11/04/11
Por: Anselmo Massad, Rede Brasil Atual
São Paulo – O maior crescimento de gastos militares de 2001 a 2009 ocorreu na América do Sul, segundo estudo do Instituto Internacional de Estudos da Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês). O fato de a região não ter sido tão gravemente afetada pela crise econômica mundial de 2008-2009 é uma das explicações para a liderança. O Brasil é responsável pela maior parte desse aumento, o que indica, para a entidade, uma tentativa de “projetar poder e influência” tanto para o continente como para além dele.
Em média, o aumento do gasto sul-americano com setores militares foi de 3,7% ao ano – em 2010, foram investidos US$ 63,3 bilhões, 5,8% a mais do que no ano anterior. No Brasil, de 2009 para 2010, a alta foi 9,3%. “(O Brasil) está proativamente buscando projetar seu poder e influência além da América do Sul por meio da modernização de seu setor militar”, diz o relatório.
“Esse aceleração do crescimento na América do Sul é surpreendente, dada a falta de ameaças militares reais para a maioria dos Estados da região, e a existência de necessidades sociais mais preeminentes”, afirma o Sipri.
Segundo o instituto sueco, salários e pensões de militares de alguns dos países puxam parte da expansão. A compra de armas deve diminuir de ritmo nos próximos anos, apesar do crescimento recente. Em média, de 50% a 70% do total da verba associa-se a pessoal.
Além do Brasil, outro destaque na região é a Colômbia, segundo o estudo. Apesar de viver situações de conflito interno com guerrilheiros e grupos paramilitares, o aumento é contínuo pelo menos desde 2001 – 72% no total. Os atuais US$ 10,7 bilhões gastos por ano são resultado de crescimento de 7,2% em 2010.
A Venezuela, por sua vez, foi na contramão, com redução de 27,3%. Com isso, o país de Hugo Chávez gasta menos hoje do que o fazia em 2001.
No mundo
Os gastos militares atingiram, em 2010, US$ 1,6 trilhão no mundo todo, um recorde na série histórica. Apesar disso, há uma redução na expansão. De 2008 para 2009, o aumento havia sido de 5,9%, ante 1,3% no ano passado. A crise econômica é apontada como responsável pela diminuição no ritmo de crescimento.
Os Estados Unidos lideram o ranking, alcançando US$ 698 bilhões em despesas militares em 2010. O valor é seis vezes maior do que a segunda colocada, a China. Sozinhos, os norte-americanos controlam 42% do que é aplicado no mundo com militares e mais de dez vezes mais do que toda a América do Sul. Grã-Bretanha, França e Rússia vêm a seguir. O instituto não apresentou projeções para 2011, já que, além da presença de tropas norte-americanas no Iraque e no Afeganistão, há ações bélicas na Líbia.
O aumento do gasto da administração Obama em 2010 foi de 2,8%, bem inferior aos 7,7% constatados em 2009. Desde 2001, a elevação foi de 81%, ainda segundo o relatório.
Na Europa, as despesas militares caíram 2,8% devido a cortes orçamentários promovidos especialmente em países menores e mais vulneráveis. A maior parte das nações que passam por isso estão na Europa Central e no leste europeu.
Mesmo sem ter enfrentado grande recessão nos últimos anos, os países da Asia apresentaram crescimento do setor de 1,4% em 2010. O governo chinês associou o desempenho ao crescimento menor da economia do país em 2009.
No Oriente Médio, o gasto chegou a US$ 111 bilhões em 2010, aumento de 2,5%. O líder da região é a Arábia Saudita. Na África, Argélia, Angola e Nigéria – todos produtores de petróleo – foram os principais responsáveis pelo aumento de 5,2% nas despesas da região.
Clique aqui para ler o resumo do relatório em inglês ou espanhol.
Fonte: Rede Brasil Atual
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