sábado, 26 de fevereiro de 2011

China e Brasil: quem com ferro fere...

Está na hora de o governo brasileiro mudar sua estratégia (ou criar uma) para lidar com a China. O caso da Embraer é emblemático.
A Embraer está prestes a fechar sua fábrica na China. A fábrica de Harbin fazia o ERJ-145, um avião de 50 lugares, para o qual não há mais demanda. Falta entregar uma aeronave, o que deve ocorrer em março ou abril, e depois não há mais nenhuma encomenda pra esse avião.
A Embraer pediu para montar lá o Embraer 190, para 100 pessoas. Trata-se do carro-chefe da empresa, usado pela Azul e Webjet. Mas a Avic (Corporação de Indústria da Aviação da China) está desenvolvendo um avião semelhante, ARJ21-900, com capacidade para 110 passageiros, em parceria com a canadense Bombardier, concorrente da Embraer. Por isso, o governo chinês está resistindo a conceder à Embraer autorização para produzir o 190, para evitar concorrência.
A empresa espera que o governo chinês dê a autorização durante a visita da presidente Dilma Rousseff ao país, no dia 14 de abril, como um gesto de boa vontade.
Não é só a Embraer que enfrenta dificuldades de acesso ao mercado chinês. Empresas brasileiras que tentavam participar de um centro de distribuição de minério na China não receberam autorização chinesa até hoje. O caso da Marcopolo é bem parecido com o da Embraer, a empresa queria aumentar o escopo da produção, mas não consegue autorização do governo chinês.
A China é o maior mercado do mundo e ninguém quer sair de lá. As empresas sabem que precisam estar presentes na China.
E é aí que entra a estratégia do governo --afinal, para lidar com um capitalismo de Estado, é preciso falar de governo para governo.
O Brasil está estudando um novo marco regulatório para mineração no país. Existe uma certa preocupação com a possibilidade de a China adotar um estilo "colonialista na África" por aqui e começar a retirar os minérios do subsolo brasileiro e embarcá-los para China, sem agregar valor. Portanto, o Brasil poderia adotar algum tipo de cláusulas de componente nacional, como fez a Petrobras com fornecedores das plataformas, na exploração dos minérios no país.
Ou não. Ou o Brasil pode deixar os chineses investirem livremente e terem acesso a preciosas matérias-primas brasileiras. Tudo depende da boa vontade dos chineses para deixar empresas brasileiras operarem livremente na China, sem sofrerem com regras que discriminam contra estrangeiros.
É a hora de barganhar, de governo para governo.

Patrícia Campos Mello é repórter especial da Folha, Escreve sobre política e economia internacional. Foi correspondente em Washington durante quatro anos, onde cobriu a eleição do presidente Barack Obama, a crise financeira e a guerra do Afeganistão, acompanhando as tropas americanas. Tem mestrado em Economia e Jornalismo pela New York University. É autora dos livros "O Mundo Tem Medo da China" (Mostarda, 2005) e "Índia - da Miséria à Potência" (Planeta, 2008).
General boliviano é preso no Panamá por narcotráfico

DA FRANCE PRESSE, NA CIDADE DO PANAMÁ

O general René Sanabria Oropeza, ex-chefe do serviço de combate às drogas e atual assessor de Inteligência do governo do presidente boliviano, Evo Morales, foi preso no Panamá por narcotráfico e entregue aos Estados Unidos, informou nesta sexta-feira um oficial da polícia panamenha.
"Há dois dias, foi detido aqui no Panamá graças ao esforço conjunto da Polícia Nacional e da agência antidrogas dos Estados Unidos (DEA)", disse o oficial, que pediu para não ser identificado.
"Este senhor, com patente de general, chamado René Sanabria Oropeza, foi entregue às autoridades americanas e neste momento está na cidade de Miami, sob a custódia americana".
"Sua prisão foi uma operação realizada pelos Estados Unidos em coordenação com o governo panamenho (...) Havia uma ordem internacional de captura".
Em La Paz, o ministro boliviano do Interior, Sacha Llorenti, confirmou que "fontes diplomáticas [do Panamá] informaram a prisão do general da reserva da Polícia René Sanabria Oropeza, que trabalha no Centro de Inteligência do Ministério".
O general Sanabria ocupou entre 2007 e 2008 a chefia da Força Especial de Combate ao Narcotráfico, o mais elevado cargo na repressão ao tráfico e à produção de drogas na Bolívia.
Atualmente, Sanabria é assessor de Inteligência do Ministério do Interior.
Segundo Llorenti, o general partiu do país há alguns dias, em voo charter, "sem a autorização de seus superiores", o que constitui um "fato irregular".
O ministro revelou que como consequência do incidente no Panamá outros cinco policiais foram detidos na Bolívia, e que uma "investigação está em andamento".
Ditador da Líbia ficou famoso por roupas excêntricas.

DE SÃO PAULO
Ainda em 2009 a revista americana Vanity Fair fez uma extensa reportagem especial com uma série de imagens que indicavam a trajetória política do ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, sob o ponto de vista da moda lançada por ele ao longo dos anos, com suas túnicas e diferentes adereços, classificando-o como um líder mundial com um dos mais excêntricos guarda-roupas.
Gaddafi depositou 3 bilhões de libras em Londres na última semana, diz jornal

DA EFE

O líder líbio, Muammar Gaddafi, depositou em segredo na última semana 3 bilhões de libras (US$ 4,8 bilhões) em Mayfair, elegante bairro londrino conhecido por seus gerentes de fundos privados.
A informação foi divulgada neste sábado (26) pelo diário britânico "The Times", indicando que o ditador líbio usou os serviços de um intermediário radicado na Suíça que há cinco semanas contatou outra firma dedicada à gestão de patrimônios, mas que esta não aceitou a incumbência ao ter ciência da origem dos fundos.
O diretor-executivo desta última firma declarou ao "The Times" que o intermediário suíço tinha dito que queria investir 3 bilhões de libras em nome de uma família líbia, dinheiro supostamente destinado a comprar ações de companhias.
"Eu disse 'não' a ele porque não me sinto bem lidando com tiranos assassinos com sangue nas mãos", explicou o gerente de fundos contatado.
O intermediário então buscou outra firma que aceitasse realizar o trabalho.
Essa revelação, diz o periódico, confirma os temores de que Gaddafi, cujo regime de 42 anos vem sendo alvo de protestos, tirou fundos da Líbia para depositá-los em contas secretas em diferentes partes do mundo.
Enquanto isso, o Tesouro britânico tenta rastrear os ativos do coronel no Reino Unido, que segunda a previsão incluem bilhões de dólares em contas bancárias, propriedades comerciais e uma casa em Londres avaliada em cerca de 12 milhões de euros (US$ 16,5 milhões).
O governo suíço, por sua vez, ordenou na sexta-feira que seus bancos congelem todos os ativos pertencentes ao coronel Gaddafi e a outras 28 pessoas, incluindo a esposa, os filhos do ditador, outros familiares e autoridades do regime.
Obama pede acordo sobre o orçamento a líderes do Congresso

DA EFE, EM WASHINGTON

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se mostrou neste sábado disposto a estudar qualquer proposta séria para reduzir o deficit, mas incentivou os líderes do Congresso a obter um acordo sobre o financiamento do governo para evitar seu fechamento.
"Na próxima semana, o Congresso se centrará no orçamento temporário. Pelo bem dos nossos cidadãos e da nossa economia, não podemos permitir que esta paralisação prevaleça", afirmou em seu tradicional pronunciamento dos sábados.
"Tanto os líderes democratas como os republicanos no Senado e na Câmara de Representantes disseram que consideram importante que o governo possa seguir funcionando enquanto tentam chegar a um acordo sobre um plano para reduzir nosso deficit a longo prazo", lembrou aos legisladores.
Por isso, Obama incentivou-os a encontrar um "terreno comum" para que o país possa progredir e não impeça o crescimento econômico.
"Não será fácil. Haverá muito debate, desacordos e nenhum partido conseguirá tudo o que quer; as duas partes têm que ceder", assinalou Obama, ressaltando que não quer que o Congresso corte os investimentos em educação, inovação e infraestrutura, porque são absolutamente necessários para uma economia competitiva.
À meia-noite da próxima sexta-feira vencerá uma medida aprovada para financiar temporariamente as operações do governo federal. Se republicanos e democratas não conseguirem aprovar pelo menos uma medida temporária, o Executivo terá que fechar por falta de dinheiro.
O último fechamento das agências federais ocorreu durante o mandato de Bill Clinton, por dois dias em novembro de 1995, e depois por outros 21 dias até janeiro de 1996.
A iminente ameaça de fechamento do governo federal parecia preocupar na sexta-feira os republicanos, que controlam a Câmara de Representantes e na sexta-feira propuseram uma medida temporária que os democratas podem aceitar.
A medida permitiria ao governo dos EUA seguir operando durante mais duas semanas, até 18 de março.
A ideia é dar tempo para que republicanos e democratas, que são maioria no Senado, possam chegar a um acordo sobre o financiamento do governo até 30 de setembro -- o restante do ano fiscal -- e evitar seu fechamento.
O problema é que em fevereiro a Câmara de Representantes aprovou a diminuição de US$ 61 bilhões nos gastos públicos para os próximos sete meses, em corte que afeta as áreas que Obama considera imprescindíveis fomentar.
Os democratas rejeitam a redução ao considerá-la exageradamente severa e pretendem alcançar um compromisso com os republicanos. O Senado terá que redigir sua própria versão.
A anterior sessão legislativa nunca aprovou o orçamento para este ano fiscal, que começou em outubro, pelo que os cortes foram realizados dentro de uma medida aprovada para financiar temporariamente -- até 4 de março -- as operações do governo
Brasileiro na Líbia diz que manifestantes "subjugaram" o Exército


