quinta-feira, 17 de março de 2011

Amorim se defende de críticas à sua gestão no Itamaraty

MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

Ministro das Relações Exteriores durante os dois mandatos do governo Lula, Celso Amorim, se defendeu nesta quinta-feira de críticas a sua gestão em um seminário em São Paulo.
"Fomos muito criticados de sermos generosos com relação a Bolívia [na renegociação do preço do gás], mas nunca perdemos uma molécula de gás", disse ele. "No longo prazo, a generosidade atende aos nossos próprios interesses."
O embaixador, que brincou que nunca teve tanto tempo livre como agora, também se defendeu com relação à política de apoio ao Irã e outros países autoritários no Oriente Médio. "Diziam que nossa política não tinha foco. Mas o maior superavit do Brasil é justamente com os países árabes."
RODADA DOHA
O ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, afirmou nesta tarde em um seminário em São Paulo, que os problemas causados pelo Real valorizado para a indústria nacional alteram a posição do Brasil perante as negociações da OMC (Organização Mundial do Comércio).
"Quando a Rodada Doha fracassou, em julho de 2008, diziam que dali a seis meses poderíamos retomar as negociações", disse Amorim. "Mas aí veio a crise financeira e agora tudo está mais difícil. Com a questão cambial, agora não podemos ter a mesma posição na área de manufatura que tínhamos lá em 2008."
Para Amorim, apesar das diferenças entre Brasil e União Europeia, o país e o bloco europeu eram os "únicos atores" nas negociações multilaterais com "visão estratégica". "Claro que todos têm interesses nacionais, mas nós éramos os únicos que também estávamos preocupados com o interesse global."
Dirigindo-se ao ex-ministro do comércio britânico Peter Mandelson, que estava na plateia, Amorim disse que em Doha "não houve ninguém de quem eu discordasse mais durante às negociações. Mas estávamos tentando obter sucesso [nas negociações]."
Amorim participou do seminário Foresight Brasil, cujo tema era "Traçando novos rumos: O Brasil em um mundo multipolar". O seminário foi organizado pela Sociedade Alfred Herrhausen em parceria com o Instituto Policy Network e o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
EUA não se intimidam com presença da China na América Latina


DA ANSA, EM WASHINGTON

Os Estados Unidos não temem a competência econômica e política da China na América Latina e acreditam que "convém" à região contar com mais fontes de investimentos e destinos de exportação, afirmou nesta quinta-feira o Departamento de Estado norte-americano, dias antes da visita do presidente Barack Obama Brasil, Chile e El Salvador.
"Todos nos beneficiamos com o comércio internacional porque vivemos em um mundo globalizado", destacou o subsecretário de Estado para Assuntos da América Latina, Arturo Valenzuela, durante uma teleconferência concedida à imprensa.
O diplomata descartou que a visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, à América Latina tenha entre seus objetivos neutralizar a crescente presença econômica da China no subcontinente.
Segundo Valenzuela, seu país está interessado nos mercados latino-americanos como frente de exportações. Portanto, Washington considera que "o crescimento econômico é fundamental para as nações da região" que "isso se alcança exportando".
O subsecretário ainda afirmou que aos Estados Unidos "também convém" contar com "economias muito mais dinâmicas" na América Latina.
Na mesma coletiva, Valenzuela destacou que o presidente norte-americano, mesmo diante da crise nuclear do Japão, está "comprometido" com sua visita à região e que não pensa em cancelar a viagem que começa no sábado.
Ele ainda comentou que "a importância que Obama dá à América Latina pode ser percebida claramente pelo fato de que, efetivamente, esta viagem segue em pé apesar de todas as complicações que vemos em nível internacional".

ONU aprova ação militar na Líbia; veja cronologia da crise no país

ONU aprova ação militar na Líbia; veja cronologia da crise no país

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Após mais de um mês de conflitos na Líbia, a resolução apresentada pela França, Reino Unido, EUA e Líbano defendendo a implementação de uma zona de exclusão aérea sobre o país foi aprovada hoje no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). Também foram aprovadas "todas as medidas necessárias para defender os civis" no país, exceto uma invasão por
A criação dessa zona autoriza o abate de aviões do ditador líbio, Muammar Gaddafi, que decolem para atacar tropas opositoras. Em outras palavras, a ONU liberou o uso da força militar para que a resolução seja respeitada.
A medida endurece ainda o embargo e as sanções contra Gaddafi, seus familiares e círculo mais próximo de colaboradores implementadas no mês passado. Bens e fundos de investimento do ditador e sua família na Suíça e na União Europeia há haviam sido congelados semanas atrás.
A resolução foi aprovada por dez votos a favor, nenhum contra e cinco abstenções, entre elas a Rússia e a China, que detêm poder de veto. Surpreendentemente, o Brasil se absteve da votação. O Itamaraty confirmou o voto brasileiro na ONU à Folha.com, por telefone.
Veja cronologia da crise:
FEVEREIRO:
Dias 15-16- Dois mil manifestantes protestam em Benghazi pela detenção de um ativista de direitos humanos e contra os governantes corruptos. Cerca de 40 pessoas ficam feridas e, na cidade de Al Baida, outras duas morrem.
Dia 17- Os protestos se estendem durante o "Dia de Fúria". Segundo Al Jazeera, 14 pessoas morreram.
Dia 19.- O Exército atira em Benghazi contra os manifestantes e são registrados enfrentamentos em Musratha, a 200 quilômetros de Trípoli.
Dia 20.- Human Rights Watch eleva para 173 o número de mortos nos protestos. UE, EUA e Liga Árabe pedem o fim imediato da repressão.
Dia 21- Os opositores controlam Benghazi e Jalu, enquanto membros do Exército desertam e se somam juntam aos manifestantes. O ministro da Justiça renuncia.
- O filho de Gaddafi, Seif el Islã, adverte para o perigo de "guerra civil".
- Aviões militares disparam contra os manifestantes em Trípoli, o que a ONU considerou um "genocídio".
Dia 22- Gaddafi diz que não deixará o poder e que está disposto a morrer.
- A fronteira líbia com o Egito fica sob controle dos opositores.
Dia 23- Um membro líbio do Tribunal Penal Internacional enumera em dez mil os mortos desde o início dos protestos.
- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirma que o "banho de sangue" na Líbia é "inaceitável" e a UE se prepara para evacuar seus cidadãos.
Dia 24- Gaddafi incentiva o combate aos manifestantes, que vincula à Al Qaeda, enquanto os rebeldes tomam várias cidades.
Dia 25- A representação da Líbia perante a ONU se distancia de Gaddafi e pede à comunidade internacional que intervenha. A UE acorda sanções e os EUA congelam os ativos de Gaddafi e sua família.
Dia 27- A ONU aprova sanções contra Gaddafi e seu entorno: bloqueio de seus bens no exterior, proibição de viajar e embargo de armas.
- A oposição anuncia a criação de um Conselho Nacional.
- Avalanche de refugiados (100 mil pessoas) nas fronteiras com Tunísia e Egito.
MARÇO:
Dia 2- Gaddafi resiste em Trípoli e ameaça com "milhares de mortos" se os EUA ou a Otan entrarem na Líbia.
Dia 3- O Tribunal Penal Internacional anuncia que investigará Gaddafi e outros membros de seu regime por supostos crimes de guerra e contra a humanidade.
Dia 6- Os leais a Gaddafi detêm o avanço rebelde rumo a Sirte.
Dia 9- As tropas pró-governo reconquistam Al Zawiyah e os rebeldes reivindicam ajuda internacional.
Dia 10- As tropas de Gaddafi lançam uma grande ofensiva contra a linha defensiva rebelde em Ras Lanuf.
Dia 11- A UE considera o rebelde Conselho Nacional Líbio de Transição como "interlocutora político".
Dia 12- A Liga Árabe, exceto Síria e Argélia, se diz a favor de uma zona de exclusão aérea e reconhece o comando rebelde.
Dia 13- Os rebeldes perdem terreno e tentam aguentar o contra-ataque das forças de Gaddafi próximo a Benghazi.
Dia 15- O Conselho de Segurança da ONU se mantém dividido sobre estabelecer uma zona de exclusão aérea.
- Aviões rebeldes afundam dois navios das forças leais frente ao litoral de Ajdabiyah.
- Gaddafi assegura que se o Ocidente intervier na Líbia se aliará a Al Qaeda.
- A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, se reúne em Paris com os rebeldes líbios.
Dia 16- Em sua ofensiva, as forças de Gaddafi bombardeiam os arredores de Benghazi, reduto rebelde.
Dia 17- A ONU vota a exclusão aérea.

Líder budista culpa "prepotência humana" por tragédia no Japão

Líder budista culpa "prepotência humana" por tragédia no Japão

MAURÍCIO KANNO
DE SÃO PAULO

Em evento ecumênico nesta quinta-feira (17), na Liberdade, em São Paulo, o reverendo budista Kensho Kikuchi, 73, acusou a "prepotência humana na busca de dominar a natureza e ter cada vez mais comodidades", como parte da causa da tragédia que vive hoje o Japão, referindo-se aos acidentes na usina nuclear da província de Fukushima --que ocorreu após terremotos e tsunami.
Veja galeria de imagens do evento
Ele é presidente da Federação das Escolas Budistas do Brasil, e foi o primeiro entre os três líderes religiosos presentes a transmitir mensagens de solidariedade e fazer orações.
O padre Paulo Go Kurebayashi, 33, que representou a Igreja Católica, leu um trecho do livro do Apocalipse da Bíblia, afirmando que se tratava de mensagem de esperança. Pedia que Deus "acolhesse as vítimas da tragédia", e desejou "felicidade aos que ficam", apesar de tudo.
Já o pastor Mitsu Nagaki, representando as igrejas evangélicas, leu o salmo 90 da Bíblia, evocando a fugacidade da vida. A força dos imigrantes japoneses no Brasil também foi lembrada.
Os líderes cristãos fizeram seus discursos tanto em japonês como em português (com sotaque); e o budista, que vive no Brasil desde novembro, falou em japonês e depois uma tradução foi lida pelo mestre-de-cerimônias.



O cônsul-geral do Japão em São Paulo, Kazuaki Obe, precedeu os líderes religiosos com um discurso, relembrando os terremotos, tsunami e perigo nuclear, juntos representando "a maior tragédia no Japão, desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)".
Também estavam presentes cônsules de outros países, como Estados Unidos e Espanha. A vice-prefeita da cidade, Alda Marco Antônio, assim como parlamentares nipodescendentes, como a deputada federal Keiko Ota e o vereador Ushitaro Kamia, também compareceram à cerimônia.
O vice-presidente do Bunkyo (Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social), Tomio Katsuragawa --organização que sediou o evento na Liberdade--, conta que a iniciativa visa atender às pessoas que se sentem "impotentes" ao tentar ajudar os japoneses.
TRADIÇÃO
No final do evento, flores brancas, crisântemos, foram entregues aos presentes e depositadas em mesa diante do palco, como símbolo de solidariedade às vítimas. Flores também estavam presentes no palco: os líderes religiosos curvavam-se diante de um ikebana, arranjo artístico tradicional japonês.
A tradição japonesa estava presente também na música que acompanhava as cerimônias.
O flautista Danielo Tomac, 45, usou um shakuhachi, tipo de flauta japonesa de bambu com apenas cinco furos que vem desde a época medieval e é usada para músicas meditativas.

Em Benghazi, multidão comemora resolução da ONU contra a Líbia

Em Benghazi, multidão comemora resolução da ONU contra a Líbia

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Milhares de pessoas concentradas na praça principal de Benghazi comemoraram nesta quinta-feira a aprovação da ONU ao uso da força militar por forças estrangeiras na Líbia. Os manifestantes, que acompanharam ao vivo na praça a transmissão feita pela rede de televisão "Al Jazeera", soltaram fogos de artifício e agitaram as bandeiras líbias oficiais do país anterior à chegada de Muammar Gaddafi ao poder.
Os manifestantes levantaram suas mãos com o sinal de vitória e cartazes nas quais se lia "Agora, Líbia e a revolução", assim como grandes fotos das vítimas da repressão.
Entre alguns tiros para o ar e gritos de glória à revolução, os congregados gritaram palavras de ordem como "Oh Muammar, mentiroso" e "Moradores de Trípoli, chamem a liberdade".
Outro cartaz dizia: "Nota urgente Muammar: Líbia não te quer".
O povo continua chegando ao local para se juntar à comemoração e cada vez é maior o número de pessoas concentradas em uma praça na segunda maior cidade da líbia e principal reduto rebelde, que Gaddafi ameaçou atacar ainda nesta noite se os insurgentes não se rendessem.
Fontes rebeldes asseguraram a Al Jazeera que as celebrações pela aprovação da resolução no Conselho de Segurança se estenderam para várias regiões do leste da Líbia sob controle insurgente.
ONU APROVA MEDIDA CONTRA GADDAFI; BRASIL SE ABSTÉM
A resolução apresentada pela França, Reino Unido, EUA e Líbano defendendo a implementação de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia foi aprovada hoje no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). Também foram aprovadas "todas as medidas necessárias para defender os civis" no país, exceto uma invasão por terra.
A criação dessa zona autoriza o abate de aviões do ditador líbio, Muammar Gaddafi, que decolem para atacar tropas opositoras. Em outras palavras, a ONU liberou o uso da força militar para que a resolução seja respeitada.
A medida endurece ainda o embargo e as sanções contra Gaddafi, seus familiares e círculo mais próximo de colaboradores implementadas no mês passado. Bens e fundos de investimento do ditador e sua família na Suíça e na União Europeia há haviam sido congelados semanas atrás.
A resolução foi aprovada por dez votos a favor, nenhum contra e cinco abstenções, entre elas a Rússia e a China, que detêm poder de veto. Surpreendemente, o Brasil se absteve da votação. O Itamaraty confirmou o voto brasileiro na ONU à Folha.com, por telefone.
O resultado da votação chega em meio a um clima de extrema urgência na comunidade internacional, horas após o regime de Gaddafi fazer na TV estatal uma promessa de ataques para "limpar Benghazi, sem piedade", e oferecer anistia aos que se renderem.
A embaixadora do Brasil na ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti, disse que o país não está convencido de que o uso da força levará ao objetivo primordial de defesa ao povo líbio e que a resolução pode ter um efeito não desejado de "aumentar os confrontos no solo".
Ela ressaltou que o Brasil continua apoiando a resolução passada no Conselho sobre a Líbia, que impôs sanções como proibição de viagens e veto à venda de armas ao país.
A diplomata brasileira condenou ainda publicamente o uso de violência contra os manifestantes, o desrespeito aos direitos humanos e pediu o direito à liberdade de expressão. Ela defendeu, contudo, uma solução aos confrontos através de um "diálogo significativo", "uma solução pacífica e sustentável".
FORÇAS ESTRANGEIRAS PREPARAM OPERAÇÃO
Horas antes da votação, o primeiro-ministro francês, François Fillon, adiantou que em caso de aprovação da medida na ONU, Paris estaria disposta a dar início às operações dentro de apenas algumas horas.
Os EUA disseram que já preparavam seus operativos e entre os países árabes, Qatar e Emirados Árabes Unidos podem participar, disse mais cedo o representante da Liga Árabe na ONU, Yahya Mahmassani.
A Itália, país cuja posição estratégica no Mediterrâneo é crucial para o sucesso de qualquer operação contra a Líbia, também dissera que participaria das ações.
"Nós não nos esquivaríamos de nossas obrigações, embora nossa posição tenha sempre sido de moderação e equilíbrio", disse o ministro da Defesa italiano Ignazio La Russa, em
Roma.
A base de Sigonella, na ilha italiana da Sicília, dá suporte logístico à Sexta Frota dos EUA e é uma das bases da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) mais próximas à região.
No Reino Unido, um parlamentar próximo ao Ministério da Defesa confirmou ainda na tarde de quinta-feira que o país já mantinha caças da Força Aérea Real britânica em stand-by prontos para serem despachados ainda hoje à noite.
GADDAFI AUMENTA O TOM
"Limparemos Benghazi, toda Benghazi, dos criminosos e de qualquer um que tente ferir nosso líder e nossa revolução. Não teremos piedade contra colaboradores [dos rebeldes]", diz a mensagem do regime transmitida repetidamente durante a quinta-feira na TV estatal, prometendo ataques contra o bastião da oposição no sábado.
As ameaças chegam após o regime divulgar outro comunicado alertando que ações militares externas podem resultar em danos a alvos civis e militares no Mediterrâneo como parte de um contra-ataque de suas forças.
"Qualquer ação militar externa contra a Líbia deixará todo o tráfego áereo e marítimo no mar Mediterrâneo exposto e [instalações] civis e militares se tornarão alvos do contra-ataque da Líbia", disse o comunicado transmitido pela TV estatal e distribuído pela agência oficial de notícias Jana.
Ainda na noite de quarta-feira (16), em meio a alertas do filho de Gaddafi, Saif al Islam, de que bastavam 48 horas para a vitória contra os rebeldes na Líbia, membros do Conselho de Segurança da ONU mais uma vez falharam na tentativa de obter um consenso sobre uma ação militar para deter o avanço do regime na repressão aos opositores.
O vice-embaixador da Líbia na ONU, Ibrahim Dabbashi, disse na ocasião que o mundo tinha dez horas para agir antes que um genocídio ocorra nas batalhas em Ajdabiyah, prevendo o início dos confrontos para esta quinta-feira.

Brasil se absteve em resolução da ONU contra Líbia; veja discurso

Brasil se absteve em resolução da ONU contra Líbia; veja discurso

DE SÃO PAULO

O Brasil se absteve na noite desta quinta-feira no voto do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) que determinou uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, além de outras medidas para proteger os civis, exceto uma invasão por terra, em meio aos confrontos que se arrastam há um mês.
A criação dessa zona autoriza o abate de aviões do ditador líbio, Muammar Gaddafi, que decolem para atacar tropas opositoras. Em outras palavras, a ONU liberou o uso da força militar para que a resolução seja respeitada.
A resolução foi aprovada por dez votos a favor, nenhum contra e cinco abstenções, entre elas a Rússia e a China, que detêm poder de veto. Surpreendemente, o Brasil se absteve da votação.
A embaixadora do Brasil na ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti, disse que o país não está convencido de que o uso da força levará ao objetivo primordial de defesa ao povo líbio e que a resolução pode ter um efeito não desejado de aumentar os confrontos no solo.
Ela ressaltou que o Brasil continua apoiando a resolução passada no Conselho sobre a Líbia, que impôs sanções como proibição de viagens e veto à venda de armas ao país.
A diplomata brasileira condenou ainda publicamente o uso de violência contra os manifestantes, o desrespeito aos direitos humanos e pediu o direito à liberdade de expressão. Ela defendeu, contudo, uma solução aos confrontos através de um diálogo significativo, uma solução pacífica e sustentável.
Veja a íntegra do discurso de Viotti ao Conselho:
"Senhor Presidente,
O Brasil está profundamente preocupado com a deterioração da situação na Líbia. Apoiamos as fortes mensagens da Resolução 1970 (2011), adotada por consenso por este Conselho.
O governo do Brasil condenou publicamente o uso da violência pelas autoridades líbias contra manifestantes desarmados e exorta-as a respeitar e proteger a liberdade de expressão dos manifestantes e a procurar uma solução para a crise por meio de diálogo significativo.
Nosso voto de hoje não deve de maneira alguma ser interpretado como endosso do comportamento das autoridades líbias ou como negligência para com a necessidade de proteger a população civil e respeitarem-se os seus direitos.
O Brasil é solidário com todos os movimentos da região que expressam suas reivindicações legítimas por melhor governança, maior participação política, oportunidades econômicas e justiça social.
Condenamos o desrespeito das autoridades líbias para com suas obrigações à luz do direito humanitário internacional e dos direitos humanos.
Levamos em conta também o chamado da Liga Árabe por medidas enérgicas que deem fim à violência, por meio de uma zona de exclusão aérea. Somos sensíveis a esse chamado, entendemos e compartilhamos suas preocupações.
Do nosso ponto de vista, o texto da resolução em apreço contempla medidas que vão muito além desse chamado. Não estamos convencidos de que o uso da força como dispõe o parágrafo operativo 4 (OP4) da presente resolução levará à realização do nosso objetivo comum --o fim imediato da violência e a proteção de civis.
Estamos também preocupados com a possibilidade de que tais medidas tenham os efeitos involuntários de exacerbar tensões no terreno e de fazer mais mal do que bem aos próprios civis com cuja proteção estamos comprometidos.
Muitos analistas ponderados notaram que importante aspecto dos movimentos populares no Norte da África e no Oriente Médio é a sua natureza espontânea e local. Estamos também preocupados com a possibilidade de que o emprego de força militar conforme determinado pelo OP 4 desta resolução hoje aprovada possa alterar tal narrativa de maneiras que poderão ter sérias repercussões para a situação na Líbia e além.
A proteção de civis, a garantia de uma solução duradoura e o atendimento das legítimas demandas do povo líbio exigem diplomacia e diálogo.
Apoiamos os esforços em curso a esse respeito pelo Enviado Especial do Secretário-Geral e pela União Africana.
Nós também saudamos a inclusão, na presente resolução, de parágrafos operativos que exigem um imediato cessar-fogo e o fim à violência e a todos os ataques a civis e que sublinham a necessidade de intensificarem-se esforços que levem às reformas políticas necessárias para uma solução pacífica e sustentável. Esperamos que tais esforços continuem e tenham sucesso.
Obrigada."

Governo brasileiro está pessimista com visita de Obama

Governo brasileiro está pessimista com visita de Obama

NATUZA NERY
DE BRASÍLIA

O Palácio do Planalto começa a revelar pessimismo em relação à visita de Barack Obama, neste final de semana, e reclama da resistência dos EUA em discutir temas de interesse do Brasil, apesar do discurso corrente de implantar um novo capítulo nas relações entre os dois países.
Segundo a Folha apurou, a declaração de um funcionário da Casa Branca, publicada na edição de ontem do jornal, ajudou a "azedar" o clima pré-visita. Mike Froman, vice-conselheiro de segurança nacional de Obama, afirmou que a "viagem é fundamentalmente a respeito da recuperação econômica e exportações americanas".
Nas palavras de um integrante da Presidência, trata-se de um visão utilitarista dos EUA sobre o Brasil, principalmente diante da preocupação da presidente Dilma Rousseff com o deficit comercial brasileiro em relação ao mercado americano -- US$ 7,731 bilhões em 2010, em dados do Ministério do Desenvolvimento.
O desânimo foi reforçado pela informação de que o mandatário não iria a um jantar que Dilma havia sugerido no Palácio da Alvorada.
A equipe que negocia os termos do encontro oficial comunicou que Obama gostaria de deixar Brasília rumo ao Rio de Janeiro no fim da tarde de sábado, não por volta das 20 horas, como inicialmente pensado. Até segunda ordem, o evento se transformou em um rápido encontro de despedida.
Representantes da diplomacia brasileira, porém, evocam outro tipo de visão. Consideram que a chegada do presidente da mais importante economia do planeta em menos de três meses de governo já é, por si só, um "êxito".
Apesar da contrariedade entre não diplomatas, o Itamaraty não faz reparos à lista de acordos e termos de cooperação que sairá da visita.
Dilma, embora reconheça o simbolismo da visita, tem dito a assessores que desejava ver do parceiro sinalizações mais concretas de aproximação. Na pauta de seus sonhos, o apoio à campanha brasileira por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.
À medida que as negociações avançavam, multiplicavam-se as críticas no Planalto. Um interlocutor palaciano argumenta que os EUA tentam vender seus caças F18, mas dizem não aos aviões da Embraer.
Afirma que os americanos desejam entrar na indústria do pré-sal e cooperar na área energética, mas não discutem as tarifas à importação do etanol brasileiro.
Nas reuniões preparatórias, ministros relembram o financiamento de US$ 10 bilhões que a China concedeu à Petrobras no passado.
Um acordo para tratar de uma futura e gradativa eliminação da exigência de vistos a visitantes brasileiros nos EUA não deve sequer entrar nas conversas oficiais.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Contra invasão ocidental, Gaddafi ameaça se aliar com Al Qaeda


DA EFE, EM ROMA
COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O ditador líbio, Muammar Gaddafi, advertiu aos governos ocidentais que, se houver uma intervenção militar estrangeira em seu país, a Líbia vai se aliar à rede terrorista Al Qaeda. A declaração foi dada em uma entrevista ao jornal italiano "Il Giornale".
"A Líbia sairá da aliança internacional contra o terrorismo, nos aliaremos com a Al Qaeda e declararemos a Guerra Santa", ameaçou Gaddafi, caso os governos ocidentais se comportem "conosco" como o fizeram no Iraque.
O ditador disse se sentir "traído" por seu até agora amigo, o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi.
Gaddafi afirmou ainda que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, tem uma espécie de "desordem mental" porque "disse coisas que só um louco poderia dizê-las".
"Estou realmente surpreso com a atitude de meus amigos europeus. Dessa forma, eles puseram em perigo e danificaram uma série de grandes acordos sobre segurança e cooperação econômica que tínhamos", ressaltou o ditador líbio.
Na mesma entrevista em que ameaça se aliar à Al Qaeda, Gaddafi criticou os rebeldes líbios que buscam derrubá-lo do poder e os considera aliados de Osama bin Laden, líder da rede terrorista islâmica.
"Negociar com os terroristas de Osama bin Laden não é possível. Eles mesmos não acreditam no diálogo. Sua ideia da situação em Benghazi é equivocada", ressaltou Kadafi, referindo-se à segunda maior cidade da Líbia, atualmente em poder dos rebeldes do país.
Segundo o ditador, o Conselho Nacional de Transição Interino (CNTI), autoridade formada pelos rebeldes líbios em Benghazi, "é como se fosse a Al Qaeda".
Gaddafi afirmou que a oposição dos rebeldes é uma "causa perdida": "Há duas possibilidades: render-se ou escapar".
"Esses terroristas utilizam os civis como escudos humanos, inclusive as mulheres", declarou o ditador. Ele acrescentou que suas tropas avançam rapidamente em direção a Benghazi "para combater o terrorismo".
"As ordens às nossas tropas são cercá-los. Se eles se renderem, não vamos matá-los", disse.

