sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Embaixadores da Líbia na França e na Unesco renunciam


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Os embaixadores da Líbia na França e na Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) anunciaram nesta sexta-feira sua renúncia em ato de condenação aos atos de repressão na Líbia e sua adesão à revolução contra o ditador Muammar Gaddafi.
"Condenamos firmemente os atos de repressão na Líbia. Declaramos nossa união ao povo, nosso apoio à revolução do povo", declararam os embaixadores Salah Zaren (França) e Abdul Salam el Galali (Unesco).
"Nós nos demitimos de nossos postos e nos somamos à revolução", afirmaram em uma declaração conjunta transmitida pela Rádio France Inter.
Estas são as dias renúncias mais recentes em uma onda diplomática de protestos que inclui os representantes na Índia, Indonésia, Reino Unido, Estados Unidos e Polônia, e de membros do gabinete como o ministro do Interior e general do Exército, Abdul Fatah Yunis.
O anúncio foi aplaudido por um grupo de opositores líbios, autointitulados filhos da revolução, que ocupa a Embaixada da Líbia em Paris. O grupo disse ter tomado o controle do prédio, embora as agências de notícias indiquem que o prédio continua isolado por policiais, que impedem inclusive a entrega de alimentos aos jovens.
Os opositores, que chegariam a 30 pessoas, ocupam a embaixada desde a noite de quinta-feira. Eles expulsaram os funcionários do local.
O grupo ameaça cometer suicídio coletivo no caso de intervenção da polícia. Os manifestantes içaram no local a antiga bandeira líbia, anterior à chegada de Gaddafi em 1969.
A repressão ordenada pelo ditador aos protestos contra seu regime deixaram ao menos 300 mortos, segundo o balanço oficial, mas a Alta Comissária da ONU (Organização das Nações Unidas) para os Direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou nesta sexta-feira que pode ter deixado "milhares de mortos e feridos".
Nome de ditador líbio pode ser escrito de dezenas de formas

ALINE PELLEGRINI
ROGÉRIO ORTEGA
DE SÃO PAULO

Muammar Gaddafi, Muamar Khadafi, Muammar al-Gathafi, Momar Kadaffi.
Há tantas maneiras de escrever o nome do ditador da Líbia, no poder desde 1969, que muitos podem pensar que não é a mesma pessoa.
A confusão se justifica pelo fato de não haver um consenso entre especialistas para a transliteração de nomes árabes para o alfabeto latino, usado na maioria das línguas ocidentais. A escrita é baseada nos fonemas árabes.
A liberdade para combinar as letras gerou 112 diferentes formas de escrever o nome do ditador, de acordo com a rede norte-americana ABC.
Segundo a ABC, a biblioteca do Congresso americano lista 72 grafias diferentes. O jornal "New York Times" e as agências Associated Press (americana) e Xinhua (chinesa) utilizaram 40 grafias de 1998 a 2008. Atualmente, o "NYT" grafa "Qaddafi".
No final da década de 80, a Folha padronizou a grafia 'Gaddafi' em suas menções ao sobrenome do ditador.
O objetivo foi adotar em português uma transliteração mais próxima da pronúncia do nome na Líbia, entre várias opções possíveis. A mesma grafia é usada pelo jornal britânico "Financial Times" e pela rede Al Jazeera em inglês, entre outros.
SONS DIFERENTES
Com 28 letras, o alfabeto árabe tem caracteres completamente distintos dos do latino, alguns sem sons correspondentes em português.
Segundo o professor Helmi Nasr, ligado à Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, há duas letras no nome de Gaddafi que não possuem equivalência no alfabeto latino. Uma delas poderia ser uma espécie de "q" enfático e a outra, algo como "tzhã".
Para o tradutor árabe Ibrahim Errguybi, a grafia do nome do líbio "depende da pronúncia de cada um". Gaddafi é referência a Gadhadhfa, a tribo de origem do ditador.
Sob pressão, Gaddafi anuncia ajuda à população e aumento salarial

DA BBC BRASIL

Sob pressão para renunciar ao cargo e com rebeldes controlando algumas das principais cidades da Líbia, o líder do regime, Muammar Gaddafi, anunciou nesta quinta-feira a distribuição de recursos em dinheiro para as famílias líbias e o aumento de salário para os funcionários públicos.
Segundo o governo, cada família receberá pagamentos equivalentes a cerca de US$ 400 para compensar o aumento nos preços dos alimentos.
O regime também anunciou que o salário mínimo será praticamente dobrado, enquanto entre os trabalhadores do serviço público a elevação será de até 150%.
O anúncio vem um dia depois que o líder líbio falou por telefone a uma emissora de TV e dirigiu-se às famílias líbias para tentar acalmar os protestos.
"Voltem para as suas casas, conversem com os seus filhos", disse Gaddafi, durante sua participação telefônica na TV.
"Eles são jovens, eles estão armados, estão usando granadas, estão atacando delegacias de polícia. Isso é causado pelo uso excessivo de drogas."
Ele culpou a influência de Osama Bin Laden e da rede extremista Al Qaeda, assim como "o uso excessivo de drogas" pelos protestos que pedem o fim do seu governo.
Observadores afirmam que o anúncio de Gaddafi é similar às medidas tomadas na Tunísia por Zine el Abidine Ben Ali, deposto no mês passado, apesar das tentativas de acalmar os protestos contra o seu regime.
Ben Ali prometeu benefícios semelhantes, que incluíam a criação de empregos e medidas anticorrupção.
Na quinta-feira, as forças leais ao governo lançaram ofensivas para reaver ou controlar cidades no oeste do país, já que o leste se encontra firmemente sob o controle da oposição.
Mas há temores de que milícias ligadas a Gaddafi estejam se articulando para atacar os rebeldes no leste, de acordo com relatos de jornalistas no local.
Também há expectativas quanto a possíveis cenas de violência na capital, Trípoli, que está sob vigilância das forças especiais de Gaddafi e permanece um bastião do regime.
Nesta sexta-feira, o programa de alimentação da ONU (Organização das Nações Unidas) disse que a cadeia de suprimento de alimentos da Líbia está sendo seriamente afetada pela situação política.
Segundo a ONU, as importações estão impossibilitadas de entrar no país e, dentro da Líbia, o funcionamento da cadeia de distribuição está sendo obstruído pela violência.
Liderança em escala

Liderar não é fazer. Liderar é fazer fazer. E, para isso, é necessário criar uma equipe, o que significa engajar, capacitar e, acima de tudo, inspirar. Sim, líderes devem inspirar pessoas, mas, à medida que a empresa cresce, essa função muda um pouco, pois não é mais suficiente inspirar quem faz. Agora é necessário inspirar quem inspira quem faz.
Já se disse que a primeira responsabilidade de um líder é formar outros bons líderes. Há duas razões para justificar essa afirmação: a primeira é que o líder precisa ter consciência de que ele não é eterno nem infalível. Cedo ou tarde, o gestor precisará ser substituído, temporária ou definitivamente. A segunda é que, desde Fayol (Henri Fayol, estudioso da teoria da administração, aprendemos que um líder não consegue liderar diretamente um grupo superior a 30 pessoas. Além desse número é preciso pensar em gestores ou chefes intermediários, capazes de replicar o comando e de manter o moral do grupo.
O exército é um bom exmplo. Entre o posto de marechal e o de soldado há 20 posições hierárquicas que formam a cadeia de comando. E não há, nesse caso, nenhuma intenção corporativista para favorecer amigos ou protegidos com cargos importantes. O que há é uma cadeia de lideranças que mantém a coluna vertebral de uma organização que tem de funcionar bem. Nas organizações, em função do crescimento e da globalização, os príncipios de autonomia e da delegação viraram imperativos de eficácia. E isso exige um grande esforço de capacitação e uma comunicação eficiente. Caso contrário, não há chance de se criar o necessário ambiente de confiança.
Querer manter o controle sobre tudo o que acontece na companhia é o mesmo que condená-la a ficar pequena. Manter vários objetos no ar ao mesmo tempo é coisa de artista de circo. Nas organizações isso se faz em equipe, que, por definição, é um conjunto de pessoas que possuem habilidades complementares e sonham o mesmo sonho. A empresa é formada por várias equipes que obedecem à mesma lógica. Se isso for observado, não há limite para o crescimento nem para o sonho.

Eugênio Mussak é professor do MBA da FIA e consultor da SAPIENS SAPIENS. EUGENIO@SSDI.COM.BR
Doutrina de choque, dessa vez nos EUA

Eis uma ideia: talvez Madison, Wisconsin, afinal não seja o Cairo. Talvez seja Bagdá -- especificamente, Bagdá em 2003, quando o governo Bush colocou o Iraque sob o controle de subordinados selecionados por sua lealdade e confiabilidade política, e não pela experiência e competência.

