sábado, 19 de fevereiro de 2011

Como eu fiz

30 de julho de 2009 |
VESTIBULAR
Como eu fiz

“Decidi fazer Relações Internacionais quando não passei na Academia Militar. Eu tinha um amigo que fazia Relações Internacionais em São Paulo e, quando conversei com ele, gostei da área. Nunca havia morado fora, mas decidi partir para essa área porque via que estava em expansão.Com a abertura mundial dos mercados, achei que fosse uma grande possibilidade. No início, não tinha apoio da família. Meu pai é militar e eles não acreditavam. Na época em que decidi fazer o curso, em 2002, o pessoal não sabia direito o que era Relações Internacionais, o que o profissional fazia, não via um futuro no mercado brasileiro.

Na época, fiquei com dúvida de fazer Relações Internacionais ou Administração com habilitação em Comércio Exterior. Eu decidi fazer Relações Internacionais justamente pelo enfoque do curso. Na Administração, eu teria todas as cadeiras do curso e apenas um ano voltado para o comércio exterior. Já no curso de Relações Internacionais, desde o primeiro semestre a gente vê introdução a relações internacionais, economia internacional, política.

Em 2004, na universidade, eu participei da fundação de uma empresa júnior. Fizemos projetos para a própria faculdade e tivemos algumas negociações com a Secretaria de Articulação Internacional do Estado de Santa Catarina. Houve conversas e reuniões com o intuito de desenvolver projetos. Em 2005, comecei a estagiar na Portobello. Comecei no departamento de exportações, auxiliando nos embarques dos produtos. Eu fazia documentação e trâmite burocrático. Depois passei a estagiar na área comercial. Fazia acompanhamento de pedido, contato com os clientes externos. Eram clientes da Europa – Grécia, Bélgica, França, Inglaterra – e da Oceania. Os contatos eram sempre em inglês, alguns em espanhol.

Eu falo inglês, espanhol e comecei francês, mas parei. Tenho que terminar. Nunca morei fora, mas digo que sem inglês e espanhol você não tem espaço no mercado. É uma ferramenta de trabalho. Do mesmo jeito que as pessoas precisam entender um pouco de computador, você precisa, na área de relações internacionais, falar inglês e espanhol. Porque você tem obras nessas línguas para ler, você tem aulas em inglês, palestras. Hoje, o pessoal comenta que outros idiomas são importantes, como o mandarim, o árabe, o russo. Mas o essencial seria o inglês, o espanhol e o francês. Na Organização Mundial do Comércio (OMC), por exemplo, é adotado o inglês ou o francês. São as línguas que regem os acordos internacionais. Fiquei um ano na Portobello. Após isso, fui contratado na Fit Food, antes de me formar. Primeiro trabalhei como estagiário, fazendo o controle da produção de exportação. Verificava qualidade, se a produção estava de acordo com o planejado e com o pedido pelos importadores. Em 2007, fui promovido a trader. Trader é um cargo comercial dentro da empresa, seria como um gestor de vendas para o mercado. No caso, eu atuo com o mercado do Oriente Médio e trabalho com carne congelada de frango.

No dia a dia, eu vivo negociando com os importadores do Oriente Médio – Iraque, Kuwait, Catar, Omã, Arábia Saudita, Irã – e da Turquia. Eu negocio preço, quantidade, tudo que envolve a negociação referente ao produto. A gente negocia via telefone e via e-mail. Uma das coisas que é importante é a questão do conhecimento da cultura do local. Por exemplo, no Oriente Médio eles não têm o hábito de estar sempre lendo e-mails. Apesar de isso estar mudando com o tempo. Grande parte das negociações ocorre por telefone ou visita ao local do cliente. A gente está constantemente viajando e visitando os mercados.

É um trabalho de muita pesquisa para conhecer os aspectos políticos do mercado, os aspectos econômicos, os conflitos, as barreiras que existem. Às vezes, os países fecham as barreiras e o produto não entra ou fica parado no porto. Outras vezes, um produto está chegando a um país, mas teve algum problema interno político, e o país quer proteger o mercado local. Então você fica com seu produto à mercê da vontade deles, parado, esperando. Então você tem que conhecer bastante o mercado, não só a questão de cultura dos clientes, mas também os movimentos migratórios. Isso tudo facilita a negociação do dia a dia. A empresa também ajuda nisso, fornecendo base de dados.

Hoje, tenho amigos que montaram negócios próprios, foram para área política, que prestam concurso para a área de diplomacia e órgãos como Receita Federal e ministérios. Porque, hoje em dia, cada ministério ou órgão procura ter uma pessoa focada na área internacional e estar atento ao que ocorre lá fora.”

Helder Passos Pereira, 25 anos, formado em Relações Internacionais há três anos e trader da empresa Fit Foods
Saiba mais
O que faz
Planeja ações dos governos federal, estadual ou municipal nos setores político, econômico, comercial, social e cultural. Coleta dados e elabora relatórios sobre a conjuntura internacional para órgãos governamentais, empresas privadas e ONGs. Participa da elaboração de programas de cooperação com outras nações. Identifica oportunidades de comércio com outros países e intermedia a importação e a exportação.
Onde trabalhar
O bacharel em Ralações Internacionais pode trabalhar em agências governamentais, em empresas privadas ou públicas e em organizações internacionais.
Onde estudar
> Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis
> Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), Florianópolis, Tubarão e Palhoça
Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Balneário Camboriú e São José
> Faculdade de Ciências Socias de Florianópolis (FCSF)
> Instituto Blumenauense de Ensino Superior (Ibes), Blumenau
> Instituto de Ensino Superior Santo Antônio (Inesa), Joinville
Fonte: MEC, Guia do Estudante e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Helder Pereira negocia com importadores da Turquia e de países do Oriente Médio

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