Extraditado, ex-general sérvio Ratko Mladic chega à prisão de Haia
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O ex-general sérvio Ratko Mladic, 69, chegou ao centro penitenciário do TPII (Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia) em Haia, na Holanda, após ter sido extraditado nesta terça-feira.
No TPI, ele enfrentará acusações de genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade. Mladic é acusado por comandar o cerco a Sarajevo, que durou 43 meses e deixou um saldo de 8.000 meninos e homens muçulmanos mortos no massacre de Srebrenica, durante a guerra da Bósnia (1992-95).
Mladic chegou a Rotterdam na tarde desta terça-feira em um jato do governo sérvio, após ter o recurso ao seu pedido de extradição negado. Dois helicópteros da polícia foram vistos no aeroporto e deveriam levá-lo ao centro de detenção de Scheveningen. A área foi cercada pela polícia holandesa.
Após sua transferência a Haia, um conselho de juízes será escolhido e Mladic deve aparecer na corte 'sem demora', geralmente entre 12 e 24 horas após a chegada do suspeito.
Em seu último dia na Sérvia --onde ele passou grande parte de seu período como foragido da Justiça-- o ex-general, visitou o túmulo de sua filha Ana, que morreu em 1994, em Belgrado. Ontem, seu neto de 5 anos e sua neta de 10 o visitaram na prisão.
A mulher de Mladic e seu filho também o visitaram antes que ele fosse enviado ao aeroporto de Belgrado, escoltado por agentes da polícia.
A extradição para a corte internacional foi selada nesta terça-feira após o Ministério da Justiça sérvio negar um último recurso apresentado pela defesa do ex-general preso na semana passada após mais de 15 anos foragido.
"O recurso foi rejeitado e a decisão por escrito será entregue ao Ministério da Justiça durante o dia de hoje", disse a porta-voz da Alta Corte de Belgrado, Dusica Ristic.
CRIMES
Mladic, que liderou o Exército sérvio-bósnio durante a Guerra da Bósnia (1992-95), responde a 15 acusações no Tribunal Penal Internacional para Ex-Iugoslávia, da ONU (Organização das Nações Unidas).
France Presse
Entre os crimes a ele atribuídos estão o massacre de Srebrenica (1995), em que mais de 8.000 muçulmanos foram assassinados, e o cerco de 43 meses a Sarajevo, a capital da Bósnia.
Se condenado, Mladic pode receber sentença de prisão perpétua, uma vez que não existe pena de morte.
Sua defesa alegou um frágil estado de saúde para tentar evitar a extradição. Segundo seu advogado e amigo de longa data, Milos Saljic, o ex-líder militar teve dois ataques cardíacos e três derrames que chegaram a deixá-lo paralisado e hoje comprometem movimentos de um de seus braços. Mladic, 69, diz o advogado, tem a boca deformada, pele pálida e apresenta má higiene e má nutrição pelos anos em que viveu recluso.
O TPI para a ex-Iugoslávia, por sua vez, disse ter todas as condições para atender réus com problemas de saúde.
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