segunda-feira, 18 de abril de 2011

Thomas Hobbes (1588-1679): O Estado para domar o lobo do próprio homem

Para o filósofo inglês Thomas Hobbes, o homem, embora vivendo em sociedade, não possui o instinto natural de sociabilidade. Cada homem sempre encara seu semelhante como um concorrente que precisa ser dominado. Onde não houve o domínio de um homem sobre outro existirá sempre uma competição intensa até que esse domínio seja alcançado.
A conseqüência óbvia dessa disputa infindável dos homens entre si teria gerado um permanente estado de guerra e de matança nas comunidades primitivas. Nas palavras de Hobbes: “o homem é o lobo do próprio homem (homo homini lupus)”.
Só havia uma solução para dar fim à brutalidade social primitiva: a criação artificial da sociedade política, administrada pelo Estado. Para isso, o homens tiveram que firmar um contrato entre si, pelo qual cada um transferia seu poder de governar a si próprio a um terceiro – o Estado – para que esse Estado governasse a todos, impondo ordem, segurança e direção à conturbada vida social.
Hobbes apresentou essas idéias no seu livro Leviatã, no qual o Estado é comparado a uma criação monstruosa do homem, destinada a pôr fim à anarquia e ao caos da comunidade primitiva. O nome Leviatã refere-se ao monstro bíblico citado no Livro de Jô (Bíblia), descrito da seguinte maneira: “o seu corpo é como escudos de bronze fundido (...) Em volta de seus dentes está o terror (...) O seu coração é duro como a pedra, e apertado como a bigorna do ferreiro. No seu pescoço está a força, e diante dele vai a fome (...) Não há poder sobre a terra que se lhe compare, pois foi feito para não ter medo de nada (Jô, 40, 41).
Na obra Sobre o Cidadão que Hobbes expõe primeiramente suas concepções sobre a origem do poder político, que contrariam a tese de Aristóteles, que, como vimos, apresentava o homem como naturalmente sociável. Para Hobbes, os homens só passam a viver em sociedade diante de uma ameaça à preservação da vida. Ou seja, entre os homens a cooperação não é natural, como se dá com as abelhas e formigas, por exemplo. O pacto social, através do qual se estabelece uma ordem moral e política, vem da necessidade de acabar com o estado de guerra, de conservar a vida, sendo por isso artificial.

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