Boa noite!
TERCEIRO MÓDULO: RENASCIMENTO INGLÊS – CIÊNCIA, MÚSICA E LITERATURA. Tivemos no I módulo: a discussão sobre a Guerra das Duas rosas e a Guerra dos cem anos. No II Módulo, a era elisabetana e os conflitos pelo poder. Ainda teremos nesse fim de semestre de 2010, o quarto módulo e a oportunidade de conhecermos um dos nove dramas históricos shakesperianos.
Hoje III módulo: Renascimento inglês: ciência, música e literatura. Falarei sobre o movimento em geral, destacando os principais elementos e alguns personagens. Na próxima semana, teremos A OPORTUNIDADE DE DEBATER SOBRE BACON, MORUS E OS LIBERAIS INGLESES. NO NOSSO ÚLTIMO ENCONTRO, SOBRE OS GÊNIOS UNIVERSITÁRIOS.
RENASCIMENTO INGLÊS: CIÊNCIA, MÚSICA E LITERATURA. POIS BEM, desde o fim da década de 80, no século XVI, a rainha Elisabeth governava a Inglaterra como uma déspota esclarecida mas amada pelo povo. Nos seus mais de 1000 vestidos ornados com ouro e prata, era comparada a Deusa Diana ou Astréia, sua figura sacrossanta era cantada em prosa e verso. Spenser em seu Faire Queene dava esse tom mágico e fantástico a imagem da rainha Virgem.
Para a maioria dos estudiosos o renascimento inglês teve seu apogeu durante o período elizabetano. Ao que chama dos anos dourados. Ou seja de 1558 a 1603. Embora o movimento renascentisa inglês dure até 1660. Apesar também da historiadora britânica afirmar que o movimento inglês não chegou ao fim e nem teve decadência como na Itália e na França.
O Renascimento inglês em seu poder e em suas limitações é apontada por Sichel como a versão mais estranha do movimento. Não houve decadência como já disse anteriormente. Mas não houve pintura e escultura. Houve tentativa e esforços para criar escolas inglesas mas teve pouco sucesso. Pintura e escultura inglesa foram medíocres.
Porém, por outro lado, os ingleses podiam vangloriar-se de uma poesia, de um drama, de uma prosa não rivalizados por nação alguma. De um fertilidade súbita que só pode ser comparada a eclosão de arte na Itália durante o período do Cinqueccento.
No setor da música, também, grandes coisas foram feitas. Nunca, antes ou depois, a Inglaterra deu ao mundo tantos compositores. De fato, os destinos da música estavam atrelados ao da poesia. Dowland, morley, Orlando Gibbons, Weelks, Wilbye criaram o madrigal, assim como os poetas evocavam o soneto.
Byrd, Tallis, e John Bull emprestaram seu brilho à música sacra. 20 compositores colaboraram na realização de Triumphs of Oriana, uma coleção de canções.
Na Ciência, Bacon diante de seu Lema saber é poder visou a expansão da dignidade e grandiosidades humanas. Bacon pertence ao grupo dos principais empiristas clássicos britânicos: Thomas Hobbes (1588-1679), John Locke (1632-1704), George Berkeley (1685-1753) e David Hume (1711-1776). O empirismo desenvolveu-se, inicialmente, sobretudo na Inglaterra, como afirma o professor Danilo Marcondes: “podendo ser considerado como representativo da burguesia inglesa que, a partir do século XVII, passou a deter não só o poder econômico, mas também o político, através da monarquia parlamentar, fato que marca o nascimento do liberalismo”. O interesse pelo mundo da experiência concreta e uma filosofia política baseada na teoria do contrato social e na submissão à lei da maioria são características dessa visão.
Na literatura, poetas, dramaturgos, prosadistas, teólogos transcendem qualquer época, pertencem a todos os tempos. O Nome de Shakespeare transcende Também o lugar e pertence ao mundo inteiro.
