quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Manifestantes convocam novos protestos antigoverno na China

DA FRANCE PRESSE, EM PEQUIM
DE SÃO PAULO

Uma nova convocação pela internet, inspirada nos movimentos de contestação no mundo árabe, convida os chineses a protestar todos os domingos em 13 cidades para pedir mais transparência governamental e liberdade de expressão.
O convite publicado no site Boxun.com --que tem servidor no exterior-- parece ter sido feito pelo mesmo grupo que fez a convocação dos protestos registrados no domingo passado na China, inspiradas pelas manifestações na Tunísia, Bahrein, Egito e Líbia.
As autoridades chinesas mobilizaram um forte esquema de segurança em Pequim e outras 12 cidades para impedir os protestos.
As manifestações não reuniram muitas pessoas, mas mesmo assim a polícia efetuou várias detenções.
"Devemos pressionar o partido [comunista] que governa a China. Se o partido não combate a corrupção, nem aceita a supervisão do povo, segue para sua perda", afirma a convocação.
Na segunda-feira, a imprensa oficial chinesa afirmou que "exaltados" haviam tentado, no dia anterior, "imitar a Revolução do Jasmim" da Tunísia e insistiu que uma revolução na China é "impossível".
"Não há vontade coletiva a favor de uma revolução na China", afirmou o jornal "Global Times", conhecido por seu nacionalismo. "Algumas pessoas em Pequim, Xangai e várias outras cidades da China tentaram ontem imitar a Revolução do Jasmim", destacou o jornal em um editorial.
"Estas pessoas são como os mendigos nas ruas, não desaparecem nunca, enquanto o restante do país avança", completou o jornal, antes de ressaltar que os manifestantes se limitavam a 'alguns exaltados'.
O "Diário do Povo", publicação oficial do Partido Comunista chinês, pediu "maturidade" aos cidadãos, além de "coesão social".
Como o protesto de domingo havia sido convocado pela internet, o governo chinês censurou a palavra "jasmim" na rede.
Desde o início dos protestos na Tunísia --chamados de Revolução do Jasmim e que terminou com a saída do país do ditador Zine el Abidine Ben Ali--, Pequim tenta restringir a cobertura da imprensa sobre as manifestações populares, estimuladas pelo desemprego, a alta dos preços e um governo não democrático.
Brasil e Argentina promoverão agenda comum em termos de defesa

DA FRANCE PRESSE, EM BUENOS AIRES

Os ministros da Defesa do Brasil e da Argentina se reunirão nesta segunda-feira na capital argentina para dar impulso a uma agenda comum conforme os acordos assinados pelas presidentes dos dois países em 31 de janeiro passado, informou neste domingo a pasta da Defesa.
O ministro argentino, Arturo Puricelli, receberá seu colega brasileiro, Nélson Jobim, para rubricar uma declaração conjunta onde se reafirma "a relação estratégica entre ambos países", informa o comunicado.
O encontro foi acertado por ocasião da visita oficial à Argentina da presidente brasileira Dilma Rousseff.
Puricelli e Jobim manterão uma reunião privada na sede do ministério e depois percorrerão juntos as instalações do Complexo Industrial Naval Argentino e do estaleiro estatal Tandanor, um dos maiores da América do Sul.
No último encontro entre ambos funcionários, acertou-se aprofundar a cooperação conjunta no programa anual de intercâmbios, cursos, estadas e visitas entre militares dos dois países, assim como manter a cooperação industrial na área aeronáutica.
Ambos países reafirmaram igualmente seu "firme compromisso com o Haiti através de sua contínua participação na Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah)", acrescenta a nota.
Jobim pede que América do Sul se una na área da Defesa

DA ANSA, EM MONTEVIDÉU

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, declarou que a América do Sul deve aprofundar suas relações no âmbito da Defesa, para que a região "tenha uma única voz" diante do mundo.
Em coletiva de imprensa em Montevidéu, no Uruguai, Jobim explicou que o Brasil pretende formar uma indústria de defesa regional, com investimentos estatais. Segundo ele, essa iniciativa não busca dar início a uma corrida armamentista, e sim "recuperar o tempo perdido".
Brasil e Argentina promoverão agenda comum em termos de defesa
"Existe uma necessidade na região de capacidade operativa", disse o ministro, mencionando a falta de controle do Atlântico e do espaço aéreo regional.
"Em 2025, será imposto o controle dos espaços aéreos através de satélites, e não com radares [como acontece agora], e é necessário ter capacidade para poder assumir esse controle. São pontos que temos de decidir juntos, para termos uma maior capacidade de escala."
Jobim ainda apontou que os principais aspectos a serem protegidos devem ser os recursos naturais, como a água, a produção de alimentos e a energia.
Participaram da coletiva o presidente uruguaio, José Mujica, o ministro de Defesa uruguaio, Luis Rosadilla, e o chanceler Luis Almagro.
Rosadilla, por sua vez, ressaltou a vantagens estratégicas que o Uruguai possui, como a produção de alimentos. Ele também mencionou a intenção de ambos países na possível instalação de um parque industrial em território uruguaio para a fabricação de peças de aviões militares.
Defesa prevê corte de cerca de 26,5% no Orçamento para 2011

MÁRIO SÉRGIO LIMA
DE BRASÍLIA

O Orçamento do Ministério da Defesa vai sofrer um corte de 26,5% nas despesas referentes a custeio e investimento, informou nesta terça-feira (15) a assessoria do Ministério da Fazenda. De acordo com a pasta, o corte no Orçamento de 2011 será de R$ 4,024 bilhões.
Mais cedo, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, havia informado que o contingenciamento atingiria 36% das despesas do tipo. Ele também afirmou que sobrariam R$ 6,9 bilhões, além de mais R$ 4,8 bilhões de despesas que não podem ser cortadas, para seu Ministério --informação retificada pela assessoria.
Segundo Jobim, sobrará para a pasta em 2011 um volume de R$ 6,9 bilhões para "distribuir entre manutenção operativa e projetos".
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"Agora eu tenho de trabalhar na distribuição de valores. Depois preciso verificar o número consolidado, que sairá hoje à tarde, daí chamo as Forças e vou distribuir esses valores entre elas e vou baixar numa portaria determinando o que terá de ser suspenso ou paralisado", afirmou após reunião no Ministério da Fazenda com Guido Mantega e Miriam Belchior (Planejamento).
Em 2011, o orçamento para despesas de custeio e investimento é de R$ 15,1 bilhões (de um orçamento global, que inclui despesas com pessoal e encargos sociais, de mais de R$ 60 bilhões). Desse total, contudo, somente cerca de R$ 10,5 bilhões a R$ 11 bilhões é que poderiam ser contingenciados.
De acordo com Jobim, o corte poderá afetar operações, como as incorporações de militares. "A média de incorporações que estavam sendo feitas era de 70 mil, então podemos ter uma redução", afirmou.
Ele evitou reclamar do volume do corte. "A gente não pode achar coisa alguma. Tem de entender as condições econômicas. Evidentemente, o que eu vou fazer, estabelecido quais são os cortes, eventuais negociações que possam ser feitas, de prorrogações de prazos de pagamento de alguns contratos e depois estabelecer quais são as consequências."
O ministro, contudo, desvinculou a questão da compra dos caças de possíveis cortes no Orçamento.
"Não tem decisão ainda sobre os caças. De uma forma ou de outra, não teria ainda nada neste ano, porque a questão tem uma liturgia: a presidente toma uma decisão e tem de mandar para o Conselho de Defesa Nacional. Só depois da decisão do Conselho é que vem a decisão da presidente. Aí teria de sentar a Força Aérea com a empresa escolhida para discutir contratos. E essa discussão leva no mínimo um ano.".
Jobim afirmou que a decisão sobre qual aeronave será escolhida deve sair neste ano. O que não ocorrerá em 2011, em razão da discussão dos contratos, é a despesa orçamentária para a compra dos caças.
Brasil diz para França que negócio dos caças vai demorar meses

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, recebeu nesta terça-feira a titular de Exteriores da França, Michèle Alliot-Marie, a quem ratificou que a decisão sobre a compra de caças demorará alguns meses.
Na negociação para a compra de 36 caças-bombardeiros para a FAB (Força Aérea Brasileira) concorrem os aviões Rafale, da empresa francesa Dassault, os Super Hornet F/A-18, da americana Boeing, e os Gripen NG, da sueca Saab.
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Conforme fontes do Ministério da Defesa, esse foi um dos assuntos tratados nesta terça-feira por Michèle com Jobim, que explicou que, pelos cortes orçamentários anunciados neste mês pelo governo Dilma Rousseff, a operação ficou suspensa.
O orçamento de Defesa para despesas de custeio e investimento deste ano era de R$ 15 bilhões, mas com os cortes ficará em R$ 11 bilhões, por isso que todas as aquisições de material militar serão revisadas.
No caso dos caças, a operação não foi cancelada, mas ficará suspensa.
A ministra francesa reafirmou o interesse de seu país na venda dos Rafale, que eram supostamente os preferidos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que entregou o cargo para Dilma no dia 1º de janeiro.
Durante seu encontro com Jobim, Michèle considerou que a área de defesa é "o coração da sociedade estratégica" entre Brasil e França, que foi selada por Lula e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, no dia 7 de setembro de 2009.
Na reunião em Brasília, Lula e Sarkozy chegaram a anunciar a decisão de transformar o Brasil e a França em "parceiros estratégicos no domínio aeronáutico".
Também, durante essa visita de Sarkozy, o governo brasileiro informou sua disposição para "iniciar negociações" para a compra dos aviões franceses, embora depois esclarecesse que essa oferta era válida também para Boeing e Saab e que a licitação continuava aberta, como está até hoje.
A decisão final sobre o assunto, segundo o governo, será tomada por Dilma e pelos membros do Conselho de Defesa Nacional, que integram representantes de diversos ministérios.
Ministra francesa faz lobby com Dilma por caças Rafale

ANA FLOR
DE BRASÍLIA

Recebida nesta terça-feira pela presidente Dilma Rousseff, a ministra de Relações Exteriores e Europeias da França, Michèle Alliot-Marie, afirmou que "é normal que [Dilma] queira refletir" sobre qual caça o Brasil deverá comprar.
Em sua agenda no Brasil, Alliot-Marie teve como prioridade reforçar a proposta francesa para a compra dos caças Rafale.
Brasil diz para França que negócio dos caças vai demorar meses
Ela entregou a Dilma uma carta do presidente francês Nicolas Sarkozy, em que reforça a "disposição" do país europeu em continuar cooperando com o Brasil nas áreas da defesa, tecnologia e energia nuclear.
Dilma abriu espaço na agenda à tarde para receber a ministra francesa. Para isso, acabou cancelando o encontro que teria com o senador dos EUA Max Baucus, presidente da Comissão de Finanças do Senado do país.
Entre os temas, estaria a defesa em favor dos caças americanos da Boing, que competem com os franceses da Dassault e os Grippen, da Suécia, a renovação dos caças da FAB (Força Aérea Brasileira).
A ministra francesa se encontrou pela manhã com o ministro Nelson Jobim (Defesa). Ouviu dele que a presidente não deve definir a compra neste ano por causa dos cortes no Orçamento.
À tarde, em encontro com o ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores), a ministra voltou a defender os Rafale como a "melhor proposta" para o Brasil.
"Temos consciência de que a presidente acaba de tomar posse e nesse momento é normal que ela queira refletir sobre os diversos aspectos da venda e de que tenha preocupações orçamentárias", afirmou.
Brasil é o 5º país que mais eleva as importações, segundo OMC

ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK
VERENA FORNETTI
DE SÃO PAULO


O Brasil foi o quinto país que mais aumentou as importações no ano passado, segundo levantamento da Folha com dados da OMC (Organização Mundial do Comércio) sobre 65 países.
O Brasil ganhou quatro posições entre as economias que mais importaram e duas entre as que mais exportaram. No dois casos, o país passou a ocupar o 20º posto.
As compras do exterior avançaram 43% e passaram de US$ 134 bilhões para US$ 191 bilhões. O aumento só não foi maior do que as na Indonésia, na Argentina, no Paraguai e em Taiwan.
Pelos dados do governo brasileiro, houve avanço da compra em quase todos os principais produtos importados, mas os manufaturados -especialmente carros e combustíveis- foram os que mais ganharam espaço.
O Brasil também foi um dos que mais aumentaram as exportações. O avanço foi de 32% - o 10º mais significativo entre as 65 economias.
Alessandro Teixeira, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, diz que o crescimento das compras e das vendas refletem o desenvolvimento do país.
"A economia brasileira está se fortalecendo e é natural que importemos mais. E o Brasil também vem fazendo um esforço não só para exportar mais, mas também diversificar os parceiros."
BASE DE COMPARAÇÃO
Bruno Lavieri, da Tendências, pondera que o real estava mais valorizado em 2010 do que em 2009, o que impulsionou as importações. Ele também relativiza o incremento de 43% por causa da base de comparação fraca: em 2009, o país foi afetado pela crise, que derrubou a demanda por bens do exterior.
Pelo lado das exportações, os produtos básicos (como minério de ferro e soja) representam quase metade do que o Brasil vende para o exterior e tiveram forte queda no preço em 2009, mas voltaram a subir em 2010 - o que ajudou a alavancar as vendas.
Lavieri também ressalta que, em 2010, o momento era favorável para as compras do exterior. Com a demanda interna em alta, as economias em desenvolvimento aproveitaram para investir.
"O ano passado foi um ótimo momento para importar máquina e ampliar capacidade produtiva", diz ele.
Desemprego no país sobe para 10,4%, aponta Seade/Dieese

