quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Líbia autoriza retirada por avião de funcionários da Odebrecht

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
DE SÃO PAULO


O governo da Líbia concedeu autorização para pouso e decolagem no aeroporto de Trípoli de cinco aviões fretados pela construtora brasileira Odebrecht para retirar seus funcionários na cidade.
Dos cerca de 600 cidadãos brasileiros residentes no país, estima-se que 400 estejam na capital. Também já foi enviado um navio de bandeira grega com chegada prevista para esta manhã para resgate de brasileiros em Benghazi, na costa leste, epicentro da revolta. A embarcação deverá levar a Atenas os funcionários de outra empreiteira brasileira, a Queiroz Galvão.
Ha também contatos com outros governos para operações conjuntas de retiradas de estrangeiros. O governo francês já se dispôs a ajudar.
No início da manhã desta quinta-feira, o primeiro grupo de brasileiros que foram retirados da Líbia chegou ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, relatando que não tiveram problemas no retorno ao país.
Os brasileiros --quatro no total-- chegaram em dois voos da companhia aérea TAP, segundo a emissora de rádio CBN, que fizeram escala em Lisboa. Os governos brasileiro e português fizeram um acordo para retirar funcionários da empresa Andrade Gutierrez que trabalhavam em território líbio.
Apenas um dos quatro brasileiros conversou com a imprensa na chegada a São Paulo. O engenheiro que se identificou como José Geraldo disse que o grupo não teve problemas no retorno, mesmo o aeroporto líbio estando lotado.
Ele afirmou ainda à CBN não ter visto os conflitos entre forças leais ao ditador líbio, Muammar Gaddafi, e manifestantes que pedem a queda de seu regime.
"Não é onde a gente estava, por isso eu não posso falar nada", afirmou, antes de seguir para Belo Horizonte, de onde é natural. José Geraldo estava havia três anos na Líbia e, apesar de dizer que é sempre bom voltar ao Brasil, não quis descartar a possibilidade de um dia, retornar à Líbia para trabalhar.
Juiz britânico ordena extradição de criador do WikiLeaks à Suécia


O juiz britânico Howard Riddle decidiu nesta quinta-feira que o fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, pode ser extraditado para a Suécia para responder a acusações de ter cometido crimes sexuais.
"Devo ordenar que o senhor Assange seja extraditado à Suécia", afirmou o juiz em sua decisão.
Segundo Riddle, as alegações de estupro e molestação sexual feitas por duas mulheres são ofensas passíveis de extradição e que o mandato sueco contra Assange foi emitido corretamente.
Os advogados do australiano já afirmaram que irão apelas da decisão, para o que terão uma semana para apelar da decisão desta quarta-feira. O próprio Riddle já havia admitido que, independente de qual fosse sua decisão, um recurso à ela seria "inevitável".
Assange, um especialista em computação de 39 anos, foi acusado de agressão sexual por duas mulheres suecas com as quais manteve relações sexuais durante uma estadia em Estocolmo no mês de agosto do ano passado. As duas mulheres o acusam, entre outras coisas, de havê-las forçado a manter relações sexuais sem preservativo --o que é considerado crime na Suécia.
Ele afirma que as relações foram consensuais e acusa a Suécia de manter interesses políticos no processo, querendo desmerecer o trabalho do WikiLeaks. Ele está atualmente em liberdade assistida, após pagar fiança. Desde então, vive na mansão de um amigo em Ellingham Hall, 200 km ao leste de Londres.
A defesa de Assange alegou que ele não teria um julgamento justo na Suécia, pois casos de estupro geralmente são julgados em sessões fechadas. Eles argumentaram ainda que existe um risco de que, se ele for extraditado à Suécia, os EUA peçam sua extradição e o enviem à Guantánamo, a prisão americana para suspeitos de terrorismo, localizada em Cuba.
Os EUA investigam se o site de Assange pode ser considerado responsável pelo vazamento de informação secreta, incluindo milhares de telegramas diplomáticos do Departamento de Estado americano divulgados recentemente.
A acusação diz que não há provas de que ele corra risco de ser extraditado aos EUA e que ele deve ir à Suécia para não conseguir fugir dos interrogatórios. Os advogados que representam a Suécia argumentam que autoridades fizeram repetidas tentativas de ouvir Assange quando ele estava na Escandinávia, mas sem sucesso.
Alguns apoiadores do WikiLeaks e de Assange se reuniram na porta do tribunal horas antes do início da audiência, mostrando cartazes e cantando "Libertem Julian Assange e Bradley Manning", o jovem soldado americano suspeito de passar os documentos para o fundador do site.
Comitês populares já controlam regiões na Líbia

DA EFE

O regime de Gaddafi fica cada vez mais sem estruturas para governar e perde o controle de novas regiões no país.

