domingo, 27 de fevereiro de 2011

IMPLANTAÇÃO DE ESTÁGIO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS NA SECRETARIA DE MUNICÍPIO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, INOVAÇÃO E PROJETOS ESTRATÉGICOS (S

IMPLANTAÇÃO DE ESTÁGIO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS NA SECRETARIA DE MUNICÍPIO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, INOVAÇÃO E PROJETOS ESTRATÉGICOS (SMD)


PAPEL ESTRATÉGICO


A aceleração da urbanização e dos processos de internacionalização e globalização, ao mesmo tempo em que reduz o poder do Estado Nacional e gera grandes concentrações urbanas, amplia a necessidade de cooperação descentralizada em nível local, abrindo novos horizontes para a articulação entre cidades de diferentes partes do mundo e privilegiando relações diretas entre cidades e organismos internacionais.
Em países como Brasil, onde a inserção internacional nos anos 90 foi realizada de maneira subordinada e sem um projeto nacional, o Estado teve seu papel ainda mais diminuído e as grandes cidades transformaram-se em lócus das extraordinárias desigualdades estruturais nacionais. Este processo evidenciou a importância e a necessidade de políticas de inserção social em prol da cidadania nas cidades, e do estabelecimento de relações diretas entre estas e organismos internacionais.
Santa Maria, geopoliticamente localizado no Cone Sul, centro do Rio Grande do sul, a proximidade com o Uruguai e Argentina, pólo educacional, distritos industriais em expansão, energia, características reais capazes da participação nas redes de cidades e Mercocidades.


OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Com o advento da globalização e a aceleração dos fluxos internacionais de comércio, o município de Santa Maria-RS passa a ter um papel estratégico na articulação da cooperação descentralizada em nível local.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
As principais atribuições do estagiário são:

I) assessorar o Prefeito em contatos internacionais com Governos e entidades públicas ou privadas;
II) estabelecer e manter relações e parcerias com organismos multilaterais, organizações não governamentais internacionais, fundações, representantes diplomáticos, empresas internacionais, cidades-irmãs do Município de Santa Maria, e outras entidades afins;
III) fornecer suporte técnico aos órgãos da Administração Direta e Indireta do Município de Santa Maria em contatos internacionais, bem como no desenvolvimento e elaboração de convênios e projetos de cooperação internacional.

ESTRUTURA GERAL

Secretário Municipal, Secretário Adjunto, Coordenadores Gerais, para gerenciar os projetos e os convênios internacionais, Assessores técnicos e Assistência Administrativa.

CARTILHA RESUMIDA

RELAÇÕES INTERNACIONAIS UFSM

1) O QUE SÃO AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS?
As Relações Internacionais são o campo dedicado à análise da multiplicidade e variedade de questões globais no mundo contemporâneo.

2) OBJETO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
A guerra e a paz; o conflito e a cooperação; as freqüentes crises do capitalismo; o “choque das civilizações”; a expansão das mídias; as questões ambientais; os direitos humanos e etc.

3) OBJETIVOS DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Originariamente como uma ciência da paz, as RI representam um instrumento na promoção de políticas e estratégias cujos objetivos são o entendimento da dimensão internacional e a promoção do bem-estar de todos os indivíduos, cada vez mais interdependentes na Aldeia global.

4) VANTAGENS DOS PROFISSIONAIS DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
- habilidade em negociações
- espírito empreendedor
- comunicação efetiva
- capacidade de persuasão
- capacidade organizacional
- habilidade em tomar decisões
- habilidade em mediar situações de conflito
- busca constante por aperfeiçoamento e atualização
- conhecimento de idiomas
- cultura enciclopédica


5) MERCADO DE TRABALHO NA ÁREA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
- governo, ou setor público de modo geral, no qual se destaca em primeiro lugar a Diplomacia, mas também todos os demais ministérios e agências públicas, bem como os governos estaduais e municipais através de “assessorias internacionais”;
- academia, através da docência e/ou atividades de pesquisa na área de relações internacionais;
- setor privado, como profissionais de carreira ou consultores tratando de questões que envolvem o cenário internacional;
- setores da sociedade civil, com destaque para as ONGs voltadas para os chamados novos temas em relações internacionais, tais como meio ambiente e direitos humanos.