GIULIANA VALLONE
DE SÃO PAULO

A taxa de desemprego no país iniciou o ano em alta, de acordo com pesquisa realizada pela Fundação Seade e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) em sete regiões metropolitanas e divulgada nesta quarta-feira. O índice ficou em 10,4%, ante taxa de 10,1% registrada em dezembro.
O índice em São Paulo também subiu no mês passado, passando de 10,1% em dezembro para 10,5% --ainda assim, é a menor taxa para janeiro desde 1992.
Em Porto Alegre e Recife, as taxas apresentaram aumento, de 7,2% para 7,3% e de 12,8% para 13,5%, respectivamente. Em Salvador, passou de 13,8% para 13,6%.
Em Belo Horizonte e Fortaleza, as taxas tiveram alta, de 7,1% para 7,7% e de 8,3% para 8,5%, respectivamente. No Distrito Federal, a taxa passou de 12,9% para 12,6%.
O contingente de desempregados nos sete locais analisados foi estimado em 2,291 milhões de pessoas em janeiro, 57 mil a mais do que o estimado em dezembro. Esse número é resultante do fechamento de 165 mil ocupações, aliado à saída de 108 mil pessoas do mercado de trabalho.
Nesse mesmo comparativo, o nível de ocupação, na média nacional, teve queda de 0,8%. O total de ocupados nas sete regiões pesquisadas foi estimado em 19,785 milhões de pessoas, para uma PEA (População Economicamente Ativa) de 22,076 milhões.
Na divisão por atividade, o nível de ocupação cresceu em apenas um dos cinco setores: comércio, com a abertura de 35 mil vagas.
No setor de serviços, foram fechadas 121 mil vagas, seguido pela indústria, com menos 32 mil postos de trabalho, quantidade superior à registrada na construção civil (28 mil) e no agregado de outros setores (19 mil).

RENDIMENTO
O rendimento médio real dos ocupados caiu 0,4% no país em dezembro, chegando a R$ 1.389. Já o dos assalariados ficou em R$ 1.425, apresentando redução de 0,6%.
Na análise por região metropolitana, o rendimento médio dos ocupados aumentou em três dos sete locais. Fortaleza registrou o maior aumento percentual com os trabalhadores passando a ganhar, na média, 1,3% a mais, chegando a R$ 876.
Salvador apresentou acréscimo de 1,2%, para R$ 1.096. No Distrito Federal, a alta foi de 0,2%, para R$ 2.106.
Em Belo Horizonte e Porto Alegre, houve redução no rendimento, de 2,1% e 0,6%, respectivamente, para R$ 1.335 e R$ 1.364.
A remuneração média dos ocupados no Recife também caiu, em 0,5%, para R$ 937.
Em São Paulo, o valor também teve redução de 0,5%%, para R$ 1.528.
Empresa brasileira quer comprar parte da TAP, diz Patriota


JULIANA ROCHA
DE BRASÍLIA

Uma empresa aérea brasileira estuda comprar uma participação na companhia portuguesa TAP. A informação partiu do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, durante a visita ao Brasil do chanceler de Portugal, Luís Amado.
Patriota ressaltou o aumento do mercado brasileiro para a TAP, tanto com a maior frequência dos voos quanto a maior procura de passageiros.
"Se fala na possibilidade de aquisição de participação de uma companhia aérea brasileira na TAP", comentou o ministro.
Patriota e Amado ressaltaram que as empresas privadas portuguesas são ainda umas das principais investidoras no Brasil. Para o ministro de Portugal, a crise financeira vivida pelo país não deve reduzir esse fluxo de investimentos.
Amado destacou, ainda, que no encontro não foi discutida a compra pelo Brasil de títulos públicos da dívida de Portugal.
Na visita ao Brasil nesta sexta-feira, o chanceler português esteve com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto e almoçou com Patriota no Itamaraty.
VOOS
Segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a TAP representa mais de um quarto do tráfego de passageiros entre Brasil e Europa, com uma fatia de 26,4%. A segunda colocada, de acordo com os dados de 2009 da agência, é a TAM, com 23%.
A TAP é a companhia estrangeira com maior número de voos diretos entre capitais brasileiras e uma cidade europeia. Ela adotou como estratégia expandir operações com voos a partir de capitais do Nordeste.
A empresa é destaque ainda no transporte de carga e ocupa o terceiro lugar neste segmento, com um percentual de 15,2%.
No mercado financeiro e nos jornais portugueses, o nome da Gol figura na lista de interessados no processo de privatização da empresa. O interesse seria uma reação à operação de fusão entre a TAM e a chilena LAN.
No começo do mês, no entanto, a Gol enviou nota respondendo a um questionamento da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) em que diz não ter qualquer fato relevante a divulgar sobre o assunto.
Embraer é aérea que mais cresceu no mundo em 2010


MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

Impulsionada pela demanda brasileira, a Embraer foi a empresa de aviação executiva que mais cresceu em número de aeronaves vendidas no mundo em 2010.
Foram 145 jatos, 23 a mais do que em 2009. Do total, 100 são do modelo Phenom 100, menor jato da fabricante, de US$ 3,9 milhões e autonomia para voar do Rio de Janeiro a Buenos Aires, por exemplo.
Embraer inaugura primeira fábrica de montagem final nos EUA
No mundo, foram vendidos 763 jatos executivos, queda de 12,3% ante 2009 (870).
A Embraer ficou com 19% do mercado, segundo dados da Gama, a associação de fabricantes dos EUA, com base no número de entregas efetuadas em 2010. Dois anos antes, a Embraer detinha apenas 3%.
O Phenom 100 começou a ser fabricado em dezembro de 2008. De uma frota de 200 aviões que já estão voando no mundo, 60 (30%) estão nas mãos de brasileiros como o empresário Eike Batista e a cantora Cláudia Leitte.
A divisão de aviação executiva da Embraer tem conseguido atravessar a crise que assolou o setor em 2008, pois muitos clientes que teriam de esperar até 2013 ou 2014 para receber seu jatinhos pegaram o lugar de outros que desistiram.
Porém, como não está havendo novas vendas, a lista de encomendas dos Phenom 100 e 300, que era de 800 unidades no final de 2008, caiu para 450.
"As vendas para toda a indústria só devem começar a se recuperar no segundo semestre ou início de 2012", diz Cláudio Camelier, diretor de marketing para aviação executiva da Embraer.
A frota brasileira de aviões executivos dos tipos jato e turboélice cresceu 30% em 2010, para 1.400 unidades. Francisco Lyra, presidente da Abag (associação de aviação geral), diz que a expectativa para 2011 é repetir esse crescimento.
Além da economia aquecida, Lyra diz que o mercado está sendo impulsionado por três fatores: dólar fraco, baixo preço dos aviões (sobretudo dos usados, por conta da demanda reduzida nos EUA e na Europa) e crédito farto.
"O crédito voltou para as empresas e, no caso da Embraer, há ainda a linha do BNDES, com prazo longo e juros próximos da inflação."
A participação da América Latina no mercado de jatos executivos saltou de 9,2% em 2009 para 14,3% no ano passado. Ásia e Oriente Médio também cresceram, enquanto EUA e Europa encolheram.
"O Brasil já era importante, mas tomou uma posição ainda maior de destaque para a Cessna e para todos os fabricantes mundiais", diz Fernando Pinho, presidente da TAM Aviação Executiva, representante comercial da americana Cessna no Brasil.
AEROPORTOS
O mercado aquecido transformou o Campo de Marte, na zona norte de SP, no quinto aeroporto mais movimentado do país em número de operações.
"Com a expansão da fronteira do desenvolvimento, o empresário não pode depender da aviação comercial regular, que atende apenas 124 cidades", diz Lyra. Os aviões particulares pousam em 4.200 aeródromos do país.
Merkel convoca europeus a seguir modelo de austeridade alemão