Como muitos leitores talvez recordem, os resultados foram espetaculares -- no mau sentido. Em lugar de concentrarem suas atenções nos problemas urgentes de uma economia e sociedade dilaceradas, que não demorariam a decair a uma sangrenta guerra civil, os indicados de Bush tinham a obsessão de impor uma visão ideológica conservadora. De fato, com os saqueadores ainda no controle das ruas de Bagdá, L. Paul Bremer, o vice-rei norte-americano no Iraque, declarou em entrevista ao jornal "Washington Post" que uma de suas maiores prioridades era "corporatizar e privatizar empresas estatais" -- nas palavras de Bremer, não do repórter- e "ensinar as pessoas a deixar de lado a ideia de que o Estado sustenta tudo".

A história da Autoridade Provisória da Coalizão e sua obsessão por privatizações serviu como peça central a "The Shock Doctrine", um best seller de Naomi Klein, e a autora argumentava no livro que a situação era parte de num padrão mais amplo. Desde o Chile nos anos 70, ela sugeria, ideólogos de direita vêm explorando crises para promover uma agenda que nada tem a ver com a solução dos problemas, e tudo com a imposição de sua visão quanto a uma sociedade mais áspera, mais desigual e menos democrática.

O que nos conduz a Wisconsin em 2011, onde a doutrina do choque está sendo usada em sua plenitude.

Nas últimas semanas, o Wisconsin vem sendo cenário de grandes manifestações contra a proposta orçamentária do governador, que negaria aos funcionários públicos estaduais o direito de negociar salários e contratos de trabalho coletivamente. O governador Scott Walker alega que precisa aprovar seu projeto para poder enfrentar os problemas fiscais do Estado. Mas seu ataque aos sindicatos nada tem a ver com o orçamento. Na verdade, os sindicatos já indicaram que estão dispostos a realizar concessões financeiras substanciais -- uma oferta que o governador rejeitou.

O que está acontecendo no Wisconsin é, na verdade, uma manobra de força -- uma tentativa de explorar a crise fiscal a fim de destruir o último grande contrapeso ao poder político das grandes empresas e dos norte-americanos ricos. E essa campanha vai além da destruição dos sindicatos; a proposta tem 144 páginas de extensão, e há algumas cláusulas extraordinárias ocultas nas profundezas do texto.

Por exemplo, a proposta inclui cláusulas que permitiriam que funcionários estaduais apontados pelo governador promovessem cortes abrangentes nos serviços de saúde fornecidos a famílias de baixa renda sem que isso precisasse passar pelo processo legislativo normal.

E há também o seguinte: "Não obstante o disposto em ss. 13.48 [14] [am] e 16.705 [1], o departamento poderá vender qualquer instalação de aquecimento, refrigeração ou geração de energia controlada pelo Estado, ou fechar contrato com uma empresa privada para a operação dessa instalação, com ou sem concorrência, pelo montante que o departamento determine melhor servir ao interesse do Estado. Não obstante o disposto em ss. 196.49 e 196.80, não será necessária aprovação ou certificação pela comissão de serviço público para que uma empresa pública de infra-estrutura adquira, ou feche contrato para a operação de, instalações desse tipo, e quaisquer aquisições dessa ordem serão consideradas como de interesse público e como enquadradas aos critérios de certificação de um projeto nos termos de s. 196.49 [3] [b]".

Do que se trata? O Estado de Wisconsin controla algumas instalações que oferecem serviços de aquecimento, refrigeração e energia para organizações operadas pelo Estado (por exemplo a Universidade de Wisconsin). O texto na prática permitiria que o governo estadual privatizasse qualquer uma ou todas essas instalações sem consultar pessoa alguma. Não só isso como o governador poderia vendê-las sem promover concorrência, a quem quer que escolha. E perceba que qualquer venda como essa seria considerada, por definição como "de interesse público".

Se isso lhe parece um esquema perfeito para o compadrio e a realização de lucros indevidos -- lembra dos bilhões desaparecidos no Iraque? --, bem, você não está sozinho. De fato, muita gente em Wisconsin tem fortes suspeitas, o que levou a Koch Industries, controlada pelos irmãos bilionários que desempenham papel central nos esforços de Walker para destruir os sindicatos, a negar publicamente qualquer interesse pela compra desse tipo de autarquia. Você acredita?

A boa notícia vinda de Wisconsin é que a indignação pública cada vez mais intensa -- ajudada pelas manobras dos democratas no Senado estadual, que se ausentaram das deliberações para negar quorum aos republicanos -- está pelo menos atrasando a trapaça. Se a ideia de Walker era pressionar e aprovar a proposta antes que alguém percebesse seus verdadeiros objetivos, o plano fracassou. E os acontecimentos em Wisconsin podem fazer com que outros governadores republicanos hesitem; de fato, alguns deles parecem estar recuando de posturas semelhantes.

Mas não espere que Walker ou o restante de seu partido mude de objetivo. Destruir sindicatos e promover privatização continuam a ser prioridades republicanas, e o partido manterá seus esforços para contrabandear essas prioridades, camufladas como medidas de equilíbrio orçamentário.


Paul Krugman, 57 anos, é prêmio Nobel de Economia (2008), colunista do "The New York Times" e professor na Universidade Princeton (EUA). Um dos mais renomados economistas da atualidade, é autor ou editor de 20 livros e tem mais de 200 artigos publicados em jornais especializados.
População do Japão tem menor crescimento desde 1920

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A população do Japão aumentou apenas 0,2% nos últimos cinco anos, o índice mais baixo de crescimento desde 1920, quando o levantamento começou a ser feito, indica o último censo realizado no país e divulgado nesta sexta-feira.
Em 1º de outubro de 2010, o Japão tinha 128,06 milhões de habitantes, mostra o levantamento do governo, que espera que a população, em constante diminuição desde 2007, esteja reduzida pela metade em 2100.
Os últimos dados do censo refletem "uma mudança drástica na estrutura social de nossa nação, uma baixa da natalidade e um aumento do índice de mortalidade", afirmou um funcionário do Ministério de Assuntos Internos e de Comunicação.
Muitos jovens têm dúvidas sobre formar uma família, já que a consideram como um peso para sua carreira e seu estilo de vida pessoal.
Um estudo realizado em 2009 mostra que 40% dos japoneses não pensam em ter filhos depois de se casar.
A débil taxa de fecundidade japonesa permaneceu muito baixa em 2009, sem mudar seu nível em relação ao ano anterior --estabilizando-se em 1,37 crianças por mulher, o que interrompe uma ligeira recuperação iniciada desde seu mais baixo nível alcançado em 2005 (1,26 crianças por mulher).
O governo de centro-esquerda japonês, que chegou ao poder em setembro de 2009, fez da luta contra o envelhecimento da população um de seus objetivos centrais.
Entre as medidas-chave figuram o aumento do número de creches e uma ajuda familiar de 13 mil ienes mensais por criança até que terminem a escola.
Sarkozy visita Turquia em meio a polêmica sobre entrada na UE

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, disse que vai confrontar o presidente francês, Nicolas Sarkozy, em visita ao país, sobre sua oposição à entrada do país na União Europeia.
"Nós alertamos Sarkozy sobre este assunto. Nós dissemos que a forma que vocês lidam com a Turquia está muito errada", disse Erdogan, em entrevista exibida na noite de quinta-feira. "E eu vou perguntar a ele amanhã. Eu vou dizer, "olha, você fez tal e tal declaração, mas você diz coisas diferentes para mim".
Os planos da Turquia de adesão à UE estão cada vez mais fracos. Dos 35 capítulos da Turquia --temas a serem negociados-- apenas um foi concluído, 12 estão em discussão, e 18 foram congelados por causa da oposição da França, Chipre e outros membros.
Sarkozy não visitou a Turquia desde que chegou ao cargo em 2007. Nesta sexta-feira, ele chega ao país não apenas como líder francês, mas como presidente do Grupo dos 20.
Paris procurou minimizar a tensão e disse que os encontros com o presidente Abdullah Gul e Erdogan devem focar essencialmente sobre as questões do G20 e do Oriente Médio.
Erdogan disse ainda que as relações turco-francesas exigem uma visita mais longa que as poucas horas que Sarkozy permanecerá no país. O comércio bilateral foi de cerca de 12 bilhões de euros em 2010 e a França está entre os maiores investidores estrangeiros na Turquia.
Em uma entrevista a um jornal turco, Sarkozy reiterou a sua oposição à entrada da Turquia como membro de pleno direito da União Europeia, dizendo que prefere que ela se torne um parceiro privilegiado devido ao seu papel de ponte entre Oriente e Ocidente.
"Por esta razão, acredito que é necessário ter as relações mais próximas possíveis, sem ir para a plena adesão da União Europeia, o que não seria realmente benéfico para a Turquia ou para a União Europeia", disse ao "Posta".
Eliane Cantanhêde: Economia mundial aguarda a queda de Gaddafi


