Mundial Sem Tabaco, uma nova lei antitabaco que proíbe fumar completamente em espaços públicos fechados e que prevê multas entre US$ 212 (R$ 335) e US$ 44 mil (R$ 69 mil) para os infratores.
"Em homenagem a este dia, nós estamos ratificando a vontade do governo revolucionário de manter a saúde do povo da Venezuela, manter o direito ao não fumante, preservar a saúde de nossas crianças e de nossos adultos", indicou em entrevista coletiva a ministra de Saúde venezuelana, Eugenia Sader.
A lei, que foi aprovada em fevereiro após um processo de promulgação, anulação e ratificação em menos de uma semana, estabelece sanções para os infratores entre 12 e 2,5 mil unidades tributárias, ou seja, entre 912 bolívares (R$ 335) e 190 mil (R$ 300 mil).
Por sua vez, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, cumprimentou a entrada em vigor da norma através de sua conta na rede social Twitter.
"Venezuela, livre de fumaça! Vamos todos e todas, participar desta campanha contra o tabagismo! Não ao charuto! Vamos viver sãos!", escreveu Chávez em sua conta @chavezcandanga.
Eugenia explicou que o governo treinou um corpo de inspetores especificamente capacitados para o controle da aplicação da norma, que realizarão as recomendações aos locais e, eventualmente, estabelecerão as multas, que serão pagas através do sistema bancário.
A ministra incentivou os venezuelanos a denunciar os casos de infração da lei através de uma conta de e-mail para receber as denúncias e acrescentou que a norma deverá ser aplicada em "qualquer lugar público", incluindo aeroportos, transporte publico, escritórios, bancos, casas noturnas e locais comerciais, e especificou que não se podem estabelecer espaços específicos para fumantes nos locais fechados.
"Está comprovado em nível mundial que nos países que colocaram ambientes especiais para os fumantes não muda absolutamente nada, porque a fumaça sai e contamina o ambiente livre de fumaça", assinalou a ministra.
Eugenia ainda declarou que nesta terça-feira foram lançadas 77 consultas em todo o país com planos para ajudar os fumantes a deixar o hábito.
Ex-presidente Lula vai a Cuba para se reunir com Raúl Castro

DA FRANCE PRESSE, EM HAVANA

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou nesta terça-feira a Cuba para se reunir com o ditador Raúl Castro, em uma viagem que também o levará para a Venezuela.
Lula, que chegou em um voo charter procedente das Bahamas, foi recebido no Aeroporto Internacional José Martí pelo chanceler cubano, Bruno Rodríguez, sem dar declarações à imprensa.
Em sua primeira viagem a Cuba depois de deixar a Presidência, há cinco meses, Lula "participará de um encontro de trabalho" com Raúl Castro e "visitará lugares de interesse econômico", informou nesta terça-feira o jornal oficial "Granma".
Segundo informes de Brasília, não se descarta a possibilidade de ele também visitar seu amigo, o ex-ditador cubano Fidel Castro, que o recebeu em duas ocasiões durante sua convalescência de uma grave doença que o obrigou a se afastar do poder em julho de 2006.
Lula partirá de Havana na metade da manhã da quinta-feira (2) e prosseguirá sua viagem para a Venezuela, onde se reunirá com o presidente Hugo Chávez, principal aliado de Cuba.
Lula deve visitar as obras de ampliação e modernização do porto de Mariel, a 50 km a oeste de Havana, cujos trabalhos são realizados a partir de um empréstimo de US$ 300 milhões concedido pelo Brasil, sob seu mandato, para se tornar no mais importante de Cuba, em substituição ao de Havana.
Durante o governo Lula, o Brasil tornou-se o segundo parceiro de Cuba na América Latina --depois da Venezuela--, e sua sucessora Dilma Rousseff prometeu manter essas relações estreitas com a ilha comunista.
Depois de reaparecer recentemente na cena política brasileira, Lula empreendeu uma viagem internacional que também o levou a Nicarágua e Panamá.
EUA fazem novas acusações contra mentor do 11 de setembro

DA REUTERS, EM MIAMI

Procuradores militares norte-americanos apresentaram novas acusações contra o autor confesso dos atentados do 11 de Setembro de 2001, Khalid Sheikh Mohammed, e quatro supostos cúmplices detidos na prisão de Guantánamo.
As acusações de conspiração e assassinato em massa devem ser anunciadas na terça-feira, de acordo com fontes envolvidas nos tribunais de crimes de guerra na Base Naval dos Estados Unidos em Cuba.
Durante o governo do ex-presidente George W. Bush, todos os cinco réus foram acusados nos tribunais de tramar os ataques que mataram quase 3.000 pessoas nos Estados Unidos em 2001.
As acusações, que preveem pena de morte, foram derrubadas, enquanto o governo do presidente Barack Obama tentou levar os julgamentos a um tribunal federal civil em Nova York, perto do local do World Trade Center, destruído nos ataques terroristas por aviões sequestrados.
Obama cedeu à oposição e anunciou em abril que os julgamentos voltariam a Guantánamo.
Além de Mohammed, um líder da Al Qaeda capturado no Paquistão em 2003, os réus incluem seu sobrinho, Ali Abdul Aziz Ali, assim como Walid bin Attash, Ramzi Binalshibh e Mustafa Ahmed al Hawsawi.
Calderón liga para Dilma para pedir apoio à candidatura mexicana ao FMI

ANA FLOR
DE BRASÍLIA

O presidente do México, Felipe Calderón, ligou na tarde de hoje para a presidente brasileira, Dilma Rousseff, pedindo o apoio do Brasil para a candidatura de Augustín Carsten ao cargo de diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional). Carstens é o equivalente ao presidente do Banco Central do país.
O telefonema vem um dia depois da da passagem pelo Brasil de outra candidata, a ministra de Finanças da França, Christine Lagarde.
Segundo o porta-voz da Presidência, Rodrigo Baena, Dilma afirmou ao colega que a candidatura mexicana é "positiva porque permite maior exposição de ideias" e que o Brasil defende que a decisão se dê por mérito e experiência, não pela origem do candidato.
Ela afirmou que o Brasil irá esperar a composição de todas as candidaturas para se posicionar.
Amanhã, Carstens será recebido pelo ministro Guido Mantega (Fazenda).
Lorde britânico pega ano de prisão por declarações falsas de gastos

DA FRANCE PRESSE, EM LONDRES

Um membro conservador da Câmara Alta do Parlamento britânico foi preso nesta terça-feira e vai cumprir pena de um ano por fraude na declaração de gastos.
Lord John Taylor, 58, é o quinto legislador preso por um escândalo que abalou a classe política britânica em 2009.
Taylor, um ex-advogado e primeiro negro a ocupar uma cadeira na Câmara dos Lordes em 1996, declarou mais de 11 mil libras (18.140 dólares) de gastos com acomodações e viagens.
A Corte da Coroa de Southwark, em Londres, mostrou que Taylor citou como residência principal uma casa em Oxford, mas o escritório de gastos da Câmara dos Lordes comprovou que a casa pertencia ao sobrinho e que, na verdade, ele morava em Londres.
Taylor declarou durante o processo que acreditava só precisar de uma "relação familiar" para designá-la como residência principal.
Também reiterou inocência porque havia apenas seguido o conselho de alguns colegas Lordes, já que declarar uma residência fora da capital era uma forma de ganhar dinheiro.
Ao condenar Taylor a 12 meses de prisão, em janeiro, o juiz John Saunders disse que este escândalo "deixou mancha irreparável no Parlamento".
O escândalo estourou depois que um jornal teve acesso a declarações de um deputado para conseguir o reembolso total com aluguéis de filmes pornográficos, o que provocou um sério questionamento no sistema de concessão de subsídios parlamentares.
Outro lorde conservador, Paul White, receberá no próximo mês a sentença depois de considerado culpado por declarações falsas sobre gastos parlamentares, no valor de 14 mil libras.
Após crise, Brasil pede autorização para nomear embaixador de Honduras

DA FRANCE PRESSE, EM TEGUCIGALPA (HONDURAS)

O Brasil solicitou a autorização de Honduras para nomear o embaixador brasileiro na capital hondurenha e normalizar as relações bilaterais buscando resolver assim os efeitos da crise diplomática gerada após o golpe de Estado em 28 de junho de 2009 contra o então presidente Manuel Zelaya, informaram fontes oficiais.
Na segunda-feira de manhã "formalizou-se o pedido de beneplácito por parte do Brasil para seu embaixador na República de Honduras", disse o chanceler hondurenho Mario Canahuati em Washington durante entrevista à rádio Globo.
Nesta quarta-feira Canahuati participa de uma reunião na OEA (Organização dos Estados Americanos) para decidir sobre o reingresso do país na organização.
Honduras foi suspenso da OEA no dia 4 de julho de 2009 em resposta a ação contra Zelaya e há agora a expectativa de que seja aceito de volta, uma vez que o atual presidente Porfírio Lobo facilitou o retorno do ex-líder ao país após um período de exílio na República Dominicana.
Vargas Llosa rompe com jornal peruano por "apoiar" Keiko Fujimori

DA FRANCE PRESSE, EM LIMA

O prêmio Nobel de Literatura, Mario Vargas Llosa, anunciou nesta terça-feira que não quer que sua coluna "Pedra de Toque" seja publicada no jornal peruano "El Comercio", ao qual acusou de ter se tornado uma "máquina de propaganda" da candidatura da direitista Keiko Fujimori.
Em uma carta enviada ao "El Comercio", Vargas Llosa denuncia que "o jornal se tornou uma máquina de propaganda de Keiko Fujimori que, em seu afã de impedir por todos os meios a vitória de Ollanta Humala, viola as mais elementares noções de objetividade e de ética jornalísticas".
"Silencia e manipula a informação, deforma os fatos, abre suas páginas às mentiras e calúnias que possam danificar o adversário, enquanto em todo o grupo de comunicação (que possui) demite ou intimida os jornalistas independentes", indica.
"Não posso permitir que minha coluna 'Pedra de Toque' continue sendo publicada nessa caricatura do que deve ser um órgão de expressão genuinamente livre, pluralista e democrático", enfatiza ao pedir ao diário espanhol "El País" --que divulga suas colunas em vários países- que deixe de enviar suas colaborações ao El Comercio, jornal mais antigo do Peru.
O escritor apoia o candidato de esquerda Ollanta Humala no segundo turno das eleições presidenciais de 5 de junho contra a fujimorista Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, condenado a 25 anos de prisão em 2009 por violações dos Direito Humanos durante seu mandato.
A Corporação El Comercio é proprietária dos jornais "El Comercio", "Perú21", "Gestión", "Trome", "Depor", assim como do Canal N de televisão a cabo.
Além disso, é acionista majoritário da América TV, canal mais importante do Peru.
Extraditado, ex-general sérvio Ratko Mladic chega à prisão de Haia

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O ex-general sérvio Ratko Mladic, 69, chegou ao centro penitenciário do TPII (Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia) em Haia, na Holanda, após ter sido extraditado nesta terça-feira.

No TPI, ele enfrentará acusações de genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade. Mladic é acusado por comandar o cerco a Sarajevo, que durou 43 meses e deixou um saldo de 8.000 meninos e homens muçulmanos mortos no massacre de Srebrenica, durante a guerra da Bósnia (1992-95).
Mladic chegou a Rotterdam na tarde desta terça-feira em um jato do governo sérvio, após ter o recurso ao seu pedido de extradição negado. Dois helicópteros da polícia foram vistos no aeroporto e deveriam levá-lo ao centro de detenção de Scheveningen. A área foi cercada pela polícia holandesa.
Após sua transferência a Haia, um conselho de juízes será escolhido e Mladic deve aparecer na corte 'sem demora', geralmente entre 12 e 24 horas após a chegada do suspeito.
Em seu último dia na Sérvia --onde ele passou grande parte de seu período como foragido da Justiça-- o ex-general, visitou o túmulo de sua filha Ana, que morreu em 1994, em Belgrado. Ontem, seu neto de 5 anos e sua neta de 10 o visitaram na prisão.
A mulher de Mladic e seu filho também o visitaram antes que ele fosse enviado ao aeroporto de Belgrado, escoltado por agentes da polícia.
A extradição para a corte internacional foi selada nesta terça-feira após o Ministério da Justiça sérvio negar um último recurso apresentado pela defesa do ex-general preso na semana passada após mais de 15 anos foragido.
"O recurso foi rejeitado e a decisão por escrito será entregue ao Ministério da Justiça durante o dia de hoje", disse a porta-voz da Alta Corte de Belgrado, Dusica Ristic.
CRIMES
Mladic, que liderou o Exército sérvio-bósnio durante a Guerra da Bósnia (1992-95), responde a 15 acusações no Tribunal Penal Internacional para Ex-Iugoslávia, da ONU (Organização das Nações Unidas).
France Presse
Entre os crimes a ele atribuídos estão o massacre de Srebrenica (1995), em que mais de 8.000 muçulmanos foram assassinados, e o cerco de 43 meses a Sarajevo, a capital da Bósnia.
Se condenado, Mladic pode receber sentença de prisão perpétua, uma vez que não existe pena de morte.
Sua defesa alegou um frágil estado de saúde para tentar evitar a extradição. Segundo seu advogado e amigo de longa data, Milos Saljic, o ex-líder militar teve dois ataques cardíacos e três derrames que chegaram a deixá-lo paralisado e hoje comprometem movimentos de um de seus braços. Mladic, 69, diz o advogado, tem a boca deformada, pele pálida e apresenta má higiene e má nutrição pelos anos em que viveu recluso.
O TPI para a ex-Iugoslávia, por sua vez, disse ter todas as condições para atender réus com problemas de saúde.
Encontro com a História

BERLIM

Elas nasceram entre 1923 e 1937. Cinco senhoras que vivem na cidade de Colônia e seus arredores. De todas as pessoas que encontrei na Alemanha nestes três meses no país, foram elas as que me causaram maior impacto.
As cinco fazem parte da Zeitzeugen Börse de Colônia. A instituição, presente em várias outras cidades alemãs, reúne pessoas que vivenciaram aspectos importantes da história do país. Sempre que requisitadas, reúnem-se com estudantes, pesquisadores e jornalistas para relatar suas memórias.
A conversa não é remunerada. O dinheiro que patrocinadores colocam na instituição vai todo para a administração e a divulgação do grupo. O objetivo principal é usar a experiência dos mais velhos para conscientizar os mais novos.
Nosso encontro ocorreu em uma sala da prefeitura de Colônia. Além de mim, estavam presentes outros cinco jornalistas da América Latina (todos, como eu, bolsistas do IJP, fundação alemã que promove intercâmbios jornalísticos).
A conversa começou com uma pequena apresentação. Cada uma das senhoras falou seu nome, o ano de seu nascimento e algumas das lembranças mais marcantes que guardava do período nazista. Depois, ficaram à disposição para responder às nossas perguntas.
As horas passaram como minutos. Imersos naquela sala, ouvíamos com atenção as memórias da infância e da adolescência daquelas senhoras aprumadas. Fragmentos da vida cotidiana que, somados, dão ideia dos horrores de toda uma época.
Quase todas fizeram questão de deixar claro que suas famílias não apoiavam o regime nazista _ e, sinceramente, é difícil imaginar que topariam falar tão abertamente sobre o período se não fosse assim. Apesar disso, todas disseram conviver até hoje com a vergonha desse passado.
Uma contou que foi separada dos pais ainda nova e entregue a uma família do sul da Alemanha. Quando finalmente os reencontrou, anos mais tarde, eles eram como estranhos para ela.
Outra não entendia o silêncio que passou a ser a característica mais marcante de sua mãe no fim da guerra. Apenas décadas mais tarde, a mulher confidenciou à família ter sido vítima de um estupro cometido por soldados soviéticos.
Uma terceira lembra até hoje como era humilhada por professores e colegas por não fazer parte da Bund Deutscher Mädels, a organização hitlerista para as meninas alemãs. Os livros usados nas aulas sobre as diferenças raciais, em que a suposta superioridade ariana era propagandeada com ares de ciência, também estão vivos na sua memória.
Já a mais nova contou que a lembrança mais remota de sua vida era o dia em que, escondida em um porão para se proteger dos bombardeios, a casa desabou sobre ela. Por sorte, acabou sendo resgatada com vida. Muitos que estavam com ela, não.
Somado a tudo isso, a fome e o medo. Muitas se lembram de procurar nas ruínas ou no lixo algo para levar para casa. Outras se recordam do pavor de ver os vizinhos desparecerem sem ter a quem perguntar o que estava acontecendo.
Experiências que, passados mais de 65 anos do fim da guerra, elas não conseguem esquecer. E que, com seus relatos, não querem que os outros esqueçam.
"O euro não funcionou", diz Marine Le Pen, líder da direita francesa

ANA CAROLINA DANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS

Líder do principal partido de extrema-direita da França, Marine Le Pen, 42, segue os passos da carreira política de seu pai, Jean-Marie Le Pen.
Pesquisas de opinião apontam que Marine tem chances de chegar ao segundo turno nas eleições presidenciais francesas de 2012, o que seria uma repetição da história do pai, que perdeu na segunda consulta eleitoral para Jacques Chirac em 2002.
Político da extrema-direita, Jean-Marie Le Pen concorreu cinco vezes à Presidência francesa.
Marine assumiu este ano a presidência da Frente Nacional (FN), sucedendo seu pai, fundador do partido. Desde 2004, ela atua como deputada no Parlamento Europeu.
Casada pela terceira vez e mãe de três filhos, ela é formada em direito pela Universidade de Paris.

FOLHA - A sra. foi uma das primeiras pessoas a reagir à prisão de Dominique Strauss-Kahn. A sra. concorda com as declarações feitas por seu pai que disse ter ficado 'contente de ver um mal caráter atras das grades"?
MARINE LE PEN - Eu não sei o que foi mais humilhante para a França. A prisão de Dominique Strauss-Kahn ou a reação da classe política francesa, que considero particularmente inapropriada. Ninguém se pronunciou pela vítima. As reações demonstraram o reflexo de uma casta de elites que quer se proteger custe o que custar. Eu não sou uma grande fã do sistema judiciário norte americano, prefiro o nosso, mas uma coisa é certa: eles nos deram uma grande lição de igualdade.

E sobre a reação do presidente Nicolas Sarkozy? A sra. esperava, por exemplo, que ele defendesse que DSK deixasse a direção do FMI?
Sim, acho que seria o mínimo a fazer. Mas se Nicolas Sarkozy tivesse pedido a demissão de Strauss-Kahn, seria obrigado a lembrar aos franceses que foi ele que o indicou para a direção do FMI, apesar de conhece-lo bem, pois toda a classe politica e jornalística sabia de seu comportamento patológico. Sarkozy foi cínico o bastante em nomear DSK para a direção do FMI sob o risco de ver estourar um escândalo como esse que sujou a imagem da França no mundo inteiro. E tudo isso por interesses pessoais, para se livrar de um adversário politico. Eu considero essa classe politica muito irresponsável, tanto Sarkozy quanto toda a esquerda francesa, que estava disposta a levar esse homem à direção do estado.

Então a sra., que é advogada, não aplica o principio da 'presunção de inocência' ? Já considera DSK culpado?
Não, o que eu digo é que ele tinha essa reputação que isso deveria ter levado a classe politica a ser responsável não remover um homem que todo mundo sabia que tinha uma ma reputação no que diz respeito às mulheres. Não era o comportamento de um sedutor, como muitos afirmaram, mas sim o comportamento de um assediador.

Muitos dizem que a Frente Nacional é o partido que vai mais se beneficiar desse escândalo
Eu não sei, mas deveria ser assim.

Por quê?
Porque acho que os franceses devem ter a lucidez de julgar com rigor o comportamento cínico de uma classe politica que estava disposta a escolher um homem contestável suas atitudes simplesmente por interesses pessoais.

Na sua opinião, por que a Frente Nacional vem ganhando votos nas urnas e pontos nas sondagens?
Ha dois fenômenos. Primeiro, o contexto. Os franceses se dão conta que 30 anos de politica entre UMP e PS fizeram de um grande pais um estado a beira da falência, com um desemprego de massa, 18 milhões de franceses que vivem abaixo da linha da pobreza, um nível de educação que não era de cair e uma diplomacia internacional inexistente.
Então o nosso programa, que é radicalmente diferente do que vem sendo apresentado, aparece aos franceses como uma verdadeira alternativa. Em segundo lugar, a Frente Nacional mudou seus dirigentes. Você sabe muito bem que, durante muito tempo, meu pai foi caricaturado, assim como seu movimento. Ele foi apresentado como alguém
extremista, violento, etc. Então a mudança na presidência do partido criou um novo interesse e os franceses se deram conta de que a Frente Nacional não parece com o que se falava do partido.
*Jean-Marie Le Pen causou bastante polêmica com declarações consideradas xenófobas e racistas e discriminatórias sobre a Segunda Guerra, o nazismo, os judeus e árabes.

A Sra. parece mais moderada em suas declarações. E uma
tentativa intencional de se distanciar de certas posições extremistas de seu pai?*
Eu não acho que as posições de meu pai sejam extremistas, mas nos temos visões diferentes sobre alguns temas.

Por exemplo?
Por exemplo, sobre a 2ª Guerra Mundial, o funcionamento do serviço publico. Eu tenho minhas próprias convicções sobre o aspecto social do programa da Frente Nacional. Eu não procuro me distinguir. Eu me exprimo porque acredito que, além do projeto do partido, ha também a pessoa que incarna esse projeto.

Sobre a II Guerra Mundial, qual é a diferença fundamental entre a Sra. e Jean-Marie Le Pen, por exemplo ?
Eu não tenho a mesma sensibilidade que o meu pai sobre esse tema. Eu não vivi a Guerra, ele viveu.

Então, é uma diferença de geração e não de ideologia?
Sim, acho que uma grande parte se deve à diferença de geração, mas é verdade que as declarações do meu pai sobre a segunda Guerra Mundial foram, talvez, desajeitadas e chegarem a ferir o sentimento de algumas pessoas. O meu objetivo não é ferir ninguém. Eu já disse e repito que considero que o nazismo foi o 'cumulo da barbárie' e que os
dois maiores totalitarismos do século 20 foram o nazismo e o comunismo. Eu tento somente avançar sem olhar o tempo todo no retrovisor. Hoje, acho que existem dois novos totalitarismos no mundo. A globalização, que é o totalitarismo do comércio, a o islamismo, que é o totalitarismo da religião. E temos que dar uma resposta a isso.

Quem são os novos eleitores da FN ? Muitos que afirmam que vão votar pela primeira vez no partido em 2012 afirmam que não o fariam se o candidato fosse Jean-Marie Le Pen.
A Frente Nacional e Jean-Marie Le Pen foram tão diabolizados, que o fato de ter uma nova personalidade à frente do partido, uma mulher, mãe de família, pode incentivar as pessoas a se juntarem a nos. Praticamente metade desses novos eleitores vêm da esquerda. São pessoas que têm o sentimento de terem sido traídos pelos partidos de esquerda, que se submeteram a um processo ultraliberal e globalizado, à influência americana. Eles não se
reconhecem mais nesse esquerda que se parece cada vez mais com a direita.

A imigração é um tema importante e central no programa da Frente Nacional. O que é, exatamente, a preferência nacional?
A preferência nacional significa dar prioridade para quem tem a nacionalidade francesa no meu país. Prioridade de acesso ao emprego, às moradias sociais. Que a solidariedade nacional seja reservada aos franceses, seja qual for suas origens. Acho que é mais normal dar trabalho aos franceses que aos estrangeiros. Sem nenhum ódio contra os
estrangeiros. Nós pensamos que todos os estrangeiros que chegam a França devem estar aptos a se sustentar. Não temos mais os meios necessários para acolher essa imigração. Na França o sistema de proteção social é tão generoso que, de certa maneira, absorvemos uma imigração que vem buscar em nosso pais um modo de subsistência que não
conseguimos garantir nem a nossos próprios cidadãos.

A Sra. considera a imigração perigosa para a França?
Não é uma questão de perigo. A imigração é um problema econômico. Ela é muito dispendiosa. Pesa sobre o deficit publico, pois a escola e a saúde são totalmente gratuitas, fora os outros benefícios, como as moradias sociais. O estado não consegue mais arcar com tudo isso. Em segundo lugar, a imigração é utilizada de maneira imprópria pelas grandes empresas e pelo patronato, com o acordo da classe politica, que se serve dela para puxar
para baixo os salários. O objetivo é criar uma espécie de concorrência no mercado de trabalho para diminuir progressivamente os salários em detrimento do poder aquisitivo de nossos compatriotas.

Mas, sobre a imigração legal. Qual é a proposta do FN? Ele deve ser regulada? Como?
Sim, temos que fazer uma moratória sobre a imigração. Nos acolhemos hoje 200 mil pessoas por ano e temos 5 milhões de desempregados. Isso é um absurdo absoluto. Temos cerca de 200 bilhões de euros de deficit por ano e continuamos a importar desempregados, pois não ha trabalho. Então, não é mais possível fazer viver a imigração pela solidariedade nacional. Por isso, a ideia hoje é reduzir a imigração de 200 mil pessoas para 20 mil por ano.

De onde vêm esses números ?
São números do Ministério do Interior: 203 mil estrangeiros em 2010 que entraram de maneira legal em nosso território. Então, é uma loucura continuar essa situação. O que não significa que não se deva implementar um processo de cooperação com os países africanos, pois acho que é necessário fixar a população em seus países de origem.

A sra. disse que a imigração custa caro para a França. Mas ha estudos que mostram o contrario. Um estudo feito pela Universidade de Lille com base em dados de 2009 indica que os imigrantes trouxeram mais riquezas do que despesas para o estado francês. Eles teriam pago cerca de 60 bilhões de euros em impostos e taxas, contra um custo para o estado estimado a 48 bilhões de euros.
Esses números são irreais por uma simples razão: a projeção foi feita com base em uma taxa de desemprego de 5% e estamos a 10%. Além do mais, não levaram em conta os menores de idade. Então, todo o custo para a Educação Nacional, para o sistema de Saúde e de moradias sociais não foram contabilizados nesse estudo. Alias, a Gra Bretanha acabou
de decidir passar de 180 mil para 20 mil imigrantes por ano. Quanto se esta em uma situação de crise e de empobrecimento brutal, não podemos continuar a ser generosos, salvo se o fizermos em detrimento de nossos compatriotas.

Nem mesmo em situações excepcionais como no caso das revoluções na Tunísia e Líbia, por exemplo ? A Europa não deveria acolher, pelo menos provisoriamente, esses imigrantes ?
Porque a Europa ? Acredito na diplomacia regional. Acho que é muito mais normal que sejam os países árabes que acolham esses tunisianos ou líbios. Ha bacias de civilização, eles tem a mesma religião, a mesma língua, a mesma cultura. É muito menos perturbador para o mundo que esse fluxo possa ser feito com a ajuda financeira de países
árabes como as monarquias do petróleo, que são extremamente ricas. Se amanhã a Itália vivesse um terremoto excepcional e que fosse necessário acolher 1 milhão de italianos, não íamos pedir à Síria ou à Arábia Saudita que os acolhessem. Claro, a França acolheria nossos vizinhos italianos. Eu não entendo porque é sempre à Europa que se
pede ajuda, ainda mais agora que estamos em uma situação de empobrecimento, com nossos países em falência. A grande Europa terminou. A Grécia e o Portugal estão quebrados. Amanha será a Espanha, Itália e provavelmente a França.

A França deve sair do espaço Schengen?
Sim. A Europa demonstrou que é incapaz de proteger suas fronteiras. E além do mais, é uma questão de soberania nacional. Cada pais tem o direito de decidir quem entra e quem sai de seu território. Ora, hoje com o espaço Schengen não é assim. Ha três anos, a Espanha e a Itália decidiram regularizar 1,5 milhão de clandestinos. Pois
bem, no dia seguinte, esses clandestinos vieram se instalar legalmente em França.

A Sra. então aprova a politica de imigração do presidente Nicolas Sarkozy, que tenta restringir o fluxo imigratório na França?
Isso é o que ele diz. Os números são catastróficos. Ha mais imigração hoje do que na época dos socialistas. Sarkozy fala muito, mas faz pouco. Acho que temos que suspender Schengen hoje e implementar uma politica de proteção de nossas fronteiras. Se não fizermos isso, corremos o risco de criar conflitos na sociedade francesa.

Gostaria de voltar a um assunto que foi tema de muito debate aqui na França, a lei que proibiu o uso da burca na França. Qual a sua posição sobre essa lei?
Acho que a burca é profundamente contraria à todos os nossos valores e que ela é um sofrimento imposto às mulheres por fundamentalistas que tentam impor em nosso pais a lei da sharia, que são leis que entram em conflito direto com tudo que acreditamos, nossos valores e princípios. Deve ser totalmente proibida.

A Sra. se opôs à intervenção internacional na Líbia. Porque e qual seria a alternativa?
Porque não acredito na ingerência e tenho uma visão multipolar do mundo que é uma visão de respeito entra nações soberanas. Acho que intervir na Líbia em meio a uma guerra civil ultrapassava o mandato das Nações Unidas. Além do mais, é uma operação inútil, pois não vai colocar fim ao conflito, e, ao mesmo tempo, cara e inquietante pois, no
futuro, os países árabes poderão se voltar contra os países ocidentais. Quando a ONU se felicita e ninguém se ofusca pelo fato que o domicilio pessoal de Gaddafi foi bombardeado, que sua enteada foi assassinada, assim como 3 bebes de menos de 2 anos, eu me pergunto porque ? Talvez seja porque são bebes líbios ? Pra mim, a solução seria que os países árabes negociassem diplomaticamente a resolução desse conflito. A gente vê o que aconteceu no Iraque. O mínimo que se pode dizer é que a intervenção norte-americana não colocou fim ao problema iraquiano, muito pelo contrario.

A demissão de DSK abriu o debate sobre a sucessão na direção do FMI. A Sra. é favorável a que a direção do FMI seja também ocupada por países que não sejam europeus, como pede o Brasil, por exemplo?
Claro. Alias, eu defendo a supressão do FMI, então o que posso dizer é que me interesso menos pelo tema de quem deve dirigi-lo. Mas, já que tem que ser dirigido, não vejo porque a direção seja reservada aos europeus. A gente sabe bem que é um acordo passado com os Estados Unidos para que sejam sempre os mesmos que dirijam as grandes
instituições internacionais. Isso é um desprezo evidente pelos grandes continentes, que são hoje potências mundiais. Ninguém vê, por exemplo, que o Brasil se tornou hoje uma grande potência mundial. Fala-se muito da China, da Índia, mas não vemos o Brasil, que conseguiu um ajuste econômico espetacular e que aparece hoje como uma grande potência mundial.

Com um governo de esquerda...
Sim, com um governo de esquerda, é verdade. Mas é um governo que defendeu o direito de não estar sob tutela politica, principalmente da parte dos Estados Unidos. Que as relações sejam cordiais e equilibradas, que cada um defenda seus interesses, é perfeitamente legitimo. Alias é por isso que defendo uma Europa de nações e não essa estrutura totalitária em que nos engajamos. É a concepção de liberdade, de independência, de soberania e de interesse superior do povo brasileiro que faz com que o Brasil esteja onde esta. E isso independente de questões ligadas a direita ou esquerda. Acho que no mundo hoje o verdadeiro combate se da entre os que defendem a globalização e os que defendem o principio da soberania.

O Brasil, junto com o Mercosul, esta negociando um acordo de livre comercio com a União Europeia. A França disse ter reservas. A Sra se opõe a esse acordo?
Sim, acho que esse acordo vai matar definitivamente a agricultura francesa e como sou uma dirigente francesa penso, primeiro, nos interesses do meu pais. Isso não quer dizer que outros tipos de acordo não possam ser feitos. Sou a favor de um protecionismo consciente, inteligente, que, alias, já é feito por um certo numero de nações.

A Europa deve continuar a ajudar a Grécia e sob que condições?
Acho que não serve pra nada, é um trabalho de Sísifo. Estamos fazendo algo terrível, estamos esmagando um povo. Diminuímos os salários, as pensões, os levamos a vender seus patrimônios, e tudo isso para chegar aonde ? Porque sabemos que a Grécia esta em situação de falência. Estamos desamparando o pais e a população para que especuladores consigam ainda mais benefícios. Sou totalmente contra. É, alias, por isso que defendo a supressão do FMI, porque acho que o FMI participa da destruição desse povo. Hoje é a Grécia, amanhã será o Portugal, depois de amanhã, a Espanha.

Mas qual seria, então, a solução? A Grécia estava a beira da falência, a Sra. mesmo disse. O FMI e os países europeus deveriam ter virados às costas para esse pais ou as condições do empréstimo deveriam ter sido mais flexíveis?
A Grécia esta ainda mais em falência agora. As condições que foram impostas para o empréstimo foram tão terríveis que estão longe de permitir à Grécia que se recupere. Ao contrario, vão mergulhar o pais ainda mais na contração econômica. Acho que o euro esta morto. Chegamos ao fim do sistema. O euro foi uma moeda ruim. Quisemos dar o mesmo
medicamento para todos os doentes do hospital e, na verdade, tudo isso levou certos países a uma situação extremamente difícil. Todos os nossos países estão quebrando. A zona euro contribuiu para enfraquecer o organismo econômico europeu. O euro forte diminuiu nossa capacidade de exportação e a gente assiste, impotentes, a guerra de moedas entre a China e os Estados Unidos. Além do mais , o euro permitiu a um certo numero de países contrair
empréstimos a juros muito baixos. Então, incitamos um circulo vicioso e ao invés de incitar um circulo virtuoso. A única possibilidade para a Grécia é abandonar o Euro.

É essa, alias, a proposta que a Sra. também defende para a França. Mas o que a maioria dos economistas diz é que os custos de saída da zona euro serão mais elevados que os custos de manutenção na zona. Abandonar o euro traria, por exemplo, consequências drásticas para as finanças publicas e privadas. A desvalorização da moeda nacional faria explodir a divida publica e privada, que são indexadas em euros.
Acho que são argumentos totalmente falsos. Ha dezenas de economistas que têm uma visão diferentes, mas, evidentemente, eles estão menos presidentes nos meios de comunicação, pois a mídia é ideologicamente ligada ao euro. E quanto Nicolas Sarkozy diz 'vamos salvar o euro custe o que custar', me pergunto qual o preço a pagar. É essa a questão. Vários economistas dizem o contrario, que a saída do euro vai permitir oxigenar a economia, relançar as exportações. Queremos devolver ao Banco da França a prerrogativa de emprestar ao Tesouro. Assim, não estaremos mais totalmente nas mãos do mercado financeiro. Não ha outra solução. Muita gente diz que o que propomos é absurdo, mas não apresentam uma alternativa. A realidade é que o euro, que deveria ser uma moeda
para combater o dólar, não funcionou.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Tropas de assalto

Usavam uniformes diferentes, muitas vezes sob medidas, levavam bolsas cheias de granadas as quais usavam com precisão quando assaltavam as trincheiras inimigas, sempre usavam o novo capacete de aço stahlhem, adaga presa ao cinto, usavam também maças (porrete madeira com ponta de aço) e testavam vários equipamentos como foi o caso da couraça de ferro.
Rei da Suécia desmente elos com crime organizado e prostitutas

DA FRANCE PRESSE, EM ESTOCOLMO (SUÉCIA)
O rei Carl 16 Gustaf da Suécia desmentiu nesta segunda-feira as acusações da imprensa segundo as quais teria frequentado clubes de strip-tease e mantido relações com o crime organizado, em um esforço para encerrar um escândalo que fragiliza sua imagem.
"Não. É impossível que existam", disse o chefe de Estado sueco ao responder a uma pergunta sobre a existência de fotos comprometedoras com mulheres nuas.
Um ex-mafioso, Mille Markovic, confirmou recentemente possuir essas fotos.
Markovic disse também que uma pessoa próxima ao rei chegou a tentar dissuadi-lo de publicar qualquer imagem que pudesse comprometer o monarca.
"É difícil comentar algo que não vi e que nenhuma outra pessoa viu", disse o rei da Suécia em uma longa entrevista concedida à agência de notícias sueca TT.
CRISES NA MONARQUIA SUECA
O desmentido do rei sueco, no trono há 37 anos, ocorre depois de uma série de problemas que vão desde as revelações do passado nazista do pai da rainha brasileira Silvia à brutal ruptura do noivado da princesa Magdalena.
Em um explosivo livro publicado no fim de 2010, "Den Motvilliga Monarken" ("Monarca, apesar de sujo", em tradução livre), o rei Carl 16 Gustaf, 65 anos, foi acusado de frequentar clubes de reputação duvidosa, participar de festas decadentes e manter relações adúlteras.
Até agora, o rei vinha se abstendo de comentar as afirmações do livro.
Os escândalos mancharam a imagem do monarca e, segundo as últimas pesquisas, a maioria dos suecos é favorável à ideia de que ele abdique rapidamente e deixe o trono para sua filha mais velha, Victoria.
O soberano rejeitou a possibilidade.
"É uma tradição e um costume, portanto, não será assim", desabafou ele à agência TT.
Mantega cobra de candidata ao FMI compromisso com reformas
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ANA CAROLINA OLIVEIRA
DE BRASÍLIA

O ministro Guido Mantega (Fazenda) cobrou da candidata à direção do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde, compromisso com as reformas que foram executadas durante a gestão de Dominique Strauss-Kahn.

"O importante para o Brasil é que o FMI continue sua trajetória dos últimos três anos e colocando os países emergentes numa posição de protagonismo", disse.

A ministra francesa se comprometeu a continuar as reformas solicitadas por Mantega. Para Lagarde, elas são necessárias na atual conjuntura.

"A minha candidatura está inscrita na corrente de reformas que foi iniciada pelo diretor-geral. Existe uma corrente de reforma, que foi comprometida desde 2008 e precisa ser executada", declarou.




Nesta segunda-feira, Mantega almoçou com Christine Lagarde em Brasília. O Brasil é o primeiro país visitado por Lagarde na campanha pela direção-geral do Fundo.

Segundo ela, a escolha do Brasil como primeiro país para apresentar a sua candidatura se deu por ser um país de grande relevância no cenário internacional.

"É um orgulho começar a campanha no Brasil. Eu escolhi como primeiro destino porque é um dos grandes países emergentes, onde as ideias e propostas contam muito no cenário internacional", declarou Lagarde.

EMERGENTES

Durante o encontro, Mantega também cobrou uma maior participação dos países emergentes no FMI. Segundo ele, o critério mais importante na escolha do diretor-geral não é a nacionalidade, mas os méritos do candidato.

'O mais importante é a competência, experiência e o compromisso com as reformas. Além disso, é muito importante também que haja maior participação dos países emergentes no corpo democrático do fundo. Deve haver uma participação maior', cobrou o ministro Mantega.

Questionado sobre a proposta de um mandato-tampão, até o fim de 2012, Mantega disse que o Brasil ainda não tem uma posição firmada sobre o assunto.

"Nós vamos aguardar a apresentação de todos os candidatos e depois de conversamos com todos eles é que o governo brasileiro tomará uma posição", afirmou Mantega.

Lagarde disse ainda que o fato de ser francesa não é um beneficio.

"O fato de eu ser europeia e francesa não é um beneficio. O FMI não pertence a ninguém, mas pertence a totalidade desses membros", afirmou.

Depois do Brasil, a ministra francesa vai à China, Índia e Oriente Médio promover sua candidatura à direção do FMI.
As lições de gestão empresarial Maquiavel

MARCELO COELHO
DE SÃO PAULO

Executivos e empresários, a julgar pela literatura à venda nas livrarias de aeroporto, gostam de se imaginar como guerreiros medievais ou arqueiros japoneses. Aparentemente, há sempre lições administrativas a tirar da vida de Confúcio ou de Leonardo da Vinci. Sem dúvida, a arte ninja de liderar reuniões de orçamento ou a técnica de Átila no marketing varejista servem, se não para turbinar o desempenho de um diretor comercial, ao menos para inspirar seus devaneios de grandeza.
Alguns grandes personagens da história não parecem especialmente talhados para esse romantismo de portão de embarque. O nome de Nicolau Maquiavel (1469-1527), por exemplo, ainda está excessivamente associado ao pragmatismo, à impiedade e à esperteza para que pareça apropriado no esforço de nobilitar o cotidiano empresarial.

OBSTINAÇÃO E RIGOR
Nem tanto, diz o presidente do grupo Telefônica no Brasil, Antonio Carlos Valente, no prefácio a "O Príncipe Revisitado: Maquiavel e o Mundo Empresarial" [Actual Editora, 128 págs., R$ 34], de Aderbal Müller e Luis Antonik. "Inspirados por Maquiavel", diz ele, "os autores mostram que vencer no ambiente empresarial atual requer extrema dedicação, precisão e perseverança. É preciso ser firme, rápido e eficaz. Sem obstinação e rigor não há sucesso."
Mas "O Príncipe Revisitado" não se limita a recolher de Maquiavel fragmentos de "sabedoria" para todas as ocasiões. O texto procura manter ao máximo o estilo do autor -e sua ambiguidade essencial no que se refere à questão da ética.
Dividido em capítulos curtos, cujos títulos formulam questões precisas ("Por que os Príncipes da Itália Perderam os seus Reinos", "De que Modo se Deve Avaliar a Força dos Principados" etc.), "O Príncipe" (1513; publicado em 1532) frequentemente desnorteia quem o lê. Situações semelhantes, conduzidas de modo idêntico, podem resultar em vitória ou em desastre. Exemplos e contraexemplos se sucedem sem levar a uma conclusão unívoca --a ponto de se discutir interminavelmente, até hoje, para que forma de governo e para que tipo de liderança política pendiam as preferências do autor.
Além disso, o autor de "O Príncipe" insiste no papel imponderável da "fortuna", o acaso ou a circunstância, no sucesso das ações humanas. A este fator se soma a "virtù", que nada tem a ver com a virtude moral de um indivíduo, mas com sua capacidade de domar, pela ousadia ou pela prudência, o ambiente que o cerca.
Sem se beneficiar de uma ou de outra, nenhum governante (ou empresário, se quisermos) sobrevive à sanha de seus rivais. Nem "virtù" nem "fortuna", de resto, podem ser adquiridas nas páginas de um livro. Se fosse assim, qualquer leitor aplicado poderia aspirar, com o tempo, a tornar-se um novo Lourenço, o Magnífico (referência constante em Maquiavel) ou um novo Abilio Diniz (presença forte no panteão de Müller e Antonik).

VOLTEIOS
Aderbal Müller é autor de numerosos livros na área de contabilidade e auditoria. Luiz Roberto Antonik foi diretor da Telefônica e hoje ocupa o cargo de diretor-geral da Abert (Associação Brasileira das Empresas de Rádio e Televisão). Num texto que imita com sucesso os volteios e formalidades do clássico italiano, a menção dos autores a empresários como Antônio Ermírio de Moraes, Abilio Diniz ou Samuel Klein não é tão deslocada quanto parece.
Não apenas Maquiavel, no seu empirismo argumentativo, preferia o exemplo concreto à regra geral, como também estava desesperadamente em busca de heróis, num momento em que Florença (para nada dizer de toda a Itália, ainda não unificada) amargava as consequências de um prolongado torvelinho político.
Não é que o Brasil vá de mal a pior no campo econômico. Mas, certamente, suas empresas mais representativas passam a uma fase em que se torna cada vez mais difícil enfrentar uma concorrência globalizada; nossos "principados" empresariais se veem diante de corporações bem mais abrangentes, cujos proprietários e administradores não conhecemos de perto.
Explica-se, dessa perspectiva, a ideia de Müller e Antonik de que toda grande empresa depende, em última análise, da figura pessoal do seu dono. Contrariando polemicamente as teses mais em voga na literatura especializada, que privilegiam os "métodos" e a "cultura organizacional", os autores insistem: "Uma grande empresa é um grande homem: acorda cedo, dorme tarde, trabalha muito, sabe tudo, está presente, é obsessivo". O raciocínio vale para a Ford nos tempos do seu fundador, assim como para a Microsoft de Bill Gates, argumentam.
Valerá para a Petrobras? Existirá um só "príncipe" à frente de cada gigante financeiro, farmacêutico ou automobilístico hoje em dia?

ACIDENTES DE PERCURSO
Entramos aqui em dois aspectos nos quais a tradução de um clássico político para o plano da vida empresarial moderna não se faz sem alguns acidentes de percurso. O príncipe maquiaveliano está em luta com potências estrangeiras e com seus rivais internos; presta contas à nobreza, à burguesia e ao populacho.
Seria de imaginar que, mantendo a simetria, o príncipe-empresário de Müller e Antonik tivesse de se equilibrar entre sindicatos de trabalhadores, fornecedores de matéria-prima, concorrentes diretos, governo central e o conjunto dos acionistas da empresa.
São estes últimos, entretanto, o foco quase exclusivo da atenção dos autores. Manter-se "no poder", em última análise, é manter-se no topo da organização -e o trato com os acionistas e assessores diretos parece ser o ponto em que Maquiavel mais tem a dizer para o leitor-empresário de hoje.
Sinal dos tempos ou restrição voluntária do foco por parte dos autores? Seja como for, não falta graça ao feito estilístico de Müller e Antonik; a realidade econômica de hoje, todavia, é provavelmente bem mais complexa do que cabe nas páginas deste livro, ou nos relatórios que recebem os acionistas de uma empresa.
CHURCHILL
"Fortuna" e "virtù", os dois componentes básicos com que se pesa o sucesso de um líder para Maquiavel, nunca faltaram à figura de Winston Churchill (1874-1965), que inspira outro livro recém-lançado para o público empresarial.
"Winston Churchill, CEO" [Campus, 280 págs., R$ 69,90], de Alan Axelrod, é o último produto de uma linha de montagem que tem, entre seus títulos, "Gandhi, CEO" e "Elizabeth 1ª, CEO". Como em qualquer livro de autoajuda, o problema do autor é o de esticar por mais de cem páginas um conjunto básico de regras ("defina o empreendimento", "elimine o medo do desconhecido" etc.) que simplesmente se explicam a si mesmas.
A vantagem é que Axelrod escolheu uma figura histórica realmente inspiradora. A vida de Churchill tem passagens de coragem extrema, muito antes do seu teste definitivo, liderando a Inglaterra na resistência isolada (depois da derrota da França e do pacto germano-soviético) contra a Alemanha de Hitler.
Aos 22 anos, Churchill recebeu seu batismo de fogo em Cuba, como correspondente de guerra; as balas dos insurgentes contra o domínio espanhol zuniram perto dele -e a sensação lhe trouxe euforia. Daí às fronteiras do domínio britânico sobre a Índia, ao Sudão e à África do Sul na guerra dos bôeres (em 1899), o jovem oficial consolidou sua carreira de combatente e escritor.
Dificilmente um empresário moderno haveria de considerar aconselhável investir sozinho, de Mauser em punho, contra rebeldes tribais. A pura sorte (ou a "fortuna") ajudou Churchill numa fuga cinematográfica de um campo de prisioneiros sul-africano.
Episódios desse tipo, além de discursos célebres e exemplos de negociação com grevistas, fornecem material interessante e admirável ao livro de Axelrod -ainda que ao preço de muitas repetições e de indisfarçada diminuição do espírito crítico.
O valor da história concreta, da "realità effettuale", como dizia Maquiavel, salva, entretanto, o livro de Axelrod das abstrações do gênero. No fundo, também em "O Príncipe" o problema era o mesmo: como se valer de princípios teóricos gerais quando são sempre concretos, específicos e indecidíveis os desafios de uma gestão? Em que medida cabem contra o Carrefour ou a Tim decisões tomadas contra o papado renascentista ou os tanques de Hitler?
O leitor, à espera do avião, aspira pelas altitudes.
Entrevista com Marina Silva no "Roda Viva" é cancelada
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DE SÃO PAULO

A entrevista com a ex-senadora Marina Silva no programa "Roda Viva" que seria exibida nesta segunda-feira foi cancelada por motivos de saúde. Segundo a assessoria da TV Cultura, uma nova data será agendada para a gravação do programa.

Em seu lugar, será entrevistado no programa o economista Eduardo Giannetti da Fonseca, vencedor de dois prêmios Jabuti e professor do Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais -IBMEC São Paulo.
AGU descarta impasse diplomático com Itália após caso Battisti

DA ANSA, EM BRASÍLIA

O advogado-geral da União, Luís Inácio Lucena Adams, afirmou que não existe tensão diplomática entre o Brasil e a Itália por conta do impasse sobre o caso Cesare Battisti, que será julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no próximo dia 8.
Adams disse que em toda relação entre duas nações pode haver tensões, mas descartou que esse caso tenha gerado uma "crise diplomática".
Segundo ele, tanto o Brasil como a Itália, país que, em sua opinião, tem atuado de forma legítima no processo, respeitaram as decisões internas sobre Battisti.
Para o ministro, "o caso Battisti adquiriu uma dimensão exagerada" e houve um clamor muito forte contra a concessão de refúgio ao italiano, o que automaticamente impediu sua extradição à Itália.
Cesare Battisti é ex-militante do grupo de esquerda PAC (Proletários Armados pelo Comunismo). Ele foi condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos cometidos na década de 1970. Preso no Brasil em 2007, dois anos depois o italiano recebeu o status de refugiado político do ex-ministro da Justiça Tarso Genro.
Seu caso foi julgado em 2009 pelo STF, que aprovou a extradição de Battisti, mas decidiu que a resposta final caberia ao presidente. Em seu último dia de mandato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu manter o italiano no Brasil, aceitando um parecer da AGU (Advocacia-Geral da União).
O governo italiano questionou a legalidade do gesto do presidente, com base nos tratados bilaterais. Agora, o STF irá julgar se a decisão de Lula é válida.
Adams acredita que, se o STF manter a decisão de Lula de não extraditar Battisti, o italiano vai "ser liberado imediatamente, em 24 horas". Segundo ele, a ordem de soltura pode ser emitida no próprio plenário pelo relator do processo, Gilmar Mendes.
O advogado-geral da União também justificou a recomendação da AGU favorável à manutenção do italiano no Brasil. De acordo com Adams, o órgão analisou o tratado bilateral de extradição assinado entre os dois países e considerou que desautorizar a extradição de Battisti não infringia os acordos bilaterais.
"O Estado requerido [no caso, o Brasil] pode fazer o julgamento hipotético de que a extradição pode gerar perseguição, agravamento da situação dele por razões políticas, religiosas e pessoais" e, nestes casos, o tratado permite a não extradição.
"Não que dizer que na Itália não existe o devido processo legal" para manter Battisti na prisão, conforme observou Adams, mas o "presidente da República exerceu esse julgamento".
Temer afirma que conflitos com Palocci 'ficaram no passado'

ANA FLOR
DE BRASÍLIA

Em reunião para discutir os conflitos agrários na região da Amazônia, o presidente em exercício Michel Temer afirmou que os atritos com o ministro Antonio Palocci (Casa Civil) "ficaram no passado".
Temer, que está no exercício da Presidência em função da viagem de Dilma Rousseff ao Uruguai, falou aos ministros que a coordenação do governo está fluindo normalmente e que discussões de trabalho não deixam sequelas.
Temer evitou a imprensa após a reunião, que acabou há pouco na sede da vice-presidência.
Na semana passada, Temer e Palocci tiveram uma discussão por telefone. A razão foram as disputas entre PT e PMDB, exacerbadas durante a negociação e votação do Código Florestal na Câmara.
A presidente Dilma irá reunir a bancada do PMDB no Senado na quarta.
Hoje pela manhã, Temer encontrou rapidamente Dilma na Base Aérea, antes de ela embarcar para Montevidéu. Ela pediu a ele que reunisse ministros, Incra e
Polícia Federal para tomar ações urgentes em relação aos conflitos agrários que levaram à morte de quatro sindicalistas na região amazônica.
Juros sobem pelo 5º mês e crédito tem expansão moderada, diz BC

EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

A taxa média de juros dos empréstimos bancários para empresas e pessoas físicas subiu pelo quinto mês consecutivo e chegou a 39,8% ao ano em abril, segundo levantamento do Banco Central.
Em novembro do ano passado, pouco antes de o BC iniciar o processo de restrições ao crédito para segurar o consumo e a inflação, a taxa média era de 34,8% ao ano.
No mês passado, o juro ao consumidor chegou a 46,8% ao ano, enquanto para as empresas atingiu 31% ao ano.
Segundo o BC, as operações de crédito mantiveram "trajetória de expansão moderada em abril", com maior demanda pelo setor produtivo e menor procura de financiamentos por parte das famílias. O cenário hoje, segundo a instituição, é de elevações das taxas de juros e "spreads" bancários, com "discreto aumento da inadimplência".
Esse último indicador subiu pelo terceiro mês seguido para as famílias, de 5,7% no final de 2010 para 6,1%. Para as empresas, passou de 3,5% para 3,7% na mesma comparação.
O volume total de crédito cresceu 1,3% em abril em relação ao mês anterior e teve expansão de 21% em 12 meses, para R$ 1,78 trilhão (46,6% do PIB).
O crédito sem subsídio cresceu 1,4%, acima do 1% verificado nos empréstimos subsidiados, que incluem crédito rural, empréstimos do BNDES e habitacional com recursos da poupança e FGTS.
Boletim da Fazenda reduz previsão do PIB para 4,5% em 2011
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DE SÃO PAULO

O Ministério da Fazenda reuziu a estimativa de crescimento do PIB deste ano de 5% para 4,5%, segundo publicação bimestral do boletim "Economia Brasileira em Perspectiva". A publicação é referente aos meses de janeiro e fevereiro.

A redução fica em linha com a previsão divulgada pelo Ministério do Planejamento em 20 de maio. No entanto, segundo o Banco Central, o PIB deve ficar em 4%.

Mantega descarta novas medidas para desacelerar economia
Para ministro, câmbio 'está muito valorizado' e não há o que fazer
Rendimento médio do trabalhador cai pelo 5º mês, aponta Dieese
Segundo o relatório, após o crescimento de 7,5% em 2010, o ano de 2011 iniciou-se com ajustes na política econômica visando à acomodação do ritmo de atividade econômica a taxas de crescimento sustentáveis e à convergência da inflação para a meta de 4,5% em 2012.

Em 2010, o governo iniciou a retirada de estímulos adotados para enfrentar a crise nas políticas fiscal e monetária. "Como resultados dessas medidas, a economia brasileira cresceu abaixo do seu potencial nos últimos dois trimestres do ano passado e deve continuar desacelerando em 2011, fechando o ano com expansão de 4,5%", ressalta o boletim.

Para o ministério, os primeiros dados de 2011 sobre a atividade econômica ainda não mostram de maneira clara o ritmo dessa desaceleração esperada, por causa das defasagens envolvidas nas medidas adotadas e também em virtude das mudanças estruturais em andamento na economia brasileira.

Na sexta-feira (3), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga o resultado do PIB do primeiro trimestre. Segundo o mercado financeiro, a estimativa é de que o crescimento no período seja de 1,4%, ante os 0,7% registrado no último trimestre de 2010.
Em Madri, "indignados" dizem que continuarão acampados em praça

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Manifestantes que protestam contra a crise econômica prometeram continuar acampados na praça Porta do Sol, em Madri, durante essa semana, em um movimento social que já se espalha pela Europa. Centenas de pessoas votaram neste domingo pela permanência no local até pelo menos a quinta-feira (2).
Centenas de milhares de pessoas, que são chamadas de "indignados", foram às ruas de várias cidades da Espanha nos últimos dias. O movimento --batizado de 15-M (devido ao dia em que começaram os protestos, 15 de maio)-- já inspirou outros manifestantes que foram às ruas de Paris e Atenas.
"Não vamos sair. O movimento continua. Vamos reestruturar o acampamento, porque somos responsáveis. Mas os grupos de trabalho continuarão no espaço público", disse um porta-voz dos acampados em Madri.
No entanto, o governo regional de Madri estuda a situação dos acampados para tomar alguma decisão "nas próximas horas", segundo fontes do governo.
A queda do nível de vida, o desemprego, os planos de austeridade impostos aos cidadãos, os cortes de salários e a falta de representatividade dos principais partidos políticos são alguns dos fatores que desencadearam os protestos pacíficos espanhóis, semelhantes à "Primavera Árabe" de meses atrás, que foi gerada por condições mais extremas sob regimes autoritários.
"Esperamos duas coisas deste movimento: uma redefinição das regras democráticas e a convocação de uma assembleia constituinte, e uma distribuição de renda melhor porque vivemos na precariedade", disse Benjamin, de 26 anos, trabalhador autônomo que vive na periferia sul de Paris.
Com o título "Democracia real já!", o site em francês www.reelledemocratie.com indica que "desde a crise financeira de 2008, nossos governantes decidiram submeter os povos em vez de fazer os bancos pagarem".