O ex-ministro da Justiça, Mustafa Abdel Jalil, que renunciou ao cargo, afirmou nesta quarta-feira (23) que a região oriental do país "foi totalmente libertada do controle" de Gaddafi, enquanto oficiais do Exército de Al Jabal al Akhdar, no nordeste, anunciaram que se uniram à revolução.

Segundo uma rede de televisão do Catar, na região nordeste do país comitês populares já tomaram algumas cidades e controlam inclusive, algumas rádios, gerando mensagens para incentivar os jovens a lutar contra o regime do ditador.
Líbia depositou bilhões em bancos dos EUA, revela WikiLeaks

DA REUTERS, EM LONDRES

O misterioso fundo soberano do governo líbio tem US$ 32 bilhões depositados em vários bancos dos Estados Unidos, distribuídos em contas com até US$ 500 milhões, além de investimentos em Londres, segundo comunicações diplomáticas americanas divulgadas pelo WikiLeaks.
O documento reflete um encontro realizado em janeiro entre o chefe da Autoridade Líbia de Investimentos (ALI) e o embaixador dos EUA em Trípoli.
A divulgação ocorre num momento em que os governos dos EUA e da Europa cogitam congelar bens do governo líbio, por causa da repressão a manifestantes contrários ao líder líbio, Muammar Gaddafi.
A ALI controla os fundos soberanos em que são depositados os dividendos petrolíferos da Líbia. Estima-se que administre cerca de US$ 70 bilhões, e que isso inclua ações europeias valorizadas, como do banco italiano UniCredit e do grupo editorial britânico Pearson.
Na reunião de 20 de janeiro, Mohamed Layas, diretor da ALI, disse ao embaixador dos EUA que o fundo operava com alta liquidez e não estava preocupado com a volatilidade do mercado petrolífero.
"Temos US$ 32 bilhões em liquidez, a maioria em depósitos bancários que nos dão bons dividendos em longo prazo", disse Layas na reunião em seu gabinete, com vista para o mar Mediterrâneo, segundo o documento veiculado pelo site WikiLeaks.
"Ele explicou que vários bancos americanos estão gerenciando, cada um, entre US$ 300 milhões a US$ 500 milhões de dólares em fundos da ALI [...]. Ele afirmou que os investimentos primários são em Londres, em bancos e em imóveis residenciais e comerciais", diz o despacho diplomático.
A ALI é um dos fundos soberanos menos transparentes do mundo, fortemente ligado ao governo. Num raro relatório anual em 2009, informou possuir mais de 78 por cento do seu patrimônio em "instrumentos financeiros de curto prazo no exterior".
Layas disse que a ALI prefere atuar em Londres, em vez dos EUA, por causa da facilidade para fazer negócios e do sistema tributário relativamente simples, segundo os documentos.
Obama e Calderón marcam encontro para discutir segurança

DA ANSA, NA CIDADE DO MÉXICO

Os presidentes do México, Felipe Calderón, e dos Estados Unidos, Barack Obama, vão se reunir no próximo dia 3 de março, em Washington, para discutir temas da agenda bilateral.
De acordo com uma nota emitida pela Casa Branca, os mandatários devem se concentrar nas questões de segurança e combate ao crime organizado.
O anúncio do encontro entre Obama e Calderón ocorre após o ataque contra agentes da Divisão de Investigações da Alfândega e Imigração dos EUA (ICE), no estado mexicano de San Luis Potosí.
O incidente causou a morte do agente Jaime Zapata, elevando para dois o número de policiais federais norte-americanos assassinado no México desde 1985, quando Enrique Camarena, da Agência Antidrogas (DEA), foi sequestrado e morto.
Além de seu reunir com Obama, Calderón vai se encontrar com o presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, o republicano John Boehner. Também estão previstos diálogos com empresários, a fim de impulsionar acordos comerciais.
Este será o quinto encontro bilateral entre Calderón e Obama desde janeiro de 2009. Na segunda quinzena de março, o líder norte-americano fará um giro pela América Latina, com paradas no Chile, El Salvador e Brasil.
Google vai priorizar contratações e aquisições no Brasil


CAMILA FUSCO
DE SÃO PAULO
Contratações e aquisições de empresas no Brasil são as palavras de ordem que devem conduzir a estratégia do Google neste ano.
Em encontro com a imprensa ontem, o vice-presidente do buscador para as Américas, Denis Woodside, afirmou que o Google quer aproveitar a boa fase de adoção tecnológica pela qual passa o Brasil atualmente para expandir os negócios.
"As estatísticas mostram que apenas 15% dos usuários de internet no Brasil têm banda larga, o que indica uma oportunidade. Precisamos estar preparados quando a demanda vier", disse.
A ponta mais expressiva do momento de expansão do Google no país está nas contratações, encabeçadas pela indicação de Fábio Coelho, ex-iG, para a presidên- cia do buscador no país.
Com 250 funcionários, a empresa espera chegar rapidamente próximo dos 400, entre engenheiros, executivos de negócios, vendas e especialistas em tecnologia.
Investir em empresas locais é outro assunto que interessa ao buscador.
Quase seis anos depois de adquirir a Akwan Technologies, empresa brasileira de inteligência para busca na internet, o Google voltou a colocar no radar companhias nacionais de tecnologia.
Segundo o executivo, o Google está sempre olhando para tecnologias interessantes e para a contratação de engenheiros.
Desemprego registra menor taxa para janeiro, aponta IBGE

CIRILO JUNIOR
DO RIO

A taxa de desemprego média no Brasil em janeiro foi de 6,1%, acelerando frente aos 5,3% registrados em dezembro, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O índice é o menor para o mês desde o início da série histórica, em março de 2002.
Na comparação com janeiro de 2010, houve um decréscimo de 1,1 ponto percentual -- havia ficado em 7,2%.
A renda média do trabalhador cresceu 0,5% em janeiro ante dezembro, ficando em R$ 1.538,30.
O instituto identificou 1,4 milhão de pessoas procurando emprego, 13,7% a mais do que o observado em dezembro. Já no confronto com janeiro de 2010, houve redução de 15,6%.
Em janeiro, o IBGE registrou uma média mensal de 22 milhões de pessoas ocupadas. Em relação a dezembro, houve queda de 1,6% nesse contingente. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, alta de 2,2%.
O IBGE mede a situação do mercado de trabalho nas regiões metropolitanas de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Salvador (BA), Recife (PE) e Porto Alegre (RS).
Ministro francês adverte contra bolha especulativa do petróleo

DA FRANCE PRESSE, EM PARIS
DE SÃO PAULO

O ministro francês da Indústria, Eric Besson, alertou nesta quinta-feira contra a formação de uma bolha especulativa provocada pelo petróleo, estimando que "a antecipação para a alta dos mercados não é razoável" à luz da situação real no setor petroleiro.

"A capacidade excedente de produção [de petróleo] é elevada e os países industrializados contam com bons estoques", destacou o ministro.

Besson lembrou a promessa feita pela Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, de alimentar o mercado caso a situação se complique ainda mais na região, principalmente na Líbia.

Horas antes, o barril de Brent do Mar do Norte para entrega em abril chegou perto dos US$ 120, empurrado pela onda de protestos que agita o mundo árabe, e na última semana chegou com força total à Líbia, um dos quatro maiores produtores de petróleo da África.

Com esta alta, o Brent alcançou seu nível mais alto em 30 meses.

CONFLITO

Os oito dias de protestos na Líbia pela renúncia do ditador Muammar Gaddafi, que há 42 anos comanda a nação que abriga diversas empresas do setor, mantêm o preço do barril de petróleo em alta em diferentes mercados, além de afetar a produção. A alemã Wintershall, filial da Basf para o setor, já anunciou que interrompeu suas atividades no país e a austríaca OMV não descarta fazer o mesmo.

Antes de explodir a crise no Egito e na Tunísia, o Brent era cotado em Londres abaixo de US$ 97.

Já os contratos do Petróleo Intermediário do Texas (WTI), mais negociados na Bolsa Mercantil de Nova York, superaram nesta quarta-feira os US$ 100 por barril e alcançaram níveis de setembro de 2008, depois de ter encarecido 4,79% na sessão.

