Resumo biográfico
Em
20 setembro de 1999, cursando Relações Internacionais na Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, assisti uma palestra do professor Doutor
Miguel Wady Chaia a respeito da Guerra em Shakespeare.
Parece
que ocorreu-me o mesmo “despertar” de Kant ao ler David Hume: “despertei de meu
sono dogmático”. Citando a Harold Bloom: “antes de Shakespeare, os personagens
literários são, relativamente, imutáveis. Homens e mulheres são representados,
envelhecendo e morrendo, mas não se desenvolvem a partir de alterações
interiores, e sim em decorrência de seu relacionamento com os deuses. Em
Shakespeare, os personagens não se revelam, mas se desenvolvem, e o fazem
porque têm a capacidade de auto-recriarem (...) para tais personagens, escutar
a si mesmos constitui o nobre caminho da individuação, e nenhum outro autor,
antes ou depois de Shakespeare, realizou tão bem o verdadeiro milagre de criar
vozes, a um só tempo, tão distintas e tão internamente coerentes, para seus
personagens principais, que somam mais de cem, e para centenas de personagens
secundários, extremamente individualizados”.
A partir dessa narrativa de Bloom, “em que quanto mais lemos e refletimos sobre
as peças de Shakespeare nos damos conta de que a reação certa é admiração. A
primeira obra de Shakespeare, fruto dessa “iluminação”, e no qual li com olhar
de cientista social foi A tragédia do rei Ricardo III.
Fascinado
pela leitura e o encanto do personagem protagonista, dediquei, a partir de
então, em minha carreira acadêmica na interpretação política das peças
shakespearianas, em especial, os Dramas Históricos. Como pontua Bloom, “as
peças shakespearianas continuam a ser o limite máximo da realização humana:
seja em termos estéticos, cognitivos, e, até certo ponto, morais, e mesmo
espirituais. São obras que se colocam além do alcance da mente. Não somos
capazes de atingi-las. Shakespeare prossegue “explicando-nos”, em parte, por
que nos inventou”.
No Mestrado, em 2003, defendi a
dissertação intitulada A tragédia política de Ricardo III na PUC/SP, no qual a
publiquei em 2012 pela Azougue editorial. Orientado por Miguel Chaia o
professor prefaciou a obra com os seguintes dizeres:
Este livro [A Tragédia da Política em Ricardo III] é uma ousadia intelectual e um instigante
produto acadêmico. José Renato faz parte de um grupo de intelectuais que
percebeu na contemporaneidade a complexa relação entre as áreas de saber e
busca borrar as fronteiras que compartimentam a inteligibilidade do mundo.
Nesse sentido, o autor supõe que também a arte – como a filosofia e a ciência –
é um exercício de pensamento e criação capaz de gerar diferentes formas de
conhecimento. Especialmente, no caso deste livro, o autor seleciona peças de
William Shakespeare para realizar uma investigação das relações de poder,
problematizando questões clássicas que envolvem a sociabilidade humana.
Publiquei
de 2006 a 2014, inúmeros artigos em sites, blogs e revistas acadêmicas.
No
doutorado, em 2009, com orientação de Miguel Chaia, defendi a tese William Shakespeare e a teoria dos dois
corpos do rei: a tragédia de Ricardo II, no qual
pretendo publicá-la nesse ano de 2014. A obra será publicada pela Azougue
editorial. O professor e cientista político Reginaldo Teixeira Perez prefaciará
a obra.
Hoje professor do Curso de Relações Internacionais da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), ainda Shakespeare permanece como
fonte de estudos, projetos de extensão e pesquisas.
Após
quase duas décadas, lendo, estudando, pesquisando, assistindo filmes e
adaptações no teatro, “considero Shakespeare um enigma insolúvel”,
parafraseando Harold Bloom.
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