1. A GUERRA DAS DUAS ROSAS (1455 – 1485)
Envolveu a Casa de York, que tinha como insígnia uma rosa branca e, a Casa de Lancaster, com uma rosa vermelha de símbolo. Ocorreu durante os reinados de Henrique VI (deflagração da guerra), Eduardo IV e Ricardo III.
Em maio de 1455, tivemos o início da guerra em St Albans. A casa de York impôs a demissão de um membro do conselho do rei Henrique VI, pertencente à casa de Lancaster. Ao final da batalha o rei fora aprisionado pelos de York e Ricardo de York assumiu o poder.
A segunda batalha ocorreu em setembro de 1459, com a vitória dos de York, em Northampton. Um ano depois, em Wakefield, Margarida de Anjou, esposa de Henrique VI, derrotou os de York com ajuda de um exército do País de Gales. Ricardo, o duque de York, faleceu em batalha. Logo no ano seguinte, Eduardo, o novo duque de York derrotou os de Lancaster e foi consagrado rei com o nome de Eduardo IV. A rainha Margarida e o rei Henrique VI refugiaram-se na Escócia, apoiados por Luiz XI da França.
Em 1470 Eduardo IV fugiu ao sofrer perseguição. Henrique VI retorna ao trono. No ano posterior Eduardo IV volta, com o auxílio do Duque de Borgonha e, derrota os de Lancaster em Barnet. Foi aprisionado Henrique VI (que falecera na seqüência), a rainha Margarida e seu filho.
Os últimos combates da guerra foram travados entre Ricardo III, da Casa de York, e Henrique Tudor, da Casa de Lancaster, que saiu vitorioso em 1485. Ocorreu a união das duas Rosas em uma única dinastia, assegurada posteriormente pelo casamento de Henrique Tudor com Elizabeth de York, filha de Eduardo IV. A guerra significou o enfraquecimento da nobreza e, em contra partida a afirmação do poder absoluto do rei.
2.1. As batalhas da Guerra das Duas Rosas.
A partir da recuperação mental do rei Henrique VI, Ricardo, o duque de York, deixa de ser seu protetor e a Rainha Margarida assume seu posto. Fora entregue ao duque de Somerset o governo de Calais, antes pertencente ao seu rival, Ricardo, que também não foi mais convidado para reuniões do Conselho do Rei. Um grande Conselho de Pares foi convocado e, temendo ser julgado, Ricardo, duque de York retira-se para Yorkshire, fortemente armado e, denuncia Somerset.
A casa de York foi a luta com três mil homens contra menos que isto por parte da Rainha, do Rei, da Corte e do partido Lancastrino. Houve luta e os Yorkistas saíram vitoriosos; os duques de Somerset e Clifford morreram.
Os exércitos eram pequenos e, nenhuma cidade grande foi cercada, pois, o apoio destas fazia-se necessário. O combate, sendo entre nobres, prevalecia o senso de honra e o respeito às localidades neutras. Houve um declínio da Cavalaria com o início da utilização dos canhões.
Na primeira luta, em St. Albans (1455), os da Casa de York ganharam, porém, eram os Lancastrinos que tinham a maioria dos nobres e o rei ao seu lado. Ocorriam contínuas provas de força, não só em campanhas, mas em reuniões no Parlamento. Entre 1456 a 1459 ocorreu um período tenso de trégua.
A guerra reiniciou em 1460, em Northampton. Sob o comando do duque de Warwick, lordes Yorkistas ocuparam base na Calais e na Gales e enfrentaram os Lancastrinos e a Corte, que fugiu em pânico. Com a queda da rosa vermelha, Ricardo, duque de York, dirigiria o governo e sucederia Henrique VI depois de sua morte. Entretanto, havia a Rainha Margarida e seu filho, o Príncipe de Gales, mesmo deserdado do pai, estavam em liberdade. Os Lancastrianos apanharam de surpresa os Yorkistas em dezembro de 1460, em Wakefield. Ricardo de York foi morto. “Até este momento, a disputa fora entre os magnatas amadurecidos e “tranqüilos”, profundamente envolvidos em negócios do Estado e procurando arduamente manter certos limites. Agora, uma nova geração assumia o comando”.
O novo duque de York, Eduardo, investiu contra o conde de Wilshire e os Lancastrianos galenses. Em dois de fevereiro de 1461, na Batalha de Mortimer's Cross, derrotou-os. Quinze dias após, a rainha Margarida derrotou o duque de Warwick, na Segunda Batalha de St Albans. A Rainha, juntamente com o seu marido, o Rei Henrique VI, tinha plena soberania na Coroa. Mas, quando Eduardo de York entrou em Londres, todos os cidadãos que haviam se submetido à Margarida e ao Rei, o aplaudiram. Em quatro de março de 1461, o então duque de York torna-se Eduardo IV.
A Rainha, que sustentou a causa Lancastrina, enfrentou-o nas proximidades de York, e foi derrotada. Em 28 de junho, Eduardo foi coroado Rei em Westminster. Margarida, como Rainha da Inglaterra e princesa francesa, tinha o apoio da Escócia e França.
Em 1462, Margarida desembarcou com uma força poderosa no Norte. O Rei Eduardo IV reuniu suas forças Yorkistas e iniciou o cerco a Newcastle e, seus pesados canhões devastaram os castelos, ganhando a batalha. O rei perdoou os nobres de Lancaster, desde que jurassem lealdade. Mais tarde foi traído por estes. Em 1463, trouxe auxílios de seus aliados. Os de York se puseram em campo e, com seus canhões, derrotaram seus oponentes. Margarida foge para a França com o seu filho e, separa-se de seu marido, para sempre.
No Natal de 1463, Somerset trai o rei e tenta apoderar-se de Newcastle. Não obstante, foi surpreendido pelos Yorkistas e, obrigado a fugir. Em 25 de abril de 1464, houve uma revolta dos de Lancaster em Hedgely Moor, que foi destruída. “Entrementes, a diplomacia da Coroa inglesa efetuara uma trégua de quinze anos com o Rei da Escócia e era poderosa tanto na Corte da França como na da Borgonha”.
2.2. As aventuras de Eduardo IV: o rei da “carinha bonita”
Eduardo IV confirmou sua coroa em combate mas, após a luta, mostrou-se desinteressado pela soberania. Era jovem e preferia seus divertimentos; deixava a política para seus lordes: o conde de Warwick e o duque de Northumberland.
Certo dia conheceu Elisabeth Woodville, ou Wydvil, a qual era viúva de um cavaleiro Lancastriano. Eduardo IV cedeu aos encantos da bela Elisabeth e, em 1464 casou-se em segredo com ela. “Um casamento real naqueles tempos podia ser uma união de paz entre Estados vizinhos ou o meio para uma guerra bem sucedida.” (p.12) O melhor seria que desposasse Isabella da casa de Espanha ou uma princesa francesa, visando o favorecimento dos interesses ingleses.
Quando descoberto o casamento selado, a relação entre sir Warwick, o fazedor de rei que orquestrava um casamento arranjado, e o Rei Eduardo IV foi estremecida. O conde de Warwick estava em seu apogeu, pois detinha popularidade e poder efetivo; porém tinha conhecimento do grande guerreiro em Eduardo IV. O Rei, percebendo essa ascensão do conde de Warwick, começou a se interessar mais pelos negócios. A Rainha Elisabeth tinha cinco irmãos, sete irmãos e seus dois filhos com sir John Grey, por decreto real, elevados à alta categoria ou casados nas maiores famílias. Esta nova nobreza que se formou, a qual não fizera nada de significante na guerra, rondava o rei e representava perigo e uma ofensa para Sir Warwick e seus companheiros.
Visando um balanço de poder (Balance of Power), Eduardo IV casa sua irmã Margarida com Carlos, o Atrevido, que em 1467 sucedera a seu pai como duque de Borgonha. Desta maneira a Inglaterra poderia contrabalancear o poderio francês da época com um importante aliado, que era Borgonha, segundo Estado mais forte da Europa Ocidental.
Warwick traça um plano contra Eduardo IV e consegue trazer para o seu lado o irmão do rei, duque de Clarence, tratando um acordo que se a família da Rainha, os Woodvilles, ele tomaria o poder. Ofereceu em troca a mão de sua filha, Isabella. Começou o ataque com um levante no Norte. Milhares de homens no Yorkshire tomaram armas para queixar-se dos impostos e do Rei. Enquanto isto, a Câmara dos Comuns peticionava contra a administração real, que era negligente e perdulária. Eduardo IV viu-se obrigado a marchar ao Norte.
Como não havia guarda real, Eduardo IV convocou seus nobres para levarem seus próprios homens. Isso evidencia a dependência do Rei para com seus nobres. O que revela a decadência da Autoridade Real. Ao ser atraído ao Norte, Warwick e Clarence retornam de seu refúgio em Calais para Londres. Interceptaram e executaram as tropas que apoiariam o Rei e, tornaram-no prisioneiro. Eduardo IV via como único amigo seu irmão, Ricardo de Gloucester, conhecido como “Corcunda”. Warwick e Clarence explicaram-no que seu reinado seria de acordo com seus conselhos.