DE SÃO PAULO

A chanceler alemã, Angela Merkel, convocou os países da União Europeia a seguir o exemplo germânico de austeridade fiscal e classificou o excesso de dívida como a pior ameaça para a prosperidade do bloco.
"Medidas de redução de gastos e crescimento não são opostos", afirmou Merkel em discurso no Fórum Econômico Mundial nesta sexta-feira. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, também havia sugerido, em Davos, que os países seguissem o exemplo do Reino Unido com relação à redução dos gastos.
"Eu fui criticada porque diziam que a Alemanha tinha de crescer e que, se consolidasse (o corte), comprometeria o crescimento. Mas tivemos uma experiência muito interessante nos dois últimos anos. Cortamos os gastos e crescemos 3,6% no último ano", acrescentou.
As declarações de Merkel foram dadas no mesmo dia em que o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, alertou as economias em recuperação dos impactos da crise que a redução de gastos públicos deve ser feita com cautela para não afetar a retomada do crescimento.
EURO
No discurso, Merkel descartou uma crise do euro. "É simplesmente uma crise de dívida". Ela reiterou a posição sustentada pelo presidente francês, Nikolas Sarkozy, indicando que, "sem dúvidas", vai defender o euro.
Merkel afirmou que a região deve aproveitar a crise para buscar maior unidade entre os países. "Precisamos fazer uma coisa que não fizemos quando o euro foi criado: trabalhar de forma mais coordenada, tanto politicamente, como economicamente", afirmou.
Ao lado do diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy, criticou o cenário de maior protecionismo acirrado pela crise. A Rodada Doha, segundo ela, será essencial para assegurar o livre-comércio mundial. "Estamos a metros de atingir a linha final", indicou.
A chanceler alemã aproveitou para endossar o discurso de Sarkozy sobre a especulação em commodities. Ela cobrou mais transparência e acesso ao mercados produtores. "O crescimento (da produção de commodities) tem de ser previsível, mais igualitário e deve ser sustentável", disse.
Reino Unido eliminará 50 mil empregos na saúde, diz relatório

DA EFE, EM LONDRES

Mais de 50 mil empregos serão eliminados no Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, segundo uma análise do site "False Economy" publicada nesta quarta-feira pelo diário "The Guardian".
Apenas na Inglaterra serão eliminados 24 mil postos em hospitais, além de outros 10 mil em centros de assistência primária e seis mil em centros de saúde mental.
Parlamento britânico aprova planos para aumentar taxas universitárias
As demissões, que obedecem aos cortes gerais nos gastos públicos planejados pelo governo de David Cameron, afetam tanto a médicos como a enfermeiras e dentistas, além de funcionários administrativos.
Segundo a Associação Médica Britânica, os cortes previstos terão um impacto negativo no conjunto dos trabalhadores do setor.
O porta-voz para temas de saúde da oposição trabalhista, John Healey, acusou o governo conservador-liberaldemocrata de estar tentando uma custosa reorganização da Saúde britânica.
"Os tories [conservadores] pediram que o Parlamento votasse uma soma adicional de 1,8 bilhão de libras [US$ 2,9 bilhões] para essa reorganização administrativa. Com essa quantia, seria possível pagar quase 15 mil enfermeiras durante três anos", criticou o deputado trabalhista.
CORTES
O Reino Unido luta para sair da recessão em que foi jogado com a crise financeira de 2008. O país vive a maior recessão desde o final da Segunda Guerra Mundial com uma política de cortes de gastos públicos, demissão de cerca de 500 mil funcionários públicos de um total de 6 milhões.
A inflação beira os 4% (o dobro da meta estabelecida); o desemprego entre os jovens passa de 25%. A economia encolheu no quarto trimestre do ano passado, o que deixa a Alemanha, maior economia da Europa, cada vez mais distante.
Desde o dia 18 de setembro, os britânicos vivem um momento de insegurança após o governo afirmar que não poderia descartar cortes extras de mais de 4 bilhões de libras (US$ 6,48 bilhões) no seu sistema de benefícios sociais, além das reduções anunciadas em junho, segundo o vice-ministro de Finanças, Danny Alexander.
A incerteza sobre o tamanho do corte existe desde que o ministro das Finanças, o conservador George Osborne, disse no começo de setembro que ele seria maior do que os 11 bilhões de libras (US$ 17,83 bilhões) anunciados no orçamento de junho.
Alexander falou antes do início da conferência anual dos LibDems, no domingo, quando é provável que muitos ativistas se oponham aos pesados cortes.
Senegal rompe com o Irã por fornecimento de armas a rebeldes


DA EFE, EM DACAR

O governo do Senegal rompeu suas relações diplomáticas com o Irã por acusar o país persa de fornecer armas a rebeldes independentistas senegaleses, informou um comunicado oficial divulgado na noite de terça-feira pela emissora de televisão nacional.
Segundo Dacar, um relatório do Estado-Maior das Forças Armadas indica que procede do Irã o sofisticado armamento utilizado pelo Movimento das Forças Democráticas de Casamance (MFDC), o grupo rebelde que atua no sul do país e que desde dezembro matou 15 soldados senegaleses em tiroteios.
"O Senegal constatou que balas iranianas causaram a morte de soldados senegaleses e decidiu romper suas relações diplomáticas com a República Islâmica do Irã a partir de 22 de fevereiro", indica o comunicado.
A ruptura das relações diplomáticas acontece depois de o governo do Senegal ter convocado para consultas seu embaixador no Irã em dezembro e ter anunciado seu retorno em janeiro por diferenças entre Dacar e Teerã a respeito de uma carga de armas confiscada na Nigéria em outubro de 2010 e supostamente destinada à Gâmbia.
A imprensa senegalesa apontou em dezembro que as armas iranianas apreendidas em Lagos seriam entregues aos rebeldes do MFDC, que lutam pela independência da região meridional do Senegal desde 1982.
As armas, segundo as mesmas fontes, poderiam ter chegado aos rebeldes através da Gâmbia, que em 23 de novembro rompeu relações com Teerã e expulsou todos os diplomatas iranianos do país devido ao caso.
Após a apreensão do carregamento de armas, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Manouchehr Mottaki, visitou Dacar em janeiro para oferecer explicações sobre o caso, que não foram "satisfatórias" e nas quais admitiu "que seu país forneceu armas à Gâmbia", segundo assinalou na época o governo senegalês
Confronto entre manifestantes deixa dois mortos no Iêmen

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Ao menos duas pessoas morreram e outras 17 ficaram feridas na noite desta terça-feira em confrontos entre manifestantes governistas e da oposição diante da Universidade de Sanaa, no Iêmen.
O governista Conferência Popular disse, em comunicado, que um de seus seguidores morreu e outros cinco ficaram feridos por disparos de manifestantes que estão acampados diante da universidade em protesto contra o governo.
Fontes da oposição, por sua vez, confirmaram a morte de um de seus membros, enquanto outros 12 ficaram feridos em enfrentamentos. Eles atribuem a responsabilidade dos confrontos aos militantes do partido governante.
Os feridos, três dos quais encontram-se em estado grave, foram transferidos a três hospitais próximos, de acordo com fontes médicas.
Os incidentes aconteceram durante o protesto que reuniu 3.000 opositores do regime de Ali Abdullah Saleh, acampados há três dias diante da Universidade de Sanaa.
Os protestos no Iêmen começaram em 12 de fevereiro e foram convocadas pelos principais partidos da oposição para exigir a queda de Saleh, no poder há 32 anos.
Saleh renunciou a novas emendas constitucionais para suprimir a limitação de mandatos presidenciais --o que lhe permitiria mais uma reeleição. A decisão, no entanto, não conseguiu acalmar os manifestantes nem satisfazer a oposição.
As agências de notícias dizem que ao menos 12 pessoas morreram nos protestos em Aden (sul), há dez dias. O governo iemenita, contudo, só confirma quatro mortos.
Brasileiros esperam sair da Líbia até sexta, diz diretor de empresa

DA BBC BRASIL

O grupo de mais de 130 brasileiros que reside na cidade de Benghazi, a segunda maior da Líbia, espera conseguir sair do país até sexta-feira. Em entrevista à BBC Brasil, Marcos Jordão, diretor da empresa Queiroz Galvão, na qual os brasileiros trabalham, disse que o prazo foi dado pela Embaixada do Brasil na capital líbia, Trípoli, e confirmado pela empresa.
A expectativa é de que eles saiam da cidade portuária líbia de barco.
A casa de Jordão está abrigando um total de 56 pessoas, em sua maioria brasileiros, mas há também portugueses. Outras 144 pessoas estão hospedadas em um hotel local.
O diretor da Queiroz Galvão contou ter andado pelas ruas da cidade nesta quarta-feira de manhã e disse que o clima é de tranquilidade e que os brasileiros passam bem.

CLIMA TRANQUILO
"Hoje eu andei pelas ruas não vi nenhum indício de que tenha havido conflito recente. O trânsito estava normal, só as lojas que continuam fechadas", contou Jordão.
Benghazi foi a cidade em que os protestos contra o governo do líder da Líbia, Muammar Gaddafi, tiveram início, ainda semana passada.
O coronel Gaddafi chegou ao poder por meio de um golpe militar em 1969, após um golpe militar.
Na terça-feira à noite, o líder líbio fez um pronunciamento transmitido pela TV no qual afirmou que não pretende renunciar.

APREENSÃO
Jordão comentou que apesar da aparente tranquilidade na cidade, existe um clima de "apreensão".
"O que acontece é a ansiedade. Porque não sabemos o momento exato [da partida]", disse o diretor da Queiroz Galvão.
Mas ele acrescentou não ter visto "nenhuma cena de conflito".
No entanto, entre os brasileiros que estão refugiados na sua casa, ele foi o único que andou pelas ruas de Benghazi, desde a eclosão dos protestos e da repressão implementada pelas autoridades da Líbia.
A Queiroz Galvão é a única empresa brasileira com sede em Benghazi. Outras companhias do Brasil que atuam na Líbia, como a Petrobras, Odebrecht e Andrade Gutierrez, estão baseadas em Trípoli.
Israel diz que navios iranianos em Suez é provocação

DA FRANCE PRESSE, EM MADRI (ESPANHA)

O presidente israelense, Shimon Peres, afirmou nesta quarta-feira que a passagem de dois navios de guerra iranianos pelo Canal de Suez pela primeira vez desde a revolução islâmica, em 1979, é uma provocação política.
"Não considero isso um grande acontecimento, mas creio que é uma provocação política. É preciso ficar calmo, não podemos ficar nervosos porque os navios cruzaram o Canal de Suez", declarou Peres, em visita oficial a Madri (Espanha). "Eles estavam seguindo instruções de dos egípcios".
Os navios de guerra iranianos atravessaram nesta terça-feira o canal de Suez rumo ao mar Mediterrâneo pela primeira vez desde a instalação do regime islâmico inimigo de Israel.
A fragata de patrulha Alvand, equipada com torpedos e mísseis, e o barco de reabastecimento e apoio logístico Kharg, capaz de transportar 250 tripulantes e três helicópteros, cruzaram durante a madrugada o canal, após receber aval do Egito, que o controla.
Segundo o governo iraniano, os navios navegam rumo ao porto de Latakia, na Síria, aliada estratégica do Irã.
Para chegar ao destino, as embarcações passarão a algumas centenas de milhas do litoral de Israel. Teerã diz que as manobras fazem parte de uma "visita de rotina".
A passagem foi autorizada por autoridades egípcias mediante pagamento de US$ 300 mil de taxa de travessia --a circulação de navios pelo canal perfurado no século 19 é uma das principais fontes de renda do governo egípcio.
A autorização despertou em Israel temores de que a medida sinalize uma mudança da posição que o Egito manteve durante os 30 anos de regime secular do ditador Hosni Mubarak. Aliado israelense e inimigo do Irã, Mubarak impedia o acesso de navios militares iranianos ao canal.
Em reação a chegada dos navios ao Canal de Suez, o ministério das Relações Exteriores de Israel pediu na terça-feira firmeza à comunidade internacional ante a entrada no Mediterrâneo dos dois navios iranianos.
"Trata-se de uma presença militar iraniana sem precedentes no Mediterrâneo, e isso constitui uma provocação à qual a comunidade internacional deve reagir com firmeza", declarou o porta-voz do ministério, Ygal Palmor.
Pelo Facebook, centenas preparam protesto na Arábia Saudita

