segunda-feira, 31 de outubro de 2011

QUESTÃO
Utilizando os conceitos básicos da teoria do comércio internacional explique por que estratégias de desenvolvimento baseadas em políticas de substituição de importações tendem a ser mais bem sucedidas em países como o Brasil do que em nações como o Uruguai ou a Coréia do Sul.

Fábio Moreira Farias (20/20)

A política de Substituição de Importações, cerne do modelo industrialista do nacional-desenvolvimentismo, que no Brasil manteve-se hegemônica da década de 1930 até o início da década de 1990, contradiz, em grande parte, os ensinamentos da teoria clássica e da neoclássica do comércio internacional. De acordo com os teóricos das duas escolas, os países deveriam eliminar as barreiras do comércio internacional, especializando-se na produção de bens e serviços nos quais tivessem vantagens comparativas. A promoção do livre comércio internacional seria benéfica a todos os países pois o intercâmbio de mercadorias contribuiria para a elevação do bem estar da sociedade internacional como um todo.
Baseada fundamentalmente no protecionismo e na intervenção direta do governo na economia seja sob a forma de empresas estatais, - seja como indutor de investimentos -, a política de substituição de importações valia-se da existência de vantagens comparativas dinâmicas e de rendimentos crescentes de escala para justificar sua aplicação.
Contrariando o embasamento teórico da existência de vantagens comparativas, que em Ricardo assume a forma de diferenças de tecnologia e em Hecksher-Ohlin a de dotação de fatores de produção, o governo dos países que adotaram a industrialização por substituição de importações adotou políticas que visavam a criar indústrias de tecnologia dos países desenvolvidos e nas quais dispunham de fatores de produção em abundância. É o caso, por exemplo, da siderurgia, intensiva em capital mas que apresenta fortes ganhos de escala.
Para que a política de substituição de importações seja eficaz é fundamental que o país seja grande o bastante para poder progredir em grau de especialização da produção interna tal que viabilize o desenvolvimento de indústrias de bens de capital, sem as quais não se desenvolverá a indústria nacional de forma autônoma.
Esse é o caso do Brasil. Durante as décadas em que se manteve a substituição de importações o país tornou-se industrializado e cresceu vertiginosamente. O parque industrial brasileiro é diversificado e foi viabilizado pelo tamanho do país, bem como pela possibilidade de especialização funcional e regional de sua produção.

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