Uma hora e meia antes do fechamento do mercado, os contratos de petróleo com vencimento em abril, que começaram a ser tomados hoje como referência, chegaram a ser negociados momentaneamente a US$ 100 pressionados pela crise líbia, o que significa US$ 4,58 a mais que os US$ 95,42 do fechamento de terça-feira.

Este avanço ocorreu depois que o cru também subiu com força na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex) na terça-feira, quando os contratos mais negociados se encareceram em apenas um dia 8,54%, já que subiram US$ 7,37.

Essa foi a maior alta em um só dia nos dois últimos anos --desde 12 de março de 2009--, e fez com que esta matéria-prima terminasse na terça-feira em US$ 93,57 por barril (159 litros), seu preço de fechamento mais alto desde 5 de outubro de 2008.

A Líbia é o 9º maior produtor dos 12 membros da Opep, com volume de bombeamento de 1,57 milhão de barris diários, e exporta 79% de sua produção aos mercados europeus, conforme dados do setor.
Papa e presidente libanês pedem fim de conflitos no mundo árabe

DA ANSA, EM ROMA
O papa Bento 16 e o presidente do Líbano, Michel Suleiman, reiteraram nesta quinta-feira a "urgente" necessidade de resolver os conflitos nos países árabes, durante um encontro que mantiveram no Vaticano.
Segundo uma nota divulgada pela Santa Sé, os dois abordaram a "situação no Oriente Médio, com particular referência aos recentes acontecimentos em alguns países árabes" e expressaram "a comum convicção de que é urgente resolver os conflitos na região".
O pontífice recebeu Suleiman por cerca de 30 minutos, durante os quais também demonstrou acreditar que "a formação do novo governo libanês favoreça a desejada estabilidade da nação".
De acordo com Bento 16, o Líbano "representa uma mensagem de liberdade e de respeitosa convivência não só para a região, mas para o mundo inteiro".
"Por isso, é cada vez mais necessária a promoção da colaboração e do diálogo entre as religiões", disse o papa.
EUA SOBEM O TOM

Nesta quarta-feira, em um breve discurso em Washington, o presidente dos EUA, Barack Obama, voltou a condenar os atos "ultrajantes" de violência do regime do ditador Muammar Gaddafi contra os civis e disse que seu país estuda várias medidas contra a Líbia --desde sanções unilaterais até ações conjuntas com outras nações.
O presidente americano condenou fortemente o "banho de sangue inaceitável" que ocorre no país após os repetidos ataques militares contra a própria população e disse que o mundo precisa "falar com uma só voz".
Obama destacou ainda que os protestos na Líbia e na região são gerados pelo próprio povo e que não têm influência alguma de Washington ou de qualquer outro país e destacou uma frase de um líbio como emblemática para caracterizar os motivos das revoltas: "só queremos viver como seres humanos".
Entre as medidas concretas que o governo americano já tomou em reação à crise estão o alerta às suas embaixadas e consulados para dar total assistência aos americanos que tentam deixar a Líbia; o envio do sub-secretário do Departamento de Estado, Bill Burns, a diversos países da região e da Europa para debater as revoltas; e a presença de Hillary Clinton em Genebra na segunda-feira (28) para debater uma "ação multilateral" junto a outros países que integram o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
Tarso vai propor mínimo de R$ 610 para RS

GRACILIANO ROCHA
DE PORTO ALEGRE

O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), anunciou nesta quarta-feira
(23) que encaminhará à Assembleia Legislativa um projeto de lei para fixar em R$ 610 o salário mínimo regional no Estado. O reajuste é de 11,6%.
No mesmo dia, o Senado vota o piso salarial proposto pelo governo: R$ 545.
Alckmin anuncia mínimo de R$ 600 para São Paulo
Itamar discute com Sarney e ironiza mínimo de R$ 545
O mínimo regional, que abrange 1,13 milhão de trabalhadores gaúchos, tem quatro faixas: R$ 610, R$ 624,05, R$ 638,20 e R$ 663,40.
Antes do anúncio, Tarso manteve reuniões com representantes de entidades empresariais e de centrais sindicais.
O presidente da Fiergs (Federação das Indústrias do RS), Paulo Tigre, afirmou que a manutenção do mínimo estadual estimula o emprego informal e tira competitividade das empresas gaúchas em relação aos outros Estados.
O presidente da seção gaúcha da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Celso Woyciechowski disse que o reajuste proposto aponta para a "retomada de crescimento e valorização do piso regional".