quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

cartilha de RI da UFSM

1) O QUE SÃO AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS?

A busca pelo entendimento das relações internacionais sempre foi, independentemente da época, uma constante na história de todos os povos. No entanto, com a intensificação das relações econômicas, sociais e políticas entre diferentes Estados, a necessidade de surgimento de uma disciplina específica e que pudesse abranger a importância dessas questões fora sentida por diferentes intelectuais e políticos. Fruto desse imperativo e desse contexto histórico-político, a disciplina de Relações Internacionais surgiu e vem sendo consolidada, cada vez mais, no mundo acadêmico, como uma ferramenta para a formulação da política externa de diferentes países. Não sendo limitada a questões de políticas de Estado, as Relações Internacionais servem também como um mecanismo para o entendimento do sistema internacional, sendo de grande valia para setores privados, para mídia bem como para grandes empresas e demais organizações intergovernamentais ou não-governamentais.
Importante frisar que as RI são definidas como uma disciplina do campos das ciências sociais, sendo uma ciência social cujo objeto de estudo encontra-se na esfera internacional. Daí a importância do conhecimento aprofundado, por parte do internacionalista, de questões trabalhadas pela Antropologia, Ciência Política, Direito, História, Geografia, Sociologia, Economia e demais áreas afins. Como uma esfera do conhecimento multidisciplinar e interdisciplinar, as RI são influenciadas por essas variadas áreas científicas, trabalham diretamente com seus postulados, congregam as diferentes visões e, por fim, colaboram para o desenvolvimento das ciências sociais, como um todo.
Por fim, podemos dizer que a matéria de estudo Relações Internacionais, como disciplina autônoma, é muito recente, visto que suas origens datam do final da Primeira Guerra Mundial, em um período cuja preocupação central era evitar a recorrência de novos fenômenos internacionais com similar potencialidade devastadora. Originariamente como uma ciência da paz, as RI representam, portanto, um instrumento utilizado na promoção de políticas e estratégias cujos objetivos últimos são o entendimento da dimensão internacional e a promoção do bem-estar de todos os indivíduos, cada vez mais interdependentes e próximos uns aos outros.

2) OBJETO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Relações Internacionais são uma ciência dedicada a estudar todos os fenômenos que ocorrem no sistema internacional, sejam eles econômicos, políticos, ambientais ou de qualquer outra espécie. Difere-se da história, sociologia, economia, antropologia, filosofia e do direito, ainda que se valha de diversos conceitos e noções destes.
Nos últimos anos, o estudo das relações internacionais vem ganhando importância, principalmente com o processo de globalização verificado ao longo dos dois últimos séculos.
As inter-relações entre os povos expandiram-se muito e o conhecimento dessa nova realidade tornou-se essencial para o entendimento da nova dimensão de interdependência entre os países e as regiões.
As relações entre Estados, organizações internacionais e outros atores do sistema mundial, bem como as transformações do sistema internacional, no decorrer do tempo, são os focos principais das interpretações que fazem parte das teorias estudadas pelas Relações Internacionais. Suas análises combinam as relações de força entre os Estados e as atuações dos organismos internacionais públicos e privados.
A necessidade específica das sociedades compreenderem a realidade externa no processo de interação entre os diversos atores, acontecimentos e fenômenos da atualidade refletem na necessidade do estudo das Relações Internacionais. Sua concentração está na interpretação dos fenômenos que extrapolam as fronteiras dos Estados.

3) OBJETIVOS DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Quando assistimos televisão ou nos conectamos a Internet, lemos jornal ou ouvimos rádio, nos confrontamos com fatos internacionais que às vezes nos passam despercebidos. A não ser que tais fatos nos afetem diretamente como, por exemplo, aumentos nos preços da gasolina por causa das guerras no Iraque, a diminuição da segurança global depois dos atentados terroristas de 11 de setembro e a crise econômica global gerada pela desaceleração da economia norte-americana, encaramos tais notícias como banais. Porém, como cada vez mais se aprofundam os impactos dos fenômenos e fatos internacionais nos mais diversos países e suas sociedades domésticas, ou seja, o interno e o externo estão hoje mais interligados do que nunca, e onde termos como globalização, interdependência e regionalismo têm ganhado destaque pressionando governos, empresas e indivíduos, é que uma matéria dedicada à análise do que acontece no mundo, avaliando as interações entre os países e todos os processos que transformam e afetam o cenário mundial como as Relações Internacionais (RI) vêm ganhando centralidade e crescendo significativamente no Brasil.

4) VANTAGENS DO PROFISSIONAL DE RI

O profissional de Relações Internacionais possui amplo conhecimento multidisciplinar com estudos nas áreas de ciências políticas, ciências econômicas, história, direito internacional, geografia, sociologia, organizações e tratados internacionais; além das relações internacionais especificamente. Através da teoria humanista conjugada com a realidade, faz com que a percepção sobre global business, integração de blocos regionais, o fluxo de pessoas, análise do cenário internacional, lhe dê escopo para redigir contratos, negociar acordos com parceiros de outros países, fazer prospecção de mercados e aplicar estratégias de negociação internacional e seu conhecimento em línguas estrangeiras para maximizar resultados. É responsável por fazer a interface entre o contexto interno e o cenário externo.
Devido à globalização, à formação de blocos econômicos, às várias assinaturas de tratados internacionais bilaterais ou multilaterais e à aproximação dos países em diversas esferas; a demanda por profissionais capacitados para ligar com a diversa gama de variáveis que influenciam essas relações aumenta exponencialmente. Nesse contexto, cada vez mais as características dos bacharéis de Relações Internacionais são pré-requisitos para exercer as funções de elemento conector entre as instituições e o cenário internacional.
Dentre essas características, exemplificam-se as principais:
- habilidade em negociações; comunicação efetiva
- habilidade para lidar com pessoas
- concentração; capacidade de persuasão
- capacidade organizacional
- habilidade em tomar e mediar situações
- capacidade de agir sob pressão
- manter-se constantemente informado; busca constante por aperfeiçoamento e atualização
- manutenção de contatos estratégicos no plano internacional
- conhecimento de idiomas
O internacionalista, como é chamado esse profissional, aprende a ver a realidade com outros olhos e a correlacionar os fatos políticos e econômicos com variáveis sociais, ‘ambientais, geográficas, estratégicas, utilizando-se de raciocínio ágil é capaz de formular políticas de repercussão nacional e internacional.

5) MERCADO DE TRABALHO NA ÁREA DE RI

É notável a crescente necessidade de profissionais de Relações Internacionais no atual estágio da sociedade, ainda mais que, percebendo a multidisciplinaridade do curso, o internacionalista se torna um generalista, podendo atuar em qualquer área vinculada ao seu terreno. O mercado de trabalho deste setor é vasto e tende à expansão.
O que se percebe de um aluno deste curso, na grande parte das vezes, é o desejo de partir para a carreira diplomática, a possibilidade de construir uma carreira no exterior. Mas há, na realidade, uma fração mínima de egressos de Relações Internacionais concursando o Itamaraty e trabalhando no Ministério das Relações Exteriores. Porém é necessário destacar a importância daqueles que aderem à carreira no Ministério. Segundo o Instituto Rio Branco, o diplomata tem de ser capaz, entre outros, de bem representar o Brasil perante a comunidade de nações; obter as informações necessárias à formulação de nossa política externa; participar de reuniões internacionais e, nelas, negociar em nome do Brasil; assistir as missões no exterior de setores do governo e da sociedade; amparar seus compatriotas; e promover a cultura e os valores de nosso povo.
De acordo com o Ministério de Relações Exteriores brasileiro, há outras oportunidades para internacionalistas, como o Cerimonial. Cabe ao funcionário deste setor a organização dos eventos públicos que interessem ao relacionamento da Nação com outros Estados, a entrega de credenciais de embaixadores estrangeiros, além da organização de encontros de presidentes. Já a Coordenação Geral de Privilégios e Imunidades garante a concessão de privilégios e imunidades ao Corpo Diplomático e Consular e procura a reciprocidade no tratamento das Embaixadas e Consulados brasileiros. Outro setor, o Departamento de Promoção Comercial e Investimentos (DPR) é a unidade competente do Ministério das Relações Exteriores para agir na organização, na direção e na implantação das políticas de promoção das exportações brasileiras e de captação de investimentos de interesse do País.
Outra possibilidade é o trabalho em grandes organizações internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), a Organização dos Estados Americanos (OEA), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o MERCOSUL e a Cruz Vermelha Internacional, mas o ingresso é difícil, visto que a concorrência é internacional e as indicações pessoais são significativas.
Também interessante é o ramo acadêmico, com pesquisa, desenvolvimento de projetos, além da probabilidade de se tornar docente. O professor deste curso carrega a responsabilidade de fornecer as bases para profissionais que sejam capazes de suprir a necessidade deste mercado o qual se abre para o mundo - internacionalistas que possam suprir, entre outras demandas, a necessidade encontrada pelos órgãos públicos por assessoria internacional e por funcionários que possam fornecer uma análise e um processamento de informações relativas aos diferentes cenários regionais e internacionais.
Uma crescente área de atuação para os internacionalistas encontra-se nos ministérios em Brasília, já que todos têm sua assessoria internacional. O mesmo acontece com a Câmara dos Deputados, o Senado, governos de estado, municípios e organizações não-governamentais, que procuram linhas de cooperação e investimentos do exterior. Destacam-se também a carreira pública na Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) ou no Ministério das Relações Exteriores; embaixadas, consulados, secretarias municipais e estaduais de relacionamento externo; escritórios e demais representações do governo no exterior e o cargo de analista de comércio exterior junto ao Ministério do Desenvolvimento apoiado pelo Ministério das Relações Exteriores.
As empresas privadas brasileiras têm buscado cada vez mais profissionais desta área devido a sua internacionalização. Um internacionalista que possa ocupar uma posição de gestão se torna cada vez importante neste contexto, já que as questões internacionais se refletem internamente de maneira cada vez mais acentuada. A interpretação de políticas que possam impactar nas decisões tomadas pelas empresas é o papel deste analista e consultor internacional formado em Relações Internacionais: a compreensão das realidades culturais, econômicas e sociais nas diferentes regiões do planeta se torna essencial para empresas que tenham inserção internacional.
Ao passo que os movimentos políticos e sociais se internacionalizam, abre-se um respeitável espaço de trabalho para os analistas de relações internacionais. Partidos políticos, movimentos sociais, entidades empresariais e centrais sindicais atuam no plano internacional e necessitam de um profissional com um conhecimento especializado sobre o contexto internacional.
A mídia, da mesma forma, exige esse conhecimento, sendo outro setor promissor para um bacharel em Relações Internacionais. Uma análise da conjuntura internacional pode ser fornecida por um profissional que compreenda com clareza os fatos internacionais: hoje já não é difícil encontrar profissionais da mídia que possuam alguma formação em Relações Internacionais.
O mundo globalizado, com sua interdependência cultural, econômica e social abre as portas para que se formem profissionais que tenham a capacidade de entendê-lo. Assim se expandem as Relações Internacionais, cada vez mais importantes e indispensáveis.