Mas uma colheita de estrelas de segunda e terceira grandeza fazem parte da herança inglesa desse grande movimento. Esses homens trouxeram para a literatura da Inglaterra o soneto inglês, a canção inglesa, o drama inglês. A canção e o drama já existiam mas foram eles que deram nova forma e inauguraram o reinado da lírica – vegetação infinitamente multicolorida, multifragrante, fresca, luxuriante. Sir Thomas Wyat e o Conde de Surrey importaram o soneto petraquiarno. Soneto esse modificado, transformado, manipulado, de leis menos mecânicas e mais elásticas do que as escolas de Petrarca com a proeminência de duas linhas finais que são o clímax e a síntese do conjunto.
Mas o verdadeiro crescimento do renascimento inglês é a capacidade emocional. A vida é maior que a arte e arte só pode viver enquanto interprete a vida. É característico da Inglaterra que ela soubesse conciliar a arte e a fé, a beleza e a religião. A poesia da Inglaterra elisabetana é profundamente religiosa. Possui um tom metafísico, primitivo e humano. Como no grito do coração de Walter Raleigh: “mas desta terra, deste túmulo, deste pó que confio em que meu Deus me erguerá”.
Mas a maior parte da poesia elisabetana é marcada por ser a poesia amorosa mais rica da Europa moderna. É cheia de uma força espiritual que lhe dá peso; de sentimento que é a religião do coração. Sentimento, energia dramática, força lírica.
O Drama inglês nasceu sob uma boa estrela. Banharam-se na luz esplendida da aventura. Hawkins explorava, Drake fazia suas homéricas viagens a Índia. Raleigh descobria Virginia, HAKLUT ESCREVERIA SUAS Viagens e descobertas da Nação inglesa.
As guerras da ESPANHA, A Conquista da Irlanda, as intrigas da Corte, faria os heróis. Essex, Leicester, Sir Richard Grenfell, a própria rainha. Esse drama representado no mundo exterior influenciou o drama inglês no palco.
Do ponto de vista literário, antes da chegada de Shakespeare a Londres, havia rapazes menos talentoso na busca da fama. O jovem de mais destaque era Christopher Marlowe. Marlowe criador do dr Faustus, de Tamburlaine e Edward II, um gênio lírico, um mestre de sublimes elogios.
Lutando para aparecer – como Robert Greene, Thomas Nashe, George Peele, Thomas Lodge, John Lily; eram diplomados por Oxford e Cambridge e abriam caminho juntos, com peças de boa bilheteria, que produziam com a mesma rapidez com que as trupes conseguiam encená-la, e competiam para ver quem menosprezava mais, zombando de outros colegas. Orgulhavam-se de sua poesia rebuscada e erudita e dos panfletos polêmicos, dedicando-se a escrever peças apenas como uma forma nova e fácil de ganhar dinheiro.
Greene, rival de Shakespeare, cansado e desgastado, pobre e bêbado chegando ao final das forças e da vida, escreveu Um Tostão de sabedoria comprado com um milhão de arrependimento, dirigindo esse panfleto a Shakespeare, o “shake scene (sacode cena, brincadeira usando o verbo to shake). Assim, Greene legou à posteridade a primeira menção da presença de Shakespeare em Londres como dramaturgo refutando a ideia conspiratória de alguns autores dizerem que Francis Bacon utilizava-se do pseudônimo William Shakespeare.
Outras estrelas: Webster com sua Duquesa de Malfi e Vitoria COROMBONA é o mais profundo de percepção. Beaumont e Fletcher são os finos MESTRES DE OFÍCIO, SUAVES E EQUILIBRADOS. Ford de O coração partido rivaliza com Webster na intensidade trágica. Messinger em seu modo de Pagar velhas dívidas e seu duque de Milão se destaca na percepção aguda.
Dekker, Kyd, Midlleton, Marsnton são uma legião de autores que brilham e são ofuscados pela sua maior estrela: William Shakespeare.
Emoção, fé, sentimentos, criatividade, religião, amor....expressões que marcam o Renascimento inglês.
Obrigado!
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