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Centenas de pessoas aderiram a uma campanha no Facebook pela realização de um "dia de fúria" no mês que vem na Arábia Saudita, a fim de exigir eleições, liberdades para as mulheres e libertação de presos políticos.
Até esta quarta-feira de manhã, mais de 460 pessoas haviam aderido ao protesto convocado para 11 de março no reino, que é o maior exportador mundial de petróleo e tem uma monarquia absolutista.
É impossível verificar, no entanto, quantas dessas pessoas estão na Arábia Saudita, e se o protesto irá de fato ocorrer.
As rebeliões árabes que derrubaram líderes na Tunísia e Egito foram iniciadas por jovens que se mobilizavam por redes sociais, mas ativistas na Arábia Saudita disseram que uma recente convocação pela internet para protestos em Riad não conseguiu levar ninguém às ruas.
No mês passado, uma manifestação em Jidá, depois de uma inundação na segunda maior cidade saudita, foi rapidamente dissolvida.
Os ativistas do Facebook reivindicam "que o governante e os membros do Conselho Shura (consultivo) sejam eleitos pelo povo", que haja um Judiciário independente, liberdade de expressão e reunião e que sejam libertados os presos políticos.
Eles pedem também um salário mínimo de 10 mil rials (US$ 2.700), mais oportunidades de emprego, criação de um órgão de combate à corrupção e revogação de "impostos e taxas injustificados".
Há ainda pedidos de reconstrução das Forças Armadas, reforma do clero conservador sunita e "abolição de todas as restrições ilegais sobre as mulheres".
Apesar da sua riqueza petrolífera, a Arábia Saudita enfrenta um índice desemprego que chegou a 10,5% em 2009. O reino oferece benefícios sociais a seus 18 milhões de cidadãos, mas estes são considerados menos generosos que os de outros países petrolíferos do golfo Pérsico.
RETORNO
O rei Abdullah retornou nesta quarta-feira à Arábia Saudita após passar três meses em tratamento médico no exterior e anunciou medidas sociais para beneficiar civis, estudantes e outros cidadãos.
Centenas de homens em robes brancos realizaram a tradicional dança das espadas em carpetes especiais colocados no aeroporto de Riad para receber o monarca, que teria 86 anos.
Os apresentadores de TV usavam lenços especiais nas cores da bandeira saudita em uma cobertura intitulada "a alegria da nação".
Pouco antes de sua chegada, o rei anunciou pela agência de notícias estatal o investimento de US$ 10,7 bilhões em um fundo de desenvolvimento que ajudará sauditas a comprar casas, se casar e abrir empresas. Uma estratégia que serviu para acalmar os ânimos da rica nação petroleira em meio aos boatos da saúde do rei.
O valor duplica o investimento inicial do fundo social --que incluiu ainda outras novas medidas como um aumento de 15% no auxílio moradia para os funcionários do governo e um ano de assistência desemprego para os jovens.
As medidas sociais são vistas ainda como uma estratégia para acabar com qualquer sinal de revolta popular, que varre o mundo árabe e já afetou o vizinho Bahrein. Boa parte do conflito está ligada a demandas por mais liberdade política, mas também contra a pobreza endêmica e a pouca preocupação dos governos com a população.
Abdullah passou os últimos meses em tratamento nos Estados Unidos, onde passou por duas cirurgias, uma em novembro e outra em dezembro, após um coágulo sanguíneo ter agravado uma hérnia de disco. Ele passou por um procedimento para estabilizar as vértebras na coluna.
Ele pediu formalmente ao príncipe herdeiro Sultan que comandasse o país durante sua ausência. Autoridades sauditas dizem que Sultan vem trabalhando normalmente este ano, depois de sofrer problemas de saúde não especificados, mas diplomatas afirmam que ele reduziu sua atividade pública e sua carga de trabalho. Sultan é também o ministro da Defesa.
A estabilidade política da Arábia Saudita é uma questão de interesse mundial. O país controla mais de um quinto das reservas mundiais de petróleo, é um aliado vital dos EUA no Oriente Médio, grande detentor de ativos em dólar e sede da maior bolsa de valores dos países árabes.
Em março de 2009, Abdullah nomeou o ministro do Interior, príncipe Nayef, como segundo vice-primeiro-ministro, uma iniciativa que garante a liderança do país no caso de tanto o rei quanto o príncipe herdeiro ficarem fora de condições de governar, e que deixa Nayef bem posicionado para tornar-se rei algum dia.
Berlusconi pediu a Gaddafi "suspensão imediata da violência"

DA EFE, EM ROMA
O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, pediu ao ditador líbio, Muammar Gaddafi, a "suspensão imediata da violência" na Líbia durante a conversa que ambos os governantes mantiveram por telefone nesta terça-feira à tarde.
A informação foi divulgada nesta quarta-feira em uma declaração extraordinária do ministro das Relações Exteriores, Franco Frattini, na Câmara baixa italiana, onde explicou que a resposta de Gaddafi ao pedido de Berlusconi se baseou em seu discurso transmitido pela televisão na terça-feira.
Berlusconi "pediu a suspensão imediata da violência, mas a resposta foi a repetição da análise que já havia sido pronunciada na televisão", disse Frattini, em um discurso no plenário da Câmara dos deputados transmitido ao vivo aos telespectadores italianos.
Na resposta a Berlusconi, Gaddafi mencionou a acusação da "suposta tentativa por parte de potências estrangeiras --entre as quais também citou a Itália-- de intervir nos assuntos da Líbia", acrescentou.
O ministro das Relações Exteriores italiano também explicou que a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, havia solicitado que Berlusconi que intercedesse de modo direto na crise líbia a partir de Gaddafi, com quem o primeiro-ministro da Itália demonstrou uma especial sintonia pública nos últimos anos.
Em um breve comunicado divulgado nesta terça-feira, a Presidência do governo italiano informou a conversa telefônica mantida entre Kadafi e Berlusconi, sem fornecer detalhes sobre o conteúdo do telefonema.

Revolta chega aos ricos, agora com violência

Revolta chega aos ricos, agora com violência

CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA

Há duas diferenças essenciais entre as revoltas na Tunísia/Egito e na Líbia/Bahrein: a revolução chegou aos países mais ricos do mundo muçulmano e, ao menos na Líbia, está sendo marcada pela violência também de parte dos rebelados, não apenas das forças pró-regime.
O Bahrein tem uma renda per capita de quase US$ 20 mil, similar à da França, oito vezes a do Egito. Já a Líbia, com seus US$ 12 mil de renda por pessoa, bate o Brasil e a Turquia, dois dos grandes emergentes.
É claro que esse indicador pode ser enganoso, devido à pequena população dos dois novos focos de revolta, contraposta a uma imensa riqueza petrolífera. O Bahrein tem 700 mil habitantes e, a Líbia, 6,4 milhões, contra os 80 milhões de egípcios.
Mas a riqueza, quanto maior, mais goteja para os mais pobres, o que reforça a impressão cada vez mais consolidada de que a rebelião é por liberdade muito mais do que por pão.
Escreve, por exemplo, Jean-Yves Moisseron, economista do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento, no "Monde" desta segunda-feira: "Muito pobre nos anos 50, a Líbia é o país mais rico da África. O petróleo permitiu desenvolver a educação, a habitação e a saúde quase gratuita para todos. A população líbia é educada. O status das mulheres é invejável [claro que em relação ao mundo muçulmano], com uma igualdade de direito e de fato e com a interdição da poligamia".
Tudo somado, Moisseron explica a rebelião pelo "crescente descasamento, tornado insuportável, entre o desenvolvimento econômico que conduz por toda a parte a um modo de vida inscrito na modernidade, e a manutenção de regimes políticos ultrapassados, frequentemente encarnados por chefes de Estado envelhecidos e caracterizados por incrível imobilismo".
É, na essência, a mesma constatação que a Folha já reproduzira no sábado, vinda do filósofo argelino radicado na França Sami Naïr, para quem a cultura política dos jovens árabes em rebelião provem da "insuportável contradição entre a liberdade negada na vida cotidiana e a liberdade extrema de que os jovens desfrutam na internet, no Facebook, no Twitter, nos SMSs etc".
Nicholas Kristof, colunista do "New York Times" que está percorrendo os países rebelados, escreveu hoje que, para ele, o que está acontecendo lhe parece "a versão árabe de 1776", o ano da guerra da independência norte-americana, embebida precisamente pelo ideal da liberdade.
Se é de fato assim, está ocorrendo uma revolução de tremendas consequências para o mundo todo, não apenas para o Oriente Médio, a Pérsia, o golfo Pérsico.
Quanto à violência na Líbia, na forma de queima de edifícios governamentais, fica difícil de explicar porque a mídia estrangeira, ao contrário do Egito e da Tunísia e mesmo do Bahrein, é mantida à distância, inclusive a rede Al Jazeera.
Pode ser resposta à insuportável violência do próprio governo ou pode ser reflexo de disputas tribais, já que o regime se apoia em acordo com diferentes tribos, que estão igualmente representadas nas Forças Armadas.

Clóvis Rossi é repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha, ganhador dos prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Assina coluna às quintas e domingos na página 2 da Folha e, aos sábados, no caderno Mundo. É autor, entre outras obras, de "Enviado Especial: 25 Anos ao Redor do Mundo e "O Que é Jornalismo".

O Brasil e uma "nova narrativa" para o Oriente Médio

O Brasil e uma "nova narrativa" para o Oriente Médio


O Itamaraty iniciou um processo em busca do que qualificado diplomata chama de "nova narrativa" para encarar o Oriente Médio pós-revoluções.
Processo, no caso, significa recolher informações, processá-las e adotar eventuais mudanças ao longo do percurso. Ou seja, não haverá um dado dia em que o chanceler Antonio Patriota ou a presidente Dilma Rousseff anunciem publicamente, que, agora, a política para essa região é "x" ou "y".
É óbvio que parte da análise passa por uma questão inicial: deve o governo brasileiro agir ou deve, simplesmente, reagir aos acontecimentos?
Se alguém caísse na besteira de me perguntar, eu responderia: agir.
Afinal, a imensa quantidade de indignação vertida por governantes do mundo todo a respeito da mortandade em curso na Líbia foi incapaz, pelo menos até agora, de evitar o derramamente de uma só gota de sangue.
É preciso, portanto, mais, muito mais, do que falar apenas para evitar o que começa a se caracterizar como genocídio.
Jordi Vaquer, diretor do CIDOB, Centro de Estudos e Documentação Internacionais de Barcelona, levanta no "El País" desta terça-feira algumas medidas que o Ocidente deveria adotar: congelamento de todos os acordos ante a primeira suspeita de uso indiscriminado da força contra manifestantes pacíficos; bloqueio das contas de todos os altos funcionários do regime; chamar para consultas os embaixadores em Trípoli [é um passo prévio ao rompimento de relações, na coreografia diplomática]; interrupção do envio de materiais que possam ser usados para a repressão; apoio a processos criminais contra quem ordene crimes contra a humanidade.
Elliott Abrams, do Council on Foreign Relations e ex-funcionário da administração George Walker Bush, vai um pouco na mesma direção, ao pregar que "Gaddafi deve se transformar instantaneamente em um pária, pelo uso continuado e ilimitado de força mortal contra seu povo".
Não creio que a diplomacia brasileira, excessivamente cautelosa para o meu gosto, chegue a tanto, mesmo quando concluir a "nova narrativa" a respeito do Oriente Médio.
Mas até que poderia. As mais recentes avaliações chegadas ao Itamaraty indicam um grande entusiasmo com o governo Lula, que, como todo o mundo sabe, tem em Dilma Rousseff uma continuadora, mesmo com nuances importantes em relação, por exemplo, ao Irã.
Não tenho como opinar sobre outros países da região, mas fui testemunha ocular de que o então presidente brasileiro recebeu de fato tratamento ultra-carinhoso tanto em Israel como na Palestina e na Jordânia, visitas feitas há menos de um ano.
É verdade que, em Israel, os "falcões" fizeram críticas à aproximação com o Irã, mas o mais razoável é supor que as revoluções no mundo árabe tendem a forçar Israel a modificar sua posição nas negociações de paz com os palestinos, tirando fôlego dos "falcões".
Também facilita uma "nova narrativa" brasileira o fato de que fracassou a estratégia norte-americana, da gestão Bush mas não alterada por Obama, de impor a democracia à força, como no caso iraquiano.
A rua árabe --sempre de acordo com as avaliações que chegam ao Itamaraty-- está muito orgulhosa do caráter endógeno de suas rebeliões. Tão orgulhosa que rejeita a ideia muito difundida no Ocidente de que são "revoluções Twitter ou Facebook". Acham que esse rótulo é uma maneira de "roubar" a originalidade de seus movimentos.
Não que o Facebook esteja sendo irrelevante, mas, sem sair à rua em massa, na velha maneira de fazer revoluções, a rebelião seria apenas virtual e os ditadores continuariam em seus palácios.
O Brasil não tem, como é evidente, peso internacional suficiente para interferir decisivamente no Oriente Médio, mas está em pé de igualdade com as grandes potências: todos, sem exceção, foram completamente surpreendidos pelos levantes, pela queda relativamente rápida de ditadores que pareciam inexpugnáveis, e por isso mesmo estão todos em busca de uma "nova narrativa", como o Itamaraty.

Clóvis Rossi é repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha, ganhador dos prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Assina coluna às quintas e domingos na página 2 da Folha e, aos sábados, no caderno Mundo. É autor, entre outras obras, de "Enviado Especial: 25 Anos ao Redor do Mundo e "O Que é Jornalismo".

