quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Eclesiastes

Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades!
Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol?
Uma geração passa, outra vem, mas a terra sempre subsiste. O sol se levanta, o sol se põe, apressa-se a voltar a seu lugar; em seguida, se levanta de novo.
O vento vai em direção ao sul, vai em direção ao norte, volteia e gira nos mesmos circuitos. Todos os rios se dirigem para o mar, e o mar não transborda. Em direção ao mar, para onde correm os rios, eles continuam a correr. Todas as coisas se afadigam, mais do que se pode dizer. A vista não se farta de ver, o ouvido nunca se sacia de ouvir.
O que foi é o que será: o que acontece é o que há de acontecer. Não Há nada de novo debaixo do sol. Se é encontrada alguma coisa da qual se diz: "Veja, isto é novo", ela já existia nos tempos passados. Não há memória do que é antigo, e nossos descendentes não deixarão memória junto aqueles que virão depois deles.

Dicionário Básico de Filosofia - Contemplação

Do LATIM CONTEMPLATIO: Ação de olhar atentamente. Estado de espírito passivo aplicado a uma ideia ou a um objeto. Para Platão, a atividade do filósofo é visão e contemplação (teoria) do mundo das essências: a teoria ou a contemplação é a visão, pela alma, no término da ascensão espiritual, da ideia do bem, último cognoscível, causa de tudo o que é direito e belo. Aristóteles opõe contemplação a ação; a contemplação seria o modo de atividade de Deus.
2. Filosoficamente, o estado de espírito de alguém totalmente absorvido ou extasiado na busca de conhecimento de um objeto inteligente. Ex: a contemplação da verdade.
3. Teologicamente, a contemplação consiste num estado místico em que o indíviduo tem uma visão direta e amorosa de Deus ou das coisas divinas.
4. Atitude de alguém que, cativado por um sentimento estético, revela-se desinteressado e simples espectador, sem precoupações racionais.
5. A filosofia racionalista procurou recalcar e deformar o veio místico da contemplação. A tal ponto que, quando Nietzsche fala do homem contemplativo, considera-o um ser mesquinho, débil e domesticado", pois para ele a contemplação seria um subterfúgio para se evitar a ação. No entanto, o pensamento contemporâneo, resgatando certas fontes orientais, começa a revalorizar os temas de uma visão interior. A contemplação, como uma espécie de viagem do indivíduo no interior de si mesmo, permite-lhe abrir-se ao mundo e, até mesmo, constitui uma virtude terapêutica.

Dicionário Oxford de Filosofia - Contemplação

Contemplação: Uma tese curiosa, comum à ética indiana, a Platão, a Aristóteles e a grande parte da tradição ocidental, que defende que o "summum bonum", ou seja, o estado mental sumamente bom, reside num certo tipo de contemplação: a contemplação da forma do bem, a reflexão sobre as virtudes. Essa ideia encontra-se também na concepção cristã da beatitude como a contemplação eterna de uma certa visão e na tese kantiana de que o estado ideal é aquele que estiver livre do desejo e da inclinação (apatia). Filosofias menos místicas afirmam que a contemplação, sem o estímulo contínuo dos desejos, de novas ações e de novos problemas, tende a degenerar e tornar-se oca.