segunda-feira, 7 de março de 2011

Gaddafi alerta Europa que Líbia é crucial para segurança

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Em meio a rumores cada vez mais concretos de uma intervenção militar na Líbia, o ditador Muammar Gaddafi alertou nesta segunda-feira que a nação africana é uma parceira crucial no combate à rede terrorista Al Qaeda e no combate a onda de imigração ilegal na Europa.
"Líbia tem um papel para a estabilidade internacional", afirmou Gaddafi, em entrevista ao cabal de TV France 24, antes de advertir que "se espera que a Líbia impeça que milhares de negros atravessem o Mediterrâneo para ir à Europa, à Itália ou à França".
Gaddafi também afirmou que a mídia internacional tem criado uma imagem distorcida da violência na Líbia nas últimas semanas. Ele nega que a revolta seja popular e acusa a Al Qaeda de ter influenciado os jovens a tentar derrubar seu regime.
Ele afirmou ainda que existe um "complô", organizado por extremistas armados, de "pequenos grupos e células adormecidas da Al Qaeda que pegaram em armas contra a polícia e o Exército".
"A Al Qaeda tem o plano. Penso que a Al Qaeda tenta aproveitar a situação na Tunísia, Egito. Houve centenas e centenas de mortos do lado da polícia, dos rebeldes", insistiu. "Participamos na luta contra o terrorismo".
"O Conselho Nacional líbio de Benghazi navega sobre a onda do islamismo. Se os terroristas vencerem (...) eles não acreditam na democracia", acrescentou Gaddafi.
Gaddafi acusou ainda a França de interferência nos assuntos internos líbios, pelo apoio de Paris ao Conselho Nacional líbio formado pelos insurgentes em Benghazi.
"Nos faz rir esta interferência nos assuntos internos. E se nós atuarmos nos assuntos da Córsega ou da Sardenha?", questionou.
Enquanto isso, suas forças ampliam a ofensiva e bombardearam nesta segunda-feira a região do estratégico porto petroleiro de Ras Lanuf, leste do país, controlada pelos rebeldes, que responderam com disparos de artilharia. As forças governistas enfrentaram ainda os rebeldes em Bin Jawad, em um confronto que deixou ao menos 12 mortos, segundo fontes locais.
Segundo as agências de notícias, as forças leais a Gaddafi lançaram ao menos dois ataques aéreos perto de Ras Lanuf --uma delas a dois quilômetros da cidade, no deserto. Não há relato de vítimas.
Uma das bombas caiu por volta das 10h45 (5h45 de Brasília) a poucos quilômetros de um posto de controle rebelde junto ao terminal petrolífero de Ras Lanuf, em uma zona desértica, aparentemente para amedrontar os rebeldes. Os rebeldes tentaram atingir os caças, sem sucesso.
Fontes rebeldes indicaram que outro avião havia lançado previamente uma bomba contra outra posição rebelde em Ras Lanuf, mas também caiu em uma zona desértica.
Os milicianos de Gaddafi lançaram ainda uma grande ofensiva em Bin Jawad, descrita por um dos rebeldes, Riad al Habuni, como 'uma carnificina'. 'Disparavam contra as casas e mobilizaram franco-atiradores nos terraços', afirmou Habuni.
Fontes médicas na cidade, consultadas pela agência de notícias France Presse, disseram que ao menos 12 pessoas morreram e mais de 50 ficaram feridas nos combates. O balanço anterior registrava sete mortos e mais de 50 feridos.
Não há um número oficial de vítimas e o saldo é difícil de se comprovar de maneira independente.
As agências de notícias relatam que a população civil abandonou Bin Jawad nas últimas horas com medo dos combates. Carros com famílias passavam nesta segunda-feira com destino a Benghazi, segunda maior cidade da Líbia, que está sob controle dos rebeldes desde 21 de fevereiro.
As forças leais ao líder líbio mantêm ofensivas também sobre a cidade de Zawiyah, ao sudoeste da capital, que permanece cercada há quatro dias.
As brigadas de Gaddafi asseguraram ter recuperado o controle dessa cidade, embora a informação não tenha sido confirmada por fontes independentes, já que há o bloqueio à imprensa.
Apesar das informações das forças pró-Gaddafi, a rede de televisão Al Jazeera divulgou na manhã desta segunda-feira imagens supostamente gravadas no domingo no centro de Zawiyah que mostravam a cidade ainda sob o controle dos rebeldes.

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