Pelo Facebook, centenas preparam protesto na Arábia Saudita
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Centenas de pessoas aderiram a uma campanha no Facebook pela realização de um "dia de fúria" no mês que vem na Arábia Saudita, a fim de exigir eleições, liberdades para as mulheres e libertação de presos políticos.
Até esta quarta-feira de manhã, mais de 460 pessoas haviam aderido ao protesto convocado para 11 de março no reino, que é o maior exportador mundial de petróleo e tem uma monarquia absolutista.
É impossível verificar, no entanto, quantas dessas pessoas estão na Arábia Saudita, e se o protesto irá de fato ocorrer.
As rebeliões árabes que derrubaram líderes na Tunísia e Egito foram iniciadas por jovens que se mobilizavam por redes sociais, mas ativistas na Arábia Saudita disseram que uma recente convocação pela internet para protestos em Riad não conseguiu levar ninguém às ruas.
No mês passado, uma manifestação em Jidá, depois de uma inundação na segunda maior cidade saudita, foi rapidamente dissolvida.
Os ativistas do Facebook reivindicam "que o governante e os membros do Conselho Shura (consultivo) sejam eleitos pelo povo", que haja um Judiciário independente, liberdade de expressão e reunião e que sejam libertados os presos políticos.
Eles pedem também um salário mínimo de 10 mil rials (US$ 2.700), mais oportunidades de emprego, criação de um órgão de combate à corrupção e revogação de "impostos e taxas injustificados".
Há ainda pedidos de reconstrução das Forças Armadas, reforma do clero conservador sunita e "abolição de todas as restrições ilegais sobre as mulheres".
Apesar da sua riqueza petrolífera, a Arábia Saudita enfrenta um índice desemprego que chegou a 10,5% em 2009. O reino oferece benefícios sociais a seus 18 milhões de cidadãos, mas estes são considerados menos generosos que os de outros países petrolíferos do golfo Pérsico.
RETORNO
O rei Abdullah retornou nesta quarta-feira à Arábia Saudita após passar três meses em tratamento médico no exterior e anunciou medidas sociais para beneficiar civis, estudantes e outros cidadãos.
Centenas de homens em robes brancos realizaram a tradicional dança das espadas em carpetes especiais colocados no aeroporto de Riad para receber o monarca, que teria 86 anos.
Os apresentadores de TV usavam lenços especiais nas cores da bandeira saudita em uma cobertura intitulada "a alegria da nação".
Pouco antes de sua chegada, o rei anunciou pela agência de notícias estatal o investimento de US$ 10,7 bilhões em um fundo de desenvolvimento que ajudará sauditas a comprar casas, se casar e abrir empresas. Uma estratégia que serviu para acalmar os ânimos da rica nação petroleira em meio aos boatos da saúde do rei.
O valor duplica o investimento inicial do fundo social --que incluiu ainda outras novas medidas como um aumento de 15% no auxílio moradia para os funcionários do governo e um ano de assistência desemprego para os jovens.
As medidas sociais são vistas ainda como uma estratégia para acabar com qualquer sinal de revolta popular, que varre o mundo árabe e já afetou o vizinho Bahrein. Boa parte do conflito está ligada a demandas por mais liberdade política, mas também contra a pobreza endêmica e a pouca preocupação dos governos com a população.
Abdullah passou os últimos meses em tratamento nos Estados Unidos, onde passou por duas cirurgias, uma em novembro e outra em dezembro, após um coágulo sanguíneo ter agravado uma hérnia de disco. Ele passou por um procedimento para estabilizar as vértebras na coluna.
Ele pediu formalmente ao príncipe herdeiro Sultan que comandasse o país durante sua ausência. Autoridades sauditas dizem que Sultan vem trabalhando normalmente este ano, depois de sofrer problemas de saúde não especificados, mas diplomatas afirmam que ele reduziu sua atividade pública e sua carga de trabalho. Sultan é também o ministro da Defesa.
A estabilidade política da Arábia Saudita é uma questão de interesse mundial. O país controla mais de um quinto das reservas mundiais de petróleo, é um aliado vital dos EUA no Oriente Médio, grande detentor de ativos em dólar e sede da maior bolsa de valores dos países árabes.
Em março de 2009, Abdullah nomeou o ministro do Interior, príncipe Nayef, como segundo vice-primeiro-ministro, uma iniciativa que garante a liderança do país no caso de tanto o rei quanto o príncipe herdeiro ficarem fora de condições de governar, e que deixa Nayef bem posicionado para tornar-se rei algum dia.
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