domingo, 5 de junho de 2011

Centro-direita portuguesa derrota Sócrates e governo socialista

DA EFE, EM LISBOA

A centro-direita ganhou neste domingo as eleições antecipadas em Portugal, após forçar a renúncia do Executivo socialista em março, e levou o primeiro-ministro em fim de mandato, José Sócrates, a deixar também a liderança de seu partido.
Os Social Democratas (PSD, centro-direita), conquistaram seu maior triunfo eleitoral dos últimos 20 anos em umas legislativas marcadas pela grave crise que sofre Portugal e os sacrifícios exigidos por seu resgate financeiro. Um total de 99,3% das urnas já está apurado.
O até agora principal partido da oposição obtém 38,8% dos votos na apuração provisória contra 28,1% do Partido Socialista (PS).
O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, 46, que surgiu pela primeira vez neste pleito à arena eleitoral, se tornou no grande vencedor do dia no qual proclamou sua vontade de cumprir os compromissos financeiros do país e tirá-lo da crise.
Portugal deve aplicar novas medidas de saneamento econômico, reforma trabalhista, privatizações e redução da despesa e do deficit público em troca de receber nos próximos três anos 78 bilhões de euros de Bruxelas e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Pouco antes do discurso triunfal do líder conservador, Sócrates assumia a derrota perante as câmeras de televisão e, com os olhos vermelhos e visivelmente emocionado, anunciava sua renúncia como secretário-geral do partido.
"Não me escondo atrás das circunstâncias, esta derrota eleitoral é minha, e quero assumi-la em cheio nesta noite", manifestou.
A aposta pela "mudança" que fez até agora principal partido da oposição acabou por dar o triunfo em umas eleições marcadas pela elevada abstenção, superior a 41% e a maior em eleições deste gênero.
Durante a jornada eleitoral, que transcorreu sem incidentes, os principais candidatos tinham chamado mais de 9,6 milhões de portugueses convocados às urnas.
O presidente da Comissão Europeia (órgão executivo da União Europeia) e ex-primeiro-ministro português José Manuel Durão Barroso afirmou, após votar em Lisboa, que estas eram as eleições mais importantes em Portugal desde a Revolução do 25 de Abril de 1974, que instaurou a democracia.
Logo após anunciarem as primeiras projeções de voto, no fechamento das urnas, os seguidores do PSD começaram a comemorar a vitória nas principais cidades de Portugal e reuniram milhares de pessoas em uma praça central de Lisboa.
Apesar dos social-democratas não alcançaram a maioria absoluta, poderão governar como se a tivessem se concretizar o anunciado apoio da terceira força do país, o Centro Democrático Social-Partido Popular (CDS-PP) que obteve 11,6% dos votos.
O CDS-PP se ofereceu a participar em um Governo do PSD, que não obtinha um resultado tão alto em eleições legislativas desde 1991, quando ganhou com 50,6% dos votos o atual chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, como aspirante a primeiro-ministro.
A vitória da centro-direita põe fim aos mais de cinco anos de coabitação entre Cavaco, reeleito em 23 de janeiro em primeiro turno para outro período de cinco anos, e Sócrates, que chegou ao poder com maioria absoluta em 2005.
Mas a crise econômica portuguesa, que Sócrates sempre atribuiu à tempestade financeira internacional suscitada em 2008, o obrigou a renunciar o cargo em março, após perder o apoio do PSD em seu quarto plano de austeridade.
Além dos socialistas, as eleições deste domingo atingiram a esquerda marxista portuguesa, que centrou sua campanha em atacar o PS e o negou qualquer apoio para formar governo.
A coalizão de comunistas e verdes obteve o mesmo 7,8% de votos que em 2009, e o Bloco de Esquerda sofreu um severo castigo ao passar de 9,8% de dois anos atrás para 5,1%.

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