terça-feira, 31 de maio de 2011

Sudão e Sudão do Sul anunciam zona desmilitarizada na fronteira

DA BBC BRASIL

Autoridades do Sudão e da região do Sudão do Sul, que se tornará um país independente em 9 de julho, concordaram nesta terça-feira com o estabelecimento de uma zona desmilitarizada ao longo da fronteira entre seus dois territórios, patrulhada com soldados de ambos os lados.
O acordo, mediado pela União Africana, foi alcançado dez dias após tropas do norte terem invadido a região fronteiriça de Abyei, disputada pelos dois lados.
Analistas temiam que a disputa por Abyei poderia levar ao reinício da guerra civil entre o norte e o sul.
O Conselho de Segurança da ONU condenou a ocupação de Abyei e pediu a retirada imediata das tropas de Cartum da região, rica em petróleo.
O acordo de paz de 2005 que encerrou a guerra civil de 22 anos previa que Abyei teria um estatuto especial. Em 2008, uma administração conjunta foi estabelecida até que o futuro da área fosse decidido em um referendo.
A votação deveria ter ocorrido em janeiro, junto com o referendo que aprovou a independência do Sudão do Sul, mas acabou sendo adiado indefinidamente.
FRONTEIRA
A zona desmilitarizada incluirá toda a fronteira entre o Sudão e o Sudão do Sul, de cerca de 2,1 mil quilômetros.
Mas o comunicado da União Africana sobre o acordo não especificou quando ela entrará em vigor nem como ela será aplicada na região de Abyei.
Segundo a agência de notícias Associated Press, a zona se estenderá por dez quilômetros, mas ainda não se sabe se será de dez quilômetros para cada lado da fronteira ou no total.
Segundo Peter Martell, correspondente da BBC em Juba, capital do Sudão do Sul, o significado do acordo está na realização de reuniões face a face entre representantes dos dois lados.
A União Africana afirmou, em seu comunicado, que o acordo vai pavimentar o caminho para mais negociações conjuntas sobre questões de segurança a partir da próxima semana.


REFUGIADOS
A agência da ONU para refugiados afirmou que a cidade de Abyei, capital da região em disputa, está "virtualmente vazia" e que as ruas estão tomadas por militantes armados.
Na semana passada, o ministro para Assuntos Humanitários do Sudão do Sul afirmou que até 150 mil pessoas em toda a região teriam fugido temendo possíveis ataques de forças do norte.
A maioria dos refugiados de Abyei seriam de um grupo étnico do sul chamado Dinka Ngok. Eles teriam sido expulsos por combatentes da etnia Misseriya, grupo de nômades do norte que também reivindica Abyei como base.
Durante a guerra civil, os Misseriya eram armados pelo governo sudanês para atacar o sul.
Cerca de 1,5 milhão de pessoas morreram durante a guerra civil no Sudão.

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