Organização: PRISMA – PESQUISAS DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS DE SANTA MARIA-RS WWW.NUCLEOPRISMA.COM.BR

COORDENADORA DO CURSO: PROF. DRA. RITA INÊS PAETZHOLD PAULI

EDITOR GERAL: PROF. DR. JOSÉ RENATO FERRAZ DA SILVEIRA

REDATORA-CHEFE: CRISTINA FARIAS

REDATORES: AMANDA MARTINAZZO BIER, ARTUR MARION CEOLIN, BRUNO ABADE MÖLLER, DANIELLE CARNEIRO VARGAS, EDUARDO ARENHARDT WONTROBA, EMILY AMARANTE PORTELLA, FERNANDA MASCHIO, GUILHERME DA CRUZ BACKES, JOSÉ LUIZ DELLINGHAUSEN NETO, JULIA PATRÍCIA GRAVE, JULIANA GRAFFUNDER BARBOSA, JUNIOR IVAN BOURSCHEID, LÉTICIA ROSSI ORTIZ, LUIZE SCHRAGE WACHTER, MARCELLA TEIXEIRA DA SILVA ELESBÃO, MATEUS CUNHA LARA, MATHEUS DALBOSCO PEREIRA, NATHIELLI IGNACIO GONÇALVES ZART, NERISSA KREBS FARRET, REMMO FRANKE MARTINI, ROMÁRIO DE AVILLA RODRIGUES, TAÍS REGINA RÖPKE, TIAGO ELSO SATUR DROPPA, VINICIUS BEAL BOUFLEUER.
Tunísia aponta ex-ministro como novo premier

DA REUTERS, EM TÚNIS

Beji Caid Sebsi foi apontado como premiê da Tunísia em substituição a Mohamed Ghannouchi, que renunciou do cargo neste domingo, anunciou o presidente interino tunísio Fouad Mebazza.
Mais cedo, Ghannouchi anunciou sua renúncia após uma onda de protestos nas ruas do país.
Críticos acusavam Ghannouchi de ser próximo a governos do Norte da África que foram derrubados por manifestações no mês passado e por falhar em aprovar reformas na Tunísia.
Três pessoas foram mortas e muitas ficaram feridas em conflitos entre as forças de segurança e manifestantes desde sexta-feira por causa do papel de Ghannouchi no governo interino.
Sudão reprime protestos contra eleições

DA REUTERS
Tropas de choque da polícia sudanesa cercaram organizadores de um protesto contra supostas fraudes eleitorais no domingo, disseram testemunhas, no mais recente incidente de repressão de manifestações populares no mundo árabe.
O Sudão regularmente reprimiu manifestações no passado, mas a reação das forças de segurança assumem uma importância maior neste momento, dados os protestos em massa nos países vizinhos Líbia e Egito.
A polícia, armada com cacetetes e bombas de gás lacrimogêneo, acabou com vários pequenos protestos antigoverno no norte do Sudão este ano, muitos deles contra a alta dos preços e alguns exigindo mudanças no governo.
Mais de 100 policiais uniformizados e à paisana invadiram a sede do MLPS (Movimento de Liberação do Povo do Sudão), que organizou o protesto, disseram testemunhas da Reuters.
Agentes de seguranças também impediram pessoas de se aproximarem da sede da Comissão Eleitoral Nacional para entregar um abaixo-assinado contra irregularidades no registro de eleitores do Estado de Cordofan, produtor de petróleo, segundo os organizadores.
"Eles transformaram a comissão em uma guarnição de segurança", disse à Reuters um alto membro do MLPS, Yasir Arman.
Arman disse ainda que os policiais detiveram seus colegas de partido nas ruas ao redor da área. Ele finalmente entrou na comissão pelos fundos acompanhado de representantes de nove partidos de oposição.
"É uma violação da Constituição e é uma violação dos direitos humanos. É o que está acontecendo no Egito, Tunísia e Líbia", acrescentou ele, referindo-se à presença de forças de segurança.

MANIPULAÇÃO DE ELEIÇÕES
O MLPS acusou o PCN (Partido do Congresso Nacional) do Sudão, da situação, de manipulação do registro dos eleitores, ao acrescentar mais de 38 mil nomes em áreas de Cordofan que são controlados pelos serviços de segurança, disse ele.
O alto membro do PCN Rabie Abdelati chamou a acusação de "rumores políticos" e disse que manifestações pacíficas são permitidas, desde que os manifestantes peçam uma autorização.
O presidente do Sudão e líder do PCN, Omar Hassan al-Bashir, manteve-se no poder com as eleições de abril de 2010. As eleições para governador e para a assembléia estadual em Cordofan do Sul foram adiadas até maio deste ano, após divergências sobre o recenseamento.
O MLPS assinou um acordo de paz com o norte em 2005 e entrou para o governo de coalizão com o PCN. O MLPS disse que vai formar um grupo de oposição separado no norte do país após a secessão do sul, que está prevista para julho.
Renúncia de primeiro-ministro devolve instabilidade à Tunísia

DA EFE, EM TÚNIS

A renúncia anunciada neste domingo pelo primeiro-ministro da Tunísia, Mohamed Ghannouchi, e sua substituição pelo recém nomeado Beji Caid Essebsi, leva de novo o país à instabilidade quando começava a encarar uma difícil transição após a revolução que derrubou o presidente Zine El Abidine Ben Ali.
Após a renúncia de Ghannouchi, o presidente interino da Tunísia, Fouad Mebazaa, designou como chefe do Executivo Essebsi, antigo decano da Escola de Advogados de Túnis e que já tinha ocupado cargos em Governos anteriores, informou a televisão nacional tunisiana.
No entanto, o porta-voz do principal sindicato tunisiano, a União Geral de Trabalhadores da Tunísia, manifestou em uma emissora privada de televisão que esta força sindical não reconhecia Essebsi como primeiro-ministro, dado que o presidente interino do país tinha decidido sua nomeação de maneira unilateral e sem contar com o resto das Forças políticas e sociais do país.
Ghannouchi anunciou sua demissão em entrevista coletiva no Palácio de Cartago, sede da Presidência da República, ao mesmo tempo que na capital tunisiana a Polícia e a Guarda Nacional enfrentaram por segundo dia consecutivo os grupos de manifestantes que exigiam sua saída como chefe do Executivo.
De acordo com o balanço oficial divulgado neste domingo pelo Ministério do Interior tunisiano, cinco pessoas morreram nos enfrentamentos do sábado, embora fontes da oposição disseram à Agência Efe que outro manifestante tinha falecido nos choques registrados neste domingo.
PARA O BEM DA TUNÍSIA
"Decidi renunciar do meu cargo de primeiro-ministro, uma decisão adotada com a consciência tranqüila e necessária para o bem da Tunísia", afirmou Ghannouchi, cuja permanência à frente do Executivo foi fortemente contestada no país nas últimas semanas.
Ghannouchi assegurou que "não se trata de uma fuga" de sua responsabilidade, já que esta reside em "abrir o caminho a outro primeiro-ministro para o bem da Tunísia, de seu futuro e sua revolução".
Além disso, explicou que tinha refletido sua decisão durante uma semana e disse não estar disposto a adotar atitudes que "possam originar perdas de vidas", no que pareceu uma referência implícita às mortes registradas nos enfrentamentos das últimas 48 horas.
Ghannouchi acusou "grupos na sombra" de tratar de "debilitar o Governo e fazer fracassar a revolução".
Esses grupos, disse, são "uma minoria, já que a maioria permanece silenciosa ou só se expressa através do Facebook", em referência à rede social.
Também se perguntou pelas razões que levam esses grupos para atuar como se "a queda do Governo fosse o principal objetivo da revolução".
EVITAR UM BANHO DE SANGUE
Ghannouchi, que ocupava a chefia do Governo há dez anos, afirmou que, após a queda de Ben Ali, aceitou continuar no cargo "para preservar a vida dos tunisianos e evitar um banho de sangue" e considerou que a Tunísia ainda precisa de mais tempo para concretizar o objetivo da democracia.
Além disso, assinalou que o presidente interino da Tunísia, Fouad Mebazaa, deverá anunciar na próxima semana a agenda e o calendário das eleições, previstas para início de julho.
Por sua parte, fontes dos grupos de oposição que permanecem acampados há uma semana na Praça do Governo da capital tunisiana, onde se encontra o gabinete do primeiro-ministro, disseram à Agência Efe que as mudanças políticas produzidos neste domingo não vão fazê-los desistir de sua atitude, já que as consideram "insuficientes."
As fontes ressaltaram que "o camping continua" porque ainda não se cumpriram todas suas reivindicações, que, além da saída de Ghannouchi do Executivo, pedem também pela formação de uma Assembleia Constituinte que elabore uma nova carta magna para a Tunísia e a convocação de eleições.
Oposição líbia diz que prepara marcha até capital

Várias cidades do oeste da Líbia estão "nas mãos do povo e preparam a marcha para libertar Trípoli", informou neste domingo um dirigente do comitê revolucionário da cidade de Nalout.
A cidade foi abandonada pela polícia, pelos militares e por outras forças leais ao regime de Muammar Gaddafi, e é administrada por uma dezena de dignitários reunidos em um comitê revolucionário, comprovou a AFP.
"A cidade foi libertada em 19 de fevereiro, e desde então é administrada por um comitê revolucionário designado pelas comunidades de Nalout", declarou à AFP o advogado Chaban Abu Sitta.
"As cidades de Al Rhibat, Kabaw, Jado, Rogban, Zentan, Yefren, Kekla, Gherien e Hawamed também foram libertadas, há vários dias. Em todas estas cidades, as forças de Kadhafi partiram e há um comitê revolucionário".
"Estamos sob a autoridade do governo interino de Benghazi. Com todas as cidades libertadas da montanha do Yebel Nafusa e as que se encontram do outro lado da montanha, nos preparamos para marchar sobre Trípoli e libertar a capital do jugo de Gaddafi".
Gaddafi diz que Líbia está 'calma' e ignora Conselho de Segurança
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DA FRANCE PRESSE, EM BELGRADO

O líder líbio, Muammar Gaddafi, afirmou neste domingo que a Líbia está "completamente calma", e que as decisões do Conselho de Segurança da ONU sobre o país "não tem valor", em entrevista por telefone ao canal sérvio Pink TV.

"Não há incidentes neste momento e a Líbia está completamente calma. Não há nada fora do comum no país. Não ocorrem distúrbios", declarou o coronel Gaddafi.

Na mesma entrevista, Khadafi afirmou que a decisão do Conselho de Segurança das Nações Unidas impondo sanções à Líbia "não tem valor".

O Conselho de Segurança aprovou na noite de sábado um embargo de armas à Líbia, a proibição de viagens e o congelamento de bens de Gaddafi, além da abertura de uma investigação por crimes contra a humanidade devido à sangrenta repressão praticada pelo regime líbio.

Na mesma entrevista, Gaddafi responsabilizou a rede Al-Qaeda pelos "bandos de terroristas" que fazem vítimas no território líbio.

"As pessoas morreram por causa de bandos terroristas que, sem dúvida, estão ligados à Al-Qaeda".

Gaddafi declarou ainda que a revolta é obra de "um pequeno grupo" de opositores, que atualmente está "cercado", mas "solucionaremos isto". "O povo líbio está comigo".

Segundo fontes revolucionárias, várias cidades do oeste da Líbia estão "nas mãos do povo e preparam a marcha para libertar Trípoli".

O advogado Chaban Abu Sitta, membro do comitê revolucionário, declarou à AFP que já foram "libertadas" as cidades de Nalout, Al Rhibat, Kabaw, Jado, Rogban, Zentan, Yefren, Kekla, Gherien e Hawamed.

"Estamos sob a autoridade do governo interino de Bengazi. Com todas as cidades libertadas da montanha do Yebel Nafusa e as que se encontram do outro lado da montanha, nos preparamos para marchar sobre Trípoli e libertar a capital do jugo de Gaddafi".
Brasileiros chegam a Atenas e relatam terror e ajuda de líbios

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE ATENAS

Após dois dias presos num navio, os 148 brasileiros que estavam em Benghazi, na Líbia, conseguiram enfim desembarcar em Atenas, na Grécia, às 7h30 (2h30 no horário de Brasília) deste domingo.
São funcionários da empreiteira Queiroz Galvão que trabalhavam em obras de infraestrutura em seis cidades no nordeste da Líbia e seus familiares.
A sensação era de alívio, após duas semanas de medo de que não conseguissem escapar do cenário de guerra que virou a região.
"Agora dá essa sensação de segurança, de que estamos quase em casa. Mas foi horrível. Foram dias de muito medo", afirmou, com lágrimas nos olhos, Maria Cleuda, que morava com o marido em Al Abya, cidade próxima de Benghazi.
Ela embarcou na manhã de sexta-feira, mas o navio teve de esperar o tempo melhorar para zarpar.
Saiu de Benghazi no sábado de manhã e levou cerca de 22 horas para chegar a Atenas.
Rebeldes tomam cidade no oeste da Líbia; Gaddafi não desiste

DA REUTERS, EM ZAWIYAH

Rebeldes armados adversários de Muammar Gaddafi assumiram o controle de Zawiyah, perto da capital Trípoli, no domingo, com o líder líbio novamente prometendo continuar no poder do seu governo, que já dura 41 anos.
"O povo quer a queda do regime", gritava uma multidão de várias centenas de pessoas, usando as palavras de ordem que ecoaram em todo o mundo árabe em protesto contra governos autoritários.
"Esta é a nossa revolução", acrescentavam, levantando o punho em celebração e desafio. Alguns se posicionaram em cima de um tanque capturado, enquanto outros se aglomeraram ao redor uma arma antiaérea. As mulheres estavam no topo de edifícios saudando os homens abaixo.
"A Líbia é a terra dos livres e honrados", lia-se em uma faixa. Outra representava a cabeça de Gaddafi com o corpo de um cachorro.
Buracos de bala marcavam prédios carbonizados em Zawiyah e veículos queimados haviam sido abandonados.
A cena, a apenas 50 quilômetros a oeste de Trípoli, foi mais um indício de que o poder de Gaddafi está se enfraquecendo.
Moradores de áreas de Trípoli montaram barricadas proclamando sua oposição ao governo, depois que as forças de segurança debandaram.
A televisão sérvia disse que Gaddafi responsabilizou os estrangeiros e a Al Qaeda pela agitação e condenou o Conselho de Segurança da ONU pela imposição de sanções e pelo pedido de um inquérito de crimes de guerra.
"A Líbia está segura, não há conflitos, Trípoli está segura", disse ele. "O Conselho de Segurança não acredita que Trípoli é segura."

HILLARY CLINTON
A secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton disse que os Estados Unidos estão tentando se comunicar com grupos de oposição na Líbia.
"Estamos nos aproximando de muitos libaneses diferentes no leste do país. É cedo demais para prever resultados", disse ela antes de partir para Genebra para consultar aliados.
O Conselho de Segurança impôs, por unanimidade, a proibição de viagens e o congelamento dos bens de Gaddafi e seu círculo mais próximo no sábado. O Conselho aprovou um embargo de armas e pediu que a repressão aos manifestantes fosse investigada pelo Tribunal Criminal Internacional.
O número de mortes de quase duas semanas de violência na Líbia foi estimado por alguns diplomatas em cerca de 2 mil pessoas.
A agitação aumentou o preço do petróleo para mais de 112 dólares o barril nos EUA. Embora a Líbia produza apenas dois por cento do petróleo mundial e a Arábia Saudita tenha aumentado a produção, o mercado teme que os tumultos se intensifiquem em todo o mundo árabe.

REBELDES NO CONTROLE
O filho de Gaddafi Saif al-Islam disse que havia uma "grande lacuna entre a realidade e a mídia". "O sul todo está tranquilo. O oeste está calmo. A região central está calma, assim como o leste."
Para comprovar o fato, as autoridades levaram um grupo de jornalistas estrangeiros a Zawiyah, para mostrar que ainda controlavam a cidade. Mas ficou evidente que os rebeldes estavam no controle.
Residentes do local disseram que houve uma luta violenta pelo controle contra os paramilitares pró-Gaddafi munidos de armamento pesado.
"Vamos acabar com Gaddafi. Ele vai cair em breve. Ele tem que sair agora. Estamos perdendo a paciência", disse um homem chamado Sabri.
"Gaddafi é louco. Seu pessoal atirou contra nós usando granadas de propulsão", disse um homem, que deu o nome de Mustafá. Outro homem, chamado Chawki, disse: "Nós precisamos de justiça. Pessoas estão sendo mortas. O pessoal de Gaddafi atirou contra o meu sobrinho".
Um médico de uma clínica improvisada na mesquita da cidade disse que 24 pessoas haviam sido mortas em confrontos com correligionários do governo nos últimos três dias, e um pequeno parque ao lado da praça principal havia sido transformado em um cemitério.
"Precisamos de mais medicamentos, mais comida e mais médicos", disse o médico Youssef Mustafá. "Há muitos bons médicos na Líbia, mas não podem entrar em Zawiyah."
Moradores do local disseram ter capturado 11 combatentes pró-Gaddafi, sem ferimentos, e mostraram aos repórteres dois sendo detidos em uma cela na principal mesquita da cidade. Cerca de 50 mil pessoas, muitos trabalhadores migrantes, fugiram para a Tunísia desde 21 de fevereiro.

"INIMIGO DE DEUS"
Moradores de Tajoura, um bairro pobre de Trípoli, ergueram barricadas com pedras e palmeiras em ruas repletas de lixo e paredes estavam cobertas por pichações. Os buracos de bala nas paredes das casas eram provas da violência.
Moradores da área disseram que tropas dispararam contra manifestantes que tentaram marchar até a Praça Verde, no centro de Tajoura, à noite, matando pelo menos cinco pessoas. O número não pôde ser confirmado de forma independente.
"Gaddafi é o inimigo de Deus!", gritava uma multidão no sábado, no funeral de um homem que teria sido morto por partidários de Gaddafi.
A televisão estatal líbia mostrou novamente pessoas cantando a sua lealdade para com Gaddafi na Praça Verde, no sábado. Mas jornalistas estimaram o número em menos de 200 pessoas.
Havia filas em frente aos bancos de Trípoli para sacar os 500 dinares líbios (400 dólares) que o governo havia prometido que iria começar a distribuir no domingo para cada família.
Muitos não conseguiram o dinheiro. "Eles só ficaram com uma fotocópia da nossa identidade e cadastraram as pessoas em uma lista", disse um homem.
Em Misrata, uma cidade 200 quilômetros a leste de Trípoli, uma resistência de forças leais a Gaddafi, operando do aeroporto, foi controlada pelo derramamento de sangue, disseram moradores do local pelo telefone.
Mas grupos de exilados da Líbia afirmaram que aviões estariam atirando contra a estação de rádio local.
Na segunda maior cidade, Benghazi, que se libertou da autoridade de Gaddafi há uma semana, opositores do líder de 68 anos disseram que formaram um Conselho Nacional da Líbia para ser o representante da revolução, mas não ficou claro quem eles representavam. O grupo disse que não quer a intervenção estrangeira e não tinha feito contato com governos no exterior.