AMEAÇAS
Na semana passada, Gaddafi, declarou que haveria uma revolta armada contra os países ocidentais caso estes criassem uma zona de exclusão imposta pelo ocidente e pela ONU. Em entrevista à TV turca TRT, Gaddafi disse que esses países têm o objetivo de "tomar o petróleo líbio".
"Se eles tomarem esta decisão, será útil para a Líbia, porque o povo líbio verá a verdade, que o que eles querem é assumir o controle da Líbia e roubar seu petróleo", disse Gaddafi na quarta-feira da semana passada. "Então o povo líbio pegará em armas contra eles", afirmou.
Países ocidentais discutiram a possibilidade de impor uma zona de restrição a voos sobre a Líbia, para impedir ataques aéreos de forças leais ao governo contra rebeldes. Mas na reunião do G8, nesta quarta-feira, a proposta da França fracassou.
Em discurso transmitido pela TV estatal líbia horas antes da entrevista à TV turca, Gaddafi acusou "forças externas" de estarem fomentando as insurreições que estão ocorrendo no país. Ele disse que governos europeus e a rede Al Qaeda estão incitando a juventude da Líbia a aderir à revolta contra seu governo.
O ditador líbio Muammar Gaddafi acusou os países ocidentais de levarem a cabo um 'complô colonialista' contra seu país e descartou negociar com o Conselho Nacional que os rebeldes constituíram em Benghazi, ao qual negou legitimidade e relacionou com a organização terrorista Al Qaeda.
Em outro discurso, também na semana passada, o ditador disse que os países ocidentais 'querem colonizar a Líbia novamente', citando em particular Estados Unidos, Reino Unido e França.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de negociar com o Conselho Nacional, dos rebeldes, Gaddafi gargalhou e respondeu que 'não há um Conselho Nacional'.
O líder líbio também assinalou que os ex-membros de seu governo que se somaram ao Conselho "foram retidos pela força" e "ameaçados de morte", de modo que sua única saída foi comprometer-se com os insurgentes.
'Não são livres, são prisioneiros', acrescentou Gaddafi antes de negar que combata seu próprio povo: 'é uma mentira dos países colonialistas. É um complô colonialista'.
Em outra entrevista, veiculada pela emissora estatal líbia, Gaddafi afirmou que o objetivo do complô é o controle do petróleo do país e acusou os rebeldes de 'traição', voltando a afirmar que eles são apoiados pela rede terrorista Al Qaeda.

Brasil Torna-se Quinto Maior Credor dos EUA |

O Tesouro norte-americano divulgou dados de dezembro de 2010 tornando o Brasil o quinto maior financiador da dívida do Governo dos Estados Unidos. Até o final do ano, o Brasil detinha US$ 186,1 bilhões em títulos da nação mais rica do mundo, atrás apenas da China (US$ 1,16 trilhão), do Japão (US$ 882,3 bilhões), do Reino Unido (US$ 272,1 bilhões) e dos países exportadores de petróleo, como a Arábia Saudita e a Venezuela, esses com investimentos de US$ 211,9 bilhões.
O Brasil aumentou os investimentos na dívida dos EUA em US$ 16,9 bilhões no ano de 2010. O Banco Central (BC), responsável pela administração dos recursos provenientes das reservas internacionais, afirmou que a compra dos títulos do governo norte-americano é muito segura e, além disso, é necessário manter uma reserva elevada de dólares, já que o endividamento brasileiro no exterior está também na mesma moeda, operação conhecida como hedge. De acordo com dados do Banco Central, dos US$ 300 bilhões das reservas internacionais que o Brasil possui, mais da metade dos recursos está atualmente financiando o Governo dos EUA.
Apesar de uma corrente de economistas criticaram o exagerado custo das reservas, o Diretor de Administração do BC, Anthero Meirelles, fez questão de enfatizar que esta operação é um importante seguro contra crises. Ele lembrou que o Brasil já enfrentou crises internacionais anteriormente, levando o país a puxar a taxa de juros para mais de 40% ao ano porque não tinha “reservas suficientes para se defender”. O Diretor Anthero ainda garantiu que, mesmo com as críticas, não haverá modificação na política de acumulação de reservas. Desde janeiro deste ano, o BC já comprou quase US$ 15 bilhões para reforçar o seguro contra crises.


Fonte: Brasil Torna-se Quinto Maior Credor dos EUA | Política Externa Brasileira
Política Externa Brasileira

Participação do Ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, na Cúpula da Comunidade do Caribe – Granada

Participação do Ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, na Cúpula da Comunidade do Caribe – Granada

Published 2 de março de 2011 | By Política Externa.com
Tradução por Daniel Cardoso Tavares


Gostaria de começar expressando minha gratidão ao Governo Brasileiro pela possibilidade de falar com vocês hoje. Eu trago para vocês fervorosas saudações da Presidenta Dilma Rousseff e, como seu novo Chanceler, estou feliz de estar em Granada e participar deste encontro como um parceiro e amigo da CARICOM.
O Brasil e o Caribe compartilham importantes traços históricos, geográficos, demográficos e culturais.
Nossas heranças comuns refletem-se hoje em crescente grau de convergência política. Nossas sociedades são guiadas pelo mesmo agregado de valores comuns. Estamos firmemente comprometidos com a democracia, com a promoção e proteção dos direitos humanos e do desenvolvimento com justiça social.
Baseados nesta afinidade, o Brasil tem trabalhado em direção ao estreitamento das relações com as maiores organizações de integração do caribe – CARICOM e a Organização dos Estados Caribenhos do Leste, para os quais acreditamos nossos embaixadores em Georgetown e Castries, como observadores.
É também neste espírito que o Brasil decidiu abrir novas missões diplomáticas permanentes no Caribe. Desde 2005, abrimos embaixadas em oito países da CARICOM e isso faz de nós uma dos poucos países do mundo a ter relações diplomáticas com todos os 14 membros desta Comunidade.
Um ponto importante no relacionamento com o Caribe foi a primeira Cúpula Brasil-CARICOM, ocorrida em Brasília, em 26 de abril de 2010. A declaração de Brasília, adotada na reunião, consagra nosso comprometimento com a integração da América Latina e o Caribe. Também reforça nosso objetivo comum de coordenar posições no foro internacional e avançar a cooperação em vários campos, como os de mudança climática, educação, cultura, energia, ajuda em casos de emergência, turismo e comércio. Também reiteramos nosso comprometimento com a reconstrução do Haiti.
É encorajador que, na Cúpula de Brasília, também conseguimos assinar 48 acordos de cooperação em muitas áreas com a CARICOM, OECS e países individuais aqui representados.
Também estamos completamente comprometidos com a implementação das decisões da Cúpula. Já estamos testemunhando os resultados em áreas como as da cooperação técnica, assistência humanitária e transporte. Eu gostaria particularmente de reforçar a nova rota aérea entre Barbados e o Brasil.
Também gostaria de destacar o resultado muito específico e concreto da Cúpula Brasil-CARICOM. Vocês – chefes de governo – estabeleceram em Brasília um claro mandato para encorajar os estudos sobre os impactos sobre a escravidão em nossas identidades nacionais. Em resposta a isso, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil organizou livro com artigos de autores de cada um de nossos países sobre nossas raízes africanas. Distribuímos cópias do livro, ontem, à margem desta reunião, e eu acredito que isso contribuirá para o avanço e mútuo conhecimento entre nossas sociedades.
O Brasil abrigará um seminário, ainda em 2011, com o objetivo de avançar no debate sobre nossa história comum. Todos os intelectuais dos países caribenhos que contribuíram com o livro estão convidados.
Além do exercício Brasil-CARICOM, nossa parceria também tem sido fortalecida pelas Cúpulas Latino Americana-Caribe – a primeira das quais teve lugar na Bahia, em dezembro de 2008. Tal iniciativa levou à criação, na Cúpula de Cancun no ano passado, da uma Comunidade dos Estados Latino Americanos e do Caribe – CELAC -, uma ampla formação que provê espaço para convergência de nossos vários mecanismos sub-regionais.

Distintos Chefes de Governo,
Existe significativo desenvolvimento no front econômico que deve ser destacado. O comércio Brasil-CARICOM cresceu fortemente nos últimos poucos anos e ,estou particularmente satisfeito em constatar isso, depois da crise econômica global o comércio de duas mãos recuperou-se de forma robusta em 2010, quando excedeu 4 bilhões.
Gostaríamos de tornar nossas relações comerciais mais simétricas. O governo brasileiro em breve divulgará um estudo chamado Oportunidades para as Exportações da CARICOM no Mercado Brasileiro, que esperamos que ajuda a aumentar as importações de bens e serviços das nações do Caribe ao Brasil.
O Congresso Brasileiro recentemente aprovou a acessão ao Banco de Desenvolvimento do Caribe. A junção do Brasil ao Banco abrirá um novo hall de oportunidades para cooperação mais próxima nos projetos de desenvolvimento regional.
Os prospectos são igualmente promissores no domínio da cooperação técnica. Como resultado da primeira Cúpula Brasil-CARICOM, e sob pedido dos membros da CARICOM, a ABC levou à frente 14 missões no último ano, em áreas como as de saúde, agricultura e aplicação da lei. Em 2010 a cooperação chegou a cerca de USD 7.5 milhões com os países caribenhos – 10% da cooperação total do Brasil, e 200% de aumento em relação a 2009.
Continuamos a cooperar em agricultura, especialmente por meio da EMBRAPA. Temos compartilhado nosso know-how em áreas como as de produção de alimentos e comércio. Eu tenho aqui comigo o coordenador do escritório da EMBRAPA no Panamá, que teve conversas com muitas delegações sobre possíveis novos projetos.
Estou feliz em anunciar que o Brasil esta preparado para ampla cooperação a ser executada nos países do Caribe em 2011. isso inclui dez projetos de capacitação em desenvolvimento agrícola e segurança alimentar, que serão organizados por três grandes instituições agrícolas brasileiras: EMBRAPA, O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural e o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Mais detalhes sobre os projetos estão em documento que minha delegação está distribuindo.
Também avançamos nossa cooperação com os países do Caribe sobre questões de assistência humanitária. Nossos esforços principais tem sido relacionados ao Haiti, depois de janeiro de 2010 com o terremoto e mais recentemente com o surto de cólera.
Estamos preocupados em como a região pode ser vulnerável a desastres naturais. Em 2010, o Brasil fez contribuição voluntária para a FAO de USD 500.000,00 para o fundo humanitário que apoia projetos desenvolvidos pela Caribbean Disaster Emergency Management Agency.
Parte dos fundos foi alocada para programas de ajuda como os relacionados ao furação Thomas. Foi também na sequência do Thomas que o Brasil enviou helicóptero para operações humanitárias em Santa Lúcia.

Distintos Chefes de Governo,
Antes de concluir, gostaria de lembrar a questão da segurança alimentar e do desenvolvimento rural – que continuam a representar importante prioridade para o Governo Brasileiro.
O Brasil tem tido algum sucesso no combate direto à fome e à pobreza enquanto cria condições sustentáveis para a superação desses males no longo prazo. De fato, tais estratégias são complementares e mutuamente reforçadoras.
A estratégia do Fome Zero, formulada pelo Dr. Graziano da Silva, que apresentou-se aqui hoje, teve papel central nesse história de sucesso. Um de seus principais elementos é o Bolsa Família, que hoje beneficia cerca de 50 milhões de pessoas, tendo contribuído para retirar 24 milhões de pessoas da pobreza.
A crise de 2008 demonstrou que a estratégia do Brasil foi bem sucedida. Enquanto boa parte do mundo sofria a recessão, nossas políticas sociais contribuíam para consolidar um virtual escudo anticíclico.
Como o Brasil, e com apoio do escritório regional da FAO, dez países da América Latina e do caribe transformaram em lei seu comprometimento com a segurança alimentar. Ao mesmo tempo, na África, onde 200 milhões ainda sofrem de fome, 18 nações beneficiam-se dos avanços da EMBRAPA em pesquisa e produção.
O Brasil busca aumentar as parcerias a fim de resolver a desconcertante matemática de nosso tempo: estamos quase com 7 bilhões de pessoas em nosso planeta e temos recursos suficientes para alimentar 12 bilhões; ainda assim, 925 milhões de nós continuamos com fome todos os dias. De acordo com a FAO, apenas USD 40 bilhões seriam suficientes para resolver a situação. Agora, compare isso com os USD 10 trilhões utilizados para recuperar os mercados financeiros.
Como o geógrafo brasileiro Josué de Castro nos ensinou, "a fome e a guerra são genuínas criações humanas". Não são resultados inevitáveis do destino ou da escassez, mas os frutos amargos da história. A fome pode e deve ser eliminada pela mobilização adequada de recursos ou de boa vontade.
É sob esta firme crença que o Brasil aspira ao cargo de Diretor geral da FAO. A candidatura do Dr. Graziano da Silva reflete o comprometimento brasileiro com o desenvolvimento e a inclusão social.
É nesse contexto que desejo expressar nossa gratidão com o valoroso apoio dos países da CARICOM a esse respeito e demonstrar o desejo brasileiro de receber o apoio formal da CARICOM para a candidatura do Dr. Graziano.

Distintos Chefes de Governo,
Eu lhes falo hoje com o firme comprometimento de abrir novos e ambiciosos fronts de cooperação entre o Brasil e a CARICOM.
Eu lhes agradeço mais uma vez por abrirem a oportunidade para que eu participasse deste Cúpula. Estou verdadeiramente honrado.
Muito obrigado.
Socorristas japoneses podem sofrer com radiação letal

DA REUTERS, EM WASHINGTON

A principal agência reguladora nuclear dos Estados Unidos afirmou ao Congresso na quarta-feira que os níveis de radiação ao redor da usina nuclear do Japão podem ameaçar de forma letal os agentes de emergência.
"Acreditamos que nos arredores do reator há altos níveis de radiação", afirmou o diretor da Comissão Reguladora Nuclear, Gregory Jaczko, durante audiência do Subcomitê de Comércio e Energia da Câmara dos Deputados.
"Seria muito difícil para os agentes de emergência chegar perto dos reatores. As doses a que eles poderiam ser submetidos seriam potencialmente letais num curto período de tempo."
Jaczko disse que a agência reguladora tinha informações muito limitadas sobre o que estava acontecendo na usina de Fukushima, no Japão, e que não queria especular muito sobre o assunto.
Ele afirmou ainda que os Estados Unidos não serão afetados pela radiação nociva da usina japonesa e que a área de isolamento ao redor da instalação nuclear era menor do que a sugerida pela agência.
Jaczko disse que a piscina que armazena o combustível nuclear usado no reator número 4 não continha água.
"Não há água na piscina de combustível usado e acreditamos que os níveis de radiação estão extremamente elevados, o que poderia possivelmente causar impacto na capacidade de tomar medidas corretivas."

entrevista de Antonio patriota

CartaCapital: Dilma Rousseff terá mais dificuldade de se projetar internacionalmente do que Lula?
António Patriota: O estilo é diferente, e ela recebe um país em condições diferentes. Tem outras oportunidades de interlocução e uma demanda pelo Brasil talvez maior. Tenho certeza de que dará muita importância à interlocução internacional e que o fará com grande talento, habilidade e até prazer. Noto que ela gosta desse papel, possui uma curiosidade que diria inesgotável pelo que se passa no mundo. Também vejo nela um sentido de justiça profundo que se associa bem ao que é a agenda do Brasil no plano multilateral, de assegurar que os mecanismos de cooperação e os foros de debate reflitam a geopolítica contemporânea e não sejam clubes que polarizam ou excluem certos países.

CC: Ela será chamada de monoglota como foi Lula?
AP: O presidente Lula comunicava-se com habilidade, porque tinha muito a dizer. Mais importante do que falar várias línguas é ter uma mensagem. A presidenta Dilma também tem essa característica, é uma mulher com uma experiência de vida rica e é muito estudiosa. Mais especificamente, tem
conhecimento de inglês, francês e espanhol, e é capaz de entender um interlocutor sem a necessidade de tradução. Usa mais na hora de se expressar.

CC: Dilma falou no Congresso que é "natural" que se democratizem as relações entre os países, o que pressupõe mudanças no Conselho de Segurança da ONU. Por que ainda não ocorreram?
AP: Não é um pleito individual, refere-se à própria estrutura de funcionamento do órgão. Tem de desencadear um processo comparável a uma reforma constitucional e isso não é simples de fazer. Já houve uma reforma em 1964, quando o Conselho passou de 11 para 15 membros e teve de ser ratificada por uma maioria de dois terços de membros da ONU, inclusive os cinco permanentes, que têm poder de veto. O debate sobre a reforma do Conselho vem se arrastando desde 1992, é um processo complicado e demorado.

CC: Qual o empecilho?
AP: Existe um amplo consenso de que a atual estrutura, com esses cinco membros permanentes – Rússia, EUA, China, França e Inglaterra -, retrata mais o pós-Guerra do que o mundo contemporâneo. Há países que defendem uma ampliação, passar de 10 para 15. O Brasil e nossos parceiros nesse debate, Alemanha, Japão, índia – e a África também tem de estar representada -, defendemos que o desequilíbrio se encontra na categoria de membros permanentes.

CC: O que temem os membros permanentes em relação a uma ampliação?
AP: Cada um tem sua preocupação. Reino Unido e França são os mais favoráveis a uma reforma tal como nós defendemos. Visto de maneira benévola, acordaram para as mudanças geopolíticas e querem uma reforma que reflita isso. Mais apegados à realpolitik, temem que uma demora muito grande na reforma passe a levantar dúvidas sobre seus status como membros permanentes e que ganhe força a ideia de uma cadeira para a União Europeia, em vez de cadeiras individuais. Quanto aos demais, todos se dizem favoráveis de maneira distinta. A China põe ênfase em mais espaço para o mundo em desenvolvimento, mas sem explicitar como se daria. Os Estados Unidos põem ênfase no tamanho do conselho reformado, que se for além de 21 membros se transformaria num órgão inadministrável.

CC: Este mês o Brasil ocupa a presidência rotativa do Conselho. Qual o significado disso? Apenas simbólico?
AP: E mais do que simbólico. Juntamente com o Japão, o Brasil é o país que mais vezes participou do Conselho como membro não permanente. Você vai acumulando experiência. É a décima primeira vez que participamos como membros não permanentes. O Conselho foi criado em 1945, são 66 anos. Ou seja, em um terço de sua existência o Brasil participou dos trabalhos, é o máximo que um não permanente conseguiu.

CC: Como apontar abusos nos direitos humanos de países aliados do Brasil, como Cuba e Ira?
AP: A palavra aliado não se aplica ao Brasil, que é um país sem inimigos. Além disso, Cuba, por exemplo, tem alguns dos melhore índices das Américas nos direitos econômicos e sociais. Nos civis e políticos aí talvez possa ser questionado. Mas é importante manter a discussão num padrão que se reconheça que todos os países têm progressos a fazer. Que não se transforme o debate, como dizem os americanos, num exercício definger pointing, acusatório de alguns em detrimento de outros. Esse é o grande desafio: encontrar o caminho justo, o equilíbrio.

CC: Se fosse hoje o caso dos boxeadores cubanos que desertaram durante os Jogos Pan-Americanos e foram deportados, o Brasil agiria diferente?
AP: Não respondo perguntas hipotéticas. É uma coisa que aprendi nos Estados Unidos, eles dizem muito para a imprensa: não raciocino sobre hipóteses.

CC: Apesar desse empenho pelos direitos humanos, houve críticas de que faltou uma nota mais dura do governo brasileiro em relação aos problemas no Egito.
AP: Também vi manifestações de apreço pela posição adotada. A situação do Egito é interna, uma convulsão nacional. Nossa preocupação é que as aspirações da população egípcia possam ser equacionadas sem violência, dentro de um ambiente de concórdia, de negociação.

CC: Então o princípio da não interferência em assuntos internos prevalece sobre a defesa dos direitos humanos?
AP: O que a crítica vai contribuir, nesse caso? Crítica a quem? A gente precisa entender também que forças estão em jogo. Dentre as forças que estão se manifestando, todas elas são favoráveis a um Egito mais democrático? Nossa aposta é que o Egito evolua em um sentido progressista. E a não interferência não é um princípio sacrossanto. O Brasil já se manifestou sobre questões internas, como quando combatemos o apartheid na África do Sul.

CC: Os rumos da política externa serão mantidos no governo Dilma, o chamado Sul-Sul. O que o Brasil ganha com essa abordagem?
AP: Não é assim que caracterizo. Durante o governo Lula, a linha de atuação Sul-Sul ficou em evidência porque era o aspecto mais inovador da política externa. Mas já naquela época, como embaixador em Washington, eu defendia que isso não se dava em detrimento da atenção a parceiros tradicionais do mundo desenvolvido. Esse é o espírito com que nós continuaremos a trabalhar. Em primeiro lugar, atenção prioritária aos parceiros sul-americanos – basta dizer que ocupo essa cadeira há um mês e meio e já estive com cinco presidentes da América do Sul. Ao mesmo tempo, estive em Davos e irei a Washington para acertar com a secretária de Estado, Hillary Clinton, a visita do presidente Barack Obama ao Brasil, em março. Uma coisa não exclui a outra.

CC: Sobre o caso Cesare Battisti: se o Brasil não confia na Justiça italiana, por que mantém acordo de extradição com a Itália?
[O ministro diz ter a respeito uma “resposta-padrão” e, de certa forma, cai em contradição. Fala, obviamente, da amizade que une Brasil e Itália e afirma que o caso Battisti é individual e “está encapsulado dentro de um contexto meramente judicial”. O Estado italiano, que se considera ofendido pela recusa à extradição, vê traído o acordo firmado com o Brasil, ou seja, a própria lei. A ideia de que o caso tem de ser encarado de um ângulo “meramente judicial” confirma que o Brasil não confia na Justiça italiana. O menos por enquanto.]

CC: Como o senhor acompanhou os ataques que sofreu Celso Amorim de que fazia uma política externa megalonanica?
AP: Jamais corroboraria uma descrição como essa, primeiro porque estive muito engajado na administração anterior. Identifico-me muito com as iniciativas específicas e o espírito em que se desenvolveu a atuação externa do governo Lula. É consenso internacional, não sou eu quem diz, que elevou o Brasil, trouxe respeitabilidade, e nos permite formular políticas e programar iniciativas hoje, no novo governo, a partir de um patamar.

CC: Por outro lado, analistas mais à esquerda dizem já sentir saudade de Amorim, que o senhor seria mais conservador. É verdade?
AP: Admiro muito Celso Amorim, é com quem eu trabalho desde meados dos anos 90. Seria pretensioso da minha parte começar com iniciativas que representassem um exercício inteiramente diferente ao dele. Assim como não seria razoável esperar de qualquer novo chanceler que desempenhasse em um mês e meio como ele em oito anos. Estou aqui num trabalho de consolidação e estou recebendo o bastão a partir de uma base muito boa.

CC: Politicamente, Amorim pode ser considerado mais à esquerda do que o senhor?
AP: Olha, não passei pelas experiências de vida pelas quais ele passou. Nunca paguei preço por opiniões que defendesse, como ele pagou ao ser destituído da Embrafilme. Sou um diplomata cujo mérito, se é que tenho algum, foi ser reconhecido ao longo de minha carreira, onde pude desenvolver um trabalho de acordo com minhas ideias, com aquilo que acreditava, sem ter sido por isso preterido, jogado para escanteio. Ele ficou um bom período depois da Embrafilme aguardando posição. Isso é uma coisa que marca um indivíduo, é uma diferença importante.

CC: Foi noticiado até que o senhor tem se aconselhado com o embaixador aposentado Luiz Felipe Lampreia, que foi chanceler de FHC.
AP: A mídia tem o direito de interpretar como quiser. O fato é que sou ecumênico, converso com quem me procurar. Sou um diplomata de carreira e os diplomatas de carreira se acostumam a ouvir muitos pontos de vista. O Brasil singulariza-se no cenário internacional como um país que não ouve só aqueles que compartilham as mesmas ideias. Como indivíduo, também me defino um pouco assim. Mas meus conselheiros são os assessores aqui do Itamaraty, o secretário-geral, e os embaixadores da ativa, em primeiro lugar.

CC: Após as revelações do WikiLeaks, os diplomatas ficaram mais comedidos nas comunicações internas?
AP: O WikiLeaks não deixa de ter um impacto grande, foi um chamado à reflexão. O que me impressionou foi que um país tão cioso da segurança como os EUA tenha tido suas comunicações tornadas públicas como foram. Isso provavelmente reforçará uma característica do trabalho diplomático, de procurar tratar matéria sigilosa com muito cuidado.

Filho de Gaddafi diz que líder líbio financiou campanha eleitoral de Sarkozy

Filho de Gaddafi diz que líder líbio financiou campanha eleitoral de Sarkozy

DA EFE, EM PARIS
Saif al Islam, filho do líder líbio Muammar Kadafi, afirmou nesta quarta-feira que seu pai financiou a campanha eleitoral do presidente francês, Nicolas Sarkozy, e pediu ao governante europeu que devolva esse dinheiro porque ele "decepcionou" a população líbia.
"A primeira coisa que peço a esse palhaço é que devolva o dinheiro aos líbios. Demos essa ajuda para que agisse em favor do povo líbio, mas ele nos decepcionou", declarou Saif al Islam em entrevista exclusiva concedida à rede televisiva Euronews.
No trecho do vídeo antecipado pela emissora, que será transmitida nesta noite, Islam, que já foi considerado o sucessor da "Presidência hereditária" líbia instaurada por Gaddafi, ressaltou que pode provar o financiamento à campanha de Sarkozy, pois possui "todas as contas bancárias, documentos e movimentações [financeiras]".
"Fomos nós que financiamos sua campanha. Temos todos os detalhes e estamos prontos para revelá-los", declarou o filho de Gaddafi.

Hillary admite urgência em atuar na Líbia devido à violência

Hillary admite urgência em atuar na Líbia devido à violência

DA EFE, EM WASHINGTON

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, admitiu nesta quarta-feira a "urgência" em atuar para frear o regime do ditador Muammar Gaddafi na Líbia, e disse espera que o Conselho de Segurança da ONU alcance nesta quinta-feira um acordo a respeito.
"Acho que há um sentido de urgência. Isso está sendo demonstrado em tempo real", disse Hillary aos jornalistas que a acompanham em sua viagem ao Cairo, segundo o Departamento de Estado.
A secretária de Estado disse ainda que o Conselho de Segurança, que se reuniu nesta quarta-feira em Nova York, está se movimentando "o mais rápido possível" para decidir quais medidas diplomáticas ou militares devem ser tomadas contra o regime de Gaddafi, que bombardeou hoje a cidade de Benghazi, principal reduto dos rebeldes.
"Não saberemos o que podemos fazer até que ocorra uma votação. Esperamos que isso não demore mais que amanhã, e então veremos o que isso significa para Kadafi e seu regime", indicou.
A possibilidade de impor uma zona de exclusão aérea sobre o país, que centra o debate no Conselho de Segurança, é "apenas uma" das opções que devem ser consideradas, e não a única, insistiu a secretária.
No entanto, também qualificou de "ponto de inflexão" a resolução atingida pela Liga Árabe, cujos ministros de Relações Exteriores expressaram no sábado no Cairo seu apoio à criação de uma zona de exclusão aérea.
"Foi uma resolução extraordinária, na qual a Liga Árabe pediu ao Conselho de Segurança que atuasse contra um de seus próprios membros", disse.
"Não quero prejulgar o resultado, mas acho que muitos países que mostravam reservas começaram a reconsiderar depois do comunicado da Liga Árabe. Existe uma atitude muito mais aberta que há uma semana", acrescentou.
Em uma entrevista à rede NBC, Hillary disse que a resolução alcançada pelo Conselho de Segurança deve nascer da "liderança de países árabes".
Quanto à possibilidade de que a ação chegue tarde demais, a secretária destacou que seu governo "conhece perfeitamente as ações" de Gaddafi, e lamenta "seu tremendo desprezo pela vida humana" e sua "determinação em assassinar seu próprio povo".
"Mas achamos que podemos fazer muitas coisas contra isso, se alcançarmos um acordo internacional", afirmou Hillary.
"Não há nenhuma maneira de os Estados Unidos tomarem ações unilaterais em nenhum destes assuntos. Não vamos atuar sozinhos. Se fizéssemos isso, haveria consequências imprevisíveis que acho que seriam prejudiciais", disse em outra entrevista à rede CBS.

Governo federal autoriza a permanência de mais 199 haitianos no Brasil

Governo federal autoriza a permanência de mais 199 haitianos no Brasil

KÁTIA BRASIL
DE MANAUS
FÁBIO FREITAS
DE SÃO PAULO

O Cnig (Conselho Nacional de Imigração), do Ministério do Trabalho, aprovou por unanimidade, nesta terça-feira, a autorização de permanência em território nacional para 199 haitianos que solicitaram refúgio no Brasil depois do terremoto que devastou o Haiti, em 2010.
A decisão de conceder a autorização a esses haitianos, segundo o Cnig, foi tomada por se tratar de uma questão humanitária e considerando que eles já estão em território nacional.
O Cnig é o órgão federal que formula a política de imigração e levanta as necessidades de mão de obra estrangeira qualificada para admissão em caráter permanente ou temporário no Brasil.
Por meio do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, a Polícia Federal havia emitido 1.024 protocolos de refúgios a haitianos que ingressaram pela fronteira do Peru e da Bolívia com as cidades de Tabatinga (AM) e Brasiléia (AC).
No dia 15 de fevereiro, o Ministério da Justiça suspendeu a emissão dos protocolos alegando que detectou uma rota de tráfico humano na fronteira do Brasil. Desde então, ao menos 300 haitianos estão barrados.
O Conare entendeu que o caso dos haitianos não se enquadrava no status de refúgio por se tratar de uma questão humanitária. E repassou a discussão ao Cnig.
Hoje, em nota, o conselho informou que a autorização de permanência será aplicada aos haitianos que encaminharam as solicitações de refúgio ao Conare. "Novos processos que forem encaminhados pelo Conare passarão por outra análise", disse o conselho.
Quanto à chegada de mais migrantes às fronteiras, o Cnig disse considerar "insustentável a migração desmedida de haitianos para o Brasil".
MAIS MEDIDAS
O Itamaraty entrou em contato com o Peru e o Equador para trocar informações sobre a passagem de imigrantes, segundo o embaixador Eduardo Gradilone Neto.
"É para evitar que a liberalidade de trânsito nesses países e a liberalidade do Brasil em conceder refúgio alimente uma rota criminosa, que pode ter vários ilícitos, como tráfico de pessoas e casos de trabalhadores escravos."
Gradilone disse que os haitianos não têm direito a refúgio. "Só poderiam em caso de perseguição política, discriminação, perseguição religiosa, situações definidas na legislação."
Segundo Gradilone, o Brasil é favorável a uma política de liberdade de locomoção --mesmo porque o próprio país tem muitos imigrantes sem documentação no exterior.
Mas o Itamaraty se preocupa com a possível "fuga de cérebros" do Haiti, de pessoas importantes para reconstruir o país, que ainda sofre consequências de um terremoto e de uma epidemia de cólera.

Cabral cobra Obama por vaga do Brasil no Conselho de Segurança

Cabral cobra Obama por vaga do Brasil no Conselho de Segurança

RODRIGO RÖTZSCH
DO RIO

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), disse hoje que, "se fosse presidente", esperaria que Barack Obama anunciasse, em sua viagem ao Brasil no próximo fim de semana, o apoio à pretensão brasileira de ocupar um assento permanente num Conselho de Segurança da ONU reformado.
"Eu cobraria o mesmo tratamento dado à Índia [em recente viagem a Nova Déli, Obama anunciou apoio a um assento permanente para a Índia no conselho]. Eu não sou presidente, mas tenho essa expectativa", afirmou.
Cabral disse também, que se fosse o goveno brasileiro, lembraria a ele que o etanol brasileiro não pode ser taxado como é taxado'. 'O governo americano nos deve a revogação desse absurdo. Se quer comprar petróleo brasileiro, que trate o etanol com dignidade', completou.
O governador confirmou que Obama e sua família dormirão dois dias no Rio, e que no domingo, o presidente, a mulher e as filhas irão conhecer o Cristo Redentor e a Cidade de Deus, onde funciona uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).
Cabral admitiu ter ficado contrariado com o fato de o governo americano ter escolhido essa favela, e não o Chapéu Mangueira, como ele havia sugerido. "Eu lamentei. Na autobiografia dele, ele dedica três páginas ao encontro da mãe dele com a cultura negra. Esse encontro aconteceu quando ela assistiu ao filme 'Orfeu Negro', que tem 80% de suas cenas no Chapéu Mangueira. Mas a Cidade de Deus está muito bem escolhida. Certamente para ele será uma grande emoção pisar numa comunidade pacificada, que ele pôde ver, em outro filme, como era violenta."
O governador negou que o governo vá promover estratégias para atrair público ao discurso que Obama fará na Cinelândia, no domingo, às 15h. "Obama é um astro, um ícone, vai atrair público espontâneo. Vão vir caravanas de outra cidade."
Questionado pela Folha se esperava um público na casa de 500 mil espectadores, no entanto, Cabral riu. "Rei aqui é o Roberto Carlos. Barack Obama é bem-vindo, vai ser um bom público, mas 500 mil só o Roberto Carlos."
Cabral confirmou ainda que Michelle Obama e suas filhas acompanharão Obama ao Cristo e à Cidade de Deus, mas que não irão ao discurso na Cinelândia e cumprirão uma agenda paralela, conhecendo o Jardim Botânico.
Para o governador, que falou sobre a visita de Obama numa entrevista coletiva após anunciar a instalação de uma nova fábrica da Nestlé no Rio de Janeiro, a visita de Obama se insere no grande momento vivido pelo Estado, que inclui a realização dos Jogos Olímpicos em 2016. "O Obama está vindo conhecer a cidade que ganhou da cidade dele [Chicago] o direito de sediar a Olimpíada."
"O fato de não só o presidente Obama, mas o que os americanos chamam a 'primeira família' [a mulher e as filhas do presidente] virem ao Rio é extraordinário. Eu acho que os democratas têm mais bom gosto que os republicanos. Porque o [ex-presidente George W.] Bush não veio ao Rio, mas o [ex-presidente Bill] Clinton e o Obama sim."

terça-feira, 15 de março de 2011

O Instituto Rio Branco e a diplomacia brasileira

Autor Cristina Patriota De Moura


Cristina Patriota de Moura revela-nos o que acontece com aqueles que ingressam na carreira diplomática, em seus primeiros momentos na instituição que detém o monopólio legítimo de definição da profissão no Brasil. Através das experiências desses atores, que se submetem ao processo de ressocialização proporcionado pelo Instituto, é possível compreender melhor o que significa se diplomata em nosso contexto nacional.
Política externa e poder militar no Brasil: universos paralelos
Autor: João Paulo Soares Alsina Júnior

Em livro publicado em 2006, a articulação entre as políticas externa e de defesa durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso foi abordada pelo autor com base no estudo do processo de formulação da I Política de Defesa Nacional (PDN) e de suas implicações para a constituição do Ministério da Defesa (MD). Naquela ocasião, optou-se por um título para o trabalho que refletisse a essência do que tinha sido apurado pela análise empreendida. Síntese imperfeita foi a expressão escolhida para esse fim. No presente livro, a temática da articulação entre as duas políticas mencionadas é abordada a partir de um foco inteiramente distinto.


O Brasil precisa de uma política de defesa? Para que fins? Qual deve ser a relação entre defesa e política externa e quais as dificuldades de articulação entre estas? Neste livro, o autor busca oferecer respostas para estas e outras perguntas, vistas como centrais ao debate político e acadêmico sobre um tema tão relevante, porém pouco explorado.
Brasil-Estados Unidos: desencontros e afinidades

Autora: Monica Hirst

Este livro apresenta os principais temas das relações entre o Brasil e os Estados Unidos do século XX aos dias de hoje. Oferece uma interpretação dos altos e baixos de uma relação tão delicada quanto fascinante. O leitor acompanhará as principais fases do vínculo entre as duas nações, numa trajetória que inclui momentos de aliança, alinhamento, autonomia, ajustamento e afirmação.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Hitchcock abre o ciclo “Inter Filmes”

No mês de março, o Lanterninha Aurélio exibe a mostra “Inter Filmes”, em parceira com o curso de Relações Internacionais da UFSM. O ciclo inicia na próxima segunda-feira, 14, já que não houve sessão dia 7 em função do feriado de carnaval.


Na mostra serão exibidas obras cinematográficas que tratam de relações entre diferentes nações. O primeiro filme, desta segunda-feira, será “Intriga Internacional” (1959) do Mestre do Suspense, Alfred Hitchcock.


Após a exibição do filme quem irá conduzir o debate será o professor Dr. José Renato Ferraz da Silveira, UFSM.



Intriga Internacional, 1959
Direção: Alfred Hitchcock
Suspense, 136 min


Sinopse
O executivo publicitário Roger O. Thornhill é confundido com um agente do governo por uma gangue de espiões. A partir daí, envolve-se em uma série de desventuras incríveis e passa a ser perseguido pelos Estados Unidos, tanto pelo governo quanto pelos espiões.



O ciclo Inter Filmes segue com a seguinte programação:
21/03 - “Gomorra” (2008)
28/03 - “Parcerias Entre Fronteras” (2010)


As sessões e os debates acontecem no Auditório da Cesma, todas as segundas-feiras, sempre às 19h. A entrada é franca!



Assessoria de Comunicação Cesma
CESMA / Cineclube Lanterninha Aurélio / Cesma Vídeo/ Cesma Café
http://www.cesma.com.br

domingo, 13 de março de 2011

Embraer já discute a produção de trem-bala no Brasil

DE SÃO PAULO
Terceira maior fabricante de aviões comerciais do mundo, a Embraer começou a discutir a produção de trens de alta velocidade no Brasil, informa reportagem de Dimmi Amora para a Folha.
No início de março, a empresa convidou Iñaki Barron, diretor de alta velocidade da UIC (Organização Mundial de Ferrovias), para falar sobre o tema em sua fábrica em São José dos Campos (SP).
Os temas discutidos no encontro ficaram em torno do avanço do mercado de trens-bala sobre a aviação regional, principal mercado da Embraer, e absorção da tecnologia de produção de trens de alta velocidade pelo país.
A Embraer informou por meio da assessoria de imprensa que não tem estudos sobre o tema e que é normal chamar especialistas para dar palestras a seus funcionários. Durante o encontro, não se falou em participação da empresa no leilão da primeira linha do país (Campinas-SP-RJ), previsto para abril deste ano.

UE e Mercosul começam a desenhar futuro acordo de associação

UE e Mercosul começam a desenhar futuro acordo de associação

DA EFE, EM BRUXELAS

A UE (União Europeia) e os países do Mercosul realizarão a partir deste domingo em Bruxelas uma nova rodada de negociações para conseguir um acordo de associação, apesar de ainda não estar em jogo ofertas comerciais de acesso dos produtos aos diferentes mercados.
A parte normativa do futuro tratado comercial incluído no amplo acordo de associação, ou seja, nas regras que se aplicarão a capítulos como as barreiras técnicas ao comércio, a concorrência e a origem dos produtos, centralizarão o debate, indicaram à Agência Efe fontes europeias.
Durante a sessão de trabalho que acontecerá de segunda a sexta-feira, "não se discutirá nenhuma oferta de acesso aos mercados por enquanto", precisaram as mesmas fontes.
Concretamente, afirmaram que não serão abordadas as concessões para produtos específicos, como a carne.
O Mercosul, reivindica concessões para aumentar o acesso ao mercado europeu dos envios de produtos agrícolas e de carne.
O comitê de organizações agrárias e cooperativas europeias publicou na semana passada um relatório, realizado em vários países da UE, que assegura que a liberação de importações sul-americanas provocaria um "colapso" no setor bovino europeu, a volatilidade dos preços e perdas de 25 bilhões de euros.
A Eurocâmara se uniu na semana passada em Estrasburgo às críticas ao aprovar um relatório no qual considera que as negociações podem implicar concessões agrícolas muito prejudiciais para os produtores europeus.
O Parlamento Europeu pediu, além disso, a elaboração de um estudo prévio sobre o impacto antes de concluir as negociações, e lamentou que a Comissão Europeia tenha decidido retomá-las em maio de 2010 após permanecerem estagnadas por vários anos.
Já os países do bloco sul-americano se preocupam, por sua parte, com os subsídios agrícolas na Europa, mas a Comissão Europeia já manifestou que se esforçou para limitá-los e que, os que estão em vigor, constituem uma pequena porção permitida pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
O comissário europeu de Comércio, Karel De Gucht, admitiu em uma recente visita ao Paraguai que as negociações poderiam se prolongar devido aos interesses opostos de ambas as partes, especialmente em setores como o agrícola.
Após a rodada desta semana, os chefes negociadores europeus e sul-americanos fixarão a próxima reunião para a semana de 2 a 6 de maio em Assunção, coincidindo com a Presidência do Paraguai do Mercosul (composto também por Brasil, Argentina e Uruguai).

Governo do Japão anuncia racionamento de energia até abril

Governo do Japão anuncia racionamento de energia até abril

DE SÃO PAULO
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo do Japão anunciou neste domingo que começará a racionar energia em partes de Tóquio e outros cidades japonesas. Os blecautes planejados de cerca de três horas cada começarão na segunda-feira.
O objetivo do racionamento é ajudar a compensar uma severa queda de energia depois que usinas nucleares foram deixadas inoperantes durante o terremoto e o tsunami no nordeste do país.
Os blecautes foram autorizados pelo primeiro-ministro Naoto Kan, que afirmou que eles devem prevenir interrupções maiores no fornecimento de energia e pediu o apoio da população.
As suspensões acontecerão na região coberta pela Tepco (Tokyo Electric Power): Tóquio, excluindo a área central da capital, e as cidades deChiba, Gunma, Ibaraki, Kanagawa, Tochigi, Saitama, Yamanashi e parte de Shizuoka.
A Tepco, operadora da usina nuclear em Fukushima prejudicada pelo terremoto, afirmou que os cortes programados de energia devem durar até o fim de abril, segundo a agência de notícias "Kyodo".
De acordo com a Agência de Recursos Naturais e Energia, a região coberta pela distribuidora será dividida em cinco blocos e cada área será submetida a blecautes de três horas um dia de casa vez.
Os cortes de energia devem continuar por semanas, disse Tetsuhiro Hosono, chefe da agência, acrescentando que a Tepco espera ter cerca de 25% a menos de poder de fornecimento para esta época do ano.
A indústria nuclear do Japão fornece cerca de um terço da energia de que o país precisa. Kan afirmou que a situação de fornecimento de energia é "extremamente séria" após os desastres de sexta-feira.
O ministro da Economia, Banri Kaieda, afirmou em uma coletiva de imprensa, que a Tepco terá 10 milhões de quilowatts a menos por dia.

Governo do Japão anuncia racionamento de energia até abril

Governo do Japão anuncia racionamento de energia até abril

DE SÃO PAULO
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo do Japão anunciou neste domingo que começará a racionar energia em partes de Tóquio e outros cidades japonesas. Os blecautes planejados de cerca de três horas cada começarão na segunda-feira.
O objetivo do racionamento é ajudar a compensar uma severa queda de energia depois que usinas nucleares foram deixadas inoperantes durante o terremoto e o tsunami no nordeste do país.
Os blecautes foram autorizados pelo primeiro-ministro Naoto Kan, que afirmou que eles devem prevenir interrupções maiores no fornecimento de energia e pediu o apoio da população.
As suspensões acontecerão na região coberta pela Tepco (Tokyo Electric Power): Tóquio, excluindo a área central da capital, e as cidades deChiba, Gunma, Ibaraki, Kanagawa, Tochigi, Saitama, Yamanashi e parte de Shizuoka.
A Tepco, operadora da usina nuclear em Fukushima prejudicada pelo terremoto, afirmou que os cortes programados de energia devem durar até o fim de abril, segundo a agência de notícias "Kyodo".
De acordo com a Agência de Recursos Naturais e Energia, a região coberta pela distribuidora será dividida em cinco blocos e cada área será submetida a blecautes de três horas um dia de casa vez.
Os cortes de energia devem continuar por semanas, disse Tetsuhiro Hosono, chefe da agência, acrescentando que a Tepco espera ter cerca de 25% a menos de poder de fornecimento para esta época do ano.
A indústria nuclear do Japão fornece cerca de um terço da energia de que o país precisa. Kan afirmou que a situação de fornecimento de energia é "extremamente séria" após os desastres de sexta-feira.
O ministro da Economia, Banri Kaieda, afirmou em uma coletiva de imprensa, que a Tepco terá 10 milhões de quilowatts a menos por dia.
ONU pede à Líbia que dê acesso às áreas tomadas por rebeldes

DA REUTERS, EM TRÍPOLI

As Nações Unidas pediram às autoridades líbias que dêem acesso às áreas dos dois lados do conflito para calcular o impacto da violência sob os civis, disse neste domingo um enviado da ONU.
Milhares de pessoas deixaram o país do norte da África desde o início das rebeliões contra o líder líbio Muammar Gaddafi, em fevereiro.
Civis em áreas afetadas relataram falta de comida, medicamentos e água limpa.
Rashid Khalikov, coordenador humanitário das Nações Unidas para a Líbia, disse à Reuters, após chegar à capital líbia Trípoli, que sua missão esperava ter acesso à todas as áreas do conflito.
Algumas cidades como Misrata, no oeste, foram cercadas por tropas do governo, interrompendo suprimento de alimentos e medicamentos, disseram moradores.
"A situação está mudando de um dia para o outro", acrescentou Khalikov. "Estamos esperando conseguir avançar em nossas tarefas. Onde isso vai nos levar, realmente não sabemos."

Japão e Líbia devem dominar reunião do G8

Japão e Líbia devem dominar reunião do G8

DA REUTERS, EM PARIS

O terremoto no Japão deve dominar o encontro dos ministros de Relações Exteriores do G8 (Grupo dos Oito) esta semana em Paris, com a discussão sobre meios de coordenar ajuda para o único país asiático do grupo.
A crise da Líbia também será um assunto chave, com a comunidade internacional buscando um consenso sobre como parar a violência no estado africano pelas forças governamentais do líder Muammar Gaddafi.
O Japão tentava evitar, neste domingo, o vazamento em reatores nucleares atingidos pelo terremoto de sexta-feira.
O Ministro das Relações Exteriores da França Alain Juppé prometeu ajuda aos japoneses, oferecendo especialistas em segurança de usinas nucleares, além de ajuda com a limpeza dos destroços e na busca de vítimas.
Há expectativa de que Juppé e outros ministros do G8 cuidem da coordenação dos resgates e dos esforços de ajuda.
"O Japão é um membro histórico do G8, então nós vamos definitivamente mostrar solidariedade", disse uma fonte diplomática da França.
O Ministro de Relações Exteriores do Japão ainda está confirmado para participar da reunião, disse no domingo um embaixador japonês.
Jeremy Browne, ministro britânico, disse esta semana que uma "grande e coordenada resposta internacional" era necessária e que a Inglaterra estava fazendo a sua parte.
A situação na Líbia também deve ser foco para os ministros do G8, disse a fonte diplomática.
As forças do líder líbio Gaddafi parecem ter reconquistado a força no conflito que já dura três semanas, inspirado pelas revoltas populares na Tunísia e no Egito.
O evento de dois dias começará de maneira informal com o encontro dos oito ministros com o presidente Nicolas Sarkozy, no Palácio do Eliseu, na segunda-feira, antes do início oficial às 16 horas (horário de Brasília) e término no dia seguinte por volta das 11 horas (horário de Brasília).
As conversações também tocarão no programa nuclear do Irã e em modos de reanimar o processo de paz no Oriente Médio, numa preparação para um encontro dos líderes do G8 no resort de Deauville, na costa norte, no fim de maio.

Coreia do Sul afirma que fornecerá gás para o Japão

Coreia do Sul afirma que fornecerá gás para o Japão

DA REUTERS, EM SEUL

A Coreia do Sul, segundo maior importador de gás (LNG), disse neste domingo que abastecerá fábricas do Japão com gás após o pedido feito no sábado pelo país atingido por forte terremoto e tsunami.
O Ministério da Economia da Coreia do Sul disse em comunicado que o Japão, o maior importador global de gás, deverá importar um volume adicional de 1,5 milhão de toneladas de LNG por mês depois de abril.
O terremoto de magnitude 8,9 graus que atingiu o Japão na sexta-feira provocou a perda estimada de 9.700 megawatts de energia nuclear e 10.831 megawatts nas termelétricas, obrigando as usinas a cobrir o déficit.
A entrega será feita com base em troca e a Coreia do Sul vai "priorizar a oferta", disse o ministro. Se o Japão continuar importando LNG, poderá impulsionar os preços globais do gás, informou o comunicado
Irã anuncia que pretende exportar tecnologia e material nuclear

DA EFE, EM TEERÃ

O novo diretor do organismo iraniano de Energia Atômica, Fereydoun Abbasi, assegurou neste domingo que um dos principais objetivos do polêmico programa nuclear de seu país é exportar tecnologia e material atômico ao mercado internacional.
Em declarações divulgadas pela agência de notícias "Irna", o responsável acrescentou que a República Islâmica também procura ampliar suas atividades neste terreno através da cooperação com outros países.
"Nossa intenção é entrar no mercado mundial de materiais e serviços nucleares. Queremos exportá-los a outros países para conseguir uma posição no mercado e rentabilizar nossos produtos", afirmou.
A este respeito, insistiu que o mais recomendável para seu país é "compartilhar o trabalho nuclear com outros estados no terreno nuclear".
O programa nuclear iraniano é objeto de uma grande polêmica internacional, já que as grandes potências suspeitam que sob seu projeto civil se esconde outro de natureza clandestina e ambição bélica, cujo objetivo seria adquirir armas atômicas, alegação que Teerã rejeita.
Por isso, o Conselho de Segurança da ONU impôs uma série de sanções econômicas e financeiras ao regime iraniano, acusado de não colaborar o suficiente com a Agência Internacional de Energia Atômica.
As Nações Unidas proibiram, além disso, todos os países do mundo de transferir ao Irã tecnologia e materiais que possam ser utilizados na indústria atômica.

Número de mortos por terremoto no Japão chega a 1.353

Número de mortos por terremoto no Japão chega a 1.353

DE SÃO PAULO
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As autoridades japonesas aumentaram neste domingo para 1.353 o número oficial de mortos por conta do forte terremoto e do subsequente tsunami que atingiram o país na sexta-feira. O número de desaparecidos chegou a 1.085. O governo, porém, teme que as vítimas superem amplamente as 10 mil.
A polícia de Miyagi, província mais afetada pelo terremoto, acredita que haverá pelo menos dez mil mortos, enquanto outras fontes não descartam que o número possa ser maior.
Só em Minamisanriku, localidade litorânea de Miyagi totalmente arrasada pelo tsunami que seguiu o terremoto de 9 graus na escala Richter, 9,5 mil pessoas ainda não foram localizadas.
Outras 1.167 pessoas estão desaparecidas na província de Fukushima, de acordo com as autoridades locais.
Na apuração oficial, segundo a agência local "Kyodo", também não estão incluídos outros 600 corpos que foram localizados nas províncias de Miyagi e Iwate, ambas no litoral do Pacífico.
Os números oficiais falam de mais de 20.800 edifícios destruídos e que 450 mil japoneses tiveram que ser evacuados de suas casas por vários motivos, entre eles 200 mil deslocados pelos riscos em uma usina nuclear em Fukushima.
Além disso, mais de 100 mil militares japoneses serão desdobrados para socorrer as vítimas, ajudados por resgatistas e pessoal especializado de quase 70 países, entre eles os Estados Unidos, que colocaram à disposição do Japão o porta-aviões Ronald Reagan.
Por outro lado, os especialistas alertaram que o nordeste do país sofrerá réplicas durante uma semana e que há 70% de possibilidades de que alguma delas supere, antes de quarta-feira, os 7 graus de magnitude na escala Richter.
O diretor da Agência Meteorológica do Japão, Takashi Yokota, indicou à TV "NHK" que, dentro de três dias, esse risco se reduzirá em 50% em uma área de 500 quilômetros de comprimento e 200 de largura no litoral das províncias de Ibaraki e Miyagi.
RETIRADA
O Escritório de Ajuda Humanitária das Nações Unidas (Ocha) divulgou hoje que cerca de 600 mil foram retiradas de suas casas nos últimos três dias no Japão.
Segundo os últimos dados, 380 mil pessoas das regiões afetadas deixaram suas casas pelas catástrofes naturais, enquanto 210 mil foram evacuadas de uma área de 20 quilômetros da usina nuclear de Fukushima, onde se registrou uma explosão após o terremoto.
O organismo da ONU assinalou também que várias áreas do litoral afetadas pelo tsunami "permanecem inacessíveis".
Por enquanto, 3 mil pessoas foram resgatadas, mas se teme particularmente pela metade dos 10 mil moradores do povoado de Minami-Sanriku-cho, na província de Miyagi (no norte do Japão), que foi arrasado pelo tsunami.
A Ocha ressaltou que os esforços das autoridades japonesas se intensificam com o apoio das equipes de especialistas que chegam de diferentes países, enquanto que seus cientistas trabalham intensamente para resolver os problemas dos reatores da usina nuclear de Fukushima.
Segundo o relatório da Ocha, o governo japonês confirmou que 2,6 milhões de casas estão sem eletricidade e 1,4 milhão não tem água.
AMEAÇA NUCLEAR
O Japão luta neste domingo para impedir o vazamento de reatores nucleares atingidos pelo terremoto, descrevendo o tremor e o tsunami, que pode ter provocado a morte de mais de 10 mil pessoas, como a pior crise que a nação já viveu desde a Segunda Guerra Mundial.
As autoridades japonesas decretaram estado de emergência em uma segunda usina nuclear, a de Onagawa (nordeste), anunciou a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).
"As autoridades japonesas informaram à AIEA que o primeiro estado de emergência (o nível mais baixo) na central de Onagawa foi registrado pela Tohoku Electric Power Company", explicou a agência da ONU, com sede em Viena.
Os três reatores da planta de Onagawa "estão sob controle", segundo as autoridades japonesas.
Além disso, o país se prepara para injetar água do mar no reator número 2 em sua usina de energia nuclear em Fukushima Daiichi, disse neste domingo a agência de notícias Jiji, citando a companhia de energia elétrica. A meta é esfriar os equipamentos na unidade, que fica no norte do Japão, afetada após o terremoto.
A Tepco, maior companhia de energia elétrica do Japão já está injetando água do mar nos reatores número 1 e 3 na planta para resfriar e reduzir a pressão dentro dos contêineres onde estão os reatores.

WikiLeaks revela críticas de Cristina e Néstor Kirchner a Chávez

WikiLeaks revela críticas de Cristina e Néstor Kirchner a Chávez

DA EFE, EM BUENOS AIRES

A presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, e seu antecessor, Néstor Kichner, chegaram a criticar seu firme aliado na região, o venezuelano Hugo Chávez, para se aproximar dos Estados Unidos, segundo documentos vazados pelo WikiLeaks publicados neste domingo pelo jornal "La Nación".
Em um encontro em maio de 2009 com o então embaixador dos Estados Unidos em Buenos Aires, Earl Anthony Wayne, Cristina "disse que pensava que Chávez estava errado e que frequentemente fala sem pensar", segundo relatou o funcionário em um escritório diplomático dois dias depois.
"Todos devemos ser mais cuidadosos com o que dizemos em público", disse a governante sobre Chávez.
Seu marido e antecessor, Néstor Kirchner, também disse em um encontro com legisladores americanos em 2005 que o presidente venezuelano "fala demais", e que se a potência americana atuasse com inteligência, Chávez seria "neutralizado".
"Como disse ao (então) presidente (George W.) Bush, vamos colaborar com os EUA para melhorar a situação na Venezuela", disse nesse encontro na Casa Rosada (sede do Governo) o ex-presidente, segundo outro documento vazado.
O jornal "La Nación", crítico ao Governo de Cristina, começou a divulgar neste domingo trechos de um total de 2,5 mil documentos vazados pelo WikiLeaks.
Segundo estes documentos, em sua maioria enviados da embaixada americana na capital argentina entre 2003 e meados de 2010, membros do Governo de Cristina, entre eles o ex-chanceler Jorge Taiana e o atual ministro da Economia, Amado Boudou, expressaram em várias ocasiões o desejo de concretizar um encontro entre a governante e o presidente americano.
"Taiana enfatizou que tinha chegado o momento em que os presidentes (Cristina) Fernández e (Barack) Obama deviam se reunir. Disse ao embaixador que se os EUA não cultivassem (a relação com a Argentina), outros o fariam", afirma um documento da embaixada de setembro de 2009.

Japão luta para evitar explosão nuclear; 3º reator é resfriado

Japão luta para evitar explosão nuclear; 3º reator é resfriado

DE SÃO PAULO
A ameaça nuclear que assusta o Japão após o forte terremoto de sexta-feira cresce neste domingo. As autoridades japonesas decretaram estado de emergência em uma segunda usina nuclear, a de Onagawa (nordeste), anunciou a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).
"As autoridades japonesas informaram à AIEA que o primeiro estado de emergência (o nível mais baixo) na central de Onagawa foi registrado pela Tohoku Electric Power Company", explicou a agência da ONU, com sede em Viena.
Os três reatores da planta de Onagawa "estão sob controle", segundo as autoridades japonesas.
Além disso, o país se prepara para injetar água do mar no reator número 2 em sua usina de energia nuclear em Fukushima Daiichi, disse neste domingo a agência de notícias Jiji, citando a companhia de energia elétrica. A meta é esfriar os equipamentos na unidade, que fica no norte do Japão, afetada após o terremoto.
A Tepco, maior companhia de energia elétrica do Japão já está injetando água do mar nos reatores número 1 e 3 na planta para resfriar e reduzir a pressão dentro dos contêineres onde estão os reatores.
"O terremoto, o tsunami e o incidente nuclear têm sido a maior crise que o Japão enfrentou nos 65 anos desde o fim da Segunda Guerra Mundial", disse o primeiro-ministro Naoto Kan em conferência de imprensa.
Ontem, a instalação que abrigava um dos reatores da usina explodiu após uma falha no sistema de resfriamento. Agora, pelo menos outros dois reatores correm o mesmo risco.
O derretimento parcial de um dos reatores da usina de Fukushima já estava, inclusive, em provável andamento, segundo uma das autoridades, e os operadores da instalação trabalham freneticamente para tentar manter a temperatura de outros reatores sob controle e prevenir um desastre maior.
O chefe do Gabinete de Segurança do país, Yukio Edano, afirmou neste domingo que uma explosão de hidrogênio poderia ocorrer no reator 3 de Fukushima.
"Sob o risco de aumentar a preocupação pública, nós não podemos descartar o risco de uma explosão", disse Edano. "Se houver uma, contanto, não haverá impacto significativo para a saúde da população."
Mais de 170 mil pessoas foram retiradas da área como precaução, embora Edano afirme que a radiação liberada no ambiente até agora foi tão pequena que não colocou a saúde delas em risco.
O derretimento completo --o colapso dos sistemas de uma usina e sua habilidade de conter as temperaturas dos reatores sob controle-- poderia liberar urânio na atmosfera, contaminando de forma perigosa o ambiente e gerando sérios riscos para a saúde da população.
Cerca de 160 pessoas podem ter sido expostas à radiação até agora, afirmou Ryo Miyake, porta-voz da agência nuclear japonesa. A gravidade dessas exposições ainda não foi determinada. Elas foram levadas a hospitais.
RISCO
Especialistas americanos afirmaram neste domingo que utilizar água do mar para esfriar um reator nuclear é um "ato de desespero" que evoca a catástrofe de Tchernobil, na Ucrânia, em 1986.
Vários técnicos, falando à imprensa em audioconferência, preveem, também, que o acidente nuclear possa afetar a reativação deste setor energético em vários países.
"A situação tornou-se tão crítica que não têm mais, ao que parece, a capacidade de fazer ingressar água doce para resfriar o reator e estabilizá-lo, e agora, como recurso último e extremo, recorrem à agua do mar", disse Robert Alvarez, especialista em desarmamento nuclear do Instituto de Estudos Políticos de Washington.
O que acontece atualmente na central é uma perda total de alimentação dos sistemas de resfriamento, exterior e interior (assegurada neste caso por geradores a diesel).
Esta falha total "é considerada extremamente improvável, mas é um tema de grande preocupação há décadas", explicou Ken Bergeron, físico que trabalha com simulações de acidentes em reatores. "Estamos num terreno desconhecido."
"A estrutura de confinamento nesta central é certamente mais sólida que a de Tchernobil, mas muito menos que a de Three Mile Island, e só o futuro dirá" o que pode acontecer, disse Bergeron.
"No momento, estamos diante de situação semelhante à de Tchernobil, onde tentaram derramar areia e cimento" para cobrir o reator em fusão, explicou Peter Bradford, ex-diretor da Comissão de Vigilância Nuclear americana.
"Se isto continuar, se não for controlado, vamos passar de uma fusão parcial do centro (do reator) a uma fusão completa. Será um desastre total", disse por sua vez Joseph Cirincione, chefe da Ploughshares Fund, em entrevista ao canal CNN.
Cirincione reprovou as autoridades japonesas por oferecerem informações parciais e contraditórias sobre a situação na central de Fukushima.
A presença de césio na atmosfera depois de a central ter lançado o vapor excedente indica que uma fusão parcial está em curso, segundo o especialista.
ESCALA
O acidente em uma central nuclear na cidade de Fukushima, no Japão, após o forte terremoto que atingiu o país na sexta-feira, foi classificado como de nível 4 na Escala Internacional de Eventos Nucleares, que vai de 0 a 7. A classificação é a terceira mais alta já concedida, ficando atrás apenas do acidente em Three Mile Island, nos Estados Unidos, em 1979 (nível 5) e de Tchernobil, em 1986 (grau 7).
A classificação 4 qualifica acidentes 'com consequências de alcance local', segundo documentos da AIEA (Agência internacional de Energia Atômica). Em 1999, o Japão havia registrado um acidente com a mesma classificação.
O termo anomalia é utilizado para o nível 1 e, incidente, para os níveis 2 e 3. O nível 4 é o pior até o momento no Japão, de acordo com a Agência japonesa de Segurança Nuclear e Industrial.
O reator Daiichi 1, ao norte da capital Tóquio, começou a vazar radiação depois que o terremoto de magnitude 8,9 causou um tsunami, prontamente levantando temores de um derretimento nuclear. O sistema de resfriamento do reator nuclear falhou após os tremores, causando uma explosão que rompeu o telhado da usina.
As autoridades afirmam que os níveis de radiação em Fukushima estavam elevados antes da explosão. Em determinado momento, a usina estava liberando a cada hora a quantidade de radiação uma pessoa normalmente absorve do ambiente em um ano.

MORTOS
De acordo com dados oficiais, o número de mortos chega a 1.217, enquanto os desaparecidos chegam a 1.086. Espera-se que o número de vítimas continue aumentando, pois só na província de Miyagi a Polícia acredita que haverá, pelo menos, 10 mil mortes, a maioria em Minamisanriku, uma localidade litorânea totalmente arrasada pelo tsunami que seguiu o terremoto.
Também há outras 1.167 pessoas desaparecidas na província de Fukushima, segundo a apuração das autoridades locais.
Por outro lado, os especialistas alertaram que o nordeste do país sofrerá réplicas durante uma semana e que há 70% de possibilidades de que alguma delas supere, antes de quarta-feira, os 7 graus de magnitude na escala Richter.
O diretor da Agência Meteorológica do Japão, Takashi Yokota, indicou à TV "NHK" que, dentro de três dias, esse risco se reduzirá em 50% em uma área de 500 quilômetros de comprimento e 200 de largura no litoral das províncias de Ibaraki e Miyagi.
Mais de 100 mil militares foram convocados para socorrer as vítimas, ajudados por resgatistas e pessoal especializado de quase 70 países, além do porta-aviões americano Ronald Reagan.

sábado, 12 de março de 2011

Reunião da Unasul debate democracia no Equador
DA EFE

A reunião de chanceleres e delegados das 12 nações da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) começou nesta sexta-feira no norte de Quito com um enfoque na vigência da democracia na região.

"Todos nossos países vivem em democracia", assinalou o chanceler do Equador, Ricardo Patiño, ao iniciar a reunião que é realizada na cidade de Mitad del Mundo, com a presença do presidente desta nação andina, Rafael Correa, que, da mesma forma que os outros representantes das nações, vestia um poncho fabricado no Equador.

Tsunami já causou danos no Equador; 240 mil foram retirados

Tsunami já causou danos no Equador; 240 mil foram retirados

DA EFE, EM QUITO
O tsunami provocado pelo terremoto do Japão chegou às Ilhas Galápagos, onde o mar recuou 30 metros e, posteriormente, inundou zonas urbanas na cidade de San Cristóbal, afirmou o presidente do Equador, Rafael Correa.
"A água recuou, inundou a cidade e continua entrando", disse o líder, em entrevista coletiva na qual informou em tempo real sobre o maremoto no arquipélago, situado a cerca de 1.000 quilômetros do litoral equatoriano.
"Está tudo preparado em Galápagos. Não há risco às vidas humanas", declarou Correa.
A onda atingiu as ilhas por volta das 18h locais (21h de Brasília).
Correa informou que foram retiradas mais de 240 mil pessoas que residiam nas zonas litorâneas do país e de Galápagos.
Ao contrário de San Cristóbal, o impacto foi "bastante benigno" na cidade de Santa Cruz, também no arquipélago, indicaram as autoridades.
O líder disse que o efeito em Galápagos é um "termômetro" para o que pode ocorrer no continente, onde, segundo ele, algumas localidades em regiões de baixa altitude devem ser afetadas e podem sofrer prejuízos econômicos, mas não humanos.
No Equador, está vigente o estado de exceção, decretado por Correa nesta sexta-feira. Milhares de policiais e membros das Forças Armadas foram desdobrados na área de perigo para realizar as evacuações.
Correa tinha dito que o mais provável era que o Equador só recebesse uma "forte ressaca", em vez do tsunami temido inicialmente.
O líder explicou que será necessário esperar cerca de duas horas para constatar o efeito total do maremoto em Galápagos.
PREVENÇÃO
Nas zonas litorâneas, as escolas suspenderam as aulas, os hospitais localizados até cinco quilômetros da linha da praia enviam os pacientes para o interior e as autoridades recomendam aos moradores que abandonem suas casas para regiões altas e deixem para trás seus bens, que serão custodiados pelo Estado.
As autoridades fecharam os aeroportos de Galápagos e de algumas províncias litorâneas e pediram a retirada das embarcações dos portos a uma distância de 5 milhas náuticas, onde o tsunami não será sentido.
Em seu discurso, Correa criticou a falta de postos de controle entre Havaí e Galápagos, e propôs que Colômbia, Equador, Peru e Chile estabeleçam um programa conjunto de medição marítima no marco da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) para se prepararem melhor contra futuros maremotos.

Radiação vaza de usina nuclear; premiê do Japão manda retirar moradores

Radiação vaza de usina nuclear; premiê do Japão manda retirar moradores

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O governo japonês confirmou o vazamento na usina nuclear Fukushima Daiichi Nº 1, e indicou que a concentração de material radioativo escapando das instalações já está oito vezes maior do que o normal. Em seguida, o primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, ordenou a retirada emergencial de moradores num raio de 10 km em torno das instalações.
A usina, localizada na região de Fukushima, no leste do Japão, teve seu sistema de resfriamento danificado pelo terremoto de magnitude 8,9 e subsequente tsunami que atingiram o país. Registrado às 14h46 no horário local (2h46 em Brasília), o abalo foi o maior da história no Japão e já deixou ao menos 378 mortos, mais de 800 feridos e 547 desaparecidos.
A medição do nível de radiação que escapa da usina --feita pela Agência de Segurança Industrial e Nuclear do governo japonês, subordinada ao Ministério da Indústria-- sugere que o vazamento tenha proporções maiores do que as previstas anteriormente pelo ministro da Indústria Banri Kaieda.
Horas atrás, Kaieda admitiu a possibilidade de um pequeno vazamento de material radioativo na usina nuclear de Fukushima Daiichi após o governo decidir liberar vapor com teor radioativo como medida emergencial para reduzir a pressão sobre os reatores.
A agência de segurança nuclear diz que o elemento radioativo no vapor a ser liberado não vai afetar o ambiente e nem oferece risco à saúde --45 mil pessoas vivem no local a serão deslocadas.
Mais cedo um porta-voz da Tokyo Electric Power Co (TEPCO) disse que a pressão dentro da usina estava aumentando e já ultrapassava 1,5 vez a capacidade prevista, com o risco de um vazamento de radiação, segundo agências de notícias japonesas.

CONTENÇÃO
Mais cedo, especialistas já haviam alertado para um risco de vazamento caso o nível de água no reator de Fukushima caísse, aumentando a temperatura do combustível nuclear.
Ressaltando as graves preocupações sobre um vazamento nuclear, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que a Força Aérea dos EUA entregou um resfriador ao Japão para reverter o aumento da temperatura do combustível.
Os reatores fechados devido ao terremoto são responsáveis por 18% da capacidade de geração de energia nuclear do Japão. A energia nuclear produz cerca de 30% da eletricidade consumida no país.
A TEPCO disse que três dos seis reatores da central nuclear de Fukushima Daiichi estavam ativas no momento do terremoto. As outras três, fechadas para manutenção, não correm risco de vazamento.
Um novo balanço das autoridades japonesas eleva para ao menos 378 o número de mortos no tremor de magnitude 8,9 que atingiu nesta sexta-feira o Japão. O terremoto originou um tsunami com ondas de sete metros que devastou a parte leste do país e deixou ainda mais de 800 feridos e 547 desaparecidos.
BRASILEIROS
O embaixador brasileiro no Japão, Marcos Galvão, afirmou nesta sexta-feira à Folha.com que ainda não há notícias de vítimas brasileiras. Segundo ele, as províncias mais atingidas foram Miyagi, Iwate e Fukushima, onde o número de brasileiros é cerca de 800. Ouça a entrevista com o embaixador
Os japoneses continuam vivendo cenas de pânico com dezenas de réplicas, tremores secundários, normalmente de menor magnitude. às 4h30 deste sábado (16h30 em Brasília), um tremor de magnitude 6,6 atingiu uma ilha ao noroeste de Tóquio. Outro de magnitude similar afetou as cidades de Nagano e Niigata às 3h59 (15h49 de Brasília).
Mesmo para uma nação acostumada com tremores, as cenas de devastação são chocantes. "Uma grande área de Sendai está alagada. Nós estamos ouvindo que as pessoas que foram retiradas estão isoladas", disse Rie Sugimoto, repórter do canal NHK em Sendai.
"Eu fiquei apavorado e ainda estou com medo", disse Hidekatsu Hata, 36, gerente de um restaurante no bairro de Akasaka, em Tóquio. "Eu nunca vivi um terremoto dessa magnitude antes."
O primeiro-ministro Naoto Kan disse a políticos que eles precisam "salvar o país" após o desastre, que segundo ele causou danos profundos em toda a faixa norte.
CAOS
O tremor dividiu uma rodovia perto de Tóquio e derrubou vários prédios no nordeste japonês. Um trem estava desaparecido na região litorânea atingida pelo tsunami.
Um navio que levava cem pessoas foi levado pelo tsunami, de acordo com a agência Kyodo, e imagens de TV mostraram a força da água, escurecida pelos destroços, carregando casas e carros e levando embarcações do mar para a terra.
Algumas usinas nucleares e refinarias de petróleo foram paralisadas, e havia fogo em uma refinaria e numa grande siderúrgica.
Cerca de 4,4 milhões de imóveis ficaram sem energia no norte do Japão, segundo a imprensa.
Impressionantes imagens de TV mostraram o tsunami carregando destroços e incêndios em uma grande faixa litorânea perto de Sendai, que tem cerca de 1 milhão de habitantes. Um hotel desabou na cidade e há temores de que haja soterrados. Sendai fica a 300 quilômetros de Tóquio, e o epicentro do tremor, no mar, não fica muito distante dessa região.
Navios foram erguidos do mar e jogados no cais, onde ficaram caídos de lado.
A gigante eletrônica Sony, um dos maiores exportadores do país, fechou seis fábricas, informou a Kyodo. O Banco do Japão (Banco Central) prometeu medidas para assegurar a estabilidade do mercado financeiro, mas o iene e as ações de empresas japonesas registraram queda.
Horas depois, um tsunami atingiu o Havaí (EUA), sem causar maiores danos. Alertas foram enviados por todo o oceano Pacífico, desde a América do Sul, Canadá, Alasca (EUA) e toda a costa oeste dos EUA.
A Indonésia, o Havaí e as Filipinas, entre outros, determinaram a desocupação de áreas costeiras. Países da região como Taiwan, Austrália e Nova Zelândia, no entanto, já suspenderam o alerta.
SACUDINDO
Houve vários tremores secundários após o terremoto principal. Em Tóquio, os edifícios sacudiram violentamente. Uma refinaria de petróleo perto da cidade estava em chamas, com dezenas de tanques de armazenamento sob ameaça.
A emissora NHK mostrou chamas e colunas de fumaça negra saindo de um prédio em Odaiba, um subúrbio de Tóquio, e trens-balas que seguiam para o norte do país parados.
Fumaça escura também encobria uma região industrial em Yokohama. A TV mostrou moradores da cidade correndo para deixar prédios atingidos pelo tremor, protegendo as cabeças com as mãos enquanto destroços caiam sobre elas.
"O prédio sacudiu por bastante tempo e muitas pessoas na redação pegaram seus capacetes e se esconderam debaixo da mesa", disse a correspondente da agência de notícias Reuters em Tóquio Linda Sieg.
"Isso foi provavelmente o pior que eu já vivi desde que vim morar no Japão há mais de 20 anos".
O tremor aconteceu pouco antes do fechamento do mercado em Tóquio, derrubando o índice Nikkei para a cotação mais baixa em cinco semanas. O desastre também prejudicou mercados em outras partes do mundo.