ONU vê crimes de guerra dos dois lados do conflito na Líbia
DA BBC BRASIL
Investigadores das Nações Unidas acusaram nesta quarta-feira as tropas do governo da Líbia de cometer crimes de guerra e contra a humanidade durante o atual conflito no país, mas também reportaram abusos cometidos pelas forças de oposição ao líder Muammar Gaddafi.
Em um comunicado, a comissão investigativa da ONU afirmou ter encontrado evidências de assassinatos, tortura e ataques indiscriminados contra civis cometidos pelas tropas de Khadafi.
"A comissão recebeu menos relatos de crimes internacionais (por parte) das forças de oposição. No entanto, encontrou, sim, alguns fatos que constituiriam crimes de guerra", disse o Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Em abril, o Conselho havia enviado o grupo de especialistas independentes à Líbia para investigar supostas violações.
Segundo a agência Reuters, os especialistas se depararam com alegações de uso excessivo da força, assassinatos cometidos extrajudicialmente, interferências à liberdade de expressão, violência sexual, ataques contra civis e uso de soldados menores de idade, entre outros crimes.
"A comissão expressou preocupação quanto a essas violações a ambos os lados do conflito, instando-os a implementar os direitos humanos internacionais e a lei humanitária internacional", diz o comunicado.
MISSÃO DA OTAN
Os confrontos prosseguem no país norte-africano. Na cidade de Benghazi (leste da Líbia), considerada bastião dos rebeldes e local onde começaram os protestos anti-Gaddafi, em fevereiro, uma forte explosão ocorreu perto de um hotel, deixando ao menos um morto.
Há relatos de que a explosão tenha sido causada por uma bomba deixada em um carro, e os rebeldes disseram se tratar de "um ato covarde".
A Otan anunciou nesta quarta-feira que estenderá sua missão na Líbia por mais 90 dias.
A medida foi aprovada por unanimidade pelos embaixadores dos 28 países-membros da aliança.
"Estamos determinados a continuar nossa operação para proteger o povo líbio", disse o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen.
A Otan atua na Líbia com autorização de uma resolução da ONU e sob a justificativa de proteger os civis dos ataques promovidos pelas forças de Gaddafi. O prazo inicial dado pelas Nações Unidos para a realização de ataques na Líbia expirava em 27 de junho.
"Estamos unidos para garantir que vocês (população líbia) possam moldar seu próprio futuro", ressaltou Rasmussen.
O secretário-geral da Otan acrescentou que "a questão não é se Gaddafi irá (deixar o poder), mas quando. Pode levar um tempo, mas também pode acontecer amanhã".
Autoridades líbias alegam que os bombardeios aéreos da Otan mataram 700 civis desde o início de suas operações - acusação que a aliança nega.
Outras milhares teriam sido mortas nas operações das tropas de Gaddafi contra os rebeldes.
DESERÇÕES
Também nesta quarta-feira, o ministro líbio do Petróleo, Shukri Ghanem, confirmou ter abandonado o governo de Khadafi, duas semanas após ter deixado o país.
Em uma coletiva em Roma, Ghanem disse que a violência na Líbia chegou a níveis "intoleráveis" e que está em contato com a oposição.
Ele é a principal autoridade a mudar de lado no conflito desde a deserção do ex-chanceler Moussa Koussa, que abandonou a Líbia em março.
Na última segunda-feira, oito militares de alta patente haviam anunciado sua deserção do governo de Khadafi, unindo-se a outros diplomatas, militares e ministros que abandonaram o regime desde o início da onda de protestos, em fevereiro.
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