"As democracias europeias foram sequestradas pelos mercados financeiros", indica o manifesto do grupo francês em palavras semelhantes às do manifesto da Porta do Sol, em Madri.
"Nos identificamos nas aspirações do povo espanhol", dizem.
Uma "política participativa e cidadã" e sua rejeição "ao bipartidarismo e à corrupção política" exige em seu manifesto o movimento parisiense de apoio ao 15-M espanhol, mencionando a adesão de diversas ONGs.
"Espanha, Portugal, Grécia e Irlanda foram atingidos em cheio pelas políticas antissociais da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional aplicadas na ausência de um debate democrático", indicou a ONG francesa ATTAC.
Abbas descarta chance de negociar paz com Israel

DA REUTERS, EM DOHA
DE SÃO PAULO

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse no sábado que "não há bases comuns" para as conversas de paz com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, e que buscar o reconhecimento de um Estado palestino pela ONU (Organização das Nações Unidas) é a única opção.
Em declaração durante uma reunião da Liga Árabe, em Doha, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, mostrou preocupação de que dar um passo diplomático em oposição aos EUA e Israel possa resultar em sanções financeiras e pressionou os Estados árabes para que preencham qualquer lacuna.
Apesar de deixar espaço para um acordo, dizendo que a retomada das negociações de paz nos termos aceitos pelos palestinos evitaria o passo em direção à ONU, os comentários de
Abbas foram alguns dos mais frios até então sobre a probabilidade de mais negociações.
Abbas falou na reunião do comitê do processo de paz da Liga Árabe, convocada depois dos discursos feitos em Washington, pelo presidente dos EUA, Barack Obama, e do primeiro-ministro israelense, Netanyahu, sobre a política para o Oriente Médio.
A liderança palestina disse que as ideias de Netanyahu para a paz com os palestinos, descritas em um discurso ao Congresso dos EUA na terça-feira, colocaram mais obstáculos no caminho de um já moribundo processo de paz.
"Vemos, pelas condições que Netanyahu estabeleceu que não há bases comuns... para as negociações. Nossa opção fundamental é de ir à ONU", disse Abbas, em seu discurso de abertura.
"Isso não é nenhum segredo, já dissemos isso aos norte-americanos, europeus e israelenses, nossa única opção procurar as Nações Unidas", disse.
Ele expressou medo de que esse passo levasse alguns Estados a "tentar impor um cerco sobre nós", embora não tenha dito a que governos ele estava se referindo. "Esperamos que haja uma rede de segurança dos estados árabes", disse.

LIGA ÁRABE
A Liga Árabe decidiu ontem, pleitear uma participação plena como membro da ONU para um Estado palestino na faixa de Gaza e na Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como a sua capital, ignorando a oposição dos EUA e de Israel.
O comitê do processo de paz da Liga Árabe, reunido em Doha, disse que vai solicitar o reconhecimento do Estado da Palestina como membro na reunião da Assembléia Geral da ONU, em Nova York, em setembro.
"O comitê decidiu ir às Nações Unidas solicitar a adesão plena para a Palestina nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como a sua capital", disse em um comunicado.
As fronteiras de 1967 fazem referência às fronteiras de Israel, como elas eram na véspera da Guerra de 1967, em que tomou a faixa de Gaza do Egito e da Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, da Jordânia.
Advogado de Mladic apresenta recurso contra transferência a Haia

DA FRANCE PRESSE, EM BELGRADO
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A defesa do ex-comandante militar Ratko Mladic apelou da decisão do tribunal sérvio para os crimes de guerra de autorizar a transferência de seu cliente ao TPII (Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia) em Haia, informou o advogado Milos Saljic.
A Justiça sérvia deve agora decidir se aceita o recurso apresentado nesta segunda-feira ou o recusa.
A defesa de Mladic recorrereu no último dia do prazo previsto por lei da decisão sérvia sobre sua entrega ao TPI. Milos Saljic, o advogado de Mladic, anunciou que enviaria por correio o recurso, então não se pode prever ao certo se a queixa chegará ao tribunal sérvio ainda hoje ou amanhã.
Segundo a lei, o conselho judicial deverá decidir sobre sua extradição ao TPII, com sede em Haia, em um prazo máximo de três dias.
"Pode ser que se decida no primeiro ou no segundo dia, isso depende de fatos que o tribunal deve estabelecer", explicou mais cedo o promotor-adjunto sérvio de crimes de guerra, Bruno Vekaric.
SAÚDE
A família de Ratko Mladic diz que ele está em mal estado da saúde, já que, nos últimos anos, teve um derrame cerebral e sofre de várias doenças crônicas. Os familiares querem pedir um exame médico independente sobre sua capacidade de acompanhar o processo que o espera em Haia.
Mais cedo, a porta-voz do TPII, Nerma Jelacic, já havia afirmado duvidar da chegada de Mladic nesta segunda-feira a Haia.
"Duvido que o vejamos hoje", declarou Jelacic. "Continuamos esperando a notificação das autoridades sérvias."

PRISÃO
Mladic estava foragido desde 1995, quando foi indiciado pela ONU por crimes de guerra e condenado em Haia pelo genocídio de 8.000 bósnios em Srebrenica e outros crimes cometidos durante a guerra da Bósnia (1992-95). Há anos, o TPI pedia a sua detenção.
A prisão de Mladic ocorre menos de três anos depois da detenção de Radovan Karadic, que foi líder político dos sérvios na Bósnia, ocorrida em julho de 2008 em Belgrado. Outro ex-dirigente dos sérvios na Croácia, Goran Hadzic, continua foragido.
A prisão de criminosos de guerra é o maior obstáculo para a entrada da Sérvia na União Europeia (UE).
Bombardeios da Otan mataram 11 no leste do país, diz Líbia

DA FRANCE PRESSE, EM TRÍPOLI

Onze pessoas morreram em bombardeios da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) nesta segunda-feira em Zliten, na região de Wadi Kaam, 150 km ao leste de Trípoli, informou a agência oficial líbia Jana.
"Áreas civis e militares da região de Wadi Kaam, em Zliten, foram alvos nesta segunda-feira de bombardeios do agressor colonialista e cruzado", afirma a Jana em um comunicado.
"Onze mártires caíram e várias pessoas ficaram feridas", acrescenta o texto.
A agência, que cita fontes militares, informou ainda que a cidade de Al Jafra, 600 km ao sul de Trípoli, voltou a ser bombardeada nesta segunda-feira.
Também hoje, o presidente sul-africano Jacob Zuma chegou a Trípoli, onde iniciou uma missão de contatos e tem uma reunião prevista com o presidente líbio, Muamar Kadhafi.
Zuma foi recebido pelo primeiro-ministro líbio, Baghdadi Mahmudi, no aeroporto de Maatiga.
O presidente sul-africano tentará obter um compromisso entre Muammar Gaddafi e a rebelião, que exige a queda do ditador há três meses.
CEM DIAS DE INSURGÊNCIA
A insurgência líbia completou cem dias neste domingo, e voltou a insistir que a renúncia de Gaddafi é condição inegociável para solucionar o conflito no país.
"Passados 100 dias do começo desta revolução abençoada, vemos vitórias em níveis nacional e internacional", comemorou em um comunicado o presidente do CNT (Conselho Nacional de Transição), Mustafa Abdeljalil.
"Temos que celebrar o que nossos filhos heróicos fizeram em Misrata e nas montanhas de Nefusa", afirmou, referindo-se aos dois enclaves da oposição situados a leste e e sudoeste de Trípoli, que há semanas resistem às tropas leais ao regime.
"Da mesma forma, temos que aplaudir o amplo apoio internacional à nossa revolução", que começou em fevereiro em Benghazi e Al-Baida, a leste, após a derrubada dos regimes vizinhos no Egito e na Tunísia.
Um mês depois, uma coalizão internacional, agindo sob um mandato das Nações Unidas, lançou uma campanha de ataques aéreos, que ainda continua, contra Gaddafi, sob o pretexto de proteger a população civil.
Entretanto, à medida que a operação militar avança no tempo e o ditador parece decidido a não abandonar o poder --que mantém há 42 anos--, a solução aponta cada vez mais por um rumo diplomático, e não militar.
União Europeia estuda novo pacote de ajuda à Grécia

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Um novo pacote de ajuda financeira para a Grécia está em estudo pela União Europeia. A nova ajuda seria adicional ao empréstimos que já foi fechado em maio do ano passado.

Estimativas levantadas pelo BCE (Banco Central Europeu) mostram que o país vai precisar de até 70 bilhões de euros adicionais até o ano que vem. Uma parte poderia vir de privatizações e do plano de austeridade. Mas o restante terá que ser emprestado pelos vizinhos europeus.

Um alto funcionário do BCE citou que a Grécia poderia fechar um novo pacote de 20 bilhões de euros com a União Europeia e poderia levantar três vezes esse valor com novas medidas de austeridade como a venda de propriedades do governo -- ou seja, privatizações.

