sexta-feira, 4 de março de 2011

"Gaddafi perdeu a legitimidade e deve sair", diz Obama

DE SÃO PAULO
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, voltou a condenar nesta quinta-feira, em Washington, a repressão aos manifestantes antirregime na Líbia e reafirmou que o ditador do país, Muammar Gaddafi, perdeu a legitimidade e deve deixar o poder.
A declaração ocorre no mesmo dia em que o Tribunal Penal Internacional (TPI) anunciou que irá investigar Gaddafi e membros de seu círculo mais próximo --incluindo seus filhos-- por possíveis crimes contra a humanidade que teriam sido cometidos na repressão à revolta.
Em entrevista coletiva ao lado do presidente do México, Felipe Calderón, Obama afirmou que os EUA continuam "indignados" com a violência cometida contra o povo líbio, e que o país está liderando esforços internacionais para evitar mais violência.
"A violência deve parar. Gaddafi perdeu sua legitimidade para liderar e deve sair", afirmou Obama. "As aspirações do povo líbio por liberdade, democracia e dignidade devem ser atendidas."
A maior prioridade neste momento, segundo Obama, é tirar dezenas de milhares de pessoas que tentam deixar a Líbia devido aos violentos confrontos entre forças leais a Gaddafi e rebeldes opositores.
O presidente explicou que os EUA usarão aviões militares para ajudar na retirada de estrangeiros. "Aprovei, em consequência [das milhares de pessoas que tentam sair da Líbia], o uso de aviões militares americanos para ajudar a voltar ao Egito os egípcios que fugiram para a fronteira da Tunísia".
Obama autorizou ainda o fretamento de aviões civis adicionais para ajudar pessoas de outras nacionalidades a voltar para seus países. O presidente afirmou também que está direcionando assistência humanitária para a fronteira da Líbia.
A afirmação de Obama sobre a perda de legitimidade de Gaddafi foi feita em um dia em que rebeldes antigoverno fortaleceram seu controle sobre a estratégica instalação petrolífera de Brega, no leste da Líbia, após terem repelido forças pró-Gaddafi no dia anterior. Nesta quinta-feira, aviões militares voltaram a bombardear a cidade.
Para o presidente americano, os EUA e a comunidade internacional devem estar prontos para agir rapidamente se confrontados com uma crise humanitária ou para impedir a violência contra civis na Líbia.
Ele também disse que seu governo está preparando uma grande gama de opções sobre o país do norte da África.
INVESTIGAÇÃO
Também nesta quinta-feira, o promotor Luis Moreno Ocampo, do TPI, afirmou que irá investigar Gaddafi e seu círculo mais próximo --incluindo alguns de seus filhos-- por possíveis crimes contra a humanidade que teriam sido cometidos na violenta repressão contra manifestantes antigoverno, que pedem o fim de seu regime.
Ocampo disse que as forças de segurança de Gaddafi têm atacado manifestantes pacíficos em diversas cidades do país desde 15 de fevereiro, e que o mandatário e seus aliados têm comando formal ou de fato sobre essas forças.
O promotor afirmou que não haverá "impunidade" na Líbia.
'Quero ser claro: se as tropas deles cometem crimes, eles podem ser criminalmente responsáveis', afirmou Ocampo à emissora de TV americana CNN.
Trata-se da primeira vez que o TPI irá investigar denúncias ao mesmo tempo em que elas estão ocorrendo. As alegações que serão investigadas incluem morte de manifestantes desarmados, deslocamento forçado, detenção ilegal e ataques aéreos contra civis.
O TPI começou a funcionar em 2002 com competência para julgar supostos crimes de guerra e contra a humanidade, incluindo genocídio, em escala internacional.
É a segunda vez que o TPI abre uma investigação a pedido do Conselho de Segurança da ONU, depois do caso de supostos crimes cometidos na região sudanesa de Darfur, remetido à Corte em 2005.
Em relação a esta investigação, Ocampo acusou, entre outros, o presidente sudanês Omar al Bashir de supostos crimes de guerra, o transformando no primeiro líder em exercício processado pelo TPI.
Além do caso de Darfur, o TPI investiga supostos crimes de guerra em Uganda, República Democrática do Congo, República Centro-Africana e Quênia.
Líbia estaria impedindo saída de refugiados, diz Reino Unido

DA BBC BRASIL

O governo da Líbia pode estar contendo o fluxo de refugiados ao manter dentro do país milhares de pessoas que tentam cruzar a fronteira com a Tunísia, afirmou nesta sexta-feira uma autoridade britânica.
Em visita à Tunísia, o secretário britânico para desenvolvimento internacional, Andrew Mitchell, afirmou que imagens feitas por satélite indicam que milhares de pessoas que tentam sair do país estão sendo mantidas a alguma distância da fronteira.
Mitchell visitou um campo de refugiados localizado na fronteira entre a Tunísia e a Líbia, onde estão cerca de 18 mil pessoas.

Um correspondente da BBC na fronteira afirma que houve uma grande queda no número de refugiados que deixam a Líbia. Agências internacionais de ajuda humanitária já se mostram incertas se devem manter ou diminuir o ritmo de suas operações.
Os combates na Líbia, entre forças pró e contra o líder do país, coronel Muammar Gaddafi, levaram a uma grande crise humanitária na fronteira do país com a Tunísia. Entre 80 e 90 mil pessoas já fugiram para a Tunísia desde o início da violência.
HELICÓPTERO
Os três tripulantes de um helicóptero da Marinha holandesa foram capturados depois de tentar evacuar dois cidadãos estrangeiros da Líbia. A televisão estatal líbia exibiu imagens da tripulação, assim como do helicóptero e de armamentos.
A emissora afirmou que o aparelho entrou no espaço aéreo líbio "descumprindo a lei internacional". Autoridades da Holanda afirmam que o helicóptero foi capturado no domingo perto da cidade de Sirte, no centro do país, onde iria resgatar dois cidadãos europeus.
Os indivíduos que seriam evacuados - um holandês e outro de nacionalidade não confirmada --foram capturados junto da tripulação. Todos passam bem. O governo da Holanda diz estar negociando a libertação de todos com autoridades líbias.
O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, afirmou que as notícias sobre a captura foram mantidas vários dias sob sigilo para não prejudicar os diálogos sobre a soltura.
O helicóptero deveria ter atuado em uma operação contra pirataria na Somália, mas foi deslocado para a Líbia em 24 de fevereiro. A cidade de Sirte é considerada a principal área controlada por Gaddafi no centro da Líbia.
TUAREGUES
Centenas de integrantes da comunidade tuaregue de Mali teriam partido em direção à Líbia para se unir às forças leais a Gaddafi, segundo afirmou uma autoridade malinesa.
Os tuaregues são um povo nômade que vive na região do Saara, em países como Níger e a Argélia, além de Mali.
Uma alta autoridade do norte de Mali disse a um correspondente da BBC que entre 200 e 300 tuaregues saíram do país na semana passada. Eles teriam recebido cerca de US$ 10 mil (R$ 17 mil) para lutar, além de US$ 1 mil (R$ 1,7 mil) por dia.
A autoridade afirmou que o governo ficou impotente para conter os tuaregues por não ter controle sobre as suas áreas de fronteira, onde predomina o deserto. Mali e Líbia não fazem fronteira: para chegar de um país a outro por terra, é necessário cruzar a Argélia ou Níger.
Há diversos relatos de que Gaddafi estaria usando mercenários estrangeiros para combater os opositores de seu regime, que enfrentam diariamente as forças do governo e controlam diversas cidades líbias.
BOMBARDEIO
Nesta sexta-feira, a TV egípcia Nile News TV informou que aviões militares bombardearam galpões de munição no leste da Líbia, mas não acertaram o alvo.
O incidente teria ocorrido próximo de uma base militar na cidade de Ajdabiya.
Opositores do regime pediram que novos protestos sejam realizados após as preces da sexta-feira na capital, Trípoli, que continua um bastião do governo.
Na semana passada, o regime reprimiu duramente protestos na capital. Testemunhas disseram que as forças de Khadafi receberam a bala manifestantes que foram às ruas após as cerimônias religiosas.
Desde então a polícia do regime tem sido acusada de uma série de prisões, assassinatos e desaparições contra membros da oposição.
Na quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que Gaddafi "perdeu a legitimidade e deve deixar o poder".
"As exigências do povo líbio de liberdade, democracia e dignidade têm de ser atendidas", disse Obama em Washington.
Em uma das declarações mais fortes que faz até agora contra o regime da Líbia, Obama afirmou que a saída de Gaddafi é "melhor para seu povo e para seu país" e que seus colaboradores "devem entender que eles serão monitorados e responsabilizados" por atos de violência contra a população.
Na Europa, Reino Unido e França indicaram que apoiam o plano de criar uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia para impedir que as forças leais a Gaddafi lancem ataques aéreos em áreas tomadas pelos rebeldes.
IMPASSE
O repórter da BBC Kevin Connolly, que está na cidade tomada pela oposição, disse que as forças rebeldes e do governo parecem ter chegado a um "impasse".
Nem um nem outro lado demonstram capacidade de mobilizar grandes recursos militares ou bélicos na vasta extensão do deserto líbio, diz o repórter.
"Isto eleva a amargo prospecto de um impasse militar e um vácuo político, no qual negociações a fundo seriam dificultadas pelo objetivo único de Gaddafi de permanecer no poder e o objetivo único dos rebeldes de removê-lo", afirmou Connolly.
Na cidade de Brega, polo petrolífero no leste do país, os rebeldes estão se preparando para novos confrontos, entre especulações de que o líder líbio recrutou mais de 300 mercenários do Mali.
Na quinta-feira, as tropas de Gaddafi bombardearam a cidade, mas não conseguiram atingir alvos petrolíferos. Não houve relatos de fatalidades.
Forças leais a Gaddafi bateram em retirada após enfrentar os rebeldes em Brega na quarta-feira, estacionando em outro polo petrolífero, Ras Lanouf.
No oeste do país, os rebeldes também evitaram que o governo retomasse o controle de Zawiya e Misrata.
A violência já fez com que 200 mil pessoas deixassem o país em direção ao Egito, Tunísia e Níger, estima a Organização Internacional para Migrações.
Na quarta-feira, o promotor-chefe do Tribunal Penal Internacional, Luiz Moreno Ocampo, anunciou que investigará Gaddafi, seus filhos e seus principais assessores por crimes contra a humanidade.
A Corte disse ter identificado pelo menos nove incidentes que poderiam constituir crimes contra a humanidade, incluindo a suposta matança de 257 pessoas em Benghazi.
Em declarações à BBC, um porta-voz do governo líbio, Moussa Ibrahim, chamou o processo de "piada" e disse que o caso é constituído puramente a partir de reportagens na imprensa.
China anuncia aumento de 12,7% em gasto militar

DA BBC BRASIL

A China aumentará o seu orçamento militar para 2011 em 12,7%, elevando o gasto para o equivalente a 601,1 bilhões de yuans (cerca de R$ 151 bilhões). O orçamento do ano passado foi de 532,1 bilhões de yuans (R$ 134 bilhões).
O anúncio foi feito um dia antes do início do Congresso Nacional do Povo, no qual o Partido Comunista Chinês irá divulgar o seu projeto nacional para os próximos cinco anos.
Segundo relatos da mídia chinesa, os soldados e oficiais do Exército de Libertação do Povo, como é conhecido o Exército chinês, receberão aumentos de até 40%. Será o terceiro aumento salarial dos militares chineses em seis anos.
A China vem ampliando sua capacidade militar e seus gastos com defesa nos últimos anos. O aumento do orçamento militar no ano passado foi de 7,5%, inferior às médias dos anos anteriores, que sempre ficavam acima de 10%.
Mas Li Zhaoxing, um porta-voz do Parlamento chinês, afirmou que o aumento é justificável. "O orçamento da China com defesa é relativamente baixo para os padrões mundiais'', afirmou. ''A China sempre esteve atenta a formas de restringir seus gastos com defesa", acrescentou Li.
TEMORES
O governo chinês costuma sempre dizer que seus gastos militares são muito inferiores aos dos Estados Unidos. Mas isso não parece ser suficiente para aplacar os temores de países da região, como Japão e Taiwan, que possuem disputas territoriais com a China.
"A modernização da capacidade militar da China, sua crescente atividade, juntamente com uma falta de transparência é um motivo de preocupação", afirmou nesta quinta-feira Yukio Edano, secretário-chefe do gabinete de governo do Japão.
As relações entre China e Japão estão abaladas devido a disputas por ilhas no Mar do Sul da China, onde há vastas reservas de petróleo e de gás.
"Não há dúvida de que o Exército da China está ficando muito mais poderoso", disse Duncan Inne-Kerr, da Economist Intelligence Unit, em Pequim. "Sua habilidade de avançar e de se sobrepor aos seus opositores está claramente aumentando", acrescentou.


ECONOMIA
Mas o analista acredita que há pouca possibilidade de que as disputas territoriais resultem em um conflito militar na região.
"Disputas territoriais são uma preocupação secundária para a China em comparação com crescimento econômico nacional e estabilidade", afirmou Innes-Kerr.
O Congresso Nacional do Povo, que começa no sábado e termina em meados deste mês, deve deixar claro que a economia é a prioridade do país no momento.
De acordo com o correspondente da BBC em Pequim Martin Patience, o combate à desigualdade social deve ser um dos problemas centrais do plano de cinco anos do governo.
Entre outras medidas que deverão ser divulgadas estão gastos com educação e novos programas de serviços sociais.
Governo britânico apreende R$ 270 milhões em moeda líbia

DA BBC BRASIL

O Ministério do Interior do Reino Unido informou nesta sexta-feira que um navio com um carregamento de dinares líbios no valor de 100 milhões de libras (quase R$ 270 milhões) foi apreendido em águas britânicas.
O navio foi interceptado na última quarta-feira pelas autoridades britânicas ao voltar para as águas territoriais do Reino Unido, no porto de Harwich, no sudoeste do país, depois de uma tentativa abortada de chegar ao porto de Trípoli.
"O navio teria uma quantidade significativa de moeda líbia, que está sujeita às sanções da ONU [Organização das Nações Unidas]", informou o Ministério do Interior britânico.
"Um número de contêineres foi descarregado do navio e foram levados, sob supervisão da Agência de Fronteiras do Reino Unido, para um local seguro", informou um porta-voz.
O ditador líbio, coronel Muammar Gaddafi, tem bens baseados no Reino Unido no valor de 900 milhões de libras (cerca de R$ 2,4 bilhões). Estes bens foram bloqueados na semana passada pelo ministro das Finanças britânico, George Osborne.
SANÇÕES DA ONU
O Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade as sanções ao regime do líder líbio, depois das tentativas de Gaddafi de reprimir a revolta que tomou o país há duas semanas.
Os rebeldes controlam o leste do país e, nesta sexta-feira, disseram que não negociam com o governo a menos que Gaddafi deixe o poder e o país. O coronel comanda a Líbia há 41 anos.
A ONU estima que mais de mil pessoas morreram devido à repressão às manifestações e aos combates entre rebeldes e forças do governo.
Na quinta-feira, o promotor-chefe do Tribunal Penal Internacional, Luiz Moreno Ocampo, anunciou que investigará Gaddafi, seus filhos e seus principais assessores por crimes contra a humanidade.
Hillary exige que Cuba liberte americano incondicionalmente

DA FRANCE PRESSE, EM WASHINGTON
DE SÃO PAULO

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, exigiu das autoridades cubanas a libertação do americano Alan Gross, que começa a ser julgado nesta sexta-feira, em Havana, pela acusação de espionagem.
"Ele está preso há muito tempo. Pedimos ao governo cubano que o liberte, permitindo que saia de Cuba para se encontrar com a família", disse Hillary à imprensa.
A chefe da diplomacia americana destacou a "preocupação" de seu país com o processo aberto contra empresário de 61 anos, que ameaça piorar as relações já tensas entre Estados Unidos e a ilha comunista.
Gross foi detido em Havana no dia 3 de dezembro de 2009 quando, segundo o próprio ditador Raúl Castro, distribuía "sofisticados meios de comunicação" a opositores, cumprindo seu papel de "agente secreto" dos EUA.
Washington diz que ele é empregado da empresa terceirizada Development Alternatives (DAI) --contratada pelo Departamento de Estado--, para ajudar a comunidade judaica em Cuba a comunicar-se com o exterior dando-lhe celulares e computadores. Mas a comunidade nega ter mantido qualquer contato com ele.
Gross enfrenta uma possível condenação a 20 anos de prisão por "atos contra a independência ou integridade territorial do Estado".
Em outubro passado, a mulher do americano, Judy Gross, enviou uma carta a Raúl Castro expressando o arrependimento do marido por seu trabalho no país.
Disse ainda que a Casa Branca pouco fez para conseguir sua libertação, e que Castro não respondeu à carta, apesar de ter lido.
Em entrevista no mesmo mês, Judy Gross negou que ele fosse um espião. Disse que o marido foi para Cuba cinco vezes no ano passado para ajudar a comunidade judaica de Havana a obter acesso, por meio da internet, aos judeus do mundo inteiro.
Membros do ETA detidos formavam comando do grupo, diz ministro

DA EFE, EM MADRI

Os quatro supostos membros do grupo separatista basco ETA detidos na terça-feira em Bilbao, no norte da Espanha, formavam o comando "mais importante que restava" da organização terrorista, disse nesta sexta-feira o ministro do Interior espanhol, Alfredo Pérez Rubalcaba.
"Por isso, acho que posso dizer que estamos mais perto do final", acrescentou Rubalcaba em um comparecimento diante da imprensa no final da reunião semanal do Conselho de Ministros.
Ele confirmou que os detidos tinham informação sobre um policial autônomo e um juiz, mas que tinham descartado realizar um atentado contra estas pessoas porque consideraram que "era muito difícil".
No entanto, Rubalcaba disse não saber se os detidos estavam preparando alguma ação e afirmou que terá que esperar seus depoimentos diante o juiz.
As detenções ocorreram depois que o ETA declarou em 10 de janeiro um cessar-fogo geral e permanente, que foi considerado insuficiente pelo governo espanhol.
Segundo o ministro do Interior, a operação realizada na terça-feira pelas forças de segurança espanholas é "muito importante" porque, entre outras coisas, permitiu desarticular um comando integrado por membros não fichados pela Polícia e esclarecer dois atentados.
Nestes ataques foram assassinados o inspetor de Polícia Eduardo Puelles, em junho de 2009, e o militar Luis Conde de la Cruz, em setembro de 2008.
Os detidos são Íñigo Zapirain Romano, Beatriz Etxebarria Caballero, Daniel Pastor Alonso e Lorena López Díez e ocultavam armas, quase 200 quilos de explosivos e material para a fabricação de bombas.
O ministro do Interior ressaltou nesta sexta-feira que eles formavam um grupo "experiente" e difícil de ser descoberto ao se tratarem de pessoas que não estavam fichadas pelas forças de segurança e que viviam integradas na sociedade.
Os detidos prestarão depoimento perante o juiz Fernando Grande-Marlaska, da Audiência Nacional espanhola, que tem sua sede em Madri.
O ETA, fundada em 1959, busca a independência do País Basco da Espanha e, em cinco décadas de atividade, assassinou quase 900 pessoas.
O anúncio de seu último cessar-fogo geral e permanente, em 10 de janeiro, aconteceu após a organização terrorista ter sofrido golpes sucessivos em toda sua estrutura, com mais de 400 detidos desde 2007.
Dilma fala com presidente do FMI sobre crescimento 'estável'

DE BRASÍLIA

No dia em que foi anunciado um crescimento robusto do PIB (Produto Interno Bruto) de 7,5%, a presidente da República, Dilma Rousseff, e o diretor do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, conversaram sobre os riscos do superaquecimento da economia e a necessidade de crescimento "lento e estável" dos países.
"É chegado o momento de desacelerar a economia", afirmou Strauss-Kahn sobre o Brasil após o encontro.
O diretor do FMI foi recebido no Palácio do Planalto. Além da presidente, participou da audiência o ministro Guido Mantega (Fazenda).
Strauss Kahn afirmou que ele e a presidente concordam que "crescimento por si só não é o bastante". Ele elogiou os programas sociais do governo brasileiro --citou o Bolsa Família-- e, principalmente, a recente decisão de corte de gastos. Segundo ele, os cortes são "muito bem-vindos".
O executivo anunciou mudanças aprovadas no Fundo para um "rebalanceamento" de poder, o que abriria mais espaço para a participação do Brasil. Segundo ele, o país é um dos dez maiores acionistas do FMI.
Com câmbio favorável, brasileiros gastam em lojas uruguaias

SARA PUIG
DA FRANCE PRESSE, EM RIVERA

Atraídos por uma taxa de câmbio favorável, 5.000 brasileiros do Rio Grande do Sul percorrem até 500 quilômetros todos os fins de semana para gastar seus reais nas lojas de livre comércio de Rivera, um paraíso do consumismo situado na fronteira uruguaia.
"Viemos para Rivera porque tudo é muito mais barato", afirma à AFP Roberto Pereira, enquanto paga com seu cartão de crédito um secador de cabelo e alto-falantes para o carro.
Os brasileiros desfrutaram neste ano do melhor verão desde 1947 para o turismo pela forte valorização do real, que encerrou 2010 com uma alta de 4,6% após ganhar 3,9% em 2009. Apenas em janeiro gastaram US$ 1,741 bilhão em viagens ao exterior.
Em Rivera, uma cidade de 70 mil habitantes, isto se traduziu em uma chegada em massa de brasileiros, atraídos por uma enorme gama de produtos livres de impostos, num momento em que o real é cotado a US$ 1,65 e a 11,8 pesos uruguaios. Prevê-se que as 60 lojas "Free Shop" presentes na cidade alcancem neste ano os US$ 240 milhões em lucros, segundo a Intendência.
"Compram os produtos cuja diferença de preços é maior", afirma Gandhi Abdullah, presidente das Lojas Free Shop de Rivera, acrescentando que o faturamento das lojas aumentou 40% de 2009 a 2010.
Perfumes, maquiagem, óculos de sol, sapatos, malas, raquetes de tênis, vinhos e champanhe, doce de leite, batatas fritas, micro-ondas, antenas parabólicas... Mas a estrela, sem dúvida, é o ar condicionado.
"Na loja temos uns 80 aparelhos de ar condicionado. Mas temos mais no estoque. Hoje podemos vender mais de cem. Valem uns US$ 600, em função da marca, mas no Brasil custam o dobro", explica Alicia Batista, uma das responsáveis pela loja Mega, enquanto manda colocar sete destes aparelhos junto à porta de entrada.
"PARQUE TEMÁTICO"
Famílias inteiras passeiam pelas ruas de Rivera como se estivessem em um parque temático. Com a lista nas mãos, os brasileiros percorrem loja por loja à caça de produtos. São uma clientela particular, que sabe o que quer e não precisa dos conselhos dos vendedores para se decidir.
"Ostentam muito a marca, vestem o que compram. As mulheres gastam mais que os homens. Elas sabem antes de nós os últimos lançamentos, e às vezes acontece de não termos o produto que procuram", explica Natalia González, uma das 110 funcionárias da loja Siñeriz.
O fenômeno deste ano não é novo, embora tenha confirmado uma tendência que começou há cinco anos, explica à AFP o intendente de Rivera, Marne Osorio.
"Em janeiro fomos muito, muito bem. Há lojas que chegaram a faturar até US$ 750 mil em um dia. O sistema de Free Shops está gerando um faturamento impressionante", diz Osorio.
IRMÃ BRASILEIRA
Enquanto isso, do outro lado da rua, a tranquilidade reina nas lojas de Sant'Ana do Livramento, a cidade irmã de Rivera no Brasil, com cerca de 82.000 habitantes. Mas a prefeitura aguarda com ansiedade a chegada de brasileiros, já que a cidade do Brasil absorve tudo o que Rivera não consegue gerir.
"Nós temos mais hotéis e mais restaurantes do que Rivera. Se em Rivera não há lugar, as pessoas vêm para Sant'Ana. Comemoramos que existam tantos brasileiros comprando nos Free Shops porque também é bom para nós", conta à AFP o prefeito Weinar Machado.
No entanto, atenta ao fenômeno dos Free Shops, Sant'Ana já pediu autorização ao governo do Brasil para criar uma zona livre de impostos, onde os brasileiros também possam comprar.
FISCALIZAÇÃO
Ante as compras em massa de produtos no Uruguai, o contrabando é um problema. O Brasil se encarrega de supervisionar que seja cumprida a lei que limita a US$ 300 o gasto por pessoa nas lojas sem impostos. A cinco quilômetros de Sant'Ana, um posto de controle alfandegário verifica o porta-malas de todos os veículos.
"Hoje podem passar até 10 mil veículos, por isso temos uma operação especial, com funcionários de outros postos fronteiriços entre Uruguai e Brasil", afirma à AFP Carlos Luciano Sant'Anna.
Parados em fila, os carros aguardam o registro de um funcionário que controla o número de passageiros e revisa as notas fiscais de cada compra.
"Vale a pena pagar a diferença (quando o valor supera os US$ 300), porque continua sendo mais barato do que no Brasil", contam dois casais de Porto Alegre, que visitaram Rivera pela segunda vez no ano.
"As pessoas devem declarar no escritório de Impostos Federal se têm bens que superam os US$ 300 por pessoas. Do contrário, aqui ficamos com as coisas", garante um dos responsáveis pela operação.
Um caminhão aguarda na sombra a chegada dos produtos apreendidos. Os primeiros do dia verificados pela reportagem foram dois aparelhos de ar condicionado, apesar dos apelos de seus proprietários.
Brasil já é a 7ª maior economia do mundo, diz Mantega

LORENNA RODRIGUES
DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO

O ministro Guido Mantega (Fazenda) disse, nesta quinta-feira que, segundo dados preliminares, a economia brasileira ultrapassou a da França e do Reino Unido em paridade de poder de compra e é agora a 7ª maior economia mundial. Antes, o país ocupava a 9ª posição na comparação em paridade de poder de compra, segundo o ranking do Banco Mundial.
Dois anos atrás, o país estava atrás de Estados Unidos, China, Japão, Índia, Alemanha, Rússia, Reino Unido e França, esta ordem. As projeções preliminares citadas por Mantega ainda não foram confirmadas pelo Banco Mundial.
Entre os países do G20, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro foi o quinto maior, ficando atrás de China, Índia, Argentina e Turquia.
Segundo informou hoje o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o PIB brasileiro cresceu 7,5% em 2010. De acordo com Mantega, esse crescimento não sinaliza um superaquecimento da economia. Para ele, os dados mostram que já há um desaquecimento no último trimestre.
Em valores correntes, o PIB alcançou R$ 3,675 trilhões em 2010.

"Isso mostra a capacidade produtiva da economia brasileira, o potencial que vem sendo realizado nesses últimos anos. Mostramos nossa capacidade de crescer cada vez mais", afirmou.
O ministro disse ainda que o crescimento significativo do investimento mostra a qualidade do crescimento brasileiro, já que está havendo expansão na capacidade produtiva brasileira.
"Isso nos habilita a continuar o crescimento nos próximos anos e crescimento equilibrado com mais oferta de produto afastando problemas de abastecimento e de inflação", completou.
O percentual do PIB é o maior desde 1986, quando houve a mesma alta. No entanto, a metodologia da série foi modificada em 1996.
Em 2009, o PIB havia apresentado retração de 0,6% --a primeira na atividade econômica desde 1992.
Com o crescimento mais arrefecido na parte final do ano, o PIB subiu 0,7% no quarto trimestre de 2010, em relação aos três meses imediatamente anteriores. Na comparação com o período de outubro a dezembro de 2009, a economia registrou alta de 5,0%.
REVISÃO
O IBGE revisou os dados dos trimestres do ano passado que já haviam sido divulgados. No primeiro trimestre, a economia avançou 2,2% ante os três meses imediatamente anteriores --anteriormente tinha apresentando expansão de 2,3%.
No segundo trimestre, a revisão também apontou um percentual menor --de acréscimo de 1,8% para 1,6%. Já no terceiro trimestre, o crescimento passou de 0,5% para 0,4%.