Que o teu desejo me indique o momento.
Cada hora minha é um longo esperar,
Até que eu possa te servir a contento
Em tuas demoras, com paciência,
- És soberana dos anseios meus –
Encontro doçura na amarga ausência,
Mesmo que digas, para sempre, adeus.
Não ouso te perguntar, enciumado.
Nem por onde andas, nem o que fazes.
Mas, triste escravo, aguardo-te calado,
Enquanto outros contentas e te aprazes.
Meu amor obedece a teu desejo
E cego busca o mal que nele vejo.
O Deus mesmo que a ti me escravizou
Não quis que eu regulasse teu prazer,
A ti de prestar contas liberou,
Atou-me servilmente a teu querer.
Quero sofrer a teu dispor,
Encarcerado em tua liberdade;
Suporto gratamente teu rigor,
Sem queixar-me de tua crueldade.
A teu poder não quero dar limites
Concedendo-te posição tão alta
Que nem me importa que tu mesma dites
Sentença absolvendo-te da falta.
E neste inferno aceito sem rancor,
Que teu prazer provoque minha dor.
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