A paixão de escrever
Escrever
é uma vocação imperiosa e nem todo mundo tem vocação.
Li,
certa vez, que o grande escritor francês Victor Hugo queria ser Chateaubriand
ou nada. Um escritor nato escreve porque tem alguma coisa para dizer e só pode
dizê-lo escrevendo.
Creio que a vontade, o sentimento, a alegria ou a tristeza faz a brancura da página desaparecer. Escrever apesar dos fracassos e das críticas hostis é algo que me atrai. Na realidade, ainda carrego a ilusão e o sentimento de libertação e de trunfo, por uma frase perfeita, caracterizar um objeto, um sentimento, narrar com brilhantismo os feitos heroicos de personagens históricos.
Creio que a vontade, o sentimento, a alegria ou a tristeza faz a brancura da página desaparecer. Escrever apesar dos fracassos e das críticas hostis é algo que me atrai. Na realidade, ainda carrego a ilusão e o sentimento de libertação e de trunfo, por uma frase perfeita, caracterizar um objeto, um sentimento, narrar com brilhantismo os feitos heroicos de personagens históricos.
Todo o livro começa com uma página em branco. Cabe ao autor preencher o
vazio com conhecimento e imaginação. Há de se ter perseverança - a escrita
requer atributos técnicos e maturidade emocional para compreender o ser humano,
incluindo o que escreve. Para o cronista e escritor Antonio Prata, não é a
página em branco o que mais aflige, mas o preto das letrinhas inseguras que
começam a preenchê-la. A despeito das dificuldades, escrever um romance é um
sonho compartilhado por muita gente. Porque é uma tentativa de posteridade, uma
trapaça contra a solidão e a morte, um jeito de sobreviver à privacidade da
própria imaginação e à vida em si.
Escrever é uma
religião. Une as pessoas de uma maneira que não pode ser alcançada por outros
meios. Escrever exige cuidados e trabalhos incríveis. Quantos arrependimentos!
Quantas correções em espiral que mutilam o texto na versão inicial.
Mas é um verdadeiro
êxtase em que, numa noite, escrevemos trinta, vinte, dez páginas. Esse momento
de criação feliz é cheio de esperança. Sonhamos com um texto bem acabado, bem apresentado,
profundo e vibrante. Como diz Baudelaire, “manejar sabiamente uma linguagem é
praticar uma espécie de feitiçaria evocatória”. Escrever exige estilo e graça. Li que em David
Copperfield - o escritor Charles Dickens - descreve um homem tão alto que as pernas compridas davam a impressão
de ser a sombra de outra pessoa. Como se vê, seria menos impactante dizer
apenas que era um tipo grandalhão.
Por fim,
suponho que escrever exige estilo. O estilo é a mão do temperamento sobre a
natureza das coisas e dos homens. Sem temperamento, não há estilo. Sem paixão, não
há estilo. Sem inspiração, não há estilo.
José Renato Ferraz da Silveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário