quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ministro francês adverte contra bolha especulativa do petróleo

DA FRANCE PRESSE, EM PARIS
DE SÃO PAULO

O ministro francês da Indústria, Eric Besson, alertou nesta quinta-feira contra a formação de uma bolha especulativa provocada pelo petróleo, estimando que "a antecipação para a alta dos mercados não é razoável" à luz da situação real no setor petroleiro.

"A capacidade excedente de produção [de petróleo] é elevada e os países industrializados contam com bons estoques", destacou o ministro.

Besson lembrou a promessa feita pela Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, de alimentar o mercado caso a situação se complique ainda mais na região, principalmente na Líbia.

Horas antes, o barril de Brent do Mar do Norte para entrega em abril chegou perto dos US$ 120, empurrado pela onda de protestos que agita o mundo árabe, e na última semana chegou com força total à Líbia, um dos quatro maiores produtores de petróleo da África.

Com esta alta, o Brent alcançou seu nível mais alto em 30 meses.

CONFLITO

Os oito dias de protestos na Líbia pela renúncia do ditador Muammar Gaddafi, que há 42 anos comanda a nação que abriga diversas empresas do setor, mantêm o preço do barril de petróleo em alta em diferentes mercados, além de afetar a produção. A alemã Wintershall, filial da Basf para o setor, já anunciou que interrompeu suas atividades no país e a austríaca OMV não descarta fazer o mesmo.

Antes de explodir a crise no Egito e na Tunísia, o Brent era cotado em Londres abaixo de US$ 97.

Já os contratos do Petróleo Intermediário do Texas (WTI), mais negociados na Bolsa Mercantil de Nova York, superaram nesta quarta-feira os US$ 100 por barril e alcançaram níveis de setembro de 2008, depois de ter encarecido 4,79% na sessão.

Uma hora e meia antes do fechamento do mercado, os contratos de petróleo com vencimento em abril, que começaram a ser tomados hoje como referência, chegaram a ser negociados momentaneamente a US$ 100 pressionados pela crise líbia, o que significa US$ 4,58 a mais que os US$ 95,42 do fechamento de terça-feira.

Este avanço ocorreu depois que o cru também subiu com força na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex) na terça-feira, quando os contratos mais negociados se encareceram em apenas um dia 8,54%, já que subiram US$ 7,37.

Essa foi a maior alta em um só dia nos dois últimos anos --desde 12 de março de 2009--, e fez com que esta matéria-prima terminasse na terça-feira em US$ 93,57 por barril (159 litros), seu preço de fechamento mais alto desde 5 de outubro de 2008.

A Líbia é o 9º maior produtor dos 12 membros da Opep, com volume de bombeamento de 1,57 milhão de barris diários, e exporta 79% de sua produção aos mercados europeus, conforme dados do setor.

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