Lorenzo Bini Smaghi, integrante do comitê executivo do BCE, diz ao "Financial Times" que a Grécia vai precisar de 60 bilhões de euros a 70 bilhões de euros até o ano que vem.

Essa necessidade de financiamento poderia ser preenchido de várias formas, disse Bini Smaghi, indicando o que seria uma versão preliminar de uma ajuda adicional que deveria ser dividida entre contribuições de governo e do setor privado.

O dinheiro do setor privado deveria vir das privatizações, assim como do alongamento dos investimentos de bancos gregos na dívida de curto prazo da Grécia.

Da parte governamental, dois terços poderiam vir da zona do euro (cerca de 20 bilhões de euros) e o restante necessário do FMI (Fundo Monetário Internacional).

Bini Smaghi disse que o plano precisa de "estudos adicionais" e iria exigir compromissos mais concretos do governo grego para sanear as finanças. Partidos políticos de oposição da Grécia, no entanto, discordam das novas medidas de austeridade que foram anunciadas. E o governo falhou em conseguir um acordo multipartidário em torno dessas medidas.

Bini Smaghi rejeitou a necessidade de reestruturação da dívida grega, posição que já vinha sendo defendida pelo BCE. Ele argumentou que a reestruturação significaria um "desastre econômico, social e até humanitário de grandes proporções". Ele acrescentou que os bancos gregos podem renovar alguns de seus investimentos, de forma voluntária.

EXIGÊNCIAS

Em maio do ano passado, a Grécia fechou um pacote de ajuda com a União Europeia e o FMI no valor de 110 bilhões de euros, a ser liberado em parcelas. Mas o FMI ameaça não pagar a quinta parcela no final de junho, de 12 bilhões, se o país não tiver cumprido as exigências do acordo firmado no ano passado.

No sábado (29), a revista alemã "Der Spiegel" publicou que a Grécia não conseguiu cumprir nenhuma das exigências de ajuste fiscal, o que governo grego negou. O relatório final de avaliação do cumprimento das medidas será divulgado na semana que vem.

A UE está sob pressão para garantir as condições financeiras da Grécia nos próximos 12 meses, sob pena de o FMI não liberar sua parte no empréstimo. Na semana passada, o presidente do grupo do euro, Jean-Claude Juncker, admitiu que o país estava sob o risco de não receber o dinheiro prometido para junho.
Britânicos usarão bombas de uma tonelada para atacar Gaddafi

DA REUTERS, EM TRIPOLI

O Reino Unido vai acrescentar as chamadas bombas "bunker-busting" ao arsenal que os seus aviões estão usando sobre a Líbia. A arma, conforme foi dito neste domingo, enviaria uma mensagem clara a Muammar Gaddafi de que é hora de desistir.
As "bunker-bustings" (destruidora de edificações, numa tradução literal) pesam uma tonelada cada uma e podem penetrar no interior de prédios. Elas já teriam chegado na base italiana de onde os aviões britânicos partem para a Líbia.
Os britânicos e outros países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) intensificam a ação militar contra a Líbia para tentar terminar com o impasse atual, pelo qual Gaddafi se mantém no poder apesar de semanas de ataques aéreos e ações de rebeldes.
"Não estamos tentando atingir fisicamente pessoas do círculo de Gaddafi, mas estamos enviando mensagens cada vez mais claras", disse em comunicado o ministro da Defesa britânico, Liam Fox.
"Gaddafi pode não ser capaz de ouvir, mas os que estão em volta dele podem ser sábios o suficiente para isso", afirmou.
A aliança militar diz que atua sob mandato das Nações Unidas para proteger civis de ataques das forças de segurança de Gaddafi. No entanto, as táticas mais agressivas podem causar divisões na coalizão e também acabar empurrando a Otan para algo próximo a uma intervenção terrestre, algo que ela busca evitar.
FORÇAS ESTRANGEIRAS?
A rede de TV Al Jazeera transmitiu imagens do que, segundo ela, eram forças estrangeiras, possivelmente britânicas, perto da cidade de Misrata, reduto rebelde na Líbia. Os homens estavam armados, com óculos escuros e cobriam a cabeça ao estilo árabe.
Para intensificar os ataques, britânicos e franceses disseram que usarão helicópteros, que, no entanto, são mais vulneráveis a artilharia terrestre do que os aviões.
Gaddafi nega que ataca civis e diz que a intervenção da Otan é uma agressão colonial para capturar o petróleo líbio.
Jacob Zuma, líder sul-africano, é esperado em Tripoli nesta segunda-feira, sua segunda visita desde que o conflito começou, para tentar um acordo de cessar-fogo. Ele negocia em nome da União Africana.
Falta de pessoal em solo dificulta ataques na Líbia, diz piloto francês

RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO

Um piloto de caça francês com experiência de combate nos Balcãs e no Afeganistão apontou a dificuldade básica das operações aéreas da Otan na Líbia: a falta de pessoal em terra para prover inteligência e a segura identificação dos alvos. "Jogar uma bomba é fácil; difícil é identificar o alvo correto", afirma o major Nicolas Lyautey, da Força Aérea Francesa.
Para Lyautey, em missões como a no Afeganistão e na Líbia, o objetivo principal é proteger a população, não destruir o inimigo. É exatamente essa a estratégia fundamental de contra-insurgência que voltou a ser pregada pelas forças armadas americanas no Iraque e Afeganistão.
Coincidentementre, o piloto francês é um parente distante de um dos mais famosos especialistas franceses em guerra contra guerrilha, o general Louis Hubert Lyautey (1854-1934), famoso pela "pacificação" de colônias africanas da França.
O major Lyautey pilotou o caça-bombardeiro ango-francês Jaguar sobre a região de Kosovo, nos Balcãs, em vinte missões de reconhecimento em 2004. E fez dois turnos de combate no Afeganistão, em 2008 e 2009, durante os quais voou 47 missões operacionais no caça Rafale, um dos que participa da concorrência brasileira para um novo avião de combate.
Segundo Lyautey, em 90% das missões os pilotos no Afeganistão não empregam seu armamento de bombas e canhões. A ênfase da Otan é em missões "progressivas": os pilotos voam para "marcar presença" em demonstrações de força; podem sobrevoar o alvo ameaçadoramente; fazem disparos de alerta; e só então, com autorização do centro de controle tático em terra, podem empregar as armas contra o alvo. O centro reúne todas as informações coletadas por aviões, pessoal de terra e aeronaves não tripuladas.
"Como você faz para identificar se um grupo de pessoas é composto ou não de Talebans?", pergunta o piloto, membro do Esquadrão 1/7 "Provence", sediado na Base Aérea de St. Dizier. Ele veio ao Brasil para fazer palestra durante o evento de aniversário de 10 Anos da revista especializada em aviação "Asas".
Lyautey é um expert na operação do Rafale; foi um dos pilotos escolhidos para compor o grupo inicial de conversão para o novo caça, e hoje participa do grupo que desenvolve uma nova versão de uma bomba inteligente capaz de atingir o alvo com margem de erro de apenas um metro.
"Como fazer para acertar um tanque colocado em uma área urbana? Armamento desse tipo é fundamental para não causar danos à população em torno. A arma de precisão é compulsória", diz o piloto.
A bomba inteligente, que já existe em outras versões e está sendo usada na Líbia, é conhecida pela sigla em francês AASM ("Armement Air-Sol Modulaire") ou Hammer ("martelo", em inglês, um nome criado para alavancar exportações). Para obter maior precisão, a ideia é combinar diferentes sistemas de guiagem, com designação do alvo por laser e por GPS.
Os Rafale foram baseados na base área de Kandahar, no Afeganistão, cuja única pista ainda detém o recorde mundial de pista com a maior atividade aérea do planeta. A base abriga 30 mil pessoas.
Na Líbia, os Rafale estão sendo empregados em missões de defesa aérea contra os aviões do ditador líbio, em operações de bombardeio e de reconhecimento.
Na Itália, candidata de Berlusconi perde prefeitura de Milão

DA FRANCE PRESSE, EM ROMA
A direita italiana de Silvio Berlusconi perdeu a prefeitura de Milão (norte), reduto eleitoral do chefe de governo, e foi derrotada em Nápoles (sul), no segundo turno das eleições municipais, segundo as primeiras estimativas.
O candidato da esquerda, Giuliano Pisapia, teria obtido 53,5% dos votos e a atual prefeita de Milão, Letizia Moratti, 46,5%, segundo as estimativas do IPR Marketing para a Rádio e Televisão Italiana (RAI).
Há 15 dias, no primeiro turno, o advogado Pisapia, um ex-comunista apoiado pela centro-ezquerda, conseguiu superar a prefeita por quase seis pontos, com 48% dos votos, contra 41,6% de Moratti.
Milão, a capital econômica da Itália, é a cidade natal e há 18 anos reduto eleitoral da direita de Berlusconi, assim como a sede de seu império midiático Fininvest.
Em Nápoles, a direita liderada pelo empresário Gianni Lettieri enfrentou o ex-juiz Luigi de Magistris, que se beneficia ao que parece dos votos do outro candidato de oposição, eliminado no primeiro turno, e recebeu 61% dos votos contra 39% do rival, segundo as estimativas do IPR Marketing.
Caso sejam confirmados os resultados, Berlusconi sofreria um duro revés eleitoral pelo descontentamento dos eleitores históricos de Milão.
Mais de 6,5 milhões de eleitores estavam registrados para eleger os prefeitos de 88 municípios e os presidentes de seis províncias.