terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

ENTREVISTA que dei ao Jornal da UNESP

1-Como o funk pode ser classificado? É apenas um estilo musical vindo dos morros cariocas, ou é muito mais que isso? É uma forma de expressão da periferia que reflete a sua realidade ?
R: O funk é um estilo musical de origem dos negros norte-americanos desenvolvidos por artistas como James Brown. De acordo com o histórico do funk, tratava-se de uma música de ritmo lento, sexy, solto, orientado para frases musicais repetidas (riffs) e principalmente dançante. Esta forma inicial de música estabeleceu o padrão típico da língua inglesa para descrever estas qualidades citadas: sexy, solto. Nas jam sessions, os músicos costumavam encorajar outros a "apimentar" mais as músicas, dizendo: Now, put some stank (stink/funk) on it!" (algo como "coloque mais 'funk' nisso!"). Num jazz de Mezz Mezzrow dos anos 30, Funky Butt, a palavra já aparecia. Devido à conotação sexual original, a palavra funk era normalmente considerada indecente. Até o fim dos anos 50 e início dos 60, quando "funk" e "funky" eram cada vez mais usadas no contexto da soul music, as palavras ainda eram consideradas indelicadas e inapropriadas para uso em conversas educadas. A essência da expressão musical negra norte-americana tem suas raízes nos spirituals, nas canções de trabalho, nos gritos de louvor, no gospel e no blues. Na música mais contemporânea, o gospel, o blues e suas variantes tendem a fundir-se. O funk se torna assim um amálgama do soul, do jazz e do R&B. No Brasil, o funk carioca mais se assemelha ao estilo musical hip-hop norte-americano, com batidas fortes, letras repetidas, entrecruzamento de vozes masculinas e femininas, com letras com forte apelo ao erotismo. Na realidade brasileira, é um estilo musical que ganhou os morros e favelas cariocas e se espalhou rapidamente para o resto do Brasil. Agora afirmar que é uma expressão cultural popular é cometer um equívoco de análise.

2-Podemos dizer que o funk carioca é um movimento cultural?
R: De início pode-se dizer que era um movimento cultural de origem popular, hoje trata-se de um produto cultural massificado pela indústria e pelo consumo culturais. Perdeu sua força simbólica. Hoje é um fenômeno da indústria cultural com as seguintes características elencadas por Marilena Chauí:
- produções repetitivas e reprodutivas;
- eventos para consumo;
- parte do mercado para moda, passageiro, efêmero;
- sem passado e sem futuro.
A indústria cultural e da diversão massifica os comportamentos e a mentalidade das pessoas. Somos instrumentos da indústria da diversão vulgar, veiculada pela televisão, rádio, jornais, músicas, propagandas etc. Estamos cada vez mais atrofiados em idéias e pensamentos.

3- Porque esse estilo musical conseguiu sair das favelas e morros e atingiu as elites de nossa sociedade? (Muitas danceterias freqüentadas por jovens de classe média e alta, tocam funk).
R: Está ligada a questão anterior, tornou-se um produto cultural massificado, aceitável pela sociedade em sua maioria. Está a serviço da reprodução da lógica capitalista, enfatizando o consumo e a diversão como formas de garantir o apaziguamento e a diluição dos problemas sociais. A elite brasileira é tão vítima como vilã desse processo de massificação e alienação cultural. Como diz Adorno e Horkheimer: “a violência da sociedade industrial opera nos homens de uma vez por todas. Os produtos da indústria cultural podem estar certos de serem alegremente consumidos em estado de distração. Mas cada um destes é um modelo do gigantesco mecanismo econômico que desde o início mantém tudo sob pressão tanto no trabalho quanto no lazer que lhe é semelhante”.

4- Podemos dizer que as letras cantadas, usam uma linguagem muito simples, consideradas até palavrão. O senhor acredita que tais palavras são usadas, porque realmente representam a linguagem das pessoas que ouvem funk, e vivem as situações contidas nas letras?
R: É indubitável que algumas expressões e situações pertençam a linguagem e ao cotidiano dos “compositores” funkeiros. Mas por detrás, há uma perversa e sinistra difusão de dissimular realidades, produto das ilusões falsificadoras das empresas de publicidade e propaganda. A indústria cultural se apropriou desse movimento popular. O funk é um produto de massa. Mergulhamos cada vez num mundo alienante, que atrofia mentes e comportamentos.

Obrigado!

Soneto 30

Soneto 30
Shakespeare, William. Trad. Bárbara Heliodora.

Quando à corte silente do pensar
Eu convoco as lembranças do passado,
Suspiro pelo que ontem fui buscar,
Chorando o tempo já desperdiçado,
Afogo o olhar em lágrima, tão rara,
Por amigos que a morte anoiteceu;
Pranteio dor que o amor já superara,
Lastimando o que desapareceu.
Posso então lastimar o erro esquecido,
E de tais penas recontar as sagas,
Chorando o já chorado e já sofrido
Tornando a pagar contas todas pagas.
Mas, amigo, se em ti penso um momento,
Vão-se as penas e acaba o sofrimento.

POEMA DE CHARLES CHAPLIN

"Já perdoei erros quase imperdoáveis, tentei substituir pessoas
insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso, já me decepcionei com pessoas quando nunca
pensei me decepcionar, mas também decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger, já dei risada quando não podia, fiz amigos
eternos, amei e fui amado, mas também já fui rejeitado, fui amado e não
amei. Já gritei e pulei de tanta felicidade, já vivi de amor e fiz juras
eternas, "quebrei a cara" muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos, já liguei só pra escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso, já pensei que fosse morrer de tanta saudade e
tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo)!
Mas vivi! E ainda vivo! Não passo pela vida.
Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida e viver com
paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a
quem se atreve e a vida é MUITO para ser insignificante".

(Charles Chaplin)

POEMA DE AUTOR DESCONHECIDO

Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.