Na realidade, Warwick, o fazedor de rei, tinha os dois reis rivais, Henrique VI e Eduardo IV, como seus prisioneiros. Quando a situação tornou-se conhecida, os lordes Yorkistas viram com espanto de forma negativa a detenção de seu soberano, Eduardo VI. Já os Lancastrinos queriam aproveitar a briga interna dos de York ao seu favor. Warwick, Clarence e a Corte selaram um acordo, restabelecendo a força do Rei para derrotar os rebeldes de Lancaster. Em troca proclamou sua lealdade em favor do Rei, o que era apenas aparências.
Em março de 1470 o rei chama suas forças às armas sob o pretexto de reprimir uma rebelião Lancastriana em Lincolnshire. Na ocasião obteve uma confissão de Sir Roberto Willes, o qual acusou Warwick e Clarence de traição. Então o Rei, saindo vitorioso, resolve marchar repentinamente contra seus traidores, que fogem.
O fazedor de rei, privado de todos os seus recursos, foi à França suplicar ajuda a Luiz XI. Dois anos antes o soberano francês fora ameaçado de guerra por Eduardo IV, aliado a Borgonha e, agora estava ele com dois exilados da Guerra das Duas Rosas, Margarida (Lancaster) e Warwick (York). Tendo esta sorte, Luíz XI propôs a Margarida e a seu filho de dezessete anos, Warwick e provavelmente Clarence a unirem-se para derrubar Eduardo IV. O pacto foi selado pelo noivado do filho de Margaret, o príncipe de Gales, com a filha mais nova de Warwick, Anne.
Não obstante, Clarence recebeu o perdão de seu irmão, Eduardo IV, que o queria como aliado; ele dissimulou o acordo com os franceses e aceitou a oferta, não imediatamente. Quando Warwick incitou, ao seu mando, uma insurreição em York, Eduardo marchou até lá para controlá-la. Enquanto isso, Warwick e Clarence desembarcaram em Dartmouth, em setembro de 1470.
O fazedor de rei foi a Londres, libertou Henrique IV e colocou-o no trono. A maior parte do reino se revoltou contra o Rei, que se refugiou na Corte da Borgonha. Foi protegido pelo seu cunhado, Carlos, o Atrevido, que temia o eminente ataque de França e Inglaterra.
Carlos não só apoiou Eduardo IV como lhe forneceu cerca de mil e duzentos leais soldados. Eduardo IV desembarcou no porto de Humber, distrito Lancastrino não resguardado. Ao iniciar sua marcha sobre Londres, conseguiu evitar Montagu, irmão do fazedor de reis, com efetivos quatro vezes superiores aos seus, que deveria interceptá-lo. Juntou-se ao seu exército e, junto com seu aliado Duque de Clarence, entrou em Londres e aprisionou novamente Henrique VI.
Na decisiva batalha de Barnet, em 14 de abril de 1471, o conde de Warwick foi derrotado. Neste dia, Margarida de Anjou desembarcou na Inglaterra com um bando de mercenários franceses e seu filho, o Príncipe de Gales, que estava disposto a lutar pela Coroa ou morrer. A luta volta a ser entre os de York e os de Lancaster. Eduardo IV, em 4 de maio, forçou à batalha de Tewkesbury. Os dois lados defrontavam-se na formação de três setores: direita, centro e esquerda, sendo que a posição defensiva de Lancaster estava mais forte. Eduardo tinha uma excepcional mobilidade em suas tropas. “Somerset comandava a esquerda de Margarida, Lorde Wenlock e o príncipe de Gales no centro e Devon à direita. O rei Eduardo exercia um comando mais geral.” (p.19)
Somerset atacou o centro de seu adversário sem avisar seus companheiros e, Eduardo IV contra atacou em linha, atrasando o último exército da casa de Lancaster. Somerset foi decapitado, Margarida foi capturada e o Príncipe de Gales morreu bravamente em batalha.
Reinando supremo, Eduardo IV amadureceu e se desiludiu. Em 1475, invadiu a França, mas avançou até Picquigny, perto de Amiens. Lá fez um acordo com Luís XI, com a finalidade de torná-los fortes e seguros na paz. Luís XI ofereceu a Eduardo IV em troca a importância de 75 mil coroas pagas de uma só vez e mais um tributo anual de 50 mil. O Tratado de Picquigny foi fechado, contudo, Carlos, o Atrevido, seu aliado na Borgonha, ofendeu-se.
Eduardo IV trabalhou para conter o orgulho nacional, deixou uma fortuna e permitiu que a nação se tornasse forte de novo. Ele nunca mais confiou em Clarence, que zombava dele e desafiava os tribunais reais. Em janeiro de 1478, o Rei convoca o Parlamento a fim de condenar Clarence. Este pode escolher como seria a sua morte. Shakespeare conta que, o Duque foi afogado num tonel de vinho Malmsey.
Ricardo, o Duque de Gloucester, irmão do Rei, casou-se com Anne, filha do fazedor de rei. A Rainha Elisabeth tivera dois filhos e cinco filhas. Em 1483 Eduardo IV falece repentinamente, deixando seu trono ao seu filho de doze anos Eduardo, o imaturo.
2.3. O astuto Ricardo III
Com a morte inesperada de Eduardo IV, a autoridade real foi desmanchada. O país ficou sobre o Protetorado de Ricardo de Gloucester. O primogênito do Rei vivia sob os cuidados de seu tio, Lorde Rivers.
A maioria da antiga nobreza se reuniu em torno de Eduardo, que lamentavam a sua minoridade. Na cavalgada que Eduardo fez ao encontro de sua coroação em Londres, encabeçada por Lorde Rivers e seu sobrinho Grey, caíram em uma cilada de Ricardo de Gloucester. Ricardo aprisionou Rivers e Grey e, tendo Eduardo em sua posse, mentiu-lhe sobre um plano de seu tio de tomar-lhe o poder e oprimir a velha nobreza. A coroação foi por várias vezes adiada, até o dia em que Ricardo resolveu aprisionar Eduardo na Torre.
Entretanto, a Rainha Elisabeth e seu filho restante ainda encontravam refugiados em Westminster. Ricardo apoderou-se do pequeno príncipe e levou-o junto ao seu irmão, de onde jamais sairiam.
O casamento de Eduardo IV com Elisabeth Woodville foi impugnado, em decorrência do suposto pré-contrato de casamento de Eduardo com Eleanor Butler, o que tornaria os jovens herdeiros ilegítimos. Ricardo usou este segredo para justificar sua usurpação e assumir a Coroa, por ser irmão do Rei morto, como sucessor legítimo.
Com a coroação, o Rei torna-se Ricardo III, o qual possui título reconhecido e confirmado pelo Parlamento. Durante os seus primeiros três meses, Buckingham, de seu principal adepto, tornou-se seu inimigo mortal. Este descendia de Eduardo III, tanto através dos Beauforts como de Thomas de Woodstock, logo, era um pretendente em potencial à Coroa.
Ricardo III esforçava-se para causar uma boa impressão, mas, depois do desaparecimento das crianças da Torre em que foram aprisionadas, em julho de 1483, o crime atroz nunca mais foi esquecido ou perdoado.
Buckingham preparou um levante geral para 18 de outubro e Henrique, conde de Richmond, com o auxílio do duque da Bretanha, desembarcaria na Gales trazendo reforços. O povo irado com o assassinato dos jovens antecipou à revolta. O Rei Ricardo venceu e restabeleceu a ordem no país, revivendo o Parlamento e fazendo uma série de medidas populares que não tiveram o efeito preterido.
Em abril de 1484, seu único filho, o príncipe de Gales, morreu e sua esposa, Anne, não podia mais ter filhos. Henrique Tudor, conde de Richmond, tornou-se então evidentemente o pretendente e sucessor rival ao trono. Richmond viveu, por sua sorte, exilado e em privação. Havia voltado à Bretanha, onde recebeu abrigo mas, ao saber que estava prestes a ser pego por seu rival, foge para a França, que tinha a política geral de manter vivas as disputas inglesas.
Chegou-se ao ponto em que tanto Yorkistas como Lancastrianos afastaram-se de Ricardo e encaminharam-se para Richmond. Seu casamento que se projetava com a filha mais velha de Eduardo IV, Elizabeth, oferecia a perspectiva de encerrar definitivamente a luta dinástica.
Em março de 1484, Ricardo III tentou reconciliar-se com a Rainha viúva Elizabeth, prometendo sustentá-la e casar suas filhas com cavalheiros. Resolveu aceitar e esquecer o possível casamento de sua filha mais velha com Richmond.
Em 1° de agosto, Richmond embarcou em Harfleur com ingleses, tanto Yorkistas como Lancastrianos, e tropas francesas. Ele proclamou Ricardo como usurpador e rebelde contra ele mesmo e foram à luta. Os Stanleys estavam incumbidos pelo Rei Ricardo III a interceptar Richmond, porém eles se juntaram a Richmond, cometendo traição. Ricardo lançou-se a luta para derrotar seu inimigo, mas acabou perdendo a guerra e morrendo em luta. O Conde de Richmond, Henrique Tudor torna-se rei da Inglaterra, sendo a partir de então Henrique VII.
A Guerra das Duas Rosas chega ao fim sem nenhum vencedor das Duas Casas. O casamento de Henrique VII com a princesa Elizabeth inicia a linhagem dos Tudors, com a participação dos de York e dos de Lancaster. Em 1485 a Idade Média também chega ao seu fim. A Inglaterra entra em uma nova era sob a Dinastia Tudor, que terá suas agitações com a Renascença e a Reforma. Seu início teve Henrique VII como monarca.
Foi de grande ajuda
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