RODRIGO VIZEU
DE SÃO PAULO

O engenheiro civil paraense Valdir Acatauassú, funcionário da Queiroz Galvão, contou que quando chegou a Benghazi, no domingo, viu o Exército líbio "totalmente subjugado".
"A população subiu nos tanques, pegou os lança-mísseis e ficou desfilando pela cidade, mostrando as máquinas como troféus", afirmou.
Ele disse que percebeu um clima de "expectativa" em relação a uma possível reação de Gaddafi, mas contou que preferiu "se trancar" no hotel com colegas estrangeiros a conversar com os líbios.
"Não devemos nos meter nisso, viemos aqui para trabalhar, não para se meter em problemas locais", disse.
O engenheiro falou com a Folha nesta sexta-feira (25) por telefone, já à bordo do navio que o levaria à Grécia. Em seguida, deve voltar ao Brasil.
Acatauassú morava na Líbia desde outubro de 2009 e deixou para trás uma casa montada que mantinha com cinco colegas em Ad Dirsiyah, 110 km a leste de Benghazi. Disse não ter a menor ideia se voltará à Líbia.
Ele afirmou que não houve conflitos na cidade em que morava, mas afirmou que desde o dia 17 soube das revoltas contra Gaddafi por colegas em Benghazi.
Cuba assiste ressabiada a rebeliões no Oriente Médio

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

A julgar pela cobertura da mídia oficial cubana, o regime dos Castro segue atento e reporta com cautela a queda dos governos autocráticos no Oriente Médio, menos longevos que o de Havana.
No plano geral, quem pauta o tom é o ex-ditador Fidel Castro em suas "reflexões", publicadas nos jornais oficiais e debatidas na TV.
A abordagem preferencial é o papel dos EUA no xadrez. No caso da Líbia, do aliado Muammar Gaddafi, a cobertura tomou viés pró-ditador.
""Ruas da Líbia voltam à calma", diz a TV cubana. É isso mesmo?", se perguntava no Twitter na quarta-feira a blogueira crítica do governo Yoani Sánchez.
No mundo dos blogs e sites de discussão dentro e fora da ilha, a pergunta é outra: se acontece na Tunísia e no Egito, por que não em Cuba?
A questão foi parar até no oficial Cubadebate, que publica as reflexões de Fidel.
O site reproduziu texto do argentino "Página 12" sobre o papel da internet nas revoltas. O autor, Pascual Calicchio, nem ensaia responder por que Havana não está na fila do dominó.
Frisa apenas como é pequeno o grupo de ciberdissidentes na ilha - ainda que não cite que a questão de base, antes de qualquer outra, é quão reduzido é o número de conectados à internet em Cuba (apenas 3% de 11 milhões de habitantes, a taxa mais baixa do Ocidente).
Pequena ou não, Havana já deu mostras de preocupação com o grupo. Em meados deste mês, apareceu na internet um vídeo no qual um "consultor" de informática do governo alertava sobre os perigos de uma "revolução colorida" versão digital, citando movimentos pró-Ocidente no Leste Europeu.
O ponto do autor, seguindo o "twittercético" e sociólogo Malcolm Gladwell, é dizer que nada surge da internet se não há "laços fortes" o suficiente para mobilizar os cidadãos de carne e osso.
Estudiosos de Cuba argumentam, de todas as maneiras, que a internet maciça seria uma plataforma horizontal na verticalizada e atomizada sociedade civil.

