quinta-feira, 17 de março de 2011

Líder budista culpa "prepotência humana" por tragédia no Japão

Líder budista culpa "prepotência humana" por tragédia no Japão

MAURÍCIO KANNO
DE SÃO PAULO

Em evento ecumênico nesta quinta-feira (17), na Liberdade, em São Paulo, o reverendo budista Kensho Kikuchi, 73, acusou a "prepotência humana na busca de dominar a natureza e ter cada vez mais comodidades", como parte da causa da tragédia que vive hoje o Japão, referindo-se aos acidentes na usina nuclear da província de Fukushima --que ocorreu após terremotos e tsunami.
Veja galeria de imagens do evento
Ele é presidente da Federação das Escolas Budistas do Brasil, e foi o primeiro entre os três líderes religiosos presentes a transmitir mensagens de solidariedade e fazer orações.
O padre Paulo Go Kurebayashi, 33, que representou a Igreja Católica, leu um trecho do livro do Apocalipse da Bíblia, afirmando que se tratava de mensagem de esperança. Pedia que Deus "acolhesse as vítimas da tragédia", e desejou "felicidade aos que ficam", apesar de tudo.
Já o pastor Mitsu Nagaki, representando as igrejas evangélicas, leu o salmo 90 da Bíblia, evocando a fugacidade da vida. A força dos imigrantes japoneses no Brasil também foi lembrada.
Os líderes cristãos fizeram seus discursos tanto em japonês como em português (com sotaque); e o budista, que vive no Brasil desde novembro, falou em japonês e depois uma tradução foi lida pelo mestre-de-cerimônias.



O cônsul-geral do Japão em São Paulo, Kazuaki Obe, precedeu os líderes religiosos com um discurso, relembrando os terremotos, tsunami e perigo nuclear, juntos representando "a maior tragédia no Japão, desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)".
Também estavam presentes cônsules de outros países, como Estados Unidos e Espanha. A vice-prefeita da cidade, Alda Marco Antônio, assim como parlamentares nipodescendentes, como a deputada federal Keiko Ota e o vereador Ushitaro Kamia, também compareceram à cerimônia.
O vice-presidente do Bunkyo (Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social), Tomio Katsuragawa --organização que sediou o evento na Liberdade--, conta que a iniciativa visa atender às pessoas que se sentem "impotentes" ao tentar ajudar os japoneses.
TRADIÇÃO
No final do evento, flores brancas, crisântemos, foram entregues aos presentes e depositadas em mesa diante do palco, como símbolo de solidariedade às vítimas. Flores também estavam presentes no palco: os líderes religiosos curvavam-se diante de um ikebana, arranjo artístico tradicional japonês.
A tradição japonesa estava presente também na música que acompanhava as cerimônias.
O flautista Danielo Tomac, 45, usou um shakuhachi, tipo de flauta japonesa de bambu com apenas cinco furos que vem desde a época medieval e é usada para músicas meditativas.

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