O Brasil e a Líbia

O Brasil e a Líbia

A prioridade brasileira, neste momento, é retirar os brasileiros das áreas de maior risco na Líbia. Sem conseguir permissão do ditador Muammar Gaddafi para que aviões sobrevoem e principalmente pousem no país, o jeito foi recorrer a uma saída por mar.
Um navio de bandeira grega deve chegar entre hoje e amanhã a Benghazi, que fica no Mar Mediterrâneo e é o epicentro da revolta popular, para retirar pelo menos os 123 funcionários da construtora Queiroz Galvão. Há a possibilidade de outros aderirem à fuga. Ao todo, há cerca de 600 brasileiros hoje na Líbia, 400 deles concentrados na capital, Trípoli.
A intenção é que o navio desembarque os brasileiros em Malta, ilha ao sul da Itália, onde a construtora já teria um avião fretado pronto para trazê-los de volta ao Brasil. Agora, é torcer os dedos para a operação dar certo e para que os demais também fiquem a salvo.
Uma segunda preocupação brasileira --e, de resto, de todo o mundo-- é com o preço do petróleo. O do tipo Brent, calculado em Londres, já passa dos US$ 100 o barril, o que se torna ainda mais assustador quando Gaddafi ameaça explodir poços no país e jogar a situação no puro caos.
Com a herança de descaso fiscal deixada por Lula, a necessidade de cortes de R$ 50 bilhões no Orçamento, a inflação abusada e a tendência de juros altos, tudo o que não se quer é estouro no preço do petróleo e incertezas no cenário externo. Isso só pode ser bom para países exportadores, como a Venezuela de Hugo Chávez --aliás, amigão de Gaddafi.
A boa notícia é que o Brasil é produtor e autossuficiente. Por enquanto, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, dá uma versão tranquilizadora. Diz que a situação é "volátil" e não há razões estruturais para a alta do petróleo internamente.
Por último, o Brasil aderiu ostensivamente à pressão mundial, inclusive no Conselho de Segurança da ONU, para tentar evitar um massacre de grandes proporções na Líbia. Como lembrou o chanceler Antonio Patriota, há uma diferença fundamental entre a revolta no Egito e a de agora na Líbia: no primeiro, o Exército não investiu contra a população civil.
Ao se dizer "líder da Revolução", depois de 42 anos no poder, Gaddafi desafiou os líbios e o mundo ao ameaçar só sair "como mártir". Ninguém, porém, é mártir contra seu próprio povo.
Ele já perdeu apoio popular, cidades inteiras da fronteira com o Egito, qualquer boa vontade internacional. E vê escorrer pelas mãos a lealdade de seus diplomatas e de parte do Exército, cansados de um regime de um homem só.
Olhando de longe, o Brasil já tem uma certeza: é tudo uma questão de tempo. Cumpre-se, assim, a profecia: a revolta que começou na Tunísia, destronou Mubarak no Egito, está encerrando a era Gaddafi na Líbia e tem focos em outros países da região veio para valer. O mundo árabe já não é mais o mesmo.

Eliane Cantanhêde é colunista da Folha, desde 1997, e comenta governos, política interna e externa, defesa, área social e comportamento. Foi colunista do Jornal do Brasil e do Estado de S. Paulo, além de diretora de redação das sucursais de O Globo, Gazeta Mercantil e da própria Folha em Brasília.

Públicas sobem de posição em ranking das maiores universidades

Públicas sobem de posição em ranking das maiores universidades

Em um cenário de estagnação, as universidades públicas conseguiram melhorar suas posições no ranking das 20 maiores escolas do país. Das oito presentes na lista, seis subiram de posição de um ano para o outro. A informação é do repórter Fábio Takahashi publicada na edição desta terça-feira da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).
A constatação está presente no detalhamento por instituição do Censo da Educação Superior 2009, realizado pelo Ministério da Educação, a que a Folha teve acesso.
Em relação a 2008, cresceu também o número de universidades públicas entre as 20 maiores (de sete para oito).
A USP era a sexta escola com mais matrículas presenciais; subiu para o quarto lugar. A UFRJ (federal do Rio) pulou do 14º para o 9º. Quatro das seis públicas que melhoraram são federais.
O ganho de posições de universidades públicas reflete os dados gerais do sistema universitário brasileiro. Enquanto a rede privada perdeu pouco mais de 40 mil matrículas em um ano, o sistema oficial ganhou 78 mil.
Dos 5 milhões de matrículas presenciais no país, só 25% (o que corresponde a 1,25 milhão) estão no sistema público. Atualmente, menos de 15% dos jovens cursam o ensino superior. A meta do governo é chegar a 30%.

Preparação para estudar no exterior pode levar mais de um ano

Preparação para estudar no exterior pode levar mais de um ano


PATRÍCIA GOMES
DE SÃO PAULO

Planejar os estudos no exterior dá trabalho e leva tempo. Por isso, quem pretende fazer faculdade fora deve se preparar com ao menos um ano de antecedência.
O processo de admissão em universidades é tão ou mais difícil que o vestibular brasileiro. Além disso, o aluno precisa tomar providências como conseguir certificados de línguas, tirar o visto e traduzir documentos.
Segundo Ana Beatriz Faulhaber, da consultoria educacional CP4, tudo começa com uma boa pesquisa. "Todo mundo quer estudar em Harvard, mas o aluno precisa se perguntar que universidade é mais adequada para ele. Tem que saber se ele tem nota, se pode pagar."
Os pré-requisitos variam segundo universidade e curso. Mas, para Ana Beatriz, um bom histórico escolar e habilidade na língua do país são fundamentais. "Uma coisa é escrever bem em inglês. Outra é escrever bem sobre economia em inglês."
John Ciallelo, diretor da Chapel School, colégio na zona sul de São Paulo que oferece o currículo americano, ressalta que o candidato deve rechear a sua formação com atividades como música, esportes e voluntariado --que são pouco valorizadas nos processos seletivos de universidades brasileiras.
Marina Nascimento, 18, se prepara há dois anos para estudar relações internacionais nos EUA. Ela tem se preocupado com cada detalhe do currículo: joga vôlei e futebol, trabalhou em ONGs, tem boas notas na escola e nos certificados de inglês. "Os resultados chegam em abril. A espera é uma agonia."
Outro ponto a que o estudante deve ficar atento é a revalidação do diploma estrangeiro, que pode ser necessária para quem quer trabalhar no Brasil. Dependendo da área, pode até não valer a pena fazer a graduação toda no exterior.
A quantidade de brasileiros que vão para fora tem crescido. De 2004 para 2009, esse número --que, além de graduação, inclui ensino médio, pós e cursos livres e de línguas-- foi de 42 mil para 140 mil, um salto de 333%.