6) O CURSO DE RI NO RS

No Brasil são dezenove instituições públicas que oferecem o curso de Relações Internacionais, quatro delas são no Rio Grande do Sul que, juntamente com instituições privadas, tem um total de onze faculdades.
Instituições públicas e privadas que oferecem o curso de Relações Internacionais no Rio Grande do Sul:
Centro Universitário La Salle (Unilasalle): A instituição foi a primeira do RS a oferecer o curso de Relações Internacionais. Teve início em 25/02/2003.
Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM): oferece o curso desde 2007.
Faculdade América Latina: oferece o curso desde 2006.
Centro Universitário Univates (UNIVATES): oferece o curso desde 2008.
Faculdade Anglo-Americano de Caxias do Sul: oferece o curso desde 2007.
Faculdade Anglo-Americano de Passo Fundo: oferece o curso desde 2009.
Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC): oferece o curso desde 2009.
Universidade Federal de Pelotas (UFPel): A Universidade de Pelotas tem o curso mais novo nas instituições públicas do estado, começou a oferecer o curso em 2010.
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e UNIPampa (Universidade Federal do Pampa): Ambas universidades começaram a oferecer o curso em 2009.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS): Pioneira das federais em oferecer o curso no Rio Grande Sul, a UFRGS oferece o curso desde 2004.
Demais instituições públicas que oferecem o curso e o ano de criação, respectivamente:
Fundação Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD (2009)
Universidade de Brasília – UNB (1974)
Universidade de São Paulo – USP (2002)
Universidade Estadual da Paraíba – UEPB (2006)
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP (2003)
Universidade Federal da Integração Latino-Americana – UNILA (2010)
Universidade Federal da Paraíba – UFPB (2008)
Universidade Federal de Roraima – UFRR (2006)
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (2009)
Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (2011)
Universidade Federal de Sergipe – UFS (2009)
Universidade Federal de Uberlândia – UFU (2009)
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ (2009)
Universidade Federal Fluminense – UFF (2008)
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ (2010)

Fonte: http://emec.mec.gov.br/




7) PROJETOS DE RI NA UFSM


1) grupo de estudos;
2) revista InterAção;
3) programa fronteiras;
4) conhecendo e relendo os dramas históricos shakesperianos;
5) pesquisa 50 anos da diplomacia universitária da UFSM;
6) pesquisas na área de política externa comparada, teoria das ri, história das relações internacionais, globalização e integração regional, direito internacional, regiões geoestratégicas.

Organização: PRISMA – PESQUISAS DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS DE SANTA MARIA-RS

EDITOR GERAL: PROF. DR. JOSÉ RENATO FERRAZ DA SILVEIRA
REDATORA-CHEFE: CRISTINA FARIAS
REDATORES: AMANDA MARTINAZZO BIER, ARTUR MARION CEOLIN, BRUNO ABADE MÖLLER, DANIELLE CARNEIRO VARGAS, EDUARDO ARENHARDT WONTROBA, FERNANDA MASCHIO, GUILHERME DA CRUZ BACKES, JOSÉ LUIZ DELLINGHAUSEN NETO, JULIA PATRÍCIA GRAVE, JULIANA GRAFFUNDER BARBOSA, JUNIOR IVAN BOURSCHEID, LETICIA ROSSI ORTIZ, LUIZE SCHRAGE WACHTER, MARCELLA TEIXEIRA DA SILVA ELESBÃO, MATEUS CUNHA LARA, MATHEUS DALBOSCO PEREIRA, NATHIELLI IGNACIO GONÇALVES ZART, NERISSA KREBS FARRET, REMMO FRANKE MARTINI, ROMÁRIO DE AVILLA RODRIGUES, TAIS REGINA RÖPKE, TIAGO ELSO SATUR DROPPA, VINICIUS BEAL BOUFLEUER.

Um comentário:

  1. Ei professor, não sabia que você tinha um blog, parabéns pela iniciativa! É um ótimo canal de comunicação. Vamos divulgar o profissional das RI: o internacionalista, o trabalho, os desafios e os objetivos! Um grande abraço.

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