DIFERENÇAS
Isolando o fator Facebook/Twitter, a discussão segue nos seguintes termos: 1) ninguém pode prever quando um estopim como o do jovem imolado na Tunísia pode acontecer; 2) há muitos aspectos incomparáveis com os de Egito ou Tunísia.
A começar por Miami. O exílio americano, facilitado pelas regras migratórias de Washington, funciona há décadas como válvula de escape para o regime. É ao mesmo tempo descompressão política e demográfica.
O impacto da migração, aliado a outros fatores, na pirâmide etária de Cuba é tal que a população está encolhendo.
A fuga dos insatisfeitos economiza a maquinaria de repressão da ilha.
Os analistas enumeram outros fatores: por exemplo, a ainda moderada desigualdade na sociedade cubana.
Benghazi, 'capital' dos rebelados, vive dia eufórico

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A
BENGHAZI (LÍBIA)

As ruínas do quartel-general do Exército líbio em Benghazi, a cidade que deu início à revolta popular contra o regime de Muammar Gaddafi, viraram ponto de encontro de famílias e monumento à vitória contra o regime.
No amplo complexo militar ocorreram alguns dos confrontos mais violentos entre manifestantes e forças leais a Gaddafi, e ninguém conta em menos de 500 o número de mortos. Na cidade, o total estimado pelos moradores é de 1.200.
O médico Zakaria Alkatir é um dos que levaram os filhos para ver os destroços da base militar. Ele conta que estava de plantão num dos hospitais da cidade e recebeu dezenas de mortos e feridos a bala nos confrontos.
"Uma das salas do hospital tinha uma pilha de cadáveres", disse o médico. "Quando a poeira baixar e a verdade vier à tona, o mundo ficará horrorizado".
Perto dali, um tumulto se forma quando dezenas de jovens começam a cavar num ponto isolado do complexo.
Munidos de picaretas, marretas e pás, abrem um buraco no chão para livrar prisioneiros que o Exército colocou em masmorras concretadas. É possível ouvir suas vozes pelo pequeno orifício aberto a marretadas.
"Há 150 prisioneiros vivos aí", diz um dos jovens, logo depois de dar um tiro para o alto para conter a euforia.
Segunda maior cidade da Líbia, com cerca de 1 milhão de habitantes, Benghazi respira ares de uma nova era. Desde domingo sob o controle dos opositores, os moradores da cidade acompanham com aflição os desdobramentos da revolta na capital, Trípoli, mas sem perder a confiança de que o ditador está com os dias contados.
A debandada das forças de Gaddafi do leste do país é uma realidade, ainda que o controle da região pelas forças da oposição nem sempre seja visível.
Nos quase 500 km que separam Tobruk de Benghazi, as duas maiores cidades da região, a impressão é de uma terra de ninguém.


APOIO NAS RUAS
Se na estrada entre a fronteira egípcia e Tobruk a reportagem da Folha foi parada várias vezes em barreiras montadas por civis, no percurso até Benghazi praticamente não há ninguém.
Na chegada à cidade, o clima muda. Sob chuva intensa, centenas de pessoas estavam nas ruas para manifestar apoio à revolução.
"Não temos mais motivo para escolher outra palavra: esta é a nossa revolução", exulta o médico Khalifa Ilfaitury. Por toda a cidade alguém para a reportagem para explicar o que houve ou xingar Gaddafi.
O espírito revolucionário dá mostras de comprometimento e generosidade, que inclui ofertas de todo o tipo aos jornalistas estrangeiros.
"Precisamos ajudar a levar a verdade ao mundo", diz o empresário Salah Elghoul.
Táxis tornam-se irrelevantes, enquanto motoristas se oferecem para levar repórteres de graça.
A bandeira nacional de Gaddafi, toda verde (cor do islã), foi definitivamente trocada pelas cores da bandeira da independência da Líbia, em listas horizontais vermelha, preta e verde.
Um grande hotel de Benghazi, que costumava ser propriedade do regime, foi tomado pelos manifestantes.
Pelo lobby, circulam jovens vestidos com abrigos esportivos e levando fuzis a tiracolo. Rumores sobre o que acontece na parte do país ainda dominada por Gaddafi proliferam.
No fim da noite em Benghazi, Alla Benaziz, estudante de 24 anos cujo pai desertou do Exército líbio, chega com notícias "preocupantes" de Trípoli. Diz que um amigo viu mais de 300 tanques partirem da base onde está Gaddafi rumo ao sul da capital.
"Certamente o plano é matar o maior número possível de civis e acabar com a revolução", diz. "Mas eles não vão conseguir, nós vamos resistir", completa.
Pesquisas indicam vitória dos conservadores nas eleições da Irlanda


DA EFE
O conservador FG (Fine Gael) vencerá as eleições gerais irlandesas realizadas na sexta-feira (25) com 36,1% dos votos, indicam as primeiras pesquisas, enquanto o governante FF (Fianna Fáil) terá apenas 15,1%, em queda sem precedentes para o partido, no poder desde 1997.
Segundo pesquisa de boca de urna que ouviu 3.500 eleitores, o Fine Gael, de Enda Kenny, obteve seu melhor resultado desde 1982, mas não governará com maioria absoluta.
Com 20,5% de apoio, o Partido Trabalhista se tornará a segunda força nacional e possível parceiro dos conservadores para formar um governo de coalizão.
A apuração dos votos começou às 6h deste sábado (pelo horário de Brasília) e o resultado final pode ser divulgado no domingo. No pleito de 2007, no entanto, as projeções da emissora estatal tiveram uma margem de erro de apenas meio ponto, o que as transformou em um das pesquisas mais confiáveis.
A pesquisa também indica que o partido Sinn Féin, de Gerry Adams, avançará para 15,1%, pelo que aumentará consideravelmente as cinco cadeiras que tem no Parlamento de Dublin (Dáil), formado por 165 deputados.
O Partido Verde, parceiro do FF durante a atual legislatura, obterá 2,7% dos votos e poderá evitar seu total desaparecimento ao conservar algum de seus seis deputados.
Os 15,5% restantes dos votos serão repartidos por candidatos independentes e partidos minoritários, o que indica que terão uma ampla representação no Dáil e poderão representar para o FG uma opção de governo se a formação decidir prescindir dos trabalhistas.
No entanto, a distribuição das cadeiras não ficará clara até que os resultados finais sejam conhecidos, dada a complexidade do sistema eleitoral irlandês, de representação proporcional mediante voto transferível.
O votante recebe uma cédula com a lista de candidatos, enumerados por ordem alfabética, na qual deve preencher o espaço referente ao seu favorito com o número "1", mas, se desejar, pode designar um segundo candidato com o número "2" e assim sucessivamente, de modo que seu voto poderá ser utilizado, de acordo com as normas de transferências, quantas vezes forem necessárias.
Desta forma, algumas formações poderão aumentar ou diminuir seu número de cadeiras graças aos votos de segundas, terceiras e sucessivas preferências.
Os candidatos independentes são beneficiados com essa opção, porque, em teoria, os partidários das maiores formações não costumam dar sua segunda opção aos candidatos rivais mas aos dos partidos periféricos.
Obama ordena bloqueio de ativos de Gaddafi e sua família

O presidente dos EUA, Barack Obama, assinou nesta sexta-feira (25) uma ordem executiva para congelar todos os ativos de Muammar Gaddafi, sua família e membros de seu regime. Essa é a primeira sanção de uma série anunciada pelos EUA.
Na ordem, Obama afirma que "Gaddafi, seu governo e seus estreitos colaboradores tomaram medidas extraordinárias contra os líbios, incluindo o emprego de armas de guerra, mercenários e uma violência sem sentido contra civis desarmados".
Além disso, explica que existe um "sério risco" de os ativos do Estado líbio serem malversados por Gaddafi, membros de seu governo e familiares do ditador se não forem protegidos.
Na lista das primeiras pessoas sancionadas estão Gaddafi, seus filhos Khamis, Aisha, Mutassim e Said el Islam.
Obama considera que as atuais circunstâncias, os ataques prolongados e o número cada vez maior de líbios buscando refúgio em outros países levaram a segurança da Líbia a se deteriorar, o que representa um sério risco para sua estabilidade e, portanto, uma "ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional e à política externa" dos EUA.
A ordem permite ao secretário do Tesouro, Timothy Geithner, em consulta com a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, sancionar qualquer funcionário de alta categoria da Líbia, os filhos de Gaddafi e todas as pessoas responsáveis -- ou cúmplices -- pela ordem, controle, direção e participação em violações de direitos humanos relacionadas com a repressão política na Líbia.
Também podem receber sanções as pessoas que emprestaram apoio material, financeiro ou logístico para estes abusos, as que tiverem atuado em nome daqueles e as esposas e os filhos das pessoas que figuram na lista negra dos EUA.
Em comunicado, Obama insistiu que as contínuas violações dos direitos humanos, o tratamento brutal voltado aos líbios e as ameaças geraram uma ampla condenação da comunidade internacional.
"O governo de Muammar Gaddafi violou normas internacionais e a decência comum e tem que responder por suas ações", assinalou Obama.
O presidente dos EUA assegurou que as sanções se dirigem ao regime de Gaddafi e pretendem proteger os ativos que pertencem aos líbios, e não ao coronel e a seus parceiros e familiares.
Obama assegurou ainda que daqui para frente os EUA seguirão coordenando de perto suas ações com a comunidade internacional, de maneira bilateral e multilateral, como na ONU (Organização das Nações Unidas).
"Apoiamos firmemente os líbios em sua exigência de que sejam respeitados os direitos universais e em sua reivindicação de um governo que responda a suas aspirações. A dignidade humana não pode ser negada", assinalou.
ONU
Horas após os EUA fecharem sua embaixada na Líbia e avançarem com as sanções unilaterais contra o país, Saif al Islam, filho do ditador Muammar Gaddafi, disse que espera negociar uma trégua com duas cidades que registram confrontos e o Conselho de Segurança da ONU confirmou uma reunião no sábado para discutir suas medidas punitivas ao regime líbio. O encontro está previsto para as 13h (horário de Brasília) e tem como objetivo aplicar medidas "decisivas" o mais rápido possível.
Os embaixadores dos 15 membros do Conselho retomarão o diálogo para tentar superar as diferenças que impediram o consenso quanto às sanções no encontro de emergência desta sexta. O projeto de resolução foi apresentado pela França e o Reino Unido.
O documento inclui a declaração de um embargo de exportação de armas à Líbia, assim como o congelamento dos bens e a proibição de que a cúpula do regime líbio liderada pela família Gaddafi possa viajar.
Além disso, pede ao TPI (Tribunal Penal Internacional) que averigue os possíveis crimes de guerra e contra a humanidade cometidos durante a repressão dos protestos.
TRÉGUA
Ainda na noite desta sexta, o filho do ditador líbio, Muammar Gaddafi, tentou minimizar a extensão da rebelião que domina grande parte da Líbia, e disse que espera negociar até este sábado uma trégua em duas cidades conturbadas.
Falando em inglês a jornalistas levados a Trípoli sob escolta oficial, Saif al Islam Gaddafi afirmou que os rebeldes que se renderem ficarão ilesos, e admitiu que a Líbia precisa de reformas.
Seu relato sobre a situação, no entanto, parece ser desmentido pelo controle exercido nos últimos dias no leste do país por grupos que desejam o fim do regime de Gaddafi, no poder desde 1969. Há relatos também de que a rebelião já chegou à capital e arredores.
Mas o filho do ditador disse que só há violência em duas cidades do oeste da Líbia, e qualificou como "mentiras" os relatos da imprensa de que militares teriam bombardeado civis ou que o governo teria contratado mercenários.
"Estamos rindo desses relatos. Exceto por Misurata e Zawiya, tudo está calmo (...). As negociações continuam, e estamos otimistas. Em Misurata e em Zawiya temos um problema", disse.
"Estamos lidando com terroristas. Mas tomara que eles estejam ficando sem munição. Tomara que não haja mais derramamento de sangue. Até amanhã iremos resolver isso. O Exército decidiu não atacar os terroristas e dar uma chance para as negociações. Tomara que façamos isso pacificamente."
APARIÇÃO
Gaddafi fez uma rápida aparição nesta sexta-feira na praça Verde, em Trípoli, para pedir à multidão de seguidores no local que "defenda a Líbia", segundo imagens mostradas pela rede de TV americana CNN.
"Defendam a Líbia e os interesses da Líbia. Estamos prontos para triunfar contra os inimigos", disse o ditador.