Por que a China cresceu tanto e o Brasil deu marcha a ré? Com a détente e a diplomacia de aproximação entre Washington e Pequim, onde a estratégia americana combinou coerentemente o pacto regional e a política mundial dos Estados Unidos, o que se vê é uma onda de crescimento extraordinário. Existem outros fatores empurrando esse desenvolvimento, mas uma coisa é certa: é a visão das autoridades chinesas, embora o país não seja ainda uma democracia. A América do Sul sempre se caracterizou pela instabilidade de suas estruturas políticas. A inexistência de instituições democráticas tradicionais condicionou a sucessão de regimes ditatoriais implantados na Argentina, Brasil, Chile e Uruguai, diga-se a bem da verdade, com a benção dos americanos. O Brasil pós-regime militar manteve as mesmas linhas mestras, inclusive na segurança nacional. Os transtornos ocorridos com os pescadores e turistas nas praias do Guarujá com a presença do presidente da república é a prova disso. Não vou discutir a questão, quero falar do autor da frase usada no título. Acredito que o fato de Mário de Andrade ser poeta fez dele um vidente, pois as saúvas, do primeiro ao décimo escalão, continuam atacando nosso doce erário. Da saúde é bom nem falar, além dos nossos governantes não primarem por saúde mental, são cegos como toupeiras. Aqui político não ouve, não vê... eles só não são mudos. Uma pena, pois poupariam nossos ouvidos de muita bobagem. O Brasil não desenvolve, o desemprego crônico está colocando uma parcela dos brasileiros na marginalidade. Não se percebe no atual governo um esforço maior para convencer os parlamentares a votarem as reformas necessárias ao tão sonhado desenvolvimento. No período de 1996 a 2005, a economia mundial cresceu 4% ao ano, no Brasil 2%. Na mesma época, os países emergentes investiram cerca de 30% do PIB em atividades produtivas, o Brasil 18%. O investimento público de 4% em 1970 caiu para 0,5% em 2005. A carga tributária dobrou e a renda nacional continua concentrando. Com isso a classe média, penalizada com tributos que oneram de quatro a cinco salários/ano de seus rendimentos está desaparecendo. Quero ver de onde vão tirar o sustento de Macunaíma e seu povo heróico, sem ela. Para crescer 3,5% ao ano, os investimentos em energia elétrica, petróleo, gás, telecomunicações e transporte teriam que ser – pasmem – de US$ 27 bilhões ao ano! São dólares e não reais... pois só as estradas de rodagem precisam de R$ 33 bilhões para continuarem existindo, isso é duplamente real.
Somando-se os dados acima, mais o panorama de descrédito total com a política e os 16 milhões de analfabetos, o país vai levar mais de cem anos para começar a se desenvolver, enquanto o mundo deverá dobrar a renda per capita em 30 anos. Sem crescer não há saída, esse é o mote. A pergunta é: como crescer num país onde enormes quantidades de recursos públicos são carreadas para a vida privada?
A autora, Janira Fainer Bastos.
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