Essa semana que virá, no dia 22 de março, lançarei a 2° edição da obra A tragédia da política em Ricardo III na Livraria Nobel a partir das 17 horas. A livraria Nobel fica no 2° andar do Shopping Royal Plaza. Abaixo uma entrevista que dei a assessoria da UFSM sobre a presente obra:
Como foi a criação e elaboração do
livro?
O livro é fruto de 13 anos dedicados
ao entendimento da obra shakesperiana, em especial, a peça Ricardo III. Foi
objeto de pesquisa de iniciação científica, mestrado. Senti que era o momento
ideal para publicação deste trabalho. Por essa razão, apoiado por alguns alunos
de Relações Internacionais, Guilherme Backes, Junior Bourscheid, Juliana
Graffunder, Eduardo Wontroba e Taís Röpke, pudemos rever e reavaliar meu
mestrado. Com a revisão finalizada pelos alunos e por mim, decidi publicar pela
Azougue Editorial do Rio de Janeiro. E o livro está magnífico!
Como iniciou o
interesse em abordar o tema? Ou porque ele foi escolhido?
Partiu de uma situação
inusitada que relato de modo breve... No ano de 1999, fiquei sabendo de uma
palestra intitulada A guerra em Shakespeare que seria (foi) proferida pelo
professor Miguel Wady Chaia. Senti-me atraído pela palestra. Ao final da mesma,
tive certeza que este era o tema para ser a linha condutora da minha carreira
acadêmica. Lembro que duas semanas após o evento, já tinha lido umas dez peças
shakesperianas. Fiquei fascinado e apaixonado pelo objeto de estudo. E me
encantei com a peça Ricardo III. Iniciei já em 1999, uma pesquisa de iniciação
científica sob orientação do professor Chaia. Eu identificava nas leituras
prazerosas de Shakespeare, elementos que norteiam a política: conquista, posse,
queda do poder, urdiduras palacianas, virtù, fortuna, intrigas, jogos de poder.
Ou seja, a arte, como a filosofia e a ciência, é um exercício de pensamento e
criação capaz de gerar diferentes formas de conhecimento. Ampliar as fronteiras
do conhecimento produzido pela arte e agregar novas possibilidades para a a
área do saber foram metas e resultados que eu esperava alcançar e alcancei.
Quais foram os
desafios ao longo da pesquisa?
Creio que o maior
desafio foi demonstrar a complexa relação entre as áreas de saber e buscar
borrar as fronteiras que compartimentam a inteligibilidade do mundo. Investigar
a obra shakesperiana com um olhar de cientista político não é tarefa fácil.
Investigar as relações de poder, problematizar questões clássicas que envolvem
a sociabilidade humana a partir de um drama shakesperiano foi, de fato, um
trabalho hercúleo. Mesmo assim, um trabalho que me deixa satisfeito.
A conclusão que chego é que a literatura pode fornecer consistentes
elementos para auxiliar na compreensão da realidade política. Shakespeare nos
transmite pistas para compreensão das quebras de legitimidade do governante,
visão cíclica da história, na civilização sucedem-se governos legítimos e
governos usurpadores e as trajetórias previsíveis e maléficas dos
usurpadores.
Qual é
a expectativa de leitura para o seu publico?
Suponho que as pessoas
gostarão do que vão ler. É uma linguagem acessível, didática, enriquecedora,
além de ser um livro marcado por uma série de encontros cognitivos. O primeiro
deles é o encontro entre arte e política, à medida que busco elucidar questões
das lutas pelo poder e delimitar perspectivas para interpretar a política no
seu significado polissêmico. Um segundo encontro propiciado pelo livro é a
reunião orgânica entre indivíduo e poder. Ou seja, desdobra-se numa questão
polêmica da política, que diz respeito à relação entre ética e governança. E um
terceiro encontro, vinculo indivíduo, sociedade e guerra, gerando a orgânica
reciprocidade entre política e guerra.
Quais foram os objetos
de estudo e porque estes foram escolhidos?
O (s) objeto (s) de
estudo (s) da presente obra é a leitura política da peça Ricardo III e o
entendimento em torno do conceito de política como tragédia, ou tragédia da
política. Essa ideia elucida a trajetória de Ricardo III e aponta tanto para as
possibilidades da política quanto para as suas dificuldades.
Parto
do pressuposto que a política é um reino da negatividade, onde os conflitos, as
tensões estarão sempre presentes. É uma condição inerente ao jogo político. A
tragédia da política é a impossibilidade de realização plena da arte do
desejável. E considero por fim, outro aspecto que me inquieta intelectualmente,
primeiro, a capacidade humana de enfrentar as forças do destino em situações
extremas – diante do desafio de contestação; segundo, o conflito entre o
possível e o desejável; terceiro, o exercício de julgamento – escolhas morais
difíceis para os políticos – decisões que envolvem objetivos e valores
políticos conflitantes. Ou seja, o ponto central de análise em relação
ao estadista que deve destacar as seguintes categorias: interesses,
preocupações, intenções, ambições, cálculos e erros de poder, desejos, crenças,
esperanças, medos, dúvidas, incertezas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário