quarta-feira, 16 de março de 2011

Cabral cobra Obama por vaga do Brasil no Conselho de Segurança

Cabral cobra Obama por vaga do Brasil no Conselho de Segurança

RODRIGO RÖTZSCH
DO RIO

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), disse hoje que, "se fosse presidente", esperaria que Barack Obama anunciasse, em sua viagem ao Brasil no próximo fim de semana, o apoio à pretensão brasileira de ocupar um assento permanente num Conselho de Segurança da ONU reformado.
"Eu cobraria o mesmo tratamento dado à Índia [em recente viagem a Nova Déli, Obama anunciou apoio a um assento permanente para a Índia no conselho]. Eu não sou presidente, mas tenho essa expectativa", afirmou.
Cabral disse também, que se fosse o goveno brasileiro, lembraria a ele que o etanol brasileiro não pode ser taxado como é taxado'. 'O governo americano nos deve a revogação desse absurdo. Se quer comprar petróleo brasileiro, que trate o etanol com dignidade', completou.
O governador confirmou que Obama e sua família dormirão dois dias no Rio, e que no domingo, o presidente, a mulher e as filhas irão conhecer o Cristo Redentor e a Cidade de Deus, onde funciona uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).
Cabral admitiu ter ficado contrariado com o fato de o governo americano ter escolhido essa favela, e não o Chapéu Mangueira, como ele havia sugerido. "Eu lamentei. Na autobiografia dele, ele dedica três páginas ao encontro da mãe dele com a cultura negra. Esse encontro aconteceu quando ela assistiu ao filme 'Orfeu Negro', que tem 80% de suas cenas no Chapéu Mangueira. Mas a Cidade de Deus está muito bem escolhida. Certamente para ele será uma grande emoção pisar numa comunidade pacificada, que ele pôde ver, em outro filme, como era violenta."
O governador negou que o governo vá promover estratégias para atrair público ao discurso que Obama fará na Cinelândia, no domingo, às 15h. "Obama é um astro, um ícone, vai atrair público espontâneo. Vão vir caravanas de outra cidade."
Questionado pela Folha se esperava um público na casa de 500 mil espectadores, no entanto, Cabral riu. "Rei aqui é o Roberto Carlos. Barack Obama é bem-vindo, vai ser um bom público, mas 500 mil só o Roberto Carlos."
Cabral confirmou ainda que Michelle Obama e suas filhas acompanharão Obama ao Cristo e à Cidade de Deus, mas que não irão ao discurso na Cinelândia e cumprirão uma agenda paralela, conhecendo o Jardim Botânico.
Para o governador, que falou sobre a visita de Obama numa entrevista coletiva após anunciar a instalação de uma nova fábrica da Nestlé no Rio de Janeiro, a visita de Obama se insere no grande momento vivido pelo Estado, que inclui a realização dos Jogos Olímpicos em 2016. "O Obama está vindo conhecer a cidade que ganhou da cidade dele [Chicago] o direito de sediar a Olimpíada."
"O fato de não só o presidente Obama, mas o que os americanos chamam a 'primeira família' [a mulher e as filhas do presidente] virem ao Rio é extraordinário. Eu acho que os democratas têm mais bom gosto que os republicanos. Porque o [ex-presidente George W.] Bush não veio ao Rio, mas o [ex-presidente Bill] Clinton e o Obama sim."

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