quinta-feira, 16 de junho de 2011

É capoeira, sim sinhô!
Misto de dança e luta, a capoeira surgiu com os escravos africanos vindos de Angola. É praticada em roda, ao som de instrumentos como o berimbau, pandeiro e caxixi, além das palmas e do canto dos participantes.

As origens
Em Angola, existia um ritual chamado "jogo da zebra", no qual se lutava com cabeçadas e pontapés. No Brasil, toda manifestação considerada "violenta" por parte dos negros foi reprimida e proibida. Por isso, para disfarçar, os escravos transformaram sua luta em dança, introduzindo instrumentos musicais e movimentos cadenciados. Logo descobriram outra vantagem: além de divertimento, a capoeira podia ser usada como defesa pessoal em caso de necessidade.
Perseguição
No início do século XIX, os capoeiristas do Rio de Janeiro eram perseguidos pelo major Vidigal, temido chefe de polícia. O Código Penal de 1890 previa castigos corporais e desterro para quem praticasse capoeira. Alguns capoeiristas baianos foram recrutados à força, como "voluntários da pátria", para lutar na Guerra do Paraguai. Já na Bahia a situação era mais amena. A capoeira era praticada em locais abertos, nos subúrbios de Salvador e em algumas cidades como Santo Amaro, Cachoeira e Nazaré das Farinhas.


Sobrevivência
A capoeira deixou de ser considerada passatempo de vagabundos e marginais e passou a ser mais valorizada apenas na década de 1930, quando um grupo comandado por Mestre Bimba apresentou-se no Palácio do Governo. O convite foi feito pelo próprio governador da Bahia, Juracy Magalhães, e contou com a presença do presidente Getúlio Vargas.

Grandes nomes
A história da capoeira tem mestres que são reverenciados até hoje. Mas o mais importante deles viveu na cidade de Santo Amaro da Purificação, na Bahia. Besouro Cordão de Ouro – também conhecido como Mangangá (gênero de besouro venenoso) – era considerado invencível. Outros ases da capoeira foram o pescador Samuel Querido de Deus, o estivador More, e Mestre Pastinha (discípulo de Mangangá), todos baianos. Também merecem destaque João Pequeno, Tio Benedito, Tio Alípio, Canário Pardo, Bento Certeiro, Pedro Porreta e Mestre Bimba. No Rio de Janeiro, o destaque fica por conta de Mestre Joel.
A capoeira de saia
Mas quem acha que os grandes capoeiristas da história foram todos homem engana-se. Algumas mulheres também ficaram famosas na capoeira baiana, entre elas Palmeirona, Júlia Fogareira, Maria Pernambucana, Maria Cachoeira, Maria Pé no Mato, Maria Homem e Odília.
Congada e cateretê
Essas duas danças são praticadas no Brasil desde a época da Colônia, graças ao incentivo dos jesuítas. A congada era usada na catequização dos negros. O cateretê, na dos índios.

Congada
O bem e o mal se enfrentam mais uma vez. Desta vez, representados por cristãos e mouros. Grupo enfrenta grupo, numa batalha que tem sempre um único vencedor: os cristãos. Os perdedores são batizados e convertidos. E todos se unem num louvor conjunto a São Benedito, padroeiro dos negros. Essa é a história dramatizada pela congada, bailado popular praticado do Ceará ao Rio Grande do Sul. Tradição iniciada no período da Colônia, relembra a coroação do rei dos congos e era usada pelos jesuítas para apaziguar o instinto guerreiro dos escravos negros. Até hoje, a congada é o ponto alto das festas do Divino Espírito Santo.

Cateretê
Ao contrário de outras danças folclóricas, o cateretê nasceu no Brasil. Ainda na época da Colônia, era utilizada pelos jesuítas na catequese dos índios, nas comemorações em homenagem a Santa Cruz, São Gonçalo, São João e Nossa Senhora da Conceição. No interior de São Paulo e no Rio de Janeiro ainda é possível observar festas em que se dança o cateretê – também chamado catira e xiba. Em alguns locais a dança é praticada com tamancos de madeira. O dançarino procura "pisar nas cordas", ou seja, acompanhar o som da viola com os pés. Também é comum a presença de um "tirador de palmas", pessoa que puxa as palmas enquanto as outras dançam.

Eta forrozão arretado!
O Nordeste vibra ao som de uma dança alegre, onde os pares circulam, dando um show de descontração e agilidade. Qualquer que seja a festa não pode faltar o forró.

Três estilos
O forró surgiu no início do século XX nas casas de dança nordestinas. Virou mania nacional, espalhando-se por várias cidades brasileiras. Existem três estilos, marcados pelo som de zabumbas, triângulos e sanfonas. O xote, de origem européia, é o mais lento. O casal dança dando dois passos para um lado e dois para o outro. O baião, criado no final da década de 1940, é o mais rápido e exige maior deslocamento. Já no xaxado, os movimentos são marcados por um dos pés batendo no chão.
For all?
Existem duas versões para a origem da palavra "forró". Alguns pesquisadores afirmam que é uma abreviação de forrobodó (confusão, bagunça). Para outros, a palavra originou-se do inglês for all. Os defensores dessa idéia contam que, durante a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos instalaram uma base militar na cidade de Natal, com cerca de 15 mil soldados americanos, que tiveram forte influência na vida local. Os lugares em que eram organizados os bailes eram conhecidos como for all (para todos). A população dizia "forrol", que teria virado "forró".

É hora de frevê!!!
Improvisação. Essa é a palavra-chave quando o assunto é frevo, dança típica de Pernambuco. Os passos são feitos com a ajuda de sombrinhas e guarda-chuvas. Os movimentos são amplos e alegres e os passos têm nomes curiosos.
Carnaval, suor e frevo
Nas cidades de Recife e Olinda, carnaval é sinônimo de frevo. O povo toma conta das ruas e a palavra de ordem é uma só: animação. Bonecos gigantes, de três metros de altura, saem dançando no meio do povo, dando um toque único à festa. Os bonecos mais tradicionais são o Homem da Meia-Noite, a Mulher do Meio-Dia, o Filho do Homem da Meia-Noite e o Menino e a Menina da Tarde. Os blocos, com nomes curiosos, reúnem homens e mulheres de todas as idades. O "Bacalhau do Batata", que só desfila na Quarta-Feira de Cinzas, é um dos mais tradicionais.
Ciganos e soldados
Quem criou o frevo? Essa pergunta ainda não tem uma resposta definitiva. Uma das prováveis origens foi encontrada pelo compositor e maestro Guerra Peixe (1914-1993). Pesquisando o folclore nordestino na década de 1940, ele descobriu que os passos do frevo foram trazidos por ciganos de origem eslava e espanhola. Porém, a versão mais difundida é a de que o ritmo teria surgido de uma divertida disputa entre as bandas militares de Recife. As bandas rivais costumavam competir com coreografias usando balizas (bengalas). Com o tempo, misturou-se a outros ritmos como maxixe, modinha, polca, quadrilha e pastoril, ganhando características próprias.
A festa dos reis escravos
O maracatu nasceu nos cortejos religiosos da tradição afro-brasileira, nos quais os negros acompanhavam os "reis" eleitos pelos escravos para a coroação nas igrejas. A cerimônia era seguida de batuque em homenagem à padroeira, Nossa Senhora do Rosário.

Cortejos de reis negros
Para provar que, apesar da escravidão, ainda mantinham seu poder e prestígio, os reis africanos participavam dos cortejos religiosos – única ocasião social à qual os negros tinham acesso – seguidos por seus séqüitos. Esses cortejos eram chamados maracatus e, com o tempo, tornaram-se uma representação muito comum em festas populares.

A festa dos reis escravos
O maracatu nasceu nos cortejos religiosos da tradição afro-brasileira, nos quais os negros acompanhavam os "reis" eleitos pelos escravos para a coroação nas igrejas. A cerimônia era seguida de batuque em homenagem à padroeira, Nossa Senhora do Rosário.

Cortejos de reis negros
Para provar que, apesar da escravidão, ainda mantinham seu poder e prestígio, os reis africanos participavam dos cortejos religiosos – única ocasião social à qual os negros tinham acesso – seguidos por seus séqüitos. Esses cortejos eram chamados maracatus e, com o tempo, tornaram-se uma representação muito comum em festas populares.
As várias nações africanas
Antigamente, os cortejos de maracatu podiam ser vistos em festas religiosas, cívicas e populares. Hoje só acontecem durante o carnaval, principalmente em Pernambuco. Os blocos saem pelas ruas cantando e dançando, divididos em alas que representam as nações africanas. O cortejo é acompanhado por músicos e, na frente, vão duas negras que carregam bonecos que representam o príncipe Dom Henrique e a princesa Dona Clara. Os outros personagens são príncipes, damas, embaixadores, vassalos, escravos, dama-do-paço e indígenas.
Desfile sem enredo
Apesar das personagens, o maracatu não tem enredo. É um desfile ao ritmo da música, marcado pelo som forte dos tambores. Faz parte da tradição a presença de um chapéu-de-sol (guarda-sol) vermelho, elemento que representa o sol protetor. Na Paraíba há grupos semelhantes, as cabindas. Os integrantes do maracatu formam grupos chamados nações.



Reisados e cheganças
A véspera do Dia de Reis é comemorada com cantorias e danças nas ruas e praças. Essas tradições relembram costumes do tempo da Colônia.

As cheganças
As cheganças são danças dramatizadas que acontecem durante o ciclo de Natal, no carnaval e nas festas de São João. O termo "chegança" vem, provavelmente, de uma dança portuguesa do século XVIII, embora alguns especialistas afirmem que seja originário de palavras náuticas como "chegar" – dobrar as velas à chegada do navio – e "chegada" – abordagem. Na chegança de mouros, o tema central é a luta dos cristãos contra os mouros. Já as histórias de navegadores são contadas na chegança de marujos ou marujadas. Um cordão de marinheiros puxa um navio e anuncia a chegada dos marujos. Os integrantes interpretam personagens como Patrão, Piloto-Mor-de-Guerra, Padre-Capelão, Embaixador, Guarda-Marinha. Eles simulam manobras de navio até chegarem ao seu destino: palanques ou casas. Normalmente participam apenas homens. As mulheres participam da chegança das mulheres. Cantam e dançam usando chapéus com fitas e flores. Não há um enredo em particular nem personagens.

Os reisados
Surgido no Brasil no século XIX, o reisado é constituído por pequenas peças encadeadas, ao final das quais é apresentado o folguedo do bumba-meu-boi. Mais parecido com um teatro lírico do que com uma dança popular, geralmente tem só um figurante, que dá nome ao folguedo, acompanhado por um coro. Existem vários títulos de reisados correspondentes aos personagens principais. Entre eles: Cavalo-Marinho, Pica-Pau, Caipora, Zé-do-Vale e Borboleta. O reisado é encenado pelas ruas. Quando o grupo pára nas casas que desejam recebê-lo, os personagens são apresentados, o figurante canta, dança e, ao final, atira um lenço para os espectadores. Este lenço é devolvido com uma gratificação.

Samba, o cartão-postal
do Brasil
Um de nossos ritmos mais conhecidos, o samba começa a se desenvolver na Bahia, ainda no período colonial, espalha-se por todo o território nacional e, no século XX, torna-se uma das principais "marcas registradas" do Brasil.

Dança de umbigada
Em 1940, na música Samba da Minha Terra, o compositor baiano Dorival Caymmi já dizia: "Quem não gosta de samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé...". A palavra "samba" refere-se tanto ao ritmo musical como à dança. Até hoje a origem da palavra causa controvérsia entre os pesquisadores. A teoria mais aceita é de que "samba" vem de "semba", que em idioma banto significa "umbigada". A umbigada era uma dança praticada em Angola e no Congo. Os dançarinos formavam uma roda, com um dançarino no meio. Depois de executar alguns passos, ele escolhia uma pessoa em quem dava uma umbigada, a semba. Nas antigas rodas de escravos praticava-se a umbigada e, graças à miscelânea de etnias nas senzalas, aos poucos a dança foi influenciada pelas culturas de outras regiões da África.

Das senzalas às ruas do Rio de Janeiro
O ritmo que nasceu como dança de escravos, na Bahia, logo foi conquistando espaço na vida do brasileiro. Em São Paulo, o samba passou do domínio negro para o caboclo. No Rio de Janeiro, era inicialmente uma dança de roda entre os habitantes dos morros e evoluiu até o samba urbano carioca. Este, com o advento do fonógrafo, espalhou-se por todo o Brasil. O samba se projetou como gênero musical em 1916. A primeira música registrada como sendo do gênero foi Pelo Telefone, dos compositores Donga e Mauro de Almeida, gravada em 1917. A partir daí, o samba seguiu vários caminhos, adquirindo formas diferentes. E até hoje continua se transformando.

Samba-enredo
No carnaval, o destaque fica por conta do samba-enredo com refrão marcante e normalmente uma letra de fundo histórico. Criado por compositores de escolas de samba do Rio de Janeiro, a partir da década de 1930, o samba-enredo é o ponto de partida que define toda a estrutura dos desfiles de carnaval.
Samba-canção
No samba-canção a ênfase musical recai sobre a melodia, em geral romântica e sentimental. Surgido na década de 1920, o samba-canção era inicialmente cultivado por músicos do teatro de revista do Rio de Janeiro. Um dos primeiros sucessos desse estilo foi a música Ia iá ou Ai, io, iô de Henrique Vogeler, Marques Porta e Luis Peixoto, gravada pela cantora Araci Cortes, em 1928. Como eram lançados fora da época do carnaval, ficaram também conhecidos como "sambas de meio de ano".
Samba de breque e partido alto
Criado na cidade do Rio de Janeiro, na década de 1930, sua marca principal é uma parada repentina dada pelo cantor, seguida de frases bem-humoradas. O samba de partido alto aproxima-se muito do batuque africano. O ritmo é marcado por palmas e instrumentos musicais como chocalho, violão e cavaquinho.

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