O dever do líder
Trabalho com gestão de pessoas há mais de 20 anos. Nos últimos meses, percorrendo empresas e conversando com colegas da área de recursos humanos, percebi que as organizações estão totalmente estressadas. Comecei a refletir sobre por que isso está acontecendo. Sempre houve pressão por resultado, portanto essa não é a explicação. Então, compreendi que a questão está relacionada ao estilo de liderança e à cultura criada na empresa pelos gestores.
Até bem pouco tempo, eu acreditava que velhos chefes, aqueles que ficaram conhecidos como baby boomers, os nascidos após a Segunda Guerra Mundial, seriam altamente prejudiciais ao desenvolvimento das organizações. Isso porque eles foram educados de acordo com antigos preceitos da administração, que exige resultados e apenas eles. Hoje vejo que são os jovens líderes, mas que pensam como dinossauros, que estão fazendo muitos estragos nas organizações. Os líderes que estão ascendendo ao poder são irascíveis, acham que sabem tudo, são eternos insatisfeitos e não se importam com as pessoas, mas somente com os números. O pior é que muitos desses gestores apresentam bons resultados no curto prazo e, por isso, mantêm seu alto posto.
Sou contratado por organizações para ajudá-las com o engajamento e a retenção de seus talentos. Quando estou na recepção, começo a perceber o ambiente da empresa. Pessoas tristes e sisudas passam por mim, como se fossem zumbis. Não precisa nem fazer uma pesquisa de clima, é visível que os funcionários estão desmotivados, impera o presenteísmo. E o mais curioso é que a alta gestão nem se dá conta.
Enquanto os “chefes mamutes” estiverem por aí, não há como fazer uma gestão de pessoas voltada para o resultado, porém, com qualidade de vida. Afinal, como imaginar pessoas motivadas e felizes num ambiente atrasado e conservador? Está na hora de as empresas darem um chega para lá em seus líderes que pensam como dinossauros. Só assim é possível mudar.
Felipe Westin, diretor presidente da Westin Desenvolvimento e Gestão de Pessoas, em São Paulo.
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