quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Merkel convoca europeus a seguir modelo de austeridade alemão

DE SÃO PAULO

A chanceler alemã, Angela Merkel, convocou os países da União Europeia a seguir o exemplo germânico de austeridade fiscal e classificou o excesso de dívida como a pior ameaça para a prosperidade do bloco.
"Medidas de redução de gastos e crescimento não são opostos", afirmou Merkel em discurso no Fórum Econômico Mundial nesta sexta-feira. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, também havia sugerido, em Davos, que os países seguissem o exemplo do Reino Unido com relação à redução dos gastos.
"Eu fui criticada porque diziam que a Alemanha tinha de crescer e que, se consolidasse (o corte), comprometeria o crescimento. Mas tivemos uma experiência muito interessante nos dois últimos anos. Cortamos os gastos e crescemos 3,6% no último ano", acrescentou.
As declarações de Merkel foram dadas no mesmo dia em que o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, alertou as economias em recuperação dos impactos da crise que a redução de gastos públicos deve ser feita com cautela para não afetar a retomada do crescimento.
EURO
No discurso, Merkel descartou uma crise do euro. "É simplesmente uma crise de dívida". Ela reiterou a posição sustentada pelo presidente francês, Nikolas Sarkozy, indicando que, "sem dúvidas", vai defender o euro.
Merkel afirmou que a região deve aproveitar a crise para buscar maior unidade entre os países. "Precisamos fazer uma coisa que não fizemos quando o euro foi criado: trabalhar de forma mais coordenada, tanto politicamente, como economicamente", afirmou.
Ao lado do diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy, criticou o cenário de maior protecionismo acirrado pela crise. A Rodada Doha, segundo ela, será essencial para assegurar o livre-comércio mundial. "Estamos a metros de atingir a linha final", indicou.
A chanceler alemã aproveitou para endossar o discurso de Sarkozy sobre a especulação em commodities. Ela cobrou mais transparência e acesso ao mercados produtores. "O crescimento (da produção de commodities) tem de ser previsível, mais igualitário e deve ser sustentável", disse.

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