domingo, 3 de abril de 2011

Japão intensifica busca por mais de 15 mil desaparecidos

Japão intensifica busca por mais de 15 mil desaparecidos

DA EFE, EM TÓQUIO

Cerca de 25 mil membros das forças de ordem do Japão e dos Estados Unidos intensificaram neste domingo as buscas de desaparecidos pelo terremoto seguido de tsunami do dia 11 de março, enquanto as autoridades começaram a alojar parte dos 163 mil desabrigados que ainda vivem em refúgios temporários.

O terremoto de magnitude 9 na escala Richter e o posterior tsunami deixaram pelo menos 12.020 mortos, segundo o último boletim policial, enquanto outras 15.512 pessoas estão desaparecidas, apesar dos esforços das equipes de busca, que na sexta-feira lançaram uma grande operação de três dias para vasculhar as zonas devastadas.
Por volta de 18 mil soldados das Forças de Autodefesa do Japão --tropas equivalentes a Forças Armadas-- e 7 mil militares americanos, auxiliados por policiais, bombeiros e homens da Guarda Costeira, redobraram as buscas no último dia dessa mobilização, que, no entanto, produziu poucos resultados.
Desde o início da operação, foi possível resgatar os corpos de apenas 77 desaparecidos nas áreas destruídas pelo enorme volume de água do tsunami, que varreu localidades litorâneas das províncias de Iwate, Miyagi e Fukushima.
Na pequena cidade de Minamisanriku (Miyagi), que tinha aproximadamente 17 mil habitantes antes de ser assolada por ondas de até dez metros, as autoridades realizaram neste domingo o alojamento de 500 das 9,4 mil pessoas sem lar que vivem em 45 abrigos temporários, onde se sofre com escassez tanto de água quanto de energia elétrica.
Os transferidos, boa parte deles idosos, foram recebidos por outros municípios de Miyagi, e a eles se somarão em breve outros 600 em uma nova evacuação coletiva, informou a agência de notícias local "Kyodo".
As tarefas de reconstrução avançam muito lentamente diante das dimensões da catástrofe, com danos que o Governo japonês quantifica provisoriamente entre 16 trilhões e 25 trilhões de ienes (R$ 308 bilhões e R$ 482 bilhões).
"NÃO HÁ POR ONDE COMEÇAR"
"Nunca tinha visto algo assim. Está tudo destruído, não há por onde começar", dizia à emissora televisiva "NHK" um dos voluntários deslocados a Minamisanriku, que também foi testemunha dos terremotos da cidade japonesa de Kobe em 1995 e da província chinesa de Sichuan em 2008.
Segundo os dados policiais, há mais de 45 mil edifícios totalmente destruídos. Estima-se que aproximadamente 168 mil lares no nordeste continuem sem eletricidade e mais de 220 mil ainda careçam de água potável.
Só na cidade de Sendai (capital de Miyagi), que tinha 1 milhão de habitantes antes da tragédia, ainda há mais de 68 mil pessoas morando em 519 abrigos, enquanto muitos dos que voltaram para suas casas semidestruídas sofrem com escassez de água e gás.
Para melhorar as condições de vida, as autoridades instalaram serviços provisórios, como duchas portáteis com bujões de gás autônomos para se ter água quente, indicou a rede "NHK".
VAZAMENTO DE ÁGUA RADIOATIVA
Os trabalhos de busca e resgate não incluem o perímetro de segurança decretado pelo Governo em um raio de 20 quilômetros ao redor do complexo nuclear de Fukushima, onde neste domingo os técnicos tentavam conter um vazamento de água radioativa ao mar, detectada no sábado.
A água contaminada escapa de uma fossa inundada próxima ao reator 2 através de uma rachadura, que neste sábado os funcionários tentavam tapar usando concreto, mas sem sucesso. Neste domingo, técnicos da Tokyo Electric Power Company (Tepco) - empresa que administra a usina - injetaram polímero absorvente em pó para tentar conter o vazamento.
O Governo advertiu que, apesar dos esforços, o escape de material radioativo da central poderia se prolongar por "vários meses" e, por isso, essa batalha seria inevitavelmente longa.
Em meio à preocupação sobre o alcance da radiação, o porta-voz do Governo, Yukio Edano, afirmou que as análises realizadas com 900 crianças que vivem entre 20 e 30 quilômetros da usina nuclear indicam que elas não receberam níveis excessivos de radioatividade.
Calcula-se que, nesse raio de 20 a 30 quilômetros, até 136 mil pessoas viviam antes de 11 de março, mas o Governo recomendou-lhes que se afastassem para outras regiões ou permanecessem em suas casas com portas e janelas fechadas para evitar o contato com radiação. Não se sabe quantas pessoas o fizeram.

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