SANÇÕES DA ONU
Líderes ocidentais, aliviados depois das evacuações que reduziram o número de cidadãos estrangeiros retidos na Líbia, falaram mais claramente contra o governo de Gaddafi.
"A União Europeia já começou a trabalhar em medidas restritivas, como congelamento de bens, proibição de viagens e embargo de armas", disse em declaração a alta representante de Assuntos Estrangeiros da UE, Catherine Ashton.
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, disse que um tratado de amizade e cooperação com a Líbia foi "de fato suspenso".
"Chegamos, eu acredito, a um ponto sem volta", disse Frattini, acrescentando que ser "inevitável" que Gaddafi deixe o poder.
O Reino Unido revogou a imunidade diplomática do líder líbio. "Está na hora de o coronel Gaddafi partir", disse o ministro das Relações Exteriores, William Hague.
A possibilidade de uma ação militar por parte dos governos estrangeiros continua vaga. Não se sabe por quanto tempo Gaddafi, que ainda tem milhares de correligionários leais --incluindo sua tribo e unidades militares comandadas por seus filhos-- poderá resistir contra as forças rebeldes, compostas por homens armados jovens e soldados amotinados.
Analistas descartam Al Qaeda na Líbia

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Ninguém sabe mais da falta de fundamento nas acusações do ditador líbio Muammar Gaddafi sobre a mão da Al Qaeda e outros terroristas na revolta no país do que o próprio Muammar Gaddafi.
Foi ele quem estrategicamente esmagou movimentos extremistas durante décadas e colaborou com o Ocidente para mantê-los longe da Líbia, de acordo com analistas.
"A sugestão de participação da Al Qaeda é totalmente idiota", disse à Folha Andrew Terrill, especialista em Oriente Médio do Instituto de Estudos Estratégicos da Escola de Guerra do Exército dos EUA. "Não vejo sinal de terrorismo na Líbia".
Estudiosos concordam que a sugestão de envolvimento terrorista na revolta líbia tem relação com a tentativa de angariar apoio ao seu regime no exterior.
Para Gaddafi, os extremistas locais representavam ameaças, pois quase a totalidade era de oposição. "O ditador erradicou grupos extremistas nos anos 1990. Em 1997, já não havia restado quase ninguém", afirmou à Folha Yahia Zoubir, especialista em norte da África baseado na França.
Por anos, o principal desses grupos foi o LIFG (Grupo Líbio de Luta Islâmica, na sigla em inglês), formado por radicais que lutaram no exterior e voltaram ao país para lançar uma campanha violenta contra o ditador.
"Mas eram fragmentados mesmo nos melhores momentos", afirmou Terrill.
Os laços frouxos da Al Qaeda com o LIFG ajudaram Gaddafi a se posicionar contra essa rede terrorista, que classificava de "herética".
O núcleo do LIFG, porém, rejeitou a rede. Segundo Zoubir, apesar de pequena infiltração via casamentos em algumas tribos, a Al Qaeda não tem apoio na Líbia.
E outras organizações ultra-islâmicas locais renunciaram à violência pregando uma resistência pacífica.
Outro grupo que age no norte da África, a Al Qaeda no Magreb Islâmico, que tem elo discutível com a rede de Osama bin Laden, tem pouca força na Líbia. Estudiosos desconfiam que não consiga atuar fora dos domínios argelinos, país onde nasceu.
Isso não impediu Gaddafi de seguir agindo contra suspeitos de vínculos com a Al Qaeda dentro e fora de suas fronteiras, colaborando intensamente com os EUA.
Zoubir disse que ele foi muito útil. "Em 1998, já estava alertando o Ocidente sobre o perigo da Al Qaeda e trabalhando com a Interpol. Depois do 11 de Setembro, deu aos EUA listas e listas de terroristas em fuga."
Essa cooperação fazia parte de sua reabilitação com o Ocidente desde 2003, quando aceitou parar de financiar terroristas pelo mundo.

REAPROXIMAÇÃO
O governo do ex-presidente dos EUA George W. Bush (2001-2009) encarou a Líbia como modelo para reaproximação com países patrocinadores do terrorismo.
Nem por isso, os EUA deixaram de atentar para riscos potenciais na Líbia. Um telegrama da Embaixada dos EUA em Trípoli de 2008 que vazou no WikiLeaks indica que radicais líbios continuavam a regressar ao país de lutas no exterior e se aproveitavam da fragilidade da segurança no leste para se fixar em cidades como Darnah.
O analista Scott Steward, do grupo de inteligência global Stratfor, diz que "ao mesmo tempo que é improvável que radicais tomem controle da Líbia, se houver período de caos, os extremistas [do leste] podem ter mais espaço para operar em décadas".
Os medos da Europa com as revoltas no mundo árabe

DE ATENAS

Os acontecimentos no Norte da África e no Oriente Médio despertam dois medos na Europa: que aconteça uma onda migratória e que os novos governos a serem formados depois que a poeira assentar não sejam tão amigáveis, o que é um risco para um mundo tão dependente do petróleo da região.

O segundo medo é apenas balbuciado nos meios políticos. Não pegaria bem levantar senões a revoltas populares contra autocratas sanguinários.

Já bastam as muitas fotos com beijinhos e tapinhas nas costas do egípcio Hosni Mubarak e do líbio Muammar Gaddafi para constranger premiês e presidentes.

Nos meios econômicos, mais preocupados com dinheiro que com a imagem pública, o temor é escancarado, e os mercados jogam o preço do petróleo nas alturas.

A questão da imigração também é tratada bem mais às claras, uma vez que ganha pontos com parte do eleitorado defender uma Europa para os europeus.

Os imigrantes sempre se tornam o bode expiatório quando a Europa vive alguma crise econômica, como acontece agora.

Cerca de 10% da população economicamente ativa do continente (24 milhões de pessoas) está sem emprego. Em alguns casos, o índice de desemprego chega a escandalosos 40% (entre os jovens espanhóis, por exemplo).

Com esse cenário, é fácil culpar o imigrante que, como insistem os jornais sensacionalistas, "roubam os poucos postos disponíveis".

Há sempre o argumento de que eles fazem os serviços menos qualificados, que são rejeitados pelos europeus.

Mas com a política de cortes de gastos públicos adotada por todo o continente, os Estados querem dificultar a vida daqueles que preferem ficar em casa vivendo do seguro-desemprego.

Ou seja, talvez vá ter inglês, espanhol ou italiano branco brigando pela vaga da faxina.

O país mais exaltado por enquanto é a Itália, que geograficamente está mais perto de Tunísia e Líbia e se torna uma porta de entrada óbvia.

O ministro do Interior, Roberto Maroni, membro do nacionalista Partido da Liga Norte, afirma que mais de um milhão devem se aproveitar da turbulência no mundo árabe para fugir para a Europa.

Usa como argumento os cerca de 5.000 que fugiram da Tunísia no início do mês com destino a Lampedusa, ilhota no sul italiano que tem apenas 6.000 habitantes.

Fala em "catástrofe humanitária", "êxodo em proporções bíblicas" e pede socorro a seus parceiros europeus. Quer arrumar um jeito de conter o influxo de pessoas ou forçar os outros países a arcar com parte do contingente.

Seus vizinhos do norte nem querem ouvir falar nisso. A Áustria diz que recebeu mais migrantes que a Itália quando houve a queda dos regimes comunistas do Leste Europeu.

Como naquele final dos anos 80, quando ruiu a cortina de ferro, a Europa percebe mais uma vez que clamar por liberdade e democracia no mundo é bem mais fácil que lidar com as consequências imediatas dessas transformações.

BLOG DA FOLHA DE SÃO PAULO