O mundo árabe nunca mais será o mesmo. A afirmação é da colunista da Folha Eliane Cantanhêde.

Segundo a jornalista, a situação na Líbia tem gerado um grande temor no ocidente. Isso porque, com a queda do ditador, ainda não se sabe quem assumirá o controle do país. Outro medo está relacionado ao petróleo --que pode ter seu preço ainda mais elevado.

Cantanhêde destaca que se a crise atingir a Arábia Saudita, será ótimo para democracia, porém, haverá um alto preço para a economia mundial --inclusive para o Brasil.
Dezenas de milhares de egípcios pedem um novo governo no Cairo

Dezenas de milhares de pessoas se concentraram nesta sexta-feira na praça Tahrir, no centro do Cairo, para exigir a formação de um novo governo e que o ex-ditador Hosni Mubarak, que renunciou no último dia 11 após 18 dias de intensos protestos contra seu regime, seja levado aos tribunais.
A manifestação, convocada pelos mesmos grupos que organizaram os protestos antirregime, foi realizado em meio de medidas especiais de segurança.
O acesso à praça Tahrir, que foi epicentro da recente revolta popular egípcia, estava vigiada por soldados, apoiados por tanques militares.
Também havia um cordão de civis que, igual aos soldados, exigiam documentos de identidade de quem entrava na praça.
"Não precisamos deste governo, queremos um novo que nós possamos escolher", disse um dos jovens manifestantes, Omar el Guendi.
O Egito vive um período de transição política que se abriu após a renúncia de Mubarak, mas a maioria dos ministros e o chefe do gabinete, Ahmed Shafiq, procedem do regime anterior.
A concentração coincidiu com as orações do meio-dia desta sexta-feira, a celebração religiosa semanal mais importante para o mundo muçulmano.
O sermão ficou a cargo do imã Mohammed Gibril, que dirigiu as orações de uma plataforma, ajudado por alto-falantes.
Os manifestantes levavam bandeiras e cartazes, e muitos deles com as caras pintadas com as cores da bandeira egípcia.
Em muitos cartazes se viam fotos de alguns dos 300 mortos durante os protestos políticos que acabaram com o regime de Mubarak.
Os lemas da concentração incluíam a formação de um novo governo e um julgamento contra o ex-presidente, que se retirou para a cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, na Península do Sinai, após anunciar sua renúncia.
AVANÇO DA OPOSIÇÃO

As forças opositoras ao regime de Gaddafi mantêm nesta sexta-feira o controle sobre a região leste do país --em cidades como Benghazi, Tobruk e Ajdabiya-- prometendo uma marcha para tentar tomar a capital Trípoli, bastião de resistência do regime.
A maior parte do leste da Líbia já está sob controle da oposição e aumenta a cada hora o número de diplomatas e ministros que abandonam o governo de 42 anos de Gaddafi. O ditador ainda está sob firme controle da capital, algumas cidades dos arredores, o desértico sul e partes esparsas do oeste.
Moradores em várias cidades dizem que a oposição pediu ao povo que vá às ruas protestar após as orações de sexta-feira. Alguns moradores de Trípoli disseram ter recebido mensagens de texto em seus celulares pedindo que protestem na praça Verde --local de intensos confrontos no começo da semana entre opositores e forças de segurança.
A violenta reação de Gaddafi permitiu até agora que mantivesse o controle sobre Trípoli, onde mora cerca de um terço da população de 6 milhões de líbios. Mas a oposição avança significativamente pelo leste do país, já controla importantes poços de petróleo e os rumores de uma guerra civil começam a ganhar força.
Os rebeldes tomaram controle de uma faixa de território que vai da fronteira com o Egito, passa por metade da costa de 1.600 km no Mediterrâneo ao porto de Breqa, a apenas de 710 km leste de Trípoli.