terça-feira, 12 de abril de 2011

“Com Dilma, relação com EUA ganhou força”, diz especialista Luis F. Ayerbe

Ayerbe: "parece é que há uma maior identidade com os EUA. Mas não em detrimento de outros parceiros".
18/03/11
A eleição da presidente Dilma Rousseff beneficiou as relações do Brasil com os Estados Unidos, segundo afirmou o coordenador do IEEI (Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais) da Unesp, Luis Fernando Ayerbe.
“Está parecendo, e já se tornou um consenso aqui e fora do Brasil, que, com Dilma, a relação com os EUA ganhou mais força”, disse o especialista.
Ayerbe destacou que, entre as contribuições para estreitar os laços bilaterais, está a escolha do diplomata Antonio Patriota para o Ministério das Relações Exteriores.
Patriota foi embaixador em Washington entre os anos 2007 e 2009, além de ter integrado missões permanentes do Brasil junto aos organismos internacionais em Genebra, e às Nações Unidas em Nova York.
“Sem ser uma ruptura ou uma mudança drástica em relação ao governo anterior, o que parece é que há uma maior identidade com os EUA. Mas não em detrimento de outros parceiros”, explicou o coordenador do IEEI.
Para ele, esta nova postura é “uma visão menos politizada, um pouco mais voltada para os interesses permanentes do Brasil”.
O especialista, no entanto, descarta a ideia de que a visita de Obama ao Brasil ocorra graças à eleição de Dilma, já que, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o país adotou posições que não agradaram Washington, como a aproximação com o Irã.
Segundo Ayerbe, o mandatário norte-americano não visitou o país em outra ocasião por ter tido que enfrentar problemas internos, como a crise econômica. “Ele não veio antes porque não foi prioridade”, comentou.
Durante sua estadia no Brasil, Obama tem previsto um encontro com Dilma Rousseff, em Brasília, e uma visita ao Rio de Janeiro. O presidente norte-americano também irá ao Chile e a El Salvador, como seu primeiro giro pela América Latina.
ARGENTINA
Enquanto as relações entre Estados Unidos e Brasil se estreitam, o mesmo não ocorre com a Argentina.
Logo quando a Casa Branca anunciou o itinerário de Obama pela América Latina, os jornais argentinos destacaram o mal-estar causado pela exclusão do país da lista de destinos.
Washington afirmou que a não inclusão da Argentina no roteiro de Obama deve-se ao fato do país estar em campanha eleitoral para escolher o sucessor da presidente Cristina Kirchner. O pleito vai ocorrer em outubro de 2011.
“O argumento de Obama foi que a Argentina está em processo eleitoral. Mas, de fato, as relações com a Argentina são muito erráticas”, analisou Ayerbe.
“É um país com o qual os EUA não têm boas relações. E a presidente sempre quis ter um diálogo maior com Obama, mas não conseguiu. De fato, há um mal-estar”, afirmou o especialista.
Segundo o coordenador do IEEI, essa relação se agravou com o incidente envolvendo um avião da Força Aérea norte-americana, que teve a carga apreendida pelas autoridades argentinas ao tentar entrar no país.
Buenos Aires defendeu que a aeronave levava armas, remédios e munições clandestinamente, com a desculpa de realizar treinamentos de segurança. Washington, por sua vez, demonstrou desconforto com a situação e pediu explicações, além da devolução da carga